Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Mas o fato é que, nos últimos dez anos, os Tories, partido de Johnson, fizeram o oposto do que ele promete: dilapidaram o NHS com cortes sucessivos de recursos, que impactaram justamente os enfermeiros, tão elogiados pelo primeiro-ministro.
Jennys e Luises são o que mais fazem falta em um sistema agora francamente sobrecarregado com o coronavírus, já que a Inglaterra é um dos países mais afetados pela pandemia, com 94 mil pessoas infectadas e 12 mil mortos. Atualmente há uma carência de cerca de 40 mil enfermeiros para suprir o sistema, causada por uma decisão de 2017 de Theresa May, antecessora e companheira de partido de Johnson, de cortar as bolsas específicas para estudantes de enfermagem.
Infectado pelo coronavírus, que o levou à UTI, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson deixou o hospital no último domingo agradecendo emocionado ao NHS (National Health Service), o serviço de saúde pública do Reino Unido, por tê-lo salvado. “O NHS salvou a minha vida, não há o que discutir”, afirmou o político conservador, em vídeo divulgado por ele mesmo no twitter.
“É difícil encontrar palavras que expressem a minha dívida. Quero agradecer às muitas enfermeiras, homens e mulheres, cujos cuidados foram impressionantes”, disse Johnson, que chegou a citar nominalmente dois enfermeiros, imigrantes, que permaneceram a seu lado o tempo inteiro: Jenny, da Nova Zelândia, e Luis, de Portugal.
“É difícil encontrar palavras que expressem a minha dívida. Quero agradecer às muitas enfermeiras, homens e mulheres, cujos cuidados foram impressionantes”, disse Johnson, que chegou a citar nominalmente dois enfermeiros, imigrantes, que permaneceram a seu lado o tempo inteiro: Jenny, da Nova Zelândia, e Luis, de Portugal.
“Neste país, 24 horas por dia, a cada segundo, há centenas de milhares de enfermeiros do NHS que agem com o mesmo cuidado e precisão que Jenny e Luis. Nós iremos vencer este vírus porque nosso NHS é o coração pulsante deste país. É o melhor deste país. É impulsionado pelo amor. Obrigado em meu nome e de todos ao NHS.”
Na contramão de Bolsonaro e da sua própria atitude negligente durante o começo da pandemia, Boris Johnson finalizou cumprimentando os britânicos pelo “sacrifício” de fazerem “a coisa certa” contra o coronavírus: se isolarem socialmente.
A companheira dele, a consultora de comunicação e ativista dos direitos dos animais Carrie Symonds, que está grávida de sete meses, também publicou mensagens de agradecimento no twitter. Carrie teve sintomas de coronavírus, mas não fez o teste, e permaneceu em isolamento com Boris no número 10 da Downing Street até que o caso dele complicou e teve de ser internado.
“Houve períodos muito tenebrosos na semana passada. Mando meus sentimentos para aqueles em situação semelhante, preocupados com seus entes queridos”, escreveu, repetindo o agradecimento ao “magnífico” NHS e à equipe do hospital Saint Thomas que tratou o primeiro-ministro. “Nunca serei capaz de retribuir e nunca vou parar de agradecer a vocês.”
Seria um avanço e tanto para o mundo se a pandemia de coronavírus tivesse o condão de mudar a cabeça dos neoliberais em favor da saúde pública, gratuita e universal. A bem da verdade, Johnson já havia sido eleito com a promessa de, com o Brexit, tirar o dinheiro que o Reino Unido remete semanalmente à União Europeia e colocá-lo no NHS, o que depois se comprovou que não era bem assim: nem a quantia era 350 mil libras, como ele afirmava, nem haverá de fato esse retorno direto.
Em seu discurso de posse, o político conservador voltou a dizer que, após o Brexit, o NHS seria “sua prioridade número um”, um movimento que foi visto como uma tentativa de “roubar” a bandeira da defesa do NHS dos Trabalhistas. Isso porque, segundo as pesquisas, ao contrário do que acontece com os brasileiros, o sistema público de saúde é uma instituição querida pela ampla maioria dos britânicos. Defendê-lo dá votos.
Na contramão de Bolsonaro e da sua própria atitude negligente durante o começo da pandemia, Boris Johnson finalizou cumprimentando os britânicos pelo “sacrifício” de fazerem “a coisa certa” contra o coronavírus: se isolarem socialmente.
