Por Paulo Kliass, no site Vermelho:
Uma vez ultrapassada a barreira simbólica dos 12 meses, o processo político tende a ficar completamente dominado pela lógica das eleições de outubro do ano que vem. Candidatos a candidatos, pré-candidatos, factoides, pesquisas de intenção de voto, eventos partidários, mudanças ministeriais, troca-troca de partidos, enfim tudo parece se mover na direção do pleito.
Uma vez ultrapassada a barreira simbólica dos 12 meses, o processo político tende a ficar completamente dominado pela lógica das eleições de outubro do ano que vem. Candidatos a candidatos, pré-candidatos, factoides, pesquisas de intenção de voto, eventos partidários, mudanças ministeriais, troca-troca de partidos, enfim tudo parece se mover na direção do pleito.
O processo eleitoral deverá abordar um conjunto amplo de questões. Desde a avaliação política do processo do golpeachment até discussões mais concretas a respeito de propostas para temas cruciais que martirizam o cotidiano da grande maioria de nossa população, tais como segurança pública e desemprego.
Um dos pontos mais relevantes, no entanto, refere-se aos efeitos da crise econômica e as perspectivas de sua superação. Dentre os diversos argumentos apresentados pelos defensores do golpeachment como “solução institucional”, ganhava destaque junto aos meios de comunicação a necessidade de “botar ordem na casa” no que se refere ao processo econômico.
Assim, as receitas da ortodoxia se veem reforçadas na tentativa de convencimento da opinião pública quanto à necessidade da dureza do tratamento. O aprofundamento do austericídio – já iniciado ainda durante a gestão de Joaquim Levy na equipe ministerial de Dilma – potencializou os efeitos negativos de uma política que combinava de forma perversa juros elevados com cortes draconianos nas despesas orçamentárias.
Os efeitos do austericídio
O argumento surrado a respeito da inevitabilidade de se usar uma bomba atômica para matar uma simples formiguinha não tardou a apresentar sua fatura. A crise econômica se combinou de forma arraigada à crise social e daí para a crise política foi um passeio. O Brasil conheceu a maior recessão econômica de sua História, com a multiplicação de falências de empresas e o crescimento descontrolado do desemprego.
Na contramão do que estava sendo implementado em boa parte dos países do chamado “mundo desenvolvido”, a elite do financismo tupiniquim não aceitava debater a inadequação evidente de suas propostas para a busca do equilíbrio macroeconômico. Com a desculpa esfarrapada dos riscos envolvendo um “descontrole inflacionário”, foi mantida a estratégia de proteger os setores do alto da pirâmide e jogar toda a responsabilidade e o peso do ajuste sobre os demais grupos e classes sociais.
Além de todas as medidas de reforço da austeridade e suposta “responsabilidade fiscal”, a equipe de Temer aproveitou da circunstância para levar a cabo um programa de governo que havia sido sistematicamente derrotado nas eleições de 2002, 2006, 2010 e 2014. E assim tem sido implementado um verdadeiro desmonte do setor público brasileiro, com propostas que vão desde a privatização de empresas estatais estratégicas até a destruição completa da capacidade de o Estado levar à frente as políticas públicas previstas na própria Constituição.
Herança de Temer: recessão e desemprego
O problema é que a autossuficiência desse grupo do financismo é de tal ordem que conseguiram convencer os demais setores das elites de que a coisa era na base do “tiro e queda”. Primeiro a gente tira a Dilma e depois bota a duplinha dinâmica do Bank of Boston e Itaú no comando da economia. E pronto! Estariam dadas as condições para que a fadinha das expectativas desse sinal de seu comparecimento e tudo passaria a andar às mil maravilhas por todo o país. O que faltava era gente competente no lugar certo. Ledo engano.
A recessão tornou-se ainda mais grave, a quantidade de pessoas desempregadas superou a casa dos 14 milhões e a carência social só fez crescer face à inexistência de recursos públicos para que as políticas sociais fossem minimamente capazes de dar conta dessas necessidades de atendimento.
Frente a tal quadro de deterioração econômica e social, soma-se ainda o desastre de natureza política. Envolvimento direto do vice-presidente em escândalos de corrupção e formação de quadrilha, acusações pesadas contra ministros e prisão de diversos de seus colaboradores de primeiro escalão são alguns dos ingredientes que transformaram a esperança depositada pelo financismo em Temer no ocupante do Palácio do Planalto mais mal avaliado de toda a história pós transição democrática.
