terça-feira, 18 de junho de 2013

Retomada das ruas deve ser festejada

Por José Dirceu, em seu blog:

O dia de ontem pode ser considerado um marco na história recente do Brasil. Em todo o país, jovens e cidadãos de classe média, mas também populares, saíram às ruas em sua maioria pacificamente para protestar.

Protestar contra a repressão - não vamos apagar essa demanda, como fez a mesma mídia que pediu repressão histericamente dois dias antes em editoriais, incluindo todos os três jornalões dos barões da mídia –, por melhores condições de vida, transporte melhor e mais barato.

Os atos mostraram sua natureza democrática, pluralista e aberta, espontânea em parte, organizada pelas redes por centenas de grupos de jovens que protestam contra os gastos na Copa e mais recursos para a educação.

Houve ainda setores políticos protestando contra governos, sejam os de Sérgio Cabral, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad ou Dilma Rousseff. Mas é importante ressaltar que foram poucos e pontuais os protestos contra o governo Dilma, ao contrário do que gostaria a direita e certa mídia. Até mesmo nas reportagens dos jornalões isso fica claro.

Mesmo assim, o editorial da Folha de S.Paulo de hoje recorre à manipulação da direita ao dizer que os brasileiros estão "aflitos" com a situação econômica do país e com a "incapacidade" do Estado de apresentar soluções. Tenta fazer uma associação que não encontra eco na realidade.

Não é à toa que uma das razões dos protestos é a própria cobertura da mídia sobre as manifestações. Volto a dizer: a mesma mídia que clamou por repressão contra os manifestantes.

A imensa maioria dos participantes era e é de jovens protestando e nos dizendo claramente que é hora de avançar nas reformas e nas mudanças, começando pela forma de governar e fazer política.

Claro que a direita sempre vai procurar tirar proveito e manipular as manifestações a favor de seus objetivos, mas a retomada das ruas deve ser comemorada e deve nos servir de exemplo. Fizemos mal em sair das ruas. E precisamos ouvir a voz das ruas e da juventude que luta.

A mobilização é nosso DNA, ao lado da negociação, do diálogo e da democracia, principalmente a participativa. Nunca devemos esquecer ou abandonar nossa origem democrática e popular, o nosso objetivo de continuar mudando o Brasil.

4 comentários:

Unknown disse...

Não sei se você viu esta retratação do Arnaldo jabor:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=I15sc85hO-g#!

dil disse...

O poder da mídia é realmente avassalador. Se o movimento se transformar em “contra tudo isso que tá aí”, Veja , Globo , Folha e Estadão não perderão essa oportunidade histórica de ideologizar e dar-lhes uma bandeira, que aliás, é a única que concordam em gênero, número e grau: A cabeça da Dilma!

Duvidam? Basta um Globo Repórter ligando “os caras pintadas de 92 aos olhos-roxos de 2013″ e pronto. Veremos o ódio contra a presidenta espumando na boca dos filhos dos (muitos) leitores da imprensa burguesa pelas ruas de todo o Brasil.

Jovens, não se deixem enganar como muitos de seus pais se deixaram: A Globo e a Veja não representam seus anseios e são CONTRA O BRASIL!

Anônimo disse...

o maior legado que essa copa deixa é a inssurgência popular contra um governo pelego e seus aliados vira-casaca, o mal uso do dinheiro público a inversão das prioridades, e o abandono da agenda progressista.

Ignez disse...

Caro José Dirceu. Como você mesmo diz, a mídia reacionária e oligopolizada está se aproveitando. E se aproveitando da cegueira ideológica dos manifestantes, portanto, da falta de lucidez crítica. Não vejo semelhança entre a resistência que ocorreu na ditadura; as manifestações que ocorrem na despedaçada Europa e a 'insatisfação' tupiniquim. O que parece mesmo é que o Movimento 'cansei' apoderou-se dos 'insatisfeitos' para desestabilizar o governo, em véspera de ano eleitoral. Sem lideranças, criminalizando a política e levantando a bandeira de 'contra a corrupção' tudo concorre para que as mobilizações fiquem mesmo na semeadura de tempestades, para colher apenas o vento do retrocesso.