sexta-feira, 26 de junho de 2020

'Retomada liberal' de Guedes e os empregos


O ministro da Economia, Paulo Guedes, prepara plano para uma “retomada liberal” no pós-pandemia. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta quarta-feira (24), são medidas de ajuste fiscal e de adesão à “economia” de mercado, que atendem recomendações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre elas, um pacote de desoneração ainda maior do que o proposto no projeto da chamada carteira de trabalho “verde e amarela“, que não passou no Congresso Nacional.

Para o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, o intuito da equipe econômica do governo Bolsonaro é ampliar a precarização dos trabalhadores. Portanto, são medidas que vão na contramão das necessidades reveladas pela pandemia, incluindo a emergência do auxílio emergencial para garantir renda mínima a milhões de trabalhadores informais.

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual na manhã desta quinta (25), Fausto afirmou que as visões econômicas liberais de Paulo Guedes são ultrapassadas. “Dá a impressão de que estamos olhando para Margaret Thatcher, no começo dos anos 1980.” Dessa vez, segundo a reportagem, a redução de encargos trabalhistas valeria para todos os trabalhadores. E não apenas para os jovens que procuram entrar no mercado de trabalho.

“O mundo inteiro está falando em injetar recursos”, acrescenta Fausto. “É fundamental que o Estado impulsione a economia neste momento. Mas a resposta que o ministro apresenta é mais perda de direitos. Talvez o Brasil nunca tenha vivido um ataque tão frontal aos direitos dos trabalhadores como nesse governo.”

Inversão

A Pnad Covid19, divulgada ontem pelo IBGE, mostrou que 19 milhões dos 84,4 milhões de trabalhadores no país estiveram afastados do serviço em maio. Destes, 9,7 milhões (que representam 11,5% da população ocupada)0 passaram o mês sem remuneração. Além disso, o levantamento mostrou que 38,7% dos domicílios do país receberam algum auxílio do governo em consequência da pandemia.

Segundo Fausto, esses dados revelam a fragilidade do mercado de trabalho brasileiro. “O mais grave de tudo é que chegamos agora na última parcela do auxílio emergencial.” O governo tem cogitado pagar mais parcelas do benefício, mas com valor reduzido. “É fundamental que a gente mantenha o auxílio, inclusive para que a própria economia volte a circular”, defende.
Assista à entrevista [aqui].

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