Reproduzo mensagem de Antonio Neto, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB):
Companheiros,
No início desta campanha presidencial, em discurso em São Bernardo do Campo, afirmei "que não existe nenhuma tarefa mais importante para a classe operária brasileira nos meses que se avizinham do que lutar e trabalhar para impedir o retrocesso representado pelos tucanos e para manter o rumo implementado pelo governo Lula, elegendo Dilma presidente".
Além de reafirmar esta frase, quero conclamar todos os companheiros a se somarem com toda a força ainda neste segundo turno, pois eleger Dilma representa a continuidade da política que vem transformando o Brasil.
Contudo, antes de prosseguir, quero fazer uma breve análise deste primeiro turno. Ao contrário do que dizem, os números finais das eleições realizadas no dia 3 de outubro não deixam dúvida de que ocorreu uma grande vitória do campo representado pelo presidente Lula.
A candidata do PT à Presidência da República Dilma Rousseff obteve 47,6 milhões de votos, 1 milhão a mais do que Lula alcançou na sua reeleição; Dilma venceu em 18 estados da federação; elegeu a maioria dos governadores; a base aliada do governo Dilma será maior da que estava alinhada com a administração Lula. Serão 402 deputados federais, ante os 357 eleitos em outubro de 2006. O PT será o partido com maior número de cadeiras, com 88 parlamentares, seguido pelo PMDB, com 79.
O PT de Dilma e o PMDB de Michel Temer, seu vice, foram os grandes vencedores na votação para o Senado. As duas siglas conquistaram praticamente metade das 54 vagas em disputa. A oposição elegeu apenas nove, ou seja, 16%.
Na outra ponta, Serra amargou 7 milhões de votos a menos do que Geraldo Alckmin em 2006; uma enorme leva de oposicionistas que representavam o coronelismo político (Tasso Jereissati, Arthur Virgílio, Efraim Moraes, César Maia e Heráclito Fortes) foram reprovados nas urnas; os que escaparam fizeram de tudo para esconder o seu candidato oficial, além de utilizarem desavergonhadamente a imagem do presidente Lula.
Mesmo assim, apesar dos números e da realidade, ainda existem aqueles que tentam imputar à Dilma uma derrota.
Contudo, a exemplo de 2006, consideramos que o segundo turno será fundamental para o aprofundamento do debate político e ideológico. A oposição não terá como se esconder todo o tempo atrás de promessas falsas e, muito menos, colocar no centro da eleição uma pauta baseada em factóides.
O segundo turno será um momento importante para a base aliada ampliar ainda mais a sua unidade, para que a campanha fique cada vez mais ampla e integre o conjunto das forças políticas do país, sejam elas partidárias ou dos movimentos sociais.
A partir de agora poderemos comparar projetos. Sabemos que estamos enfrentando a dissimulação dos que privatizaram 121 estatais, que cortaram os investimentos das empresas, que desnacionalizaram diversos setores do país, como telecomunicações, fertilizantes, elétrico, e que colocaram o BNDES para financiar a entrega do patrimônio público.
Já o governo Lula/Dilma recuperou os bancos públicos (Banco do Brasil e CEF), fortaleceu a Petrobrás, nacionalizou suas encomendas, reascendeu a Eletrobrás, recriou a Telebrás e comprou até as estatais que os tucanos queriam vender (Nossa Caixa).
Estarão em confronto dois lados extremamente opostos. Um da oposição, que trata professor com arrocho salarial e outro (Dilma) que criou condições para os filhos dos trabalhadores freqüentarem a universidade ao ampliar as vagas em 400% em cinco anos, que triplicou o orçamento da Educação, criou o ProUni e construiu 214 escolas técnicas.
Dilma representa um governo que recuperou a autoestima do nosso povo, que gerou mais de 14 milhões de empregos, que recuperou a indústria naval, a construção civil, a agricultura, que retomou o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e teve coragem de enfrentar as crises externas com medidas que impediram o país de atolar como acontecia num passado recente.
Nós estamos diante de um projeto (Dilma) que garantiu um aumento real de 54% no salário mínimo e outro (oposição) que promete hipocritamente aumentá-lo para R$ 600,00, tendo participado de um governo que achatou o salário, criou o fator previdenciário e chamou os aposentados de vagabundos.
O governo de Lula/Dilma transformou o Brasil num canteiro de obras, investiu em saneamento básico, ampliou os repasses para estados e municípios e apoiou projetos independentemente dos partidos; A oposição fez a lei Lei Kandir, quebrou estados e municípios, engessou os investimentos e centralizou os recursos.
Dilma representa um Estado com planejamento a longo prazo, investimentos do PAC, saneamento básico, luz para todos, obras de infra-estrutura, modernização dos ministérios e dos serviços públicos e valorização do servidor; Eles representam o inverso, ou seja, desmantelamento, precarização de direitos, paralisação do país, importação de crises e submissão ao FMI.
Portanto, não tenho dúvida, de que o segundo turno será uma oportunidade única e fundamental para aprofundarmos este debate. E os dirigentes da CGTB serão o diferencial.
Vamos à luta!
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sábado, 9 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Assessor de Marina: "Tucano é repressão"
Reproduzo matéria de Danilo Augusto, publicada na Radioagência NP:
O coordenador da Rede Ecosocialista e assessor da candidata à presidência da República, Marina Silva, Pedro Ivo Batista, avalia que a coligação de Dilma Rousseff (PT) saiu na frente na disputa pelo apoio do PV.
O PT abriu a possibilidade de incluir no programa de governo pontos reivindicados pela candidata Marina Silva, que ficou em 3º lugar nas eleições. Já o candidato José Serra (PSDB) ofereceu quatro ministérios para conquistar o apoio do PV.
