Por Moara Crivelente, no site da UJS:
As forças progressistas da América Latina mobilizam-se em luta árdua contra uma elite virulenta e reacionária engajada na oportunidade fomentada pelo imperialismo estadunidense. Mas em todo o mundo, movimentos sociais, partidos, sindicatos, redes de solidariedade, intelectuais e governos progressistas discutem formas de fortalecer a resistência à agressividade com que a reação se apresenta, se impõe, invade e golpeia. A resistência e a alternativa.
As análises sobre desafios históricos costumam ser demarcadas em tendências, crises ou novas táticas. O que se coloca como pano de fundo, cenário estruturante, catástrofe que permeia os diferentes nós, deve ser sempre evidenciado como o pervasivo desafio posto a toda a humanidade, o capitalismo, o neoliberalismo, o imperialismo.
Neste trecho, fica cada vez mais evidente que o rumo da emancipação humana deve ser construído pelas forças progressistas unidas em sua diversidade. E as vias passaram pela luta anticolonial, em resistência visceral contra a dominação, em que movimentos de libertação nacional produziram e produzem táticas e plataformas nas quais os povos enfrentariam unidos os seus carrascos, externos e internos, num ambicioso projeto terceiro-mundista, como enfatiza o marxista indiano Vijay Prashad.
Não há novidades nas táticas que se apresentam como ofensivas ilusoriamente isoladas. A vigilância ou espionagem, o controle dos meios de comunicação por elites reacionárias e sua propaganda difamatória das forças progressistas, os ditos acordos de livre-comércio e outras políticas neoliberais, a modernização de arsenais nucleares ou a militarização do planeta, a promoção de golpes de Estado variados, ou a persistente colonização: a dimensão da panóplia engajada contra os povos demonstra até onde as forças conservadoras precisam ir para enfrentar a resistência.
E é convicta que a resistência deve se fortalecer. Não foi à toa, como já vastamente apontado, que atiçadores incandescentes foram apontados contra os projetos anti-imperialistas e anticolonialistas mais ambiciosos, populares e/ou os encabeçados por governos mais, ou menos, progressistas. Seja através de invasões ou operações militares, agressões, isolamento e sanções, ingerência direta ou indireta, alternativas palpáveis a uma ordem hegemônica de dominação internacional ou doméstica são atacadas uma a uma.
Há apenas dois anos, recebíamos no Brasil, por exemplo, a histórica cúpula de chefes de Estado e Governo do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em que a tão esperada posição comum foi adotada sobre temas prementes da política internacional, com um polo alternativo para a construção de uma ordem internacional, almeja-se, tendencialmente multilateral. Mas hoje, ao menos três dos países citados estão em diferentes encruzilhadas, como no processo do nosso abissal salto para o passado inaugurado na tragédia que culminou no golpe. Na Índia, um governo de extremismo nacionalista consolida alegre aliança com os Estados Unidos e, na África do Sul, está posto o desafio por novos rumos desde a vitoriosa revolução que derrotou o brutal regime de segregação racial na década de 1990.
A nível global, as gravíssimas ameaças apresentadas pela disseminação de quase mil bases militares estrangeiras em todo o planeta – cerca de 80 e cada vez mais apenas na América do Sul –, a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – que acaba de incorporar Montenegro como seu 29º membro, transformado países como a Romênia e a Polônia em grandes bases ofensivas, esparramando ogivas nucleares dos EUA pela Europa e Turquia, promovendo ofensivas sob pretextos diversos ou impondo aos membros gastos militares crescentemente exorbitantes – e até mesmo a eleição do errático, xenófobo, racista, misógino e verdadeiramente ignorante Donald Trump para “gerir” a mais agressiva potência imperialista do planeta, fazem soar os alarmes.
Mas estas e outras reviravoltas não acontecem unidirecionalmente. Mais recentemente, o 23º Encontro do Foro de São Paulo reafirmou o compromisso das forças progressistas com o aprofundamento da resistência e a construção contínua da alternativa, “pela segunda e definitiva independência”. Um posicionamento que não é feito apenas da reação à ofensiva conservadora e imperialista, mas da consolidação do projeto emancipatório pelo qual lutamos.
A importância deste posicionamento expresso na Declaração Final do encontro (aqui), aprovada em 19 de julho, passa pelo reconhecimento de que, no início do período progressista na América Latina, “a necessidade de transformar a sociedade e os espaços institucionais recém-ocupados fez com que houvesse a negligência do desafio de construir a hegemonia popular, única fonte de poder capaz de fornecer a força necessária para derrotar as tentativas previsíveis do imperialismo e das oligarquias para reconquistar seu antigo domínio monopólico do Estado, e a vacina para imunização contra as insuficiências, desvios e erros que provocam o esvaziamento social e político.” O desafio mantém-se no atual segundo período, continua o documento, dificultando “o reconhecimento da oportunidade de transformar ou reformar as nossas sociedades.”
Por isso, o texto ressalta, é momento de “alcançar a criação de uma frente comum continental anti-imperialista que nos leve à segunda e definitiva independência, através da luta popular e do aprofundamento dos processos de mudança progressista e revolucionária no nosso continente.” A mesma tendência deve se verificar a nível global.
Entre as entidades e movimentos da paz, da juventude, dos trabalhadores, das mulheres, das questões raciais, indígenas e ambientais, a construção da unidade passa pelo fortalecimento da compreensão de que a nossa luta é comum, contra o colonialismo, a opressão, a dominação e o imperialismo, e de que a solidariedade internacionalista em tempos de emergência é a via.
