Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Quando avisou que estava pronto para a pancadaria e que irá sobreviver a ela, no discurso de quinta-feira na reunião do Diretório Nacional do PT, o ex-presidente Lula já esperava pelos ataques deste final de semana: o da revista Veja que o colocou na capa vestido de presidiário e o de Época, sobre relatório do COAF sobre suas movimentações financeiras, vazado ilegalmente para Veja em agosto passado. Em conversas com parlamentares do PT Lula chamou a atenção para o fogo alternado dos adversários: sempre que a manobra golpista do impeachment perde força, o fogo sobe contra ele. E assim segue a pancadaria, ora alvejando Dilma, ora golpeando Lula, com o objetivo resumido por Gilberto Carvalho: levá-lo à prisão e tirá-lo da disputa de 2018.
Relativamente à denúncia de Época, o Instituto Lula divulgou nota criticando os métodos jornalísticos da revista, que buscou “ouvir” o instituto mas negou-se a confirmar que estava se baseando no relatório do COAF. Sobre a movimentação financeira da empresa de palestras de Lula, a LILS, a nota repete o que foi dito em agosto, quando a revista Veja divulgou o mesmo relatório. “Não há nada de ilegal na movimentação financeira do ex-presidente. Os recursos são oriundos de atividades profissionais, legais e legítimas de quem não ocupa nenhum cargo público: os valores mencionados no vazamento ilegal se referem a 70 palestras contratadas por 41 empresas diferentes, listadas no link acima. Todas palestras realizadas, contabilizadas e com os devidos impostos pagos. Tem palestra até para a Infoglobo, do mesmo grupo de comunicação que edita a revista Época.”
Mas em agosto a conjuntura era outra, quem estava no alvo era Dilma: os movimentos pró-impeachment realizaram naquele mês os últimos protestos significativos, sobretudo em São Paulo. A base seguia rota no Congresso e a economia em desarranjo. O governo apresentou o orçamento de 2016 deficitário, o que levou ao rebaixamento da nota de crédito do Brasil. Desde então a bandeira do impeachment passou a ser sustentada basicamente pela oposição, no Congresso. Na rua, o movimento se restringe aos “taradinhos do impeachment”, tomando aqui emprestada a expressão cunhada por Jânio de Freitas. Eles agora deram para se amarrar às colunas do São Verde, graças à liberalidade de Eduardo Cunha. Em outros tempos, nem prefeitos sem gravada podiam transitar pelo nobre salão parlamentar.
Em agosto o relatório do COAF, apresentado por Veja, teve pouco impacto no meio da fuzilaria contra Dilma. Agora o relatório ressurge no momento mais agudo da caçada a Lula: seu filho é investigado pela Operação Zelotes enquanto ele mesmo enfrenta a investigação do Ministério Público sobre a relação com Odebrecht no exterior, afora a delação de Fernando Baiano na Lava Jato, gerando a suspeita de que o empresário Bumlai possa ter usado o nome do amigo presidente para obter “empréstimo” junto ao operador do PMDB. Estão excitados os caçadores, tanto quanto seus cães bem treinados e incrustados no próprio aparelho de Estado.
Enquanto isso, a balão do impeachment murcha a olhos vistos. A pesquisa Datafolha realizada entre deputados, ainda que tenha limitações na sua aferição, pois foi pouco expressiva a parcela dos que aceitaram responder, mostra que o governo tem votos para enfrentar a votação da autorização do processo na Câmara. Com a reforma ministerial Dilma conseguiu montar um “núcleo duro” que alcança o um terço da Casa, ou 171 votos necessários para barrar o impeachment. Tal núcleo é composto por PT, PCdoB, PDT, alguns votos da Rede e do PSOL, e parcelas do PMDB, PSD, PP e outros. O governo anda até animado a enfrentar logo este tigre para se livrar logo dele.
Ademais, Eduardo Cunha continua jogando com habilidade e ninguém sabe hoje, com certeza, que decisão ele tomará em relação ao pedido, agora que a decisão é única e exclusivamente dele, com a revogação do rito alvejado pelas liminares do STF. Se concluir que o governo tem votos para barrar o impedimento, ele pode até mesmo desistir de aceitar o pedido da oposição, por que não?
E quanto mais Dilma sair do foco, mais pesado o fogo descerá sobre Lula, seus parentes e auxiliares. Sem o impeachment, a prioridade absoluta passa a ser “não deixar Lula voltar”.