Pedro Ivo, que saiu do PT e entrou no PV junto com Marina, acredita que é positiva a proposta de Dilma. Entre os pontos que Marina quer discutir com o PT está a manutenção do Código Florestal.
“A Marina já deixou claro que esse debate é programático. Nenhum tipo de toma-lá-da-cá ela aceita. Ela acha que pode contribuir para o Brasil através dessa plataforma. É isso que ela quer discutir. Essa questão de oferecimento de quatro ministérios ao PV ela já condenou publicamente. O PT, por enquanto, de forma correta, procurou – parabenizou a própria ministra Dilma – e tem buscado fazer uma conversa mais programática. Isso é positivo”.
Batista avalia positivamente a política econômica, a política externa e as políticas de inclusão social do governo Lula, mas avalia que ficou a desejar na questão da sustentabilidade, da reforma agrária e na reforma política. Por isso, ele defende uma discussão programática em torno do apoio a Dilma no 2º turno.
“Sem dúvida, o governo Lula tem uma tradição democrática muito maior e tem uma relação muito mais respeitosa do ponto de vista das liberdades democráticas e sindicais, do que o governo tucano, Tucano é repressão. Por outro lado, isso não significa dizer que simplesmente essa questão é suficiente.”
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O coordenador da Rede Ecosocialista e assessor da candidata à presidência da República, Marina Silva, Pedro Ivo Batista, avalia que a coligação de Dilma Rousseff (PT) saiu na frente na disputa pelo apoio do PV.
O PT abriu a possibilidade de incluir no programa de governo pontos reivindicados pela candidata Marina Silva, que ficou em 3º lugar nas eleições. Já o candidato José Serra (PSDB) ofereceu quatro ministérios para conquistar o apoio do PV.
Pedro Ivo, que saiu do PT e entrou no PV junto com Marina, acredita que é positiva a proposta de Dilma. Entre os pontos que Marina quer discutir com o PT está a manutenção do Código Florestal.
“A Marina já deixou claro que esse debate é programático. Nenhum tipo de toma-lá-da-cá ela aceita. Ela acha que pode contribuir para o Brasil através dessa plataforma. É isso que ela quer discutir. Essa questão de oferecimento de quatro ministérios ao PV ela já condenou publicamente. O PT, por enquanto, de forma correta, procurou – parabenizou a própria ministra Dilma – e tem buscado fazer uma conversa mais programática. Isso é positivo”.
Batista avalia positivamente a política econômica, a política externa e as políticas de inclusão social do governo Lula, mas avalia que ficou a desejar na questão da sustentabilidade, da reforma agrária e na reforma política. Por isso, ele defende uma discussão programática em torno do apoio a Dilma no 2º turno.
“Sem dúvida, o governo Lula tem uma tradição democrática muito maior e tem uma relação muito mais respeitosa do ponto de vista das liberdades democráticas e sindicais, do que o governo tucano, Tucano é repressão. Por outro lado, isso não significa dizer que simplesmente essa questão é suficiente.”
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Aldir Blanc pede pressa no apoio a Dilma
Reproduzo excelente notícia publicada no blog Buteco do Edu:
Tenho, e já disse isso aqui diversas vezes, um tremendo orgulho de ser amigo desse brasileiro máximo, Aldir Blanc, glória maior da música e das letras brasileiras, a quem carinhosamente chamo de meu orixá vivo, ele que é um mais-velho por quem tenho profundo respeito, conselheiro de todas as horas, brigador em nome das causas mais justas e incorruptível, no mais amplo sentido da palavra. Não se vende, não se rende, não desiste.
E é de novo com um tremendo orgulho que apresento hoje, no Buteco, a declaração pública de voto desse homem que reconhece a gravidade do momento que vivemos às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais. Peço a todos vocês, que me lêem, que façam correr as palavras do bardo tijucano, valendo-se da imagem abaixo - cuja cópia e divulgação são desde já autorizadas - a fim de que o maior número de pessoas possível possa ter acesso ao recado urgente que manda o Aldir.
"Pilatos não pode mais lavar as mãos com sabonete verde. Lamentável que Marina e o PSOL estejam 'pensando'. Os que morrem de fome, de pancada, os que foram torturados e mortos, esses não tiveram esse confortável tempo para optar. A reação, desde a Comuna de Paris, desde os Espartaquistas, sempre matou mais rápido, enquanto gente do "bem" pensava...
Votem em Dilma - ou regridam às privatizações selvagens, à perda da Petrobras, ao comando do latifúndio, dos ruralistas, dos banqueiros, de todas as forças retrógradas do país, incluindo os torturadores".
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Bastidores da demissão de Maria Rita Kehl
Reproduzo entrevista concedida à jornalista Conceição Lemes, publicado no blog Viomundo:
Maria Rita Kehl é psicanalista, ensaísta e cronista. Tem seis livros publicados. O mais recente, O Tempo e o Cão, foi lançado em 2009, pela Boitempo. Nele, aborda o significado da depressão como sintoma psíquico da sociedade contemporânea. Maria Rita é a ganhadora do Prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise com O Tempo e o Cão.
Formada em psicologia pela USP, durante muitos anos se dedicou exclusivamente ao jornalismo cultural. Foi editora do Movimento, jornal que, ao lado do Opinião e d’O Pasquim, foi um dos mais importantes órgãos da imprensa alternativa durante o regime militar. Participou também da fundação do jornal Em Tempo e escreveu como freelancer para veículos, como Veja, Isto É e Folha de S. Paulo.
Em 1979, Maria Rita decidiu fazer mestrado em psicologia social. Sua tese: O Papel da Rede Globo e das Novelas da Globo em Domesticar o Brasil Durante a Ditadura Militar.
Em 1981, começou a atender pacientes — e nunca mais parou. Em 1997, doutorou-se em psicanálise pela PUC-SP com uma pesquisa que resultou no livro Deslocamentos do Feminino – A Mulher Freudiana na Passagem para a Modernidade (Imago, 1998).
