quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Pablo Marçal não é o problema

Armandinho. Ilustrador: Alexandre Beck

Por Igor Felippe Santos, no site Opera Mundi:

A participação do coach, influenciador digital e empresário milionário Pablo Marçal (PRTB) nos debates mudou o cenário eleitoral em São Paulo.

A violência das suas intervenções, com mentiras, insinuações e ataques, e o aparato nas redes sociais para repercutir seu discurso antipolítica levaram o candidato do partido do famigerado Levy Fidelix do aerotrem ao pelotão de frente nas pesquisas.

O fenômeno Marçal é assustador, mas não surpreende. Figuras do mesmo tipo têm ganhado projeção, disputado eleições e chegado a governos em todo o mundo.

Tão importante quanto analisar a ascensão eleitoral do coach é levantar os antecedentes da emergência da extrema-direita por todo o mundo.

Venezuela: A eleição mais observada do mundo

PF dá prazo final para indiciar Bolsonaro

MBL vira alvo da Polícia Federal

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Gusttavo Lima pede voto para o ‘irmão’ Marçal

Por Altamiro Borges


O sertanejo bolsonarista Gusttavo Lima traiu seu “mito” e decidiu assumir o apoio ao criminoso Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura da capital paulista. Em show realizado em Goiânia neste final de semana, ele pediu explicitamente votos para o “irmão” que estava na primeira fila dos fãs. “Quero mandar um abraço para o meu companheiro, nosso conterrâneo. O próximo prefeito de São Paulo, Pablo Marçal é o nome dele. Não tem conversa, faz o M”, gritou. O ricaço ainda destilou veneno: “A prefeitura é sua, se não ganhar é rolo! Obrigado, meu irmão!”.

Imprensa internacional isola o aloprado Musk

Foto: Taylor Hill/Getty Images
Por Altamiro Borges


O empresário Elon Musk tem sido tratado como provocador e descontrolado pela mídia internacional por sua atitude de desrespeito à soberania brasileira – o que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a suspender a rede X na sexta-feira passada (30). Até mesmo nos EUA, país em que o sul-africano está radicado desde 2002, a mídia manifestou simpatia à decisão inicial do ministro Alexandre de Moraes e rechaçou a postura do ricaço excêntrico – que também é dono da Starlink, Tesla, SpaceX e SolarCity, entre outras empresas, e tem uma fortuna estimada em US$ 239 bilhões – mais de R$ 1,3 trilhão.

Musk e a conspiração da ultradireita

Ilustração: Taylor Callery
Por Luís Nassif, no Jornal GGN:

O alerta foi dado por Pedro Costa Jr na TV GGN 20 horas. Há um conjunto preocupante de indícios de uma armação geral para o 7 de setembro e nas vésperas das eleições municipais.

Primeiro, foi a ofensiva da Folha de S. Paulo contra o Ministro Alexandre Moraes, em cima de arquivos de celular levantados no ano passado. O material foi enviado a Glenn Greenwald.

Desde que foi censurado no The Intercept, em denúncia que escrevera sobre as ligações do filho de Joe Biden na Ucrânia, Glenn aproximou-se da ultradireita norte-americana e tornou-se habitual do programa de Tucker Carlson, o principal comentarista de ultradireita do país.

Marçal e o fracasso em conter o fascismo

Charge: Jota Camelo
Por Jeferson Miola, em seu blog:

Pablo Marçal é um bufão encenando um espetáculo grotesco. Ele não age assim devido a algum defeito ou erro estratégico, mas executa um método muito bem estruturado.

Com isso, magnetiza as atenções para desviar o foco do problema essencial, que é a ameaça perigosa que ele e sua performance representam para a democracia.

A curiosidade geral em saber se Marçal ou Ricardo Nunes representará o campo extremista e conservador no segundo turno em São Paulo desfoca a atenção do problema central. A questão é muito mais séria e vital para a sobrevivência da democracia.

A candidatura de Pablo Marçal marca a intersecção orgânica do crime organizado e do fascismo com a política na maior e mais rica metrópole da América Latina.

Bolsonaro, Marçal e a naturalização da Globo

Charge: Aroeira/247
Por Bepe Damasco, em seu blog:


Nada mais parecido do que a forma como a Globo cobriu a campanha de Bolsonaro, em 2018, e como trata a campanha de Pablo Marçal à prefeitura de São Paulo, em 2024.

Há seis anos, o jornalismo da Globo fazia vistas grossas para o passado de Bolsonaro e fingia não ver os vídeos de sua vida pregressa defendendo a tortura e o assassinato de adversários políticos. Sua trajetória repleta de desrespeito às mulheres, preconceito racial e ataques à democracia foi propositalmente arquivada.