A companheira dele, a consultora de comunicação e ativista dos direitos dos animais Carrie Symonds, que está grávida de sete meses, também publicou mensagens de agradecimento no twitter. Carrie teve sintomas de coronavírus, mas não fez o teste, e permaneceu em isolamento com Boris no número 10 da Downing Street até que o caso dele complicou e teve de ser internado.
“Houve períodos muito tenebrosos na semana passada. Mando meus sentimentos para aqueles em situação semelhante, preocupados com seus entes queridos”, escreveu, repetindo o agradecimento ao “magnífico” NHS e à equipe do hospital Saint Thomas que tratou o primeiro-ministro. “Nunca serei capaz de retribuir e nunca vou parar de agradecer a vocês.”
Seria um avanço e tanto para o mundo se a pandemia de coronavírus tivesse o condão de mudar a cabeça dos neoliberais em favor da saúde pública, gratuita e universal. A bem da verdade, Johnson já havia sido eleito com a promessa de, com o Brexit, tirar o dinheiro que o Reino Unido remete semanalmente à União Europeia e colocá-lo no NHS, o que depois se comprovou que não era bem assim: nem a quantia era 350 mil libras, como ele afirmava, nem haverá de fato esse retorno direto.
Em seu discurso de posse, o político conservador voltou a dizer que, após o Brexit, o NHS seria “sua prioridade número um”, um movimento que foi visto como uma tentativa de “roubar” a bandeira da defesa do NHS dos Trabalhistas. Isso porque, segundo as pesquisas, ao contrário do que acontece com os brasileiros, o sistema público de saúde é uma instituição querida pela ampla maioria dos britânicos. Defendê-lo dá votos.
Mas o fato é que, nos últimos dez anos, os Tories, partido de Johnson, fizeram o oposto do que ele promete: dilapidaram o NHS com cortes sucessivos de recursos, que impactaram justamente os enfermeiros, tão elogiados pelo primeiro-ministro.
Jennys e Luises são o que mais fazem falta em um sistema agora francamente sobrecarregado com o coronavírus, já que a Inglaterra é um dos países mais afetados pela pandemia, com 94 mil pessoas infectadas e 12 mil mortos. Atualmente há uma carência de cerca de 40 mil enfermeiros para suprir o sistema, causada por uma decisão de 2017 de Theresa May, antecessora e companheira de partido de Johnson, de cortar as bolsas específicas para estudantes de enfermagem.
De qualquer forma, ver o primeiro-ministro da Inglaterra agradecendo ao NHS é tão auspicioso para quem sempre defendeu a saúde como direito universal quanto apreciar o ministro da Saúde de um governo de extrema direita no Brasil envergando o jaleco do SUS. Médico ortopedista, Luiz Henrique Mandetta foi eleito em 2014 financiado por um plano de saúde e fez oposição ferrenha ao programa Mais Médicos durante o governo Dilma Rousseff, mas hoje diz coisas como: “Ainda bem que temos o SUS”.
Com mais de 600 mil contaminados e quase 24 mil mortos, os EUA estão sentindo na pele a falta que a saúde pública faz num momento como estes. “Uma sociedade que preza a liberdade individual acima de tudo tende a tratar a saúde como um assunto privado. Mas se o Covid-19 nos ensinou alguma coisa é que nossa saúde e segurança dependem de ações coletivas. Saúde pública é isso“, escreveu Jeneen Interlandi, da equipe de editorialistas do New York Times, na semana passada.
Será que o coronavírus fará os neoliberais enxergarem que não é possível um país dar certo sem um sistema público de saúde robusto, capaz de atender com qualidade do mais pobre cidadão ao homem mais poderoso de uma Nação? E que essa balela de “Estado mínimo” de nada serve no momento em que aparece uma pandemia?
Para falar uma linguagem que eles entendem: quem pagaria a fatura do coronavírus sem os sistemas de saúde públicos no mundo? Como dizem os liberais, “essa conta não fecha”. E não fecharia nunca.
Será que o coronavírus fará os neoliberais enxergarem que não é possível um país dar certo sem um sistema público de saúde robusto, capaz de atender com qualidade do mais pobre cidadão ao homem mais poderoso de uma Nação? E que essa balela de “Estado mínimo” de nada serve no momento em que aparece uma pandemia?
Para falar uma linguagem que eles entendem: quem pagaria a fatura do coronavírus sem os sistemas de saúde públicos no mundo? Como dizem os liberais, “essa conta não fecha”. E não fecharia nunca.
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