Nos últimos oito meses, manteve uma coluna quinzenal no Caderno 2, em O Estado de S. Paulo. Nessa quarta-feira, ela foi demitida depois de ter escrito o artigo Dois Pesos, publicado no último sábado (2), onde abordou a “desqualificação” dos votos dos pobres.
Em entrevista na manhã de quinta-feira (7) a Bob Fernandes, da Terra Magazine, ela denunciou.
– Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um “delito” de opinião (…) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
[Ricardo Gandour, diretor do Estadão, deu entrevista mais tarde ao Terra Magazine, dizendo que não houve censura].
Em entrevista ao Viomundo, Maria Rita detalha os bastidores.
Na terça-feira, começou a circular na internet boatos de sua demissão. Antes, em algum momento, você foi alertada sobre “problemas” com os seus textos?
Nunca. Foi o que eu argumentei com a editora do Caderno 2, que me convidou para escrever a coluna. Na verdade, ela me chamou para escrever sobre psicanálise. Argumentei que só sobre psicanálise conflitava com o meu consultório. De vez em quando, disse-lhe, poderia escrever sobre o tema, mas eu gostaria mesmo era de escrever sobre tudo, inclusive política, assunto que me interessa muito. Ela aceitou.
Essa conversa foi…?
No final do ano passado, mas eu só comecei a escrever em fevereiro deste ano. Aí, fui escrevendo. Cada vez mais sobre política, pois ficando cada vez mais apaixonante. Eu já fui jornalista, tenho uma cabeça muito política também…
Após cada artigo, eu sempre perguntava: “E, aí, tudo bem?” Ela: “Tudo bem”.
Desta vez foi engraçado porque eu perguntei: “Tudo bem? Será que eles não vão pedir a minha cabeça?”. A resposta que veio: “Não vão, pode ficar tranqüila.” Eu fiquei. Imagino que a editora não iria me enganar…
Quando soube dos “problemas” com os seus artigos?
Na terça [5 de outubro]. Recebi um telefonema muito constrangido de que a coisa tinha ficado muito feia… cartas de leitores estavam reclamando muito da minha presença no jornal… tinha gente do Conselho Editorial muito enfurecida… a situação estava muito difícil. Ela lembrou de que a ideia inicial era que eu escrevesse sobre psicanálise…
“Bem, posso tentar escrever mais sobre psicanálise… Mas nunca mais escrever sobre política, isso não, isso eu não aceito”. Até porque o período em que o tema é mais polêmico é agora, depois relaxa…
Ela disse que iria conversar novamente com o Gandour [Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estadão], que eu não conheço pessoalmente.
Aí, aconteceu uma coisa que eu não sei explicar, é um mistério. Mas acho que partiu de dentro do jornal, de alguém que ouviu essa conversa. Uma hora depois já tinha gente me ligando, para saber se eu tinha sido demitida.
O que a leva a suspeitar de que alguém do Estadão tenha passado a informação adiante?
Foi um detalhe da nossa conversa [entre a editora e Maria Rita]. Só alguém de dentro do jornal, que tinha ouvido a editora conversar comigo, tinha a informação… Tanto que o boato foi de que eu “estava proibida de escrever sobre política, só poderia escrever sobre psicanálise”.
Você pensou em divulgar?
Eu não tinha nenhum interesse em começar a divulgar, enquanto não tivesse a resposta. Eu não poderia criar um escândalo sem antes conhecê-la.
Acredito que ficou para eles [direção do jornal] a impressão de que fui eu que fiz toda a movimentação na internet. Até quis tornar público. Não fiz. E não porque sou boazinha. É porque não tinha nenhum interesse em divulgar antes de ter a resposta final do jornal.
Nessa quarta [6], depois da reunião que a editora teve com o Gandour, veio a resposta. Gandour disse que por conta da repercussão, a minha posição havia ficado insustentável, intolerável.
A repercussão na rede da sua demissão foi apenas pretexto…
É, a coisa já não estava boa. E por ter tido muita repercussão, ficou, segundo o jornal, insustentável. É como se eu tivesse organizado uma passeata petista na frente da redação com bandeiras vermelhas, com ameaça de exigências.
A minha demissão virou top10 do twitter. Eu não esperava. Fiquei atônita. Virou um acontecimento. A minha coluna era quinzenal… Eu não sou Jânio de Freitas nem nada… O fato é que virou um acontecimento na internet com muitas acusações contra o Estadão.
O seu trabalho foi censurado, concorda?
A palavra censura não é boa. No meu conceito, censura seria você não pode escrever sobre isso ou aquilo, corta uma linha aqui, outra ali… O que o meu caso demonstrou é que o jornal não permite uma visão diferente da do jornal nas suas páginas. É isso. Essa é dita imprensa liberal.
As grandes empresas que controlam a informação no país estão nas mãos de poucas famílias… Teoricamente seriam imparciais, dando voz ao outro lado, só que elas têm um posicionamento muito claro de que não são imparciais. Veja o meu caso. O meu artigo é assinado, não estou falando pelo jornal. Mas nem isso cabe.
Na verdade, os grandes veículos se dizem imparciais, alardeiam isso para a sociedade, só que a prática é oposta…
Eu acho honesto que o jornal assuma uma posição. É pior dizer que é imparcial e dar a notícia só com um lado. Isso confunde muito mais o leitor.
É pena que não tenha gente com dinheiro suficiente para apoiar outros candidatos. …Um grande jornal que apóie a Dilma, um grande jornal que apóie a Marina, um grande jornal que apóie o Plínio…
Na verdade, todos os jornais estão apoiando o mesmo candidato. Esse é o problema da política brasileira, da burguesia brasileira, da concentração do dinheiro na sociedade brasileira… Os donos dos jornais são parciais, mesmo… Ninguém é imparcial. Mas, para que os leitores sejam adequadamente informados e se posicionem, é fundamental ter o outro lado. Infelizmente, o que os donos dos jornais revelam é que não cabe voz a outra posição, nem mesmo em artigos assinados. Que liberdade de expressão é esta?