A naturalização do candidato da extrema-direita fazia parte da estratégia para derrotar o PT e seu postulante à presidência da República, Fernando Haddad.

Musk e a defesa do Brasil

Charge: Luc Descheemaeker/Cartoon Movement
Por Manuel Domingos Neto

A informação de que o militar brasileiro é dependente em suas comunicações é velha. Só a ingenuidade em assuntos de Defesa explica o frisson de alguns comentadores.

O militar brasileiro é estruturalmente dependente de países hegemônicos desde a modernização do Exército e da Marinha, ocorrida nas primeiras décadas do século passado. Essa dependência foi agravada após a Segunda Guerra Mundial.

Quando digo estruturalmente dependente, penso na capacidade operacional, que pressupõe logística e poder de fogo. A locomoção e a comunicação integram com destaque a capacidade operacional.

Mais claramente: o militar brasileiro sempre dependeu de potências estrangeiras para deslocar-se por terra, mar e ar; sempre pensou em Defesa baseada em compras externas.

A precarização do trabalho no Brasil

Charge: Mendonça/Contracs
Por Nivaldo Santana, no site Vermelho:


Em julho deste ano, a reforma trabalhista de lavra da gestão Michel Temer completou sete anos. Na época, o governo dizia que o objetivo da reforma era modernizar as relações do trabalho e impulsionar a geração de empregos no país.

Nada disso aconteceu. Os objetivos centrais da dita reforma eram, na realidade, reduzir o custo da força de trabalho, retirar direitos trabalhistas, enfraquecer os sindicatos e diminuir as competências da Justiça do Trabalho.

A tese governista de prevalência do negociado sobre o legislado nas relações de trabalho do Brasil foi a senha para tornar letra morta vários dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, a conhecida CLT.

domingo, 1 de setembro de 2024

Quase 50 vândalos do 8/1 disputam as eleições

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Altamiro Borges


Levantamento feito pela Folha revela que ao menos 48 terroristas dos 1.406 presos por participarem da invasão e depredação das sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal em 8 de janeiro de 2023 disputam as eleições municipais deste ano. Os golpistas tentam surfar na onda direitista que ainda contamina a sociedade brasileira e, de quebra, procuram garantir algum tipo de imunidade e muitas regalias.

Empresário que atacou Zanin é condenado

Por Altamiro Borges


Na semana passada, a juíza Mariana Cipriano, da 6ª Vara Criminal de Brasília, voltou a punir o empresário Luiz Carlos Bassetto Júnior por agredir Cristiano Zanin, ex-advogado do presidente Lula e atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Após ser condenado a pagar indenização de R$ 10 mil por injúria, ele agora pegou quatro meses de detenção – em regime aberto – pelo crime de ameaça.

Em sua sentença, a juíza argumentou que o aloprado confessou, em vídeo postado na internet, que tinha “vontade de meter a mão na orelha de um cara desse”, quando encontrou o advogado no banheiro do Aeroporto Internacional de Brasília. O triste episódio ocorreu em 11 de janeiro de 2023. “Na mesma data, hora e local indicados, o denunciado incitou, publicamente, a prática de crime, ao dizer que a vítima “tinha que tomar um pau de todo mundo que tá andando na rua”.

Vargas: crônica de uma queda

Getúlio Vargas por Boris Chaliapin, Aquarela
Por Roberto Amaral, em seu blog:


Na manhã de 24 de agosto, Carlos Lacerda e outros graduados próceres da oposição ainda festejavam com brindes de champanhe, na residência do advogado José Nabuco (figura proeminente nas altas rodas cariocas), o pedido de licença a que se rendera o presidente Getúlio Vargas, acuado pela solidão política e humana, e as exigências das forças armadas (que reclamavam sua renúncia), quando uma edição extraordinária do Repórter Esso anunciou o suicídio.

Para surpresa de toda a gente, o antigo ditador encontrara a saída no intricado labirinto em que se vira preso. Acusado de corrupto e coiteiro de marginais (sua inexplicada guarda pessoal), só, traído pelos que deveriam defendê-lo – fosse o guarda-costas Gregório Fortunato, fosse o general Zenóbio da Costa, seu ministro da Guerra que já traficava a permanência (inalcançada) no futuro governo – tomara o destino em suas mãos. Ao sair de cena se assegurava do papel de principal referência da política brasileira pelos anos que se seguiriam. Deixa, como “testamento” um projeto que ainda hoje guarda dramática atualidade. Não é mero acaso que esses 70 anos atraiam a atenção de um apontado como “sem memória”.