Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Título do post anterior publicado no Balaio na manhã desta quarta-feira:
“Alckmin, Aécio e Paulo Preto: Lava Jato agora tem pressa para pegar tucanos”.
Ainda bem que fiz uma ressalva logo no início do texto dizendo que não acreditava nisso.
Pois agora, no início da noite, apenas algumas horas depois de publicar minha coluna, leio a manchete do UOL:
“STJ tira Alckmin da rota da Lava Jato em São Paulo”.
Há poucos dias reforçado por integrantes do ex-procurador Rodrigo Janot, o braço da Lava Jato em São Paulo tinha começado a avançar sobre os aliados do presidenciável Geraldo Alckmin.
Na véspera, os investigadores pediram ao vice-procurador geral, Luciano Mariz Maia, que “as investigações sob atribuição de Vossa Excelência sejam encaminhadas a essa força-tarefa com urgência, tendo em vista o andamento avançado de outras apurações correlatas sob nossa responsabilidade”.
Mariz Maia, não por acaso, é subordinado a Rachel Dodge, a nova comandante em chefe da PGR, aquela de voz mansa escolhida a dedo pelo presidente Michel Temer.
Quanta ingenuidade, eu poderia repetir, assim como alguns leitores zombaram de mim quando escrevi sobre o cerco aos tucanos.
Mais do que depressa, mostrando que está tudo mesmo dominado, a ministra Nancy Andrighi, relatora de um inquérito sobre Alckmin no Superior Tribunal de Justiça, tirou o processo da Lava Jato e determinou que fosse remetido à Justiça Eleitoral de São Paulo, atendendo a um pedido de Mariz Maia.
Como até a estátua do Borba Gato sabe, todas as instâncias judiciárias paulistas estão sobe o domínio dos tucanos há mais de vinte anos, tempo que dura o mandarinato do PSDB em São Paulo.
Com esta decisão, informa o UOL, o processo que investiga Alckmin, que segue em sigilo, “ficará fora do alcance dos investigadores da Lava Jato em São Paulo”. Por que o sigilo?, ainda que mal me pergunte.
Não por coincidência, ao ser perguntado sobre as delações dos delatores da Odebrecht, que o acusaram de receber R$ 10 milhões em caixa dois da empresa, em 2010 e 2014, o ex-governador paulista afirmou que se trata de uma questão de “natureza eleitoral”, exatamente na mesma linha da decisão de de Mariz Maia, para quem “a investigação é sobre crime eleitoral”.
Para Alckmin, as acusações dos delatores da Odebrecht “não têm nenhuma procedência”, e vai ficar por isso mesmo.
Ainda não será desta vez que a Lava Jato vai deixar de blindar o presidenciável tucano, rubricado como “Santo” nas planilhas da Odebrecht.
Podem até um dia pegar um Aécio Neves ou um Paulo Preto, que já são fósforos queimados, mas com Alckmin o buraco é mais em baixo.
STF, STJ, PGR: é tudo a mesma sopa de letras, como diria o Mino Carta.
É como naquela lendária história do juiz que torcia para o Atlético Mineiro do meu amigo Chico Pinheiro quando ia marcar um lateral: “A bola é nossa”.
Poderiam agora plagiar aquele juiz: a lei é nossa!
A bola continua com quem manda desde sempre e obedece quem tem juízo. O resto é só teatro.
Pensar que isso possa um dia mudar, reconheço, é alimentar a ilusão dos ingênuos.
Vida que segue.
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