Por Wagner de Alcântara Aragão, no site Brasil Debate:
Já tem até meme na rede social: “Sou de Dubai: Dubairro onde o Urber cancela a viagem”. Entre os usuários também já se ouvem queixas frequentes: “Quando chove, fica mais caro”; “Para deslocamento perto, fica complicado encontrar motorista”.
Já tem até meme na rede social: “Sou de Dubai: Dubairro onde o Urber cancela a viagem”. Entre os usuários também já se ouvem queixas frequentes: “Quando chove, fica mais caro”; “Para deslocamento perto, fica complicado encontrar motorista”.
Aos poucos, o povo vai se dando conta da falácia que os aplicativos de transporte, na lógica atual de seguir unicamente as leis de mercado, representam para a mobilidade urbana.
A balinha, o tratamento cortês em relação aos táxis e ônibus, nada disso mais doura a pílula. Afinal, quando mais se precisa de ubers, 99 e afins, é justamente quando mais dificuldade se tem para contar com essa opção de transporte.
E reclamar para quem, se de uma hora para outra o valor da corrida disparar? Reclamar para quem se determinados destinos são rejeitados pelos motoristas? Ao mercado…
Imprescindível mencionar também a exploração de mão de obra que a lógica desses aplicativos de transporte enraíza. Para conseguir renda que pague os custos e investimentos, e que de fato seja fonte de subsistência da família, os motoristas precisam cumprir jornadas exaustivas, pois boa parte do que arrecadam vai para o cofre dos donos do negócio. O que o motorista ganha mal dá para comer; o que os aplicativos faturam lhes permite investir pesadamente em marketing, propaganda e lobby.
É verdade que os aplicativos vingaram porque encontraram terreno fértil: elevado desemprego, que obriga os trabalhadores a se sujeitarem às piores condições; e transporte público caro e ineficiente.
Mas a carestia e a ineficiência do transporte público decorrem delas, as leis do “livre” mercado. O transporte público é tratado como negócio, não como serviço – embora desde 2015, por meio da emenda constitucional 90, transporte esteja garantido na Constituição como um direito social (a proposta de emenda foi elaborada pela deputada federal Luíza Erundina, do PSOL-SP).
Barões da catraca lucram com sistemas de ônibus bancados por tarifas exorbitantes para trabalhadores e estudantes. Sistemas de metrôs e trens são concedidos a consórcios de grandes empreiteiras que veem no serviço fontes fartas de receitas – às custas do sofrimento do povo, que pagam caro para viagens lentas, desconfortáveis, vez por outra sujeitas a interrupções e acidentes.
Nas experiências em que redes de transporte se mantêm blindadas da sanha do mercado, a qualidade do serviço não deixa a desejar, e as tarifas são mais acessíveis. Os sistemas operados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte, Maceió, Recife, João Pessoa e Natal, por exemplo, contam há mais de dez anos com passagens congeladas, mesmo com a modernização da frota nos últimos anos; o Trensurb, da Grande Porto Alegre, tem qualidade digna.
A balinha, o tratamento cortês em relação aos táxis e ônibus, nada disso mais doura a pílula. Afinal, quando mais se precisa de ubers, 99 e afins, é justamente quando mais dificuldade se tem para contar com essa opção de transporte.
E reclamar para quem, se de uma hora para outra o valor da corrida disparar? Reclamar para quem se determinados destinos são rejeitados pelos motoristas? Ao mercado…
Imprescindível mencionar também a exploração de mão de obra que a lógica desses aplicativos de transporte enraíza. Para conseguir renda que pague os custos e investimentos, e que de fato seja fonte de subsistência da família, os motoristas precisam cumprir jornadas exaustivas, pois boa parte do que arrecadam vai para o cofre dos donos do negócio. O que o motorista ganha mal dá para comer; o que os aplicativos faturam lhes permite investir pesadamente em marketing, propaganda e lobby.
É verdade que os aplicativos vingaram porque encontraram terreno fértil: elevado desemprego, que obriga os trabalhadores a se sujeitarem às piores condições; e transporte público caro e ineficiente.
Mas a carestia e a ineficiência do transporte público decorrem delas, as leis do “livre” mercado. O transporte público é tratado como negócio, não como serviço – embora desde 2015, por meio da emenda constitucional 90, transporte esteja garantido na Constituição como um direito social (a proposta de emenda foi elaborada pela deputada federal Luíza Erundina, do PSOL-SP).
Barões da catraca lucram com sistemas de ônibus bancados por tarifas exorbitantes para trabalhadores e estudantes. Sistemas de metrôs e trens são concedidos a consórcios de grandes empreiteiras que veem no serviço fontes fartas de receitas – às custas do sofrimento do povo, que pagam caro para viagens lentas, desconfortáveis, vez por outra sujeitas a interrupções e acidentes.
Nas experiências em que redes de transporte se mantêm blindadas da sanha do mercado, a qualidade do serviço não deixa a desejar, e as tarifas são mais acessíveis. Os sistemas operados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte, Maceió, Recife, João Pessoa e Natal, por exemplo, contam há mais de dez anos com passagens congeladas, mesmo com a modernização da frota nos últimos anos; o Trensurb, da Grande Porto Alegre, tem qualidade digna.
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