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Maria Rita Kehl é psicanalista, ensaísta e cronista. Tem seis livros publicados. O mais recente, O Tempo e o Cão, foi lançado em 2009, pela Boitempo. Nele, aborda o significado da depressão como sintoma psíquico da sociedade contemporânea. Maria Rita é a ganhadora do Prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise com O Tempo e o Cão.
Formada em psicologia pela USP, durante muitos anos se dedicou exclusivamente ao jornalismo cultural. Foi editora do Movimento, jornal que, ao lado do Opinião e d’O Pasquim, foi um dos mais importantes órgãos da imprensa alternativa durante o regime militar. Participou também da fundação do jornal Em Tempo e escreveu como freelancer para veículos, como Veja, Isto É e Folha de S. Paulo.
Em 1979, Maria Rita decidiu fazer mestrado em psicologia social. Sua tese: O Papel da Rede Globo e das Novelas da Globo em Domesticar o Brasil Durante a Ditadura Militar.
Em 1981, começou a atender pacientes — e nunca mais parou. Em 1997, doutorou-se em psicanálise pela PUC-SP com uma pesquisa que resultou no livro Deslocamentos do Feminino – A Mulher Freudiana na Passagem para a Modernidade (Imago, 1998).
Nos últimos oito meses, manteve uma coluna quinzenal no Caderno 2, em O Estado de S. Paulo. Nessa quarta-feira, ela foi demitida depois de ter escrito o artigo Dois Pesos, publicado no último sábado (2), onde abordou a “desqualificação” dos votos dos pobres.
Em entrevista na manhã de quinta-feira (7) a Bob Fernandes, da Terra Magazine, ela denunciou.
– Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um “delito” de opinião (…) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
[Ricardo Gandour, diretor do Estadão, deu entrevista mais tarde ao Terra Magazine, dizendo que não houve censura].
Em entrevista ao Viomundo, Maria Rita detalha os bastidores.
Na terça-feira, começou a circular na internet boatos de sua demissão. Antes, em algum momento, você foi alertada sobre “problemas” com os seus textos?
Nunca. Foi o que eu argumentei com a editora do Caderno 2, que me convidou para escrever a coluna. Na verdade, ela me chamou para escrever sobre psicanálise. Argumentei que só sobre psicanálise conflitava com o meu consultório. De vez em quando, disse-lhe, poderia escrever sobre o tema, mas eu gostaria mesmo era de escrever sobre tudo, inclusive política, assunto que me interessa muito. Ela aceitou.
Essa conversa foi…?
No final do ano passado, mas eu só comecei a escrever em fevereiro deste ano. Aí, fui escrevendo. Cada vez mais sobre política, pois ficando cada vez mais apaixonante. Eu já fui jornalista, tenho uma cabeça muito política também…
Após cada artigo, eu sempre perguntava: “E, aí, tudo bem?” Ela: “Tudo bem”.
Desta vez foi engraçado porque eu perguntei: “Tudo bem? Será que eles não vão pedir a minha cabeça?”. A resposta que veio: “Não vão, pode ficar tranqüila.” Eu fiquei. Imagino que a editora não iria me enganar…
Quando soube dos “problemas” com os seus artigos?
Na terça [5 de outubro]. Recebi um telefonema muito constrangido de que a coisa tinha ficado muito feia… cartas de leitores estavam reclamando muito da minha presença no jornal… tinha gente do Conselho Editorial muito enfurecida… a situação estava muito difícil. Ela lembrou de que a ideia inicial era que eu escrevesse sobre psicanálise…
“Bem, posso tentar escrever mais sobre psicanálise… Mas nunca mais escrever sobre política, isso não, isso eu não aceito”. Até porque o período em que o tema é mais polêmico é agora, depois relaxa…
Ela disse que iria conversar novamente com o Gandour [Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estadão], que eu não conheço pessoalmente.
Aí, aconteceu uma coisa que eu não sei explicar, é um mistério. Mas acho que partiu de dentro do jornal, de alguém que ouviu essa conversa. Uma hora depois já tinha gente me ligando, para saber se eu tinha sido demitida.
O que a leva a suspeitar de que alguém do Estadão tenha passado a informação adiante?
Foi um detalhe da nossa conversa [entre a editora e Maria Rita]. Só alguém de dentro do jornal, que tinha ouvido a editora conversar comigo, tinha a informação… Tanto que o boato foi de que eu “estava proibida de escrever sobre política, só poderia escrever sobre psicanálise”.
Você pensou em divulgar?
Eu não tinha nenhum interesse em começar a divulgar, enquanto não tivesse a resposta. Eu não poderia criar um escândalo sem antes conhecê-la.
Acredito que ficou para eles [direção do jornal] a impressão de que fui eu que fiz toda a movimentação na internet. Até quis tornar público. Não fiz. E não porque sou boazinha. É porque não tinha nenhum interesse em divulgar antes de ter a resposta final do jornal.
Nessa quarta [6], depois da reunião que a editora teve com o Gandour, veio a resposta. Gandour disse que por conta da repercussão, a minha posição havia ficado insustentável, intolerável.
A repercussão na rede da sua demissão foi apenas pretexto…
É, a coisa já não estava boa. E por ter tido muita repercussão, ficou, segundo o jornal, insustentável. É como se eu tivesse organizado uma passeata petista na frente da redação com bandeiras vermelhas, com ameaça de exigências.