Ocorre que as eleições estão chegando e a disputa da narrativa vai se dar em torno de uma avalição política a respeito do período posterior ao impedimento. Henrique Meirelles já começa a dar sinais de disposição em se candidatar à Presidência da República, com a frágil bandeira de que arrumou a economia. Assim, os grandes meios de comunicação já começam a dar sustentação à ideia de que a coisa realmente “parou de piorar”. Afinal, dizem os jornalões, o nível de atividade econômica deixa de ficar tão dramático e o desemprego deixa de ser tão abissal.
Para os 0,1% do topo da pirâmide o governo tenta consagrar o discurso de que cumpriu com o esperado e realizou o dever de casa. Assim foi com a entrega do pré-sal, a privatização da Eletrobras, a EC 95 que congela os gastos sociais por 20 anos, a destruição da legislação trabalhista e a promessa de alguma casquinha ainda na reforma/desmonte da Previdência Social.
Agora, daqui para frente, podemos esperar a cada semana uma nova “boa notícia” relativa a algum índice de produto industrial ou de redução marginal do desemprego. As vendas de Natal deverão ser mesmo um pouco melhores do que as realizadas em 2015 ou 2016. Esse deverá ser o cacife para bancar qualquer um dos candidatos do bloco da direita conservadora, que pretenda se apresentar como herdeiro político de um governo cuja popularidade é igual ou inferior à margem de erro das pesquisas.
Referendo revogatório: começar de novo
O custo social irresponsável da opção liberaloide extrema não vai entrar na equação dos defensores do establishment. Afinal, eles sempre bateram na tecla de que não havia alternativa à política econômica que impusesse dor e sofrimento aos que sempre pagaram a conta do ajuste beneficiando as elites. Caberá aos candidatos do campo democrático e progressista denunciarem as mazelas provocadas pelo austericídio e apontar para a necessidade de um movimento para desarmar as maldades tramadas por Temer. Esse é o único caminho para que o país se torne governável a partir do ano que vem.
Alguma recuperação no PIB é inevitável, pois em algum momento devemos mesmo tocar no fundo do poço. Mas a destruição generalizada foi de tal ordem que a recuperação da nossa capacidade industrial e a geração de empregos para alcançar os níveis anteriores a 2015 vão exigir de todos nós um grande esforço e deverá levar um bom tempo.
Por isso é fundamental alertar a consciência de toda a população para a primeira medida emergencial de um governo em 2019: um referendo revogatório de todas as medidas praticadas contra o Brasil e o nosso povo levadas a cabo pelo governo Temer.
Um dos pontos mais relevantes, no entanto, refere-se aos efeitos da crise econômica e as perspectivas de sua superação. Dentre os diversos argumentos apresentados pelos defensores do golpeachment como “solução institucional”, ganhava destaque junto aos meios de comunicação a necessidade de “botar ordem na casa” no que se refere ao processo econômico.
Assim, as receitas da ortodoxia se veem reforçadas na tentativa de convencimento da opinião pública quanto à necessidade da dureza do tratamento. O aprofundamento do austericídio – já iniciado ainda durante a gestão de Joaquim Levy na equipe ministerial de Dilma – potencializou os efeitos negativos de uma política que combinava de forma perversa juros elevados com cortes draconianos nas despesas orçamentárias.
Os efeitos do austericídio
O argumento surrado a respeito da inevitabilidade de se usar uma bomba atômica para matar uma simples formiguinha não tardou a apresentar sua fatura. A crise econômica se combinou de forma arraigada à crise social e daí para a crise política foi um passeio. O Brasil conheceu a maior recessão econômica de sua História, com a multiplicação de falências de empresas e o crescimento descontrolado do desemprego.
Na contramão do que estava sendo implementado em boa parte dos países do chamado “mundo desenvolvido”, a elite do financismo tupiniquim não aceitava debater a inadequação evidente de suas propostas para a busca do equilíbrio macroeconômico. Com a desculpa esfarrapada dos riscos envolvendo um “descontrole inflacionário”, foi mantida a estratégia de proteger os setores do alto da pirâmide e jogar toda a responsabilidade e o peso do ajuste sobre os demais grupos e classes sociais.
