Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:
Oposição pragmática
No cenário que se esboça no médio prazo (a eleição para a presidência da Câmara), a oposição (PT, PCdoB, PSB, Psol e PDT), principalmente o PT, dono da maior bancada na casa, com 53 deputados, deve agir com pragmatismo, na opinião de Maria do Socorro.
“Espera-se que o PT não faça o que tentou na época de Dilma Rousseff, na disputa pela presidência da Câmara. Tentou vencer com Arlindo Chinaglia (SP), perdeu, e junto com Chinaglia perdeu todos os cargos na Mesa Diretora. Estrategicamente, foi um erro. A partir dali, ficou sem nenhuma posição importante na Câmara e Eduardo Cunha fez o que fez”, lembra. O então deputado Cunha venceu a eleição na Câmara em 2015, pôs o impeachment de Dilma para andar e articulou todo o processo que culminou na derrubada da presidenta.
Na opinião da analista, se o PT e a esquerda não têm chance de vencer a eleição da presidência da Câmara, “por mais que haja divergência com esses independentes, a estratégia para enfrentar Bolsonaro, nessa hora, é se unir com esse centro”, mesmo que seja no segundo turno, já que pelo menos o PT deve lançar candidato para negociar posteriormente.
Esse pragmatismo pode evitar derrotas muito impactantes em votações de reformas propostas pelo governo Bolsonaro e Paulo Guedes. “E pode ser uma boa estratégia. Do contrário, o PT pode ficar fora de tudo de novo, na oposição e sem cargo na Mesa.”
Estratégias para barrar Bolsonaro politicamente não devem ser ignoradas, na opinião de Maria do Socorro. Inclusive porque o atual presidente e seu grupo sabem usar o marketing. E o apoio popular que o governo ainda tem mostra isso. Bolsonaro capitalizou o auxílio emergencial de R$ 600, assim como trouxe para si o mérito da aprovação do novo Fundeb, e não vai parar por aí. Nas próximas semanas, seu novo trunfo será a “repaginação” e “ampliação” do Bolsa Família, que será chamado Renda Brasil.
O movimento protagonizado pelo DEM e pelo PMDB, de desembarcar do “blocão” que formam com o Centrão na Câmara dos Deputados, já estava desenhado. A jogada dos dois partidos tem no horizonte mais distante a eleição presidencial de 2022. No caso da sucessão de Jair Bolsonaro, a constatação óbvia está na última pesquisa Confederação Nacional do Transporte/MDA, que apontou que o atual presidente lidera a ainda distante disputa presidencial com 29,1%, seguido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 17%.
“A última pesquisa mostrou que Bolsonaro tem vida para 2022. Se não começarem se organizar logo, para costurar uma candidatura forte para 2022, ele pode vencer de novo”, avalia a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Num prazo menos elástico, DEM e MDB têm os olhos voltados para a eleição pela presidência da Câmara, em fevereiro de 2021. As regras impedem que Rodrigo Maia (DEM-RJ) se candidate novamente, já que cumpriu dois mandatos no posto. O movimento dos partidos tem potencial de atrair outras legendas, como Cidadania e Republicanos. Com a saída de ambos, o “blocão”, comandado por Lira, diminui de 221 para 158 deputados, perdendo 28 cadeiras do DEM e 35 do MDB.
Bolsonaro enfraquecido
A saída dos dois partidos do bloco formado com o Centrão, representativos da “velha política” contra a qual Bolsonaro discursava para se eleger, enfraquece o governo e também o deputado Arthur Lira (PP-AL). Lira é um dos nomes mais influentes do Centrão e principal articulador da base de Bolsonaro. Por isso mesmo, ele se coloca como candidato à sucessão de Maia. Por outro lado, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), autor da proposta de reforma tributária que tramita na Câmara (PEC 45), se credencia a suceder Maia pela nova aliança “independente”.
Para Maria do Socorro, a estratégia de MDB e DEM procura, politicamente, ocupar o vazio do chamado “centro” do espectro político, que ficou patente na eleição de 2018 e perdura até hoje. “É uma jogada para formar um centro ao redor desses partidos, PSDB, MDB e DEM, que pode ter impacto nas eleições municipais de São Paulo. Me parece que João Doria (PSDB) está no foco disso.”
Para a professora, com esse movimento, o governador de São Paulo pode se cacifar como candidato à presidência em 2018. O MDB poderia ficar como o “fiel da balança”, ampliar seu protagonismo nas eleições municipais e ocupar espaços em âmbito regional ou local, onde o PSDB tem problemas. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MT), é uma carta na manga para compor uma chapa em 2022.
