Editorial do site Vermelho:
Há mais de um mês, o presidente Jair Bolsonaro adota uma postura de recuo tático para tentar dissimular sua essência autoritária. Isso decorre do surgimento de algumas iniciativas de frente ampla, dos inquéritos contra o bolsonarismo no Supremo Tribunal Federal (STF) e da prisão do dileto amigo da sua família, Fabrício Queiroz. Momentaneamente, Bolsonaro tem economizado arroubos e ameaças à institucionalidade democrática do país.
Quanto tempo esse recuo pode durar, não se sabe. É muito provável que ele mantenha essa conduta até atingir seu objetivo imediato – superar os inquéritos do STF e administrar os desdobramentos da prisão de Queiroz, ligado ao esquema da “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que envolve diretamente o senador Flávio Bolsonaro e a bandos criminosos, as chamadas milícias.
Esse recuo de Bolsonaro é uma espécie de camuflagem, tentativa de passar uma imagem sem correspondência com os seus propósitos. Enquanto isso, ele se equilibra numa corda bamba; se apresenta como se estivesse voltando ao leito da luta política dentro dos marcos da institucionalidade e ao mesmo tempo aparece com sua verdadeira face.
Foi o caso do uso da Advocacia-Geral da União (AGU) para pedir ao STF a suspensão de decisões que bloquearam perfis em redes sociais que praticam crimes diversos, entre eles a disseminação de fake news. É um desvio de finalidade da AGU, na medida em que ela é posta a serviço de familiares e amigos do presidente, a exemplo do que ele fez ao interferir na Polícia Federal (PF).
Ao mesmo tempo, além de tentar poupar sua base neofascista, pretende preservar sua estrutura de apoio no submundo da internet, a mesma que ajudou a lhe projetar e a se eleger. Assim, sinaliza que não deixará seu núcleo duro de apoio abandonado à própria sorte.
Outro exemplo disso foi a sua vista de cortesia e de desagravo à deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), após ela ser retirada da vice-liderança do governo no Congresso Nacional. Bolsonaro também exercita sua conhecida histeria anticomunista, recorrendo a ataques torpes à esquerda nas redes sociais.
São movimentos para conter a desagregação do seu grupo de apoio mais consistente, que foi o esteio e o alicerce da sua campanha presidencial. São grupos reacionários, neofascistas. Com essas atitudes, Bolsonaro sinaliza para eles que seu recuo é um movimento temporário.
Essas duas faces, que mostra ora uma pessoa cordata e ora sem nenhuma vestimenta que lhe oculte a sua essência reacionária e agressiva, precisam ser bem dimensionadas. Seria um erro crasso apostar na hipótese de que o presidente pode governar pela normalidade democrática, hipótese esdrúxula e irreal - algo como Bolsonaro sem bolsonarismo, sem neofascismo. Muito ao contrário, as forças democráticas precisam aproveitar o recuo da extrema direita para fortalecer as iniciativas dos movimentos de frente ampla, que nos últimos dois meses mostraram-se vigorosos.
Historicamente, a experiência da extrema direita – como na Itália de Mussolini e na Alemanha de Hitler – mostra que ela se utiliza de movimentos táticos de recuo, tendo em vista seus objetivos maiores. A ameaça ao regime democrático pelo bolsonarismo é real e jamais deve ser subestimada.
Quanto tempo esse recuo pode durar, não se sabe. É muito provável que ele mantenha essa conduta até atingir seu objetivo imediato – superar os inquéritos do STF e administrar os desdobramentos da prisão de Queiroz, ligado ao esquema da “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que envolve diretamente o senador Flávio Bolsonaro e a bandos criminosos, as chamadas milícias.
Esse recuo de Bolsonaro é uma espécie de camuflagem, tentativa de passar uma imagem sem correspondência com os seus propósitos. Enquanto isso, ele se equilibra numa corda bamba; se apresenta como se estivesse voltando ao leito da luta política dentro dos marcos da institucionalidade e ao mesmo tempo aparece com sua verdadeira face.
Foi o caso do uso da Advocacia-Geral da União (AGU) para pedir ao STF a suspensão de decisões que bloquearam perfis em redes sociais que praticam crimes diversos, entre eles a disseminação de fake news. É um desvio de finalidade da AGU, na medida em que ela é posta a serviço de familiares e amigos do presidente, a exemplo do que ele fez ao interferir na Polícia Federal (PF).
Ao mesmo tempo, além de tentar poupar sua base neofascista, pretende preservar sua estrutura de apoio no submundo da internet, a mesma que ajudou a lhe projetar e a se eleger. Assim, sinaliza que não deixará seu núcleo duro de apoio abandonado à própria sorte.
Outro exemplo disso foi a sua vista de cortesia e de desagravo à deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), após ela ser retirada da vice-liderança do governo no Congresso Nacional. Bolsonaro também exercita sua conhecida histeria anticomunista, recorrendo a ataques torpes à esquerda nas redes sociais.
São movimentos para conter a desagregação do seu grupo de apoio mais consistente, que foi o esteio e o alicerce da sua campanha presidencial. São grupos reacionários, neofascistas. Com essas atitudes, Bolsonaro sinaliza para eles que seu recuo é um movimento temporário.
Essas duas faces, que mostra ora uma pessoa cordata e ora sem nenhuma vestimenta que lhe oculte a sua essência reacionária e agressiva, precisam ser bem dimensionadas. Seria um erro crasso apostar na hipótese de que o presidente pode governar pela normalidade democrática, hipótese esdrúxula e irreal - algo como Bolsonaro sem bolsonarismo, sem neofascismo. Muito ao contrário, as forças democráticas precisam aproveitar o recuo da extrema direita para fortalecer as iniciativas dos movimentos de frente ampla, que nos últimos dois meses mostraram-se vigorosos.
Historicamente, a experiência da extrema direita – como na Itália de Mussolini e na Alemanha de Hitler – mostra que ela se utiliza de movimentos táticos de recuo, tendo em vista seus objetivos maiores. A ameaça ao regime democrático pelo bolsonarismo é real e jamais deve ser subestimada.
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