Por Renato Rovai, em seu blog:
Não há nada que permita o jornalismo comprometido com o mínimo de seriedade defender esse absurdo.
Lula não é réu. E se fosse, teria direito à defesa.
Tornar quem quer que seja em um presidiário antes de ser condenado é algo que foge completamente a qualquer possibilidade de se estar exercendo a liberdade de imprensa.
É autoritarismo de imprensa.
É jogo sujo da pior espécie.
É transformar o veículo de comunicação em arma de guerra, em instrumento de golpe.
Na história da imprensa marrom brasileira poucos veículos tiveram coragem para tanto.
Eles sempre buscavam se esconder em ilustrações, em formas sub-reptícias de ataque. Nunca ousaram uma montagem tão direta e tão sem provas.
De alguma forma, o que é mais absurdo, é que só estão fazendo isso com Lula porque o atual ministro da Justiça preferiu ilustrar a capa da IstoÉ. No destaque da revista sem leitores ele diz que todos podem ser investigados na sua gestão.
Ou seja, ao invés de dizer que vai punir o delegado que conduziu as investigações de Luís Carlos, filho do ex-presidente, de forma absurdamente fora da lei, ele posa de justiceiro.
O jurista Pedro Serrano que já se posicionou a favor de outras decisões polêmicas de José Eduardo Cardoso é peremptório em dizer que sua atitude neste caso foi pífia. Que o ministro tinha todos os elementos para impedir que esse constrangimento da família do ex-presidente fosse tratado como algo natural. Que o ministro devia e podia ter agido dentro da lei punindo o delegado da PF.
Ao contrário, Zé Eduardo se tornou capa da IstoÉ para permitir que Lula se tornasse presidiário na Veja.
Não é por acaso, amigos.
A capa da IstoÉ complementa a da Veja e da Época.
Se havia alguma dúvida em relação ao papel que o ministro da Justiça desempenha em relação ao governo e aos seus aliados, principalmente do PT, não resta mais dúvida alguma.
Basta olhar as três capas.
PS.: Pedro Serrano entrou em contato com o blogue para dizer que obteve novas informações acerca da decisão do ministro José Eduardo Cardozo. Segundo ele, o ministro não teria afastado o responsável pela intimação do filho do ex-presidente Lula às 23 horas porque ele não está diretamente envolvido na investigação. Serrano considera que neste caso não há envolvimento direto do funcionário, o que permite ao ministro conduzir o processo de outra forma e a suspeição do referido funcionário não seria necessária.
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