A minha demissão virou top10 do twitter. Eu não esperava. Fiquei atônita. Virou um acontecimento. A minha coluna era quinzenal… Eu não sou Jânio de Freitas nem nada… O fato é que virou um acontecimento na internet com muitas acusações contra o Estadão.
O seu trabalho foi censurado, concorda?
A palavra censura não é boa. No meu conceito, censura seria você não pode escrever sobre isso ou aquilo, corta uma linha aqui, outra ali… O que o meu caso demonstrou é que o jornal não permite uma visão diferente da do jornal nas suas páginas. É isso. Essa é dita imprensa liberal.
As grandes empresas que controlam a informação no país estão nas mãos de poucas famílias… Teoricamente seriam imparciais, dando voz ao outro lado, só que elas têm um posicionamento muito claro de que não são imparciais. Veja o meu caso. O meu artigo é assinado, não estou falando pelo jornal. Mas nem isso cabe.
Na verdade, os grandes veículos se dizem imparciais, alardeiam isso para a sociedade, só que a prática é oposta…
Eu acho honesto que o jornal assuma uma posição. É pior dizer que é imparcial e dar a notícia só com um lado. Isso confunde muito mais o leitor.
É pena que não tenha gente com dinheiro suficiente para apoiar outros candidatos. …Um grande jornal que apóie a Dilma, um grande jornal que apóie a Marina, um grande jornal que apóie o Plínio…
Na verdade, todos os jornais estão apoiando o mesmo candidato. Esse é o problema da política brasileira, da burguesia brasileira, da concentração do dinheiro na sociedade brasileira… Os donos dos jornais são parciais, mesmo… Ninguém é imparcial. Mas, para que os leitores sejam adequadamente informados e se posicionem, é fundamental ter o outro lado. Infelizmente, o que os donos dos jornais revelam é que não cabe voz a outra posição, nem mesmo em artigos assinados. Que liberdade de expressão é esta?
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Origens e destinos dos votos de Marina
Reproduzo artigo de Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, publicado no sítio da revista CartaCapital:
Em um país do tamanho do nosso, qualquer candidato bem votado recebe todo tipo de voto. Não faz sentido dizer que um só é votado por determinados eleitores, outro por outros. Nestas eleições, isso se aplica a Dilma, Serra e Marina.
É possível, contudo, identificar os traços mais característicos dos eleitores de cada um. Dos eleitores de Dilma, por exemplo. Sabemos o que costumam pensar sobre Lula e o PT, e como encaram a discussão sobre as políticas do governo e sua continuidade.
O mesmo vale para Serra. Conhecemos quem votou nele. Seus sentimentos em relação ao atual presidente, como o comparam a Fernando Henrique, o que acham do PT e dos petistas.
Entre os eleitores de Dilma e de Serra, há diversidade de opiniões, mas elas não variam de oito a oitenta. Quem vota nela pode não querer que tudo do governo seja mantido, mas não defende que tudo seja mudado. Pode fazer críticas a Lula, mas não diz que é péssimo. Talvez discorde do modo como o Bolsa Família é operacionalizado, mas não o chama de esmola.
Tampouco os eleitores de Serra pensam em bloco. Mas não deve haver um só que ache, sinceramente, que Lula é ótimo. Ou que não queira que muita coisa de seu governo mude. Que não antipatize (nem que seja um pouco) com o PT.
Em relação a Marina, no entanto, isso não vale. Seja nos atributos socioeconômicos, seja nos valores e atitudes políticas, seus eleitores são muito heterogêneos.
Todo mundo concorda que as eleições foram para o segundo turno por causa dela. Não foi o desempenho de Serra que o provocou. Ele obteve, na urna, quase exatamente o voto que, desde o primeiro semestre, as pesquisas projetavam. Ou seja, sua campanha não atraiu mais eleitores que aqueles com os quais sempre contou: uma boa parte de São Paulo, o antipetismo, o voto de homenagem por sua trajetória. O adicional que tinha, vindo do desconhecimento de suas adversárias, sumiu e não foi recuperado.
Dilma perdeu votos para Marina. Foi seu crescimento, lento a partir da segunda semana de setembro, e exponencial nos últimos três dias, que tirou cerca de 10 pontos da candidata do PT. Com isso, Marina mais que dobrou o tamanho que tinha em fins de agosto e provocou o segundo turno.
Houve dois votos em Marina nestas eleições: um que obteve cedo, outro que conquistou na reta final. É preciso entender os dois, para que possamos imaginar como será o segundo turno.
O voto “antigo” em Marina é o voto da agenda verde. Os 8% a 10% que ela havia alcançado ainda em maio provinham, na sua maioria, de eleitores sensíveis aos temas ambientais, que se revelavam tão atentos à questão que se dispunham - a um “voto de atitude”, para mostrar sua insatisfação com o descaso do sistema político brasileiro em relação ao assunto. Havia, nele, outros elementos, de cunho regional (pela origem da candidata no Norte) e religioso (decorrente de sua inserção na comunidade evangélica). Mas não seria errado dizer que era um “voto verde”, de quem conhecia Serra e Dilma e não pensava em nenhum dos dois.
O voto que ela adquiriu no final da eleição não é igual. Originou-se em outros segmentos da sociedade e foi movido por valores diferentes.
Esse voto “novo” em Marina veio de quem a escolheu pelos atributos pessoais e não pela agenda. É porque gostaram dela que esses eleitores se tornaram, subitamente, verdes. Não como os de antes, que o eram por convicção, independentemente de quem fosse o candidato que representasse o tema.
Houve uma segunda onda de votos em Marina. Como mostram algumas pesquisas, foi basicamente metropolitana, feminina e de classe média, típica de mulheres jovens, com média e alta escolaridade, muitas evangélicas. Um voto de quem a viu como uma “pessoa diferente”, mais “humana” e mais “gente” que Dilma e Serra. De quem tinha tendido para Dilma durante boa parte da eleição.
