Ao falar em “alinhamento completo” com o presidente Jair Bolsonaro, o anunciado novo ministro da Saúde, Nelson Teich, deu a dimensão do que significa a demissão de Luiz Henrique Mandetta. Mesmo com limitações e fraquezas, o agora ex-ministro representava um contraponto à conduta irresponsável do presidente, com sua campanha contra o isolamento social.
Mandetta angariou apoio sobretudo por defender a aplicação do protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS), apoiado por praticamente todas as autoridades médicas do planeta. A partir da experiência da China na contenção da propagação do coronavírus, o isolamento social passou a ser adotado como a principal arma contra a Covid-19 e o estrangulamento dos sistemas de saúde.
A demissão ocorre para que Bolsonaro tenha terreno aberto, livre, para a sua campanha irresponsável e criminosa contra o isolamento social. A bem da verdade, o ex-ministro estava na corda bamba desde 2 de abril, quando o presidente disse que lhe faltava “humildade”. Desde então, Bolsonaro voltou a hostilizá-lo sistematicamente, chegando a dizer que sua caneta “funciona”.
Nesse período, o governo passou a ter um ministro da saúde com a autoridade pela metade, e depois sem nenhuma de suas prerrogativas respeitadas. Nos últimos dias, após uma entrevista contundente de Mandetta ao programa “Fantástico”, da Rede Globo de televisão, no domingo (12), ele estava praticamente demissionário, sem nenhuma autoridade.
Essa troca de ministro deixa a sociedade apreensiva porque ela representa a vitória da política irresponsável de Bolsonaro. Isso em um momento de previsões de aceleração da Covid-19, que pode chegar ao seu pico brevemente. Apreensão plenamente justificada pela temorosa possibilidade de adoção, pelo governo federal, da orientação desastrosa de Bolsonaro de acabar com o isolamento social.
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