A imprensa velha brasileira finalmente encontrou luz no fim do túnel. Além de torcer para golpistas que tomaram poder no Paraguai e Honduras, e de insuflar oposição contra Maduro e Cristina, os jornais brazucas agora comemoram a chegada da Aliança do Pacífico – o novo clube liberal comandado pelo México (e pelos EUA, nos bastidores) para confrontar o Mercosul.
Vejam o tom desse texto publicado pela Folha, que reproduzimos abaixo. Supostamente, trata-se de reportagem. Mas reparem no título, no encadeamento das ideias. Tudo no texto é torcida e ideologia liberal. Melhor seria convidar o embaixador dos EUA para escrever um bom artigo opinativo… Seria mais honesto. E talvez fosse mais bem escrito.
Confiram o texto da Folha abaixo.
Depois releiam a entrevista que o professor Vagner Iglecias concedeu ao Escrevinhador, sobre o significado da Aliança do Pacífico.
E confiram também artigo do sociólogo Marcelo Zero sobre o mesmo tema.
*****
Viés pró-mercado da Aliança do Pacífico desafia o Mercosul
ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO
Com um PIB de 35% do total latino-americano e crescimento que supera os vizinhos do Mercosul, a jovem Aliança do Pacífico –que completa um ano em junho– dividiu a região e já desperta o interesse como “a alternativa pró-mercado” do continente.
Diante de um Mercosul com imagem fragilizada por decisões políticas recentes, como a suspensão do Paraguai, e pela lentidão em fechar um acordo de livre comércio com a União Europeia, o grupo formado por Colômbia, Chile, Peru e México tomou para si o papel de “novo motor econômico e de desenvolvimento da América Latina” –na definição do presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
De fora, o Brasil acompanha o crescimento do bloco vizinho tentando não mostrar preocupação. Segundo o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a Aliança “não tira o sono” do Brasil. Para o Itamaraty, não existe “inveja” ou medo de “perder espaço”.
No entanto, o contraponto mais liberal ao Mercosul está criado e ganha atenção –o que se deve, em parte, pelo papel “pouco ativo” do Brasil e do bloco do sul, na opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“O Brasil não conseguiu exercer uma liderança capaz de impedir a fragmentação da América do Sul”, disse FHC à Folha. “Os países do Mercosul, como se sabe, não se esforçaram muito por acordos comerciais e tampouco avançaram na direção de formar um verdadeiro bloco integrado.”
Em 2011, os quatro países da Aliança do Pacífico já exportaram 10% a mais em bens e serviços que os cinco membros do Mercosul (incluindo os dados da Venezuela, que então não fazia ainda parte do bloco).
O crescimento registrado em 2012 entre os integrantes do grupo do Pacífico foi de 4,9%, em média –índice bem acima dos 2,2% do Mercosul.
E enquanto as negociações de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia se desenrolam lentamente após mais de uma década de discussões, a Aliança já atraiu França, Espanha e Portugal como membros observadores.
Para o Brasil, em especial, o bloco do Pacífico ameaça o que era até então uma importante vantagem comparativa do país: o tamanho do mercado. Juntos, os países da Aliança têm população de 209 milhões e PIB de US$ 2 trilhões –importância próxima aos 198 milhões de habitantes e US$ 2,4 trilhões de PIB do Brasil.
“Para atrair investimentos, a Aliança é muito mais interessante que o Brasil, porque é do tamanho do país, mas cresce mais rápido e tem condições melhores em termos de qualidade de políticas, com inflação baixa e economias menos fechadas”, avalia Armando Castelar Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da Fundação Getulio Vargas.
O governo brasileiro nega ameaça, já que o “dinamismo” do comércio dos países da Aliança com os europeus é diferente do do Mercosul.
“O tamanho das economias e o fluxo de bens que exportamos para a Europa é outro. Pode haver uma ou outra sobreposição de interesses, mas tanto em escala como em produto não há por que temer perder espaço”, diz Tovar Nunes, porta-voz do Itamaraty.
COMPETITIVIDADE
O Brasil sabe, contudo, que o novo bloco na região exigirá maior competitividade para disputar o mercado tanto com os países que formam o bloco como dentro deles.
Na cúpula da Aliança em Cali, na última semana, o grupo definiu a exclusão total de tarifas para 90% dos produtos comercializados dentro do bloco –ao menos para 50%, as regras começam a valer em 30 de junho. Fora do bloco, os quatro membros mantêm, somados, acordos de livre comércio com mais de 50 países.
O Itamaraty destaca ter acordos de complementação econômica com Chile, Colômbia, Peru e México, o que garantiria benefícios tarifários nas trocas comerciais. Só no primeiro trimestre de 2012, porém, as exportações brasileiras para os quatro países caíram, em média, 10%.
“Se estamos perdendo mercado, não é por falta de acordo”, avalia Nunes.
