quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Se não for Lula, será Haddad no 2º turno

Aracaju, 22/8/18. Foto: Ricardo Stuckert
Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Gastaram dinheiro a toa com a Lava Jato e toda a campanha midiático-judiciária dos últimos anos para tirar o PT das eleições, é o que revela a nova pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira.

Lula e o PT estavam certos ao insistir até o fim na candidatura do ex-presidente, e eu estava errado, assim como a maioria dos analistas políticos.

Na montanha de números da pesquisa, alguns me chamaram a atenção, e todos levam à mesma conclusão: se Lula não chegar às urnas, quem vai para o segundo turno será o seu vice, Fernando Haddad, que herdará 62% dos votos do ex-presidente, segundo Bruno Boghossian destaca em sua coluna na Folha.

Vamos aos números:
- Lula chegou a 39% das intenções de voto, o maior índice já alcançado por um candidato no primeiro turno, o que representa 57 milhões de eleitores.

- Deste total, 6 em cada 10 eleitores de Lula declararam que votarão “com certeza” no candidato por ele indicado.

- Assim Haddad passaria ao segundo turno com 24% dos votos, cinco pontos acima de Jair Bolsanaro, que tem 19% na pesquisa com Lula.

Detalhe: como o nome de Haddad ainda não foi oficializado no lugar de Lula, 48% dos eleitores do PT não o conhecem e 26% só “ouviram falar” dele.

No nordeste e entre as famílias de baixa renda, os grandes redutos do PT, 60% dos eleitores ainda não sabem quem será o candidato petista.

Se esses números se confirmarem, após o início da campanha de propaganda eleitoral no rádio e na TV, a partir do próximo dia 31, a outra vaga no segundo turno ficará entre Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin, que prometem uma disputa acirrada.

Na pesquisa sem Lula, o único que continua com apenas um dígito é o tucano Geraldo Alckmin, candidato do governo Temer, do Centrão, da mídia e do mercado, que tem 9%, abaixo de Bolsonaro (22%), Marina (16%), Ciro (10%).

Como nem a ONU nem o Papa são capazes de fazer a Justiça brasileira mudar de ideia e respeitar a Constituição, a campanha só começará para valer quando Fernando Haddad assumir o lugar de Lula na chapa e puder se apresentar como o candidato do PT nesta eleição.

Por enquanto, ele está rodando o nordeste “em nome de Lula” e evita falar de transferência de votos.

Isso só acontecerá a partir de setembro quando a propaganda do PT trocar a marca “Lula e Haddad” por “Lula é Haddad”, com acento agudo no “e”.

Nos programas de TV, a vinheta de assinatura da campanha petista vai martelar: “Lula e Haddad e o povo. Lula é Haddad. É o povo. É o Brasil feliz de novo”.

O que as últimas pesquisas todas mostraram, além do crescimento de Lula, mesmo preso, é que a estratégia petista estava certa e Haddad herdará os votos de Lula no momento certo, a cinco semanas da eleição, contando com 35 dias de propaganda na TV.

No primeiro programa, deverá entrar uma fala de Lula gravada no Sindicato dos Metalúrgicos antes de ser preso em Curitiba, com Fernando Haddad entrando em seguida: “Somos Lula, somos milhões de Lula. Juntos vamos fazer o Brasil feliz de novo”.

Se o mercado já estava transtornado antes da divulgação do novo Datafolha, agora está na hora dos especuladores refazerem suas contas.

Ainda sem ser candidato, Fernando Haddad reuniu mais de 3 mil pessoas numa caminhada pela ladeira da Liberdade, em Salvador, na terça-feira, num clima que fez lembrar o início da campanha vitoriosa de Lula em 2002, que eu acompanhei como assessor de imprensa do candidato.

Na enlouquecida montanha russa que é esta campanha eleitoral insólita, em que o grande favorito continua preso, algumas coisas começam a clarear e a se definir.

Empolgado com o que viu, o ex-prefeito de São Paulo revelou que a orientação de Lula agora é “colocar o bloco na rua”, como relataram as repórteres Marina Dias e Catia Seabra, na Folha.

Até sábado, Haddad ainda irá a Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão, enquanto os outros candidatos, em sua maioria, fazem campanha em recintos fechados a convite de entidades empresariais, sem dar muita importância às pesquisas.

Se não melarem o jogo, tudo indica que o número 13 estará novamente na urna do segundo turno, como tem acontecido desde a primeira eleição direta para presidente, em 1989.

E vida que segue.

2 comentários:

o-ridiculo-dos-outros.blogspot.com.br disse...

Haddad é facilitar o trabalhinho sujo da direita. Se o PT insistir em Haddad, pela primeira vez, anularei o meu voto !!!!!!
W
QUE PARTE do "É LULA OU NADA" VCS AINDA NÃO EMTENDERAM ???????

Darcy Brasil Rodrigues da Silva disse...

Atenção!!! Esse é comentário acima tem o propósito de favorecer a candidatura de Bolsonaro e Alckimim. Está sendo postado com muitos nomes e fotos de perfil diferentes, sugerindo serem de fakes. Recomendo que o blog e os sítios da esquerda o censure e ponto final. É uma prerrogativa do administrador não permitir esse tipo de manipulação. Agora, a propósito do artigo do Kotscho,quanto aos que discordavam da tática eleitoral do PT, eu estava entre eles e, infelizmente, não fui ainda convencido de que estava errado, porque, em minha avaliação, Haddad chegaria ao 2° turno. As dificuldades se enfrentaria nesse turno, em que, a meu ver, um outro candidato que sugeríamos teria mais chances de vencer. Mas, agora, nada mais se pode fazer. Terei que trabalhar orientado por essa realidade, seguindo os comandos dos petistas como sempre, trabalhando para eleger Haddad. Oxalá eu estivesse errado em minhas avaliações, o que seria normal, pois minha bola de cristal insiste em me mostrar apenas o que aconteceu no passado.