As forças progressistas da América Latina mobilizam-se em luta árdua contra uma elite virulenta e reacionária engajada na oportunidade fomentada pelo imperialismo estadunidense. Mas em todo o mundo, movimentos sociais, partidos, sindicatos, redes de solidariedade, intelectuais e governos progressistas discutem formas de fortalecer a resistência à agressividade com que a reação se apresenta, se impõe, invade e golpeia. A resistência e a alternativa.
As análises sobre desafios históricos costumam ser demarcadas em tendências, crises ou novas táticas. O que se coloca como pano de fundo, cenário estruturante, catástrofe que permeia os diferentes nós, deve ser sempre evidenciado como o pervasivo desafio posto a toda a humanidade, o capitalismo, o neoliberalismo, o imperialismo.
Neste trecho, fica cada vez mais evidente que o rumo da emancipação humana deve ser construído pelas forças progressistas unidas em sua diversidade. E as vias passaram pela luta anticolonial, em resistência visceral contra a dominação, em que movimentos de libertação nacional produziram e produzem táticas e plataformas nas quais os povos enfrentariam unidos os seus carrascos, externos e internos, num ambicioso projeto terceiro-mundista, como enfatiza o marxista indiano Vijay Prashad.
Não há novidades nas táticas que se apresentam como ofensivas ilusoriamente isoladas. A vigilância ou espionagem, o controle dos meios de comunicação por elites reacionárias e sua propaganda difamatória das forças progressistas, os ditos acordos de livre-comércio e outras políticas neoliberais, a modernização de arsenais nucleares ou a militarização do planeta, a promoção de golpes de Estado variados, ou a persistente colonização: a dimensão da panóplia engajada contra os povos demonstra até onde as forças conservadoras precisam ir para enfrentar a resistência.
E é convicta que a resistência deve se fortalecer. Não foi à toa, como já vastamente apontado, que atiçadores incandescentes foram apontados contra os projetos anti-imperialistas e anticolonialistas mais ambiciosos, populares e/ou os encabeçados por governos mais, ou menos, progressistas. Seja através de invasões ou operações militares, agressões, isolamento e sanções, ingerência direta ou indireta, alternativas palpáveis a uma ordem hegemônica de dominação internacional ou doméstica são atacadas uma a uma.
Há apenas dois anos, recebíamos no Brasil, por exemplo, a histórica cúpula de chefes de Estado e Governo do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em que a tão esperada posição comum foi adotada sobre temas prementes da política internacional, com um polo alternativo para a construção de uma ordem internacional, almeja-se, tendencialmente multilateral. Mas hoje, ao menos três dos países citados estão em diferentes encruzilhadas, como no processo do nosso abissal salto para o passado inaugurado na tragédia que culminou no golpe. Na Índia, um governo de extremismo nacionalista consolida alegre aliança com os Estados Unidos e, na África do Sul, está posto o desafio por novos rumos desde a vitoriosa revolução que derrotou o brutal regime de segregação racial na década de 1990.
A nível global, as gravíssimas ameaças apresentadas pela disseminação de quase mil bases militares estrangeiras em todo o planeta – cerca de 80 e cada vez mais apenas na América do Sul –, a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – que acaba de incorporar Montenegro como seu 29º membro, transformado países como a Romênia e a Polônia em grandes bases ofensivas, esparramando ogivas nucleares dos EUA pela Europa e Turquia, promovendo ofensivas sob pretextos diversos ou impondo aos membros gastos militares crescentemente exorbitantes – e até mesmo a eleição do errático, xenófobo, racista, misógino e verdadeiramente ignorante Donald Trump para “gerir” a mais agressiva potência imperialista do planeta, fazem soar os alarmes.
Mas estas e outras reviravoltas não acontecem unidirecionalmente. Mais recentemente, o 23º Encontro do Foro de São Paulo reafirmou o compromisso das forças progressistas com o aprofundamento da resistência e a construção contínua da alternativa, “pela segunda e definitiva independência”. Um posicionamento que não é feito apenas da reação à ofensiva conservadora e imperialista, mas da consolidação do projeto emancipatório pelo qual lutamos.
A importância deste posicionamento expresso na Declaração Final do encontro (aqui), aprovada em 19 de julho, passa pelo reconhecimento de que, no início do período progressista na América Latina, “a necessidade de transformar a sociedade e os espaços institucionais recém-ocupados fez com que houvesse a negligência do desafio de construir a hegemonia popular, única fonte de poder capaz de fornecer a força necessária para derrotar as tentativas previsíveis do imperialismo e das oligarquias para reconquistar seu antigo domínio monopólico do Estado, e a vacina para imunização contra as insuficiências, desvios e erros que provocam o esvaziamento social e político.” O desafio mantém-se no atual segundo período, continua o documento, dificultando “o reconhecimento da oportunidade de transformar ou reformar as nossas sociedades.”
Por isso, o texto ressalta, é momento de “alcançar a criação de uma frente comum continental anti-imperialista que nos leve à segunda e definitiva independência, através da luta popular e do aprofundamento dos processos de mudança progressista e revolucionária no nosso continente.” A mesma tendência deve se verificar a nível global.
Entre as entidades e movimentos da paz, da juventude, dos trabalhadores, das mulheres, das questões raciais, indígenas e ambientais, a construção da unidade passa pelo fortalecimento da compreensão de que a nossa luta é comum, contra o colonialismo, a opressão, a dominação e o imperialismo, e de que a solidariedade internacionalista em tempos de emergência é a via.
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