A estratégia por trás do movimento tem o objetivo de ocupar o centro, se distanciar de Bolsonaro e da extrema-direita e, ao mesmo tempo, apresentar uma alternativa ao PT, lado contrário a Bolsonaro na polarização de 2018. “Um centro tentando buscar certo equilíbrio no sistema politico partidário. Com as eleições de 2018, houve uma pulverização do centro em termos de representatividade.”
“A última pesquisa mostrou que Bolsonaro tem vida para 2022. Se não começarem se organizar logo, para costurar uma candidatura forte para 2022, ele pode vencer de novo”, avalia a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Num prazo menos elástico, DEM e MDB têm os olhos voltados para a eleição pela presidência da Câmara, em fevereiro de 2021. As regras impedem que Rodrigo Maia (DEM-RJ) se candidate novamente, já que cumpriu dois mandatos no posto. O movimento dos partidos tem potencial de atrair outras legendas, como Cidadania e Republicanos. Com a saída de ambos, o “blocão”, comandado por Lira, diminui de 221 para 158 deputados, perdendo 28 cadeiras do DEM e 35 do MDB.
Bolsonaro enfraquecido
A saída dos dois partidos do bloco formado com o Centrão, representativos da “velha política” contra a qual Bolsonaro discursava para se eleger, enfraquece o governo e também o deputado Arthur Lira (PP-AL). Lira é um dos nomes mais influentes do Centrão e principal articulador da base de Bolsonaro. Por isso mesmo, ele se coloca como candidato à sucessão de Maia. Por outro lado, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), autor da proposta de reforma tributária que tramita na Câmara (PEC 45), se credencia a suceder Maia pela nova aliança “independente”.
Para Maria do Socorro, a estratégia de MDB e DEM procura, politicamente, ocupar o vazio do chamado “centro” do espectro político, que ficou patente na eleição de 2018 e perdura até hoje. “É uma jogada para formar um centro ao redor desses partidos, PSDB, MDB e DEM, que pode ter impacto nas eleições municipais de São Paulo. Me parece que João Doria (PSDB) está no foco disso.”
Para a professora, com esse movimento, o governador de São Paulo pode se cacifar como candidato à presidência em 2018. O MDB poderia ficar como o “fiel da balança”, ampliar seu protagonismo nas eleições municipais e ocupar espaços em âmbito regional ou local, onde o PSDB tem problemas. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MT), é uma carta na manga para compor uma chapa em 2022.
A estratégia por trás do movimento tem o objetivo de ocupar o centro, se distanciar de Bolsonaro e da extrema-direita e, ao mesmo tempo, apresentar uma alternativa ao PT, lado contrário a Bolsonaro na polarização de 2018. “Um centro tentando buscar certo equilíbrio no sistema politico partidário. Com as eleições de 2018, houve uma pulverização do centro em termos de representatividade.”
Oposição pragmática
No cenário que se esboça no médio prazo (a eleição para a presidência da Câmara), a oposição (PT, PCdoB, PSB, Psol e PDT), principalmente o PT, dono da maior bancada na casa, com 53 deputados, deve agir com pragmatismo, na opinião de Maria do Socorro.
“Espera-se que o PT não faça o que tentou na época de Dilma Rousseff, na disputa pela presidência da Câmara. Tentou vencer com Arlindo Chinaglia (SP), perdeu, e junto com Chinaglia perdeu todos os cargos na Mesa Diretora. Estrategicamente, foi um erro. A partir dali, ficou sem nenhuma posição importante na Câmara e Eduardo Cunha fez o que fez”, lembra. O então deputado Cunha venceu a eleição na Câmara em 2015, pôs o impeachment de Dilma para andar e articulou todo o processo que culminou na derrubada da presidenta.
Na opinião da analista, se o PT e a esquerda não têm chance de vencer a eleição da presidência da Câmara, “por mais que haja divergência com esses independentes, a estratégia para enfrentar Bolsonaro, nessa hora, é se unir com esse centro”, mesmo que seja no segundo turno, já que pelo menos o PT deve lançar candidato para negociar posteriormente.
Esse pragmatismo pode evitar derrotas muito impactantes em votações de reformas propostas pelo governo Bolsonaro e Paulo Guedes. “E pode ser uma boa estratégia. Do contrário, o PT pode ficar fora de tudo de novo, na oposição e sem cargo na Mesa.”
Estratégias para barrar Bolsonaro politicamente não devem ser ignoradas, na opinião de Maria do Socorro. Inclusive porque o atual presidente e seu grupo sabem usar o marketing. E o apoio popular que o governo ainda tem mostra isso. Bolsonaro capitalizou o auxílio emergencial de R$ 600, assim como trouxe para si o mérito da aprovação do novo Fundeb, e não vai parar por aí. Nas próximas semanas, seu novo trunfo será a “repaginação” e “ampliação” do Bolsa Família, que será chamado Renda Brasil.
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