Além de todas as medidas de reforço da austeridade e suposta “responsabilidade fiscal”, a equipe de Temer aproveitou da circunstância para levar a cabo um programa de governo que havia sido sistematicamente derrotado nas eleições de 2002, 2006, 2010 e 2014. E assim tem sido implementado um verdadeiro desmonte do setor público brasileiro, com propostas que vão desde a privatização de empresas estatais estratégicas até a destruição completa da capacidade de o Estado levar à frente as políticas públicas previstas na própria Constituição.
Herança de Temer: recessão e desemprego
O problema é que a autossuficiência desse grupo do financismo é de tal ordem que conseguiram convencer os demais setores das elites de que a coisa era na base do “tiro e queda”. Primeiro a gente tira a Dilma e depois bota a duplinha dinâmica do Bank of Boston e Itaú no comando da economia. E pronto! Estariam dadas as condições para que a fadinha das expectativas desse sinal de seu comparecimento e tudo passaria a andar às mil maravilhas por todo o país. O que faltava era gente competente no lugar certo. Ledo engano.
A recessão tornou-se ainda mais grave, a quantidade de pessoas desempregadas superou a casa dos 14 milhões e a carência social só fez crescer face à inexistência de recursos públicos para que as políticas sociais fossem minimamente capazes de dar conta dessas necessidades de atendimento.
Frente a tal quadro de deterioração econômica e social, soma-se ainda o desastre de natureza política. Envolvimento direto do vice-presidente em escândalos de corrupção e formação de quadrilha, acusações pesadas contra ministros e prisão de diversos de seus colaboradores de primeiro escalão são alguns dos ingredientes que transformaram a esperança depositada pelo financismo em Temer no ocupante do Palácio do Planalto mais mal avaliado de toda a história pós transição democrática.
Ocorre que as eleições estão chegando e a disputa da narrativa vai se dar em torno de uma avalição política a respeito do período posterior ao impedimento. Henrique Meirelles já começa a dar sinais de disposição em se candidatar à Presidência da República, com a frágil bandeira de que arrumou a economia. Assim, os grandes meios de comunicação já começam a dar sustentação à ideia de que a coisa realmente “parou de piorar”. Afinal, dizem os jornalões, o nível de atividade econômica deixa de ficar tão dramático e o desemprego deixa de ser tão abissal.
Para os 0,1% do topo da pirâmide o governo tenta consagrar o discurso de que cumpriu com o esperado e realizou o dever de casa. Assim foi com a entrega do pré-sal, a privatização da Eletrobras, a EC 95 que congela os gastos sociais por 20 anos, a destruição da legislação trabalhista e a promessa de alguma casquinha ainda na reforma/desmonte da Previdência Social.
Agora, daqui para frente, podemos esperar a cada semana uma nova “boa notícia” relativa a algum índice de produto industrial ou de redução marginal do desemprego. As vendas de Natal deverão ser mesmo um pouco melhores do que as realizadas em 2015 ou 2016. Esse deverá ser o cacife para bancar qualquer um dos candidatos do bloco da direita conservadora, que pretenda se apresentar como herdeiro político de um governo cuja popularidade é igual ou inferior à margem de erro das pesquisas.
Referendo revogatório: começar de novo
O custo social irresponsável da opção liberaloide extrema não vai entrar na equação dos defensores do establishment. Afinal, eles sempre bateram na tecla de que não havia alternativa à política econômica que impusesse dor e sofrimento aos que sempre pagaram a conta do ajuste beneficiando as elites. Caberá aos candidatos do campo democrático e progressista denunciarem as mazelas provocadas pelo austericídio e apontar para a necessidade de um movimento para desarmar as maldades tramadas por Temer. Esse é o único caminho para que o país se torne governável a partir do ano que vem.
Alguma recuperação no PIB é inevitável, pois em algum momento devemos mesmo tocar no fundo do poço. Mas a destruição generalizada foi de tal ordem que a recuperação da nossa capacidade industrial e a geração de empregos para alcançar os níveis anteriores a 2015 vão exigir de todos nós um grande esforço e deverá levar um bom tempo.
Por isso é fundamental alertar a consciência de toda a população para a primeira medida emergencial de um governo em 2019: um referendo revogatório de todas as medidas praticadas contra o Brasil e o nosso povo levadas a cabo pelo governo Temer.
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