Quando avisou que estava pronto para a pancadaria e que irá sobreviver a ela, no discurso de quinta-feira na reunião do Diretório Nacional do PT, o ex-presidente Lula já esperava pelos ataques deste final de semana: o da revista Veja que o colocou na capa vestido de presidiário e o de Época, sobre relatório do COAF sobre suas movimentações financeiras, vazado ilegalmente para Veja em agosto passado. Em conversas com parlamentares do PT Lula chamou a atenção para o fogo alternado dos adversários: sempre que a manobra golpista do impeachment perde força, o fogo sobe contra ele. E assim segue a pancadaria, ora alvejando Dilma, ora golpeando Lula, com o objetivo resumido por Gilberto Carvalho: levá-lo à prisão e tirá-lo da disputa de 2018.
Relativamente à denúncia de Época, o Instituto Lula divulgou nota criticando os métodos jornalísticos da revista, que buscou “ouvir” o instituto mas negou-se a confirmar que estava se baseando no relatório do COAF. Sobre a movimentação financeira da empresa de palestras de Lula, a LILS, a nota repete o que foi dito em agosto, quando a revista Veja divulgou o mesmo relatório. “Não há nada de ilegal na movimentação financeira do ex-presidente. Os recursos são oriundos de atividades profissionais, legais e legítimas de quem não ocupa nenhum cargo público: os valores mencionados no vazamento ilegal se referem a 70 palestras contratadas por 41 empresas diferentes, listadas no link acima. Todas palestras realizadas, contabilizadas e com os devidos impostos pagos. Tem palestra até para a Infoglobo, do mesmo grupo de comunicação que edita a revista Época.”
Mas em agosto a conjuntura era outra, quem estava no alvo era Dilma: os movimentos pró-impeachment realizaram naquele mês os últimos protestos significativos, sobretudo em São Paulo. A base seguia rota no Congresso e a economia em desarranjo. O governo apresentou o orçamento de 2016 deficitário, o que levou ao rebaixamento da nota de crédito do Brasil. Desde então a bandeira do impeachment passou a ser sustentada basicamente pela oposição, no Congresso. Na rua, o movimento se restringe aos “taradinhos do impeachment”, tomando aqui emprestada a expressão cunhada por Jânio de Freitas. Eles agora deram para se amarrar às colunas do São Verde, graças à liberalidade de Eduardo Cunha. Em outros tempos, nem prefeitos sem gravada podiam transitar pelo nobre salão parlamentar.
Em agosto o relatório do COAF, apresentado por Veja, teve pouco impacto no meio da fuzilaria contra Dilma. Agora o relatório ressurge no momento mais agudo da caçada a Lula: seu filho é investigado pela Operação Zelotes enquanto ele mesmo enfrenta a investigação do Ministério Público sobre a relação com Odebrecht no exterior, afora a delação de Fernando Baiano na Lava Jato, gerando a suspeita de que o empresário Bumlai possa ter usado o nome do amigo presidente para obter “empréstimo” junto ao operador do PMDB. Estão excitados os caçadores, tanto quanto seus cães bem treinados e incrustados no próprio aparelho de Estado.
Enquanto isso, a balão do impeachment murcha a olhos vistos. A pesquisa Datafolha realizada entre deputados, ainda que tenha limitações na sua aferição, pois foi pouco expressiva a parcela dos que aceitaram responder, mostra que o governo tem votos para enfrentar a votação da autorização do processo na Câmara. Com a reforma ministerial Dilma conseguiu montar um “núcleo duro” que alcança o um terço da Casa, ou 171 votos necessários para barrar o impeachment. Tal núcleo é composto por PT, PCdoB, PDT, alguns votos da Rede e do PSOL, e parcelas do PMDB, PSD, PP e outros. O governo anda até animado a enfrentar logo este tigre para se livrar logo dele.
Ademais, Eduardo Cunha continua jogando com habilidade e ninguém sabe hoje, com certeza, que decisão ele tomará em relação ao pedido, agora que a decisão é única e exclusivamente dele, com a revogação do rito alvejado pelas liminares do STF. Se concluir que o governo tem votos para barrar o impedimento, ele pode até mesmo desistir de aceitar o pedido da oposição, por que não?
E quanto mais Dilma sair do foco, mais pesado o fogo descerá sobre Lula, seus parentes e auxiliares. Sem o impeachment, a prioridade absoluta passa a ser “não deixar Lula voltar”.
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