Vejam o tom desse texto publicado pela Folha, que reproduzimos abaixo. Supostamente, trata-se de reportagem. Mas reparem no título, no encadeamento das ideias. Tudo no texto é torcida e ideologia liberal. Melhor seria convidar o embaixador dos EUA para escrever um bom artigo opinativo… Seria mais honesto. E talvez fosse mais bem escrito.
Confiram o texto da Folha abaixo.
Depois releiam a entrevista que o professor Vagner Iglecias concedeu ao Escrevinhador, sobre o significado da Aliança do Pacífico.
E confiram também artigo do sociólogo Marcelo Zero sobre o mesmo tema.
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Viés pró-mercado da Aliança do Pacífico desafia o Mercosul
ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO
Com um PIB de 35% do total latino-americano e crescimento que supera os vizinhos do Mercosul, a jovem Aliança do Pacífico –que completa um ano em junho– dividiu a região e já desperta o interesse como “a alternativa pró-mercado” do continente.
Diante de um Mercosul com imagem fragilizada por decisões políticas recentes, como a suspensão do Paraguai, e pela lentidão em fechar um acordo de livre comércio com a União Europeia, o grupo formado por Colômbia, Chile, Peru e México tomou para si o papel de “novo motor econômico e de desenvolvimento da América Latina” –na definição do presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
De fora, o Brasil acompanha o crescimento do bloco vizinho tentando não mostrar preocupação. Segundo o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a Aliança “não tira o sono” do Brasil. Para o Itamaraty, não existe “inveja” ou medo de “perder espaço”.
No entanto, o contraponto mais liberal ao Mercosul está criado e ganha atenção –o que se deve, em parte, pelo papel “pouco ativo” do Brasil e do bloco do sul, na opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“O Brasil não conseguiu exercer uma liderança capaz de impedir a fragmentação da América do Sul”, disse FHC à Folha. “Os países do Mercosul, como se sabe, não se esforçaram muito por acordos comerciais e tampouco avançaram na direção de formar um verdadeiro bloco integrado.”
Em 2011, os quatro países da Aliança do Pacífico já exportaram 10% a mais em bens e serviços que os cinco membros do Mercosul (incluindo os dados da Venezuela, que então não fazia ainda parte do bloco).
O crescimento registrado em 2012 entre os integrantes do grupo do Pacífico foi de 4,9%, em média –índice bem acima dos 2,2% do Mercosul.
E enquanto as negociações de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia se desenrolam lentamente após mais de uma década de discussões, a Aliança já atraiu França, Espanha e Portugal como membros observadores.
Para o Brasil, em especial, o bloco do Pacífico ameaça o que era até então uma importante vantagem comparativa do país: o tamanho do mercado. Juntos, os países da Aliança têm população de 209 milhões e PIB de US$ 2 trilhões –importância próxima aos 198 milhões de habitantes e US$ 2,4 trilhões de PIB do Brasil.
“Para atrair investimentos, a Aliança é muito mais interessante que o Brasil, porque é do tamanho do país, mas cresce mais rápido e tem condições melhores em termos de qualidade de políticas, com inflação baixa e economias menos fechadas”, avalia Armando Castelar Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da Fundação Getulio Vargas.
O governo brasileiro nega ameaça, já que o “dinamismo” do comércio dos países da Aliança com os europeus é diferente do do Mercosul.
“O tamanho das economias e o fluxo de bens que exportamos para a Europa é outro. Pode haver uma ou outra sobreposição de interesses, mas tanto em escala como em produto não há por que temer perder espaço”, diz Tovar Nunes, porta-voz do Itamaraty.
COMPETITIVIDADE
O Brasil sabe, contudo, que o novo bloco na região exigirá maior competitividade para disputar o mercado tanto com os países que formam o bloco como dentro deles.
Na cúpula da Aliança em Cali, na última semana, o grupo definiu a exclusão total de tarifas para 90% dos produtos comercializados dentro do bloco –ao menos para 50%, as regras começam a valer em 30 de junho. Fora do bloco, os quatro membros mantêm, somados, acordos de livre comércio com mais de 50 países.
O Itamaraty destaca ter acordos de complementação econômica com Chile, Colômbia, Peru e México, o que garantiria benefícios tarifários nas trocas comerciais. Só no primeiro trimestre de 2012, porém, as exportações brasileiras para os quatro países caíram, em média, 10%.
“Se estamos perdendo mercado, não é por falta de acordo”, avalia Nunes.
1 comentários:
Tudo que a FSP e as outras tres famiglias desejam é ver o continente sul-americano de joelhos, novamente, diante do "grande irmão do norte." Mas nem tudo será como eles querem. Ainda veremos esses "desejos de vassalagem" afundarem no charco imundo das guerras que eles espalham pelo planeta.
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