Se tivemos uma “onda verde”, essa foi uma “onda rosa”. A primeira com fundamentos racionais, a segunda assentada nas emoções.
E agora no segundo turno? É possível imaginar um só destino para eleitores tão díspares? Terão Dilma ou Serra como atrair os “verdes”, que não gostavam de nenhum dos dois? E como falar com os integrantes da segunda onda, que pouca atenção prestam às questões programáticas?
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Em um país do tamanho do nosso, qualquer candidato bem votado recebe todo tipo de voto. Não faz sentido dizer que um só é votado por determinados eleitores, outro por outros. Nestas eleições, isso se aplica a Dilma, Serra e Marina.
É possível, contudo, identificar os traços mais característicos dos eleitores de cada um. Dos eleitores de Dilma, por exemplo. Sabemos o que costumam pensar sobre Lula e o PT, e como encaram a discussão sobre as políticas do governo e sua continuidade.
O mesmo vale para Serra. Conhecemos quem votou nele. Seus sentimentos em relação ao atual presidente, como o comparam a Fernando Henrique, o que acham do PT e dos petistas.
Entre os eleitores de Dilma e de Serra, há diversidade de opiniões, mas elas não variam de oito a oitenta. Quem vota nela pode não querer que tudo do governo seja mantido, mas não defende que tudo seja mudado. Pode fazer críticas a Lula, mas não diz que é péssimo. Talvez discorde do modo como o Bolsa Família é operacionalizado, mas não o chama de esmola.
Tampouco os eleitores de Serra pensam em bloco. Mas não deve haver um só que ache, sinceramente, que Lula é ótimo. Ou que não queira que muita coisa de seu governo mude. Que não antipatize (nem que seja um pouco) com o PT.
Em relação a Marina, no entanto, isso não vale. Seja nos atributos socioeconômicos, seja nos valores e atitudes políticas, seus eleitores são muito heterogêneos.
Todo mundo concorda que as eleições foram para o segundo turno por causa dela. Não foi o desempenho de Serra que o provocou. Ele obteve, na urna, quase exatamente o voto que, desde o primeiro semestre, as pesquisas projetavam. Ou seja, sua campanha não atraiu mais eleitores que aqueles com os quais sempre contou: uma boa parte de São Paulo, o antipetismo, o voto de homenagem por sua trajetória. O adicional que tinha, vindo do desconhecimento de suas adversárias, sumiu e não foi recuperado.
Dilma perdeu votos para Marina. Foi seu crescimento, lento a partir da segunda semana de setembro, e exponencial nos últimos três dias, que tirou cerca de 10 pontos da candidata do PT. Com isso, Marina mais que dobrou o tamanho que tinha em fins de agosto e provocou o segundo turno.
Houve dois votos em Marina nestas eleições: um que obteve cedo, outro que conquistou na reta final. É preciso entender os dois, para que possamos imaginar como será o segundo turno.
O voto “antigo” em Marina é o voto da agenda verde. Os 8% a 10% que ela havia alcançado ainda em maio provinham, na sua maioria, de eleitores sensíveis aos temas ambientais, que se revelavam tão atentos à questão que se dispunham - a um “voto de atitude”, para mostrar sua insatisfação com o descaso do sistema político brasileiro em relação ao assunto. Havia, nele, outros elementos, de cunho regional (pela origem da candidata no Norte) e religioso (decorrente de sua inserção na comunidade evangélica). Mas não seria errado dizer que era um “voto verde”, de quem conhecia Serra e Dilma e não pensava em nenhum dos dois.
O voto que ela adquiriu no final da eleição não é igual. Originou-se em outros segmentos da sociedade e foi movido por valores diferentes.
Esse voto “novo” em Marina veio de quem a escolheu pelos atributos pessoais e não pela agenda. É porque gostaram dela que esses eleitores se tornaram, subitamente, verdes. Não como os de antes, que o eram por convicção, independentemente de quem fosse o candidato que representasse o tema.
Houve uma segunda onda de votos em Marina. Como mostram algumas pesquisas, foi basicamente metropolitana, feminina e de classe média, típica de mulheres jovens, com média e alta escolaridade, muitas evangélicas. Um voto de quem a viu como uma “pessoa diferente”, mais “humana” e mais “gente” que Dilma e Serra. De quem tinha tendido para Dilma durante boa parte da eleição.
Se tivemos uma “onda verde”, essa foi uma “onda rosa”. A primeira com fundamentos racionais, a segunda assentada nas emoções.
E agora no segundo turno? É possível imaginar um só destino para eleitores tão díspares? Terão Dilma ou Serra como atrair os “verdes”, que não gostavam de nenhum dos dois? E como falar com os integrantes da segunda onda, que pouca atenção prestam às questões programáticas?
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Marina e o “apetite por cargos” do PV
Por Altamiro Borges
O jornalista Bernardo Mello Franco, da Folha, fez uma revelação ontem (7) que confirma as tensões na cúpula do Partido Verde. “Em reunião fechada com aliados, a candidata derrotada do PV à Presidência, Marina Silva, atacou a gula de dirigentes do partido por cargos e afirmou que não vai ´se apequenar´ nas negociações do segundo turno. Ela se mostrou irritada com a intenção do núcleo da campanha de José Serra (PSDB) de oferecer quatro ministérios em troca do apoio do PV”.
Ainda segundo a reportagem da insuspeita Folha, “em tom de ironia, Marina criticou o fisiologismo de parte da cúpula verde, sugerindo que a oferta seria alta demais para alguns dirigentes de seu partido”. Na reunião fechada, que teve a presença do teólogo Leonardo Boff – que já declarou apoio a Dilma para derrotar o “neoliberal Serra” -, a presidenciável do PV insinuou que tende a ficar “neutra” no segundo turno. A decisão deveria ser anunciada na convenção marcada para 17 de setembro.
