terça-feira, 17 de outubro de 2017

A migração tucana para Bolsonaro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não são as aves de grande plumagem.

Mas a migração das cambaxirras que saltitavam em volta do PSDB – primeiro de Aécio, depois de Dória – começam a ir ciscar próximo a Jair Bolsonaro.

Taís Bilenky, hoje, na Folha, registra que:

Nas últimas duas semanas, o MBL, importante impulsionador de Doria nas redes sociais, tem dedicado espaço a Bolsonaro em tom elogioso.

Há poucos dias, publicou foto do deputado com a palavra “Golaço!” em letras garrafais. Enumerou bandeiras do pré-candidato como “solução para a questão indígena que não afete o agronegócio”.

Segundo o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM), um dos líderes do grupo, “é um reconhecimento e mesmo uma tentativa de incentivar os candidatos à Presidência a exporem mais suas ideias liberais”.

Para o vereador, “Bolsonaro tem dado declarações que convergem com o que defendemos”, ao mesmo tempo que Doria “tem se afastado”.

Holiday mencionou falas do tucano que ele considerou “decepcionantes” como quando disse que Che Guevara “foi ícone de uma geração”. “É uma liderança que repudiamos, um grande assassino”, rebateu Holiday.

O líder do MBL disse que o prefeito parece tentar se deslocar ao centro como forma de se viabilizar para 2018.
“É uma estratégia errada, se for isso, porque o Brasil tem demonstrado que quer dar uma guinada à direita.”
Não entendo porque há ainda gente achando que Bolsonaro é uma brincadeira pré-eleitoral.

Não é, salvo surja algum episódio destes que fazem ruir até a Muralha da China.

A virulência e a estupidez que as classes dominantes no Brasil e seu aparelho de mídia utilizaram para desestabilizar e derrubar o governo eleito são a perfeita transcrição da frase de Joseph Pulitzer: “com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.

Esta torpeza, tantas vezes, usa como manto a “moralidade”, a “eficiência”, “a modernidade” e, até, a pobreza, como se ela fosse produto do governo que anseiam por demolir, por contrário ao seu projeto de monopólio do controle de um país que, por ser de massas, não se pode permitir que pertença a estas massas.

Há duas semanas escrevi aqui que, talvez, este processo tenha saído de seu controle.

Acreditaram que a internet, por permitir ao pensamento de esquerda de escaparem aos guetos e nichos que a mídia convencional lhes concedia – vejam como há anos combatiam os “blogs sujos” – inclusive com impensáveis acusações de vida nababesca a quem mal e mal sobrevive com austeridade – e não acharam que as mídias sociais tangidas por fanáticos obtusos ganhariam vida própria e formariam legiões de microcéfalos ferozes, capazes capazes de querer uma “guinada à direita” que leva ao próprio fascínio.

Pariram Bolsonaro e não tenho dúvida de que ele depende pouco da mídia convencional para andar por volta dos 20% de ódio que transtorna o Brasil.

Como Lula, por mais que insistam em criminalizar a esquerda, não tem menos de 40%, sobram apenas 40% para serem distribuídos às diversas pretensões eleitorais das quais não podem abrir mão, porque parte delas (Marina, Ciro, PSOL) pode se somar ao “inimigo Lula”, como mostram as simulações de segundo turno.

E não adianta ir imolando os personagens que criaram para este plano: Cunha, Temer, Aécio , qual será o próximo defunto?

Os aprendizes de feiticeiro invocaram um feitiço que não sabem mais como controlar.

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