Brasília, 15/8/18. Foto: Ricardo Stuckert |
“Vivemos um momento histórico, onde se decide se as democracias no Brasil e na América Latina se fortalecerão ou não. Lula é uma esperança para conseguirmos recuperar nossa soberania e nossos direitos. Por isso lutamos: pela liberdade”.
Palavras de Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz, em entrevista exclusiva ao Tutaméia (não deixe de ver o vídeo aqui). Para ele, “há um retrocesso nas democracias da América Latina, com a judicialização de governos progressistas, golpes de Estado brandos, encobertos, como nos casos de Honduras, do Paraguai e do que derrubou a presidente Dilma Rousseff. O Brasil hoje tem um estado de exceção”.
Esquivel afirma que o objetivo do golpe no Brasil foi criar as condições para tirar Lula do cenário político, impedindo-o de voltar à Presidência. “Lula é preso político, não cometeu delitos. Nenhum governante conseguiu fazer o que Lula fez: tirar da miséria mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras e dar a eles dignidade como pessoas na vida”.
O Nobel relata que essa foi a mensagem que ele passou à presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia. Ontem, 14 de agosto, com uma comitiva composta por lideranças do movimento popular, ele esteve no tribunal para expor sua visão dos acontecimentos no país.
Esquivel avalia que há relação entre os fatos no Brasil, o atentado ao presidente Maduro, as perseguições a Rafael Corrêa e a Cristina Kirchner. E afirma:
“Não é só no Brasil. Está na América Latina. Estão tentando recolonizar o continente. Hoje necessitam da cumplicidade de juízes, de senadores, de deputados que se vendem por trinta moedas e não pensam nem na soberania, nem no povo. Por isso estamos nessa grave situação. Há a judicialização de todos os governos progressistas do continente. Os interesses econômicos, políticos e fundamentalmente a política dos EUA para a América Latina é de desprestigiar [as lideranças progressistas]. Querem gerar um descrédito a todos os governos que tratam de servir aos setores mais marginalizados, que buscam superar a fome, a falta de saúde, de emprego”.
Ao Tutaméia, Esquivel deu detalhes sobe a audiência com a presidente do Supremo, falou do interesse do Papa Francisco pela situação no Brasil, da campanha internacional pela libertação de Lula, dos grevistas de fome e da resistência no Brasil. “Temos que resistir e gerar consciência, dizer ao povo que se ponha de pé”. Ao final, deixou uma mensagem para Lula e para o povo brasileiro.
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