Racha na cúpula verde
A “reunião fechada” causou estragos na direção do PV. Apesar do presidente do do partido, José Luiz Penna, rechaçar as criticas ao seu fisiologismo, ele tem o pé em várias canoas. No governo Lula, cumpre importante papel no Ministério da Cultura. Já em vários estados, o partido está umbilicalmente ligado aos demotucanos. Participou da prefeitura do Rio de Janeiro na gestão do demo César Maia – que acaba de ser rejeitado nas urnas. Em São Paulo, participa do governo estadual, controlado pelos tucanos, e na prefeitura da capital, dirigido pelo demo Kassab.
Para o segundo turno, dirigentes do PV já tinham declarado publicamente seu apoio a José Serra – sem ouvir a própria candidata, a maior responsável pela expressiva votação da legenda no primeiro turno. Com suas críticas ao “apetite por cargos”, Marina despertou a ira da direção do partido. “Próxima ao PSDB, a cúpula verde ameaça boicotar a convenção do dia 17 e anunciar apoio a Serra na semana que vem, à revelia da ex-presidenciável”, relata hoje (8) o UOL.
Minoritária da direção do partido
Segundo a matéria, “Marina foi duramente atacada na reunião organizada às pressas pelo presidente da sigla, José Luiz Penna, em Brasília. Participaram cerca de 20 pessoas, algumas com cargos no governo paulista e na Prefeitura de São Paulo, administrada pelo DEM. A senadora não foi chamada. No encontro fechado, o grupo de Penna acusou a candidata derrotada de desrespeita a cúpula do partido, ao qual se filiou em agosto de 2009”.
Numa nítida provocação à candidata, José Luiz Penna convocou reunião da executiva nacional do PV para a próxima quarta-feira (13), que pode precipitar a decisão da legenda. O grupo de Marina Silva, recém-ingresso no partido, tem apenas 10 dos 60 votos da executiva. “A tendência é pela aprovação do apoio a Serra”, garante o UOL. Nos bastidores, o clima é de guerra. Marina cancelou a reunião com a direção do PV e insiste que deseja debater “compromissos programáticos”; já a cúpula verde tucanou e assume “compromissos fisiológicos” com José Serra.
A encruzilhada de Marina Silva
Como se observa, a situação do PV é delicada. Marina Silva obteve quase 20% dos votos por várias razões. Numa avaliação generosa, ela surpreendeu porque expressou as justas preocupações ambientais, críticas às limitações do governo Lula e a busca de alternativa diante da polarização PSDB-PT. Numa leitura mais crítica, ela foi inflada pela mídia para viabilizar a ida de Serra para o segundo turno e colheu os votos conservadores, com base na manipulação religiosa rasteira.
Agora, PV e Marina Silva estão na berlinda. A tendência, como apontam vários especialistas em eleições, é que ocorra uma dispersão dos votos “verdes”. O problema não é apenas eleitoral. É político. Quanto ao PV, ele continuará sendo um partido sem consistência programática – nem mesmo a questão ambiental é levada muito a sério por sua direção. O maior dilema é mesmo o de Marina Silva. Ela servirá ao retrocesso neoliberal, maior inimigo do desenvolvimento sustentável, ou apostará na continuidade das mudanças no país? É uma baita encruzilhada!
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O jornalista Bernardo Mello Franco, da Folha, fez uma revelação ontem (7) que confirma as tensões na cúpula do Partido Verde. “Em reunião fechada com aliados, a candidata derrotada do PV à Presidência, Marina Silva, atacou a gula de dirigentes do partido por cargos e afirmou que não vai ´se apequenar´ nas negociações do segundo turno. Ela se mostrou irritada com a intenção do núcleo da campanha de José Serra (PSDB) de oferecer quatro ministérios em troca do apoio do PV”.
Ainda segundo a reportagem da insuspeita Folha, “em tom de ironia, Marina criticou o fisiologismo de parte da cúpula verde, sugerindo que a oferta seria alta demais para alguns dirigentes de seu partido”. Na reunião fechada, que teve a presença do teólogo Leonardo Boff – que já declarou apoio a Dilma para derrotar o “neoliberal Serra” -, a presidenciável do PV insinuou que tende a ficar “neutra” no segundo turno. A decisão deveria ser anunciada na convenção marcada para 17 de setembro.
Racha na cúpula verde
A “reunião fechada” causou estragos na direção do PV. Apesar do presidente do do partido, José Luiz Penna, rechaçar as criticas ao seu fisiologismo, ele tem o pé em várias canoas. No governo Lula, cumpre importante papel no Ministério da Cultura. Já em vários estados, o partido está umbilicalmente ligado aos demotucanos. Participou da prefeitura do Rio de Janeiro na gestão do demo César Maia – que acaba de ser rejeitado nas urnas. Em São Paulo, participa do governo estadual, controlado pelos tucanos, e na prefeitura da capital, dirigido pelo demo Kassab.
Para o segundo turno, dirigentes do PV já tinham declarado publicamente seu apoio a José Serra – sem ouvir a própria candidata, a maior responsável pela expressiva votação da legenda no primeiro turno. Com suas críticas ao “apetite por cargos”, Marina despertou a ira da direção do partido. “Próxima ao PSDB, a cúpula verde ameaça boicotar a convenção do dia 17 e anunciar apoio a Serra na semana que vem, à revelia da ex-presidenciável”, relata hoje (8) o UOL.
Minoritária da direção do partido
Segundo a matéria, “Marina foi duramente atacada na reunião organizada às pressas pelo presidente da sigla, José Luiz Penna, em Brasília. Participaram cerca de 20 pessoas, algumas com cargos no governo paulista e na Prefeitura de São Paulo, administrada pelo DEM. A senadora não foi chamada. No encontro fechado, o grupo de Penna acusou a candidata derrotada de desrespeita a cúpula do partido, ao qual se filiou em agosto de 2009”.
