Na medida em que passam os dias, apesar de a indignação com o último abuso do deputado pelo PP fluminense Jair Bolsonaro vir aumentando, seus congêneres ideológicos já apostam no recesso parlamentar, a partir do próximo dia 22, para que entre em campo a boa e velha amnésia brasileira.
Bolsonaro foi reeleito com 400 mil votos em outubro deste ano, o que assusta ainda mais do que a postura do deputado, já que essas centenas de milhares de brasileiros constituem-se, cada um, em um mini Bolsonaro. Contudo, trata-se de um considerável cabedal de votos que esse indivíduo usa para conferir “legitimidade” às suas sandices.
No entanto, pelo Brasil e pelo mundo levanta-se uma onda de indignação. Na segunda-feira, a luta para extirpar esse câncer do Poder Legislativo ganhou três apoios de peso, entre muitos outros.
O Conselho Nacional de Direitos Humanos, ligado à Presidência da República, O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos e a Vice-procuradoriaa-geral da República denunciaram Bolsonaro por incitação ao crime de estupro.
De todas as iniciativas para punir Bolsonaro, porém, duas se destacam.
Nesta terça-feira (16), o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos deputados se reúne para avaliar se instaura processo contra Bolsonaro, atendendo a pedido do PT, do PSOL, do PC do B e do PSB.
Já a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, denunciou o deputado federal Jair Bolsonaro por incitar publicamente a prática de crime de estupro em entrevista ao Jornal Zero Hora, publicada no dia 10 de dezembro. A denúncia (Inq 3932) foi protocolada na última segunda-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF) e será analisada pelo ministro Luiz Fux.
Porém, nos dois casos a possibilidade de Bolsonaro se evadir de suas responsabilidades não é pequeno. No Conselho de Ética da Câmara, irão pesar os 39 deputados e cinco senadores do Partido Progressista. Já no STF, é desolador saber que o processo está nas mãos do ministros Luiz “mato no peito” Fux, linha auxiliar da direita.
Com as festas de fim de ano chegando e o consequente recesso parlamentar, a pressão da sociedade será vital para impedir que novo abuso de Bolsonaro contra os direitos humanos caia no esquecimento. Movimentos sociais – sobretudo o Movimento de Mulheres –, sindicatos e partidos têm que perseverar nessa luta.
Nesse contexto, o abaixo assinado pró-cassação de Bolsonaro já conta com mais de 200 mil assinaturas. O leitor que quiser se unir à iniciativa pode fazê-lo clicando aqui
A cassação de Bolsonaro não mudará os corações e mentes dessas 400 mil pessoas que o elegeram. Cada uma delas continuará homofóbica, racista, machista e entusiasta de ditaduras e violações de direitos humanos. Mas, se ocorrer, será um recado a esse tipo de gente de que o Brasil mudou.
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