Numa nítida provocação à candidata, José Luiz Penna convocou reunião da executiva nacional do PV para a próxima quarta-feira (13), que pode precipitar a decisão da legenda. O grupo de Marina Silva, recém-ingresso no partido, tem apenas 10 dos 60 votos da executiva. “A tendência é pela aprovação do apoio a Serra”, garante o UOL. Nos bastidores, o clima é de guerra. Marina cancelou a reunião com a direção do PV e insiste que deseja debater “compromissos programáticos”; já a cúpula verde tucanou e assume “compromissos fisiológicos” com José Serra.
A encruzilhada de Marina Silva
Como se observa, a situação do PV é delicada. Marina Silva obteve quase 20% dos votos por várias razões. Numa avaliação generosa, ela surpreendeu porque expressou as justas preocupações ambientais, críticas às limitações do governo Lula e a busca de alternativa diante da polarização PSDB-PT. Numa leitura mais crítica, ela foi inflada pela mídia para viabilizar a ida de Serra para o segundo turno e colheu os votos conservadores, com base na manipulação religiosa rasteira.
Agora, PV e Marina Silva estão na berlinda. A tendência, como apontam vários especialistas em eleições, é que ocorra uma dispersão dos votos “verdes”. O problema não é apenas eleitoral. É político. Quanto ao PV, ele continuará sendo um partido sem consistência programática – nem mesmo a questão ambiental é levada muito a sério por sua direção. O maior dilema é mesmo o de Marina Silva. Ela servirá ao retrocesso neoliberal, maior inimigo do desenvolvimento sustentável, ou apostará na continuidade das mudanças no país? É uma baita encruzilhada!
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Aiatolá Serra vai apedrejar a Soninha?
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
A Soninha (que já foi da MTV, e era filiada ao PT) hoje é uma das coordenadoras da campanha do Serra. A Soninha – como tantas mulheres – reconhece – na reportagem reproduzida aí no alto – que já fez aborto. Não o fez porque é um monstro irresponsável. Mas porque tantas vezes essa é a única opção para as mulheres. Quem conhece alguém que já abortou sabe do drama que as mulheres - mas também alguns homens – enfrentam nessa hora.
Serra e Soninha, vamos ser honestos, não são fascistas nem fanáticos religiosos – ou não eram. Serra, quando ministro da Saúde, assinou portaria regulamentando aborto no SUS. Só que Serra não tem limites para chegar ao poder. Na tentativa desesperada de ganhar de Dilma, ele se aliou ao que há de mais atrasado no Brasil. Até TFP (seita de extrema direita que é monarquista , contra o divórcio e contra os gays) está apoiando Serra.
Serra, pra ganhar, aposta no atraso, no pensamento mais consevador. Aposta no preconceito contra as mulheres. Serra quer ganhar votos espalhando que Dilma é “abortista, e quer matar criancinhas” (a própria mulher de Serra disse isso num corpo-a-corpo na rua).
Sei que há muita gente, homens e mulheres, que não gosta da Dilma. Gente que até já votou no PT , mas se decepcionou com o PT. Muita gente nessa situação escolheu no primeiro turno Marina, Plinio ou até Serra. Mas será que esse povo quer o atraso no Brasil? Duvido…
Serra, se vencer (e acho que não vence), trará com ele o preconceito, o atraso, a visão de que “gay é pecador” e “mulher está aí pra procriar, não pra decidir sobre sua saúde”.
Serra não era assim. Mas ficou assim. Serra hoje é o atraso. Não é à toa que, no twitter, Serra virou “#aiatoláSerra”.
Coitada da Soninha.
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A Soninha (que já foi da MTV, e era filiada ao PT) hoje é uma das coordenadoras da campanha do Serra. A Soninha – como tantas mulheres – reconhece – na reportagem reproduzida aí no alto – que já fez aborto. Não o fez porque é um monstro irresponsável. Mas porque tantas vezes essa é a única opção para as mulheres. Quem conhece alguém que já abortou sabe do drama que as mulheres - mas também alguns homens – enfrentam nessa hora.
Serra e Soninha, vamos ser honestos, não são fascistas nem fanáticos religiosos – ou não eram. Serra, quando ministro da Saúde, assinou portaria regulamentando aborto no SUS. Só que Serra não tem limites para chegar ao poder. Na tentativa desesperada de ganhar de Dilma, ele se aliou ao que há de mais atrasado no Brasil. Até TFP (seita de extrema direita que é monarquista , contra o divórcio e contra os gays) está apoiando Serra.
Serra, pra ganhar, aposta no atraso, no pensamento mais consevador. Aposta no preconceito contra as mulheres. Serra quer ganhar votos espalhando que Dilma é “abortista, e quer matar criancinhas” (a própria mulher de Serra disse isso num corpo-a-corpo na rua).
Sei que há muita gente, homens e mulheres, que não gosta da Dilma. Gente que até já votou no PT , mas se decepcionou com o PT. Muita gente nessa situação escolheu no primeiro turno Marina, Plinio ou até Serra. Mas será que esse povo quer o atraso no Brasil? Duvido…
Serra, se vencer (e acho que não vence), trará com ele o preconceito, o atraso, a visão de que “gay é pecador” e “mulher está aí pra procriar, não pra decidir sobre sua saúde”.
Serra não era assim. Mas ficou assim. Serra hoje é o atraso. Não é à toa que, no twitter, Serra virou “#aiatoláSerra”.
Coitada da Soninha.
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Mino Carta não está preocupado com aborto
Reproduzo artigo hiláro de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
Ligo para o Mino Carta, autor de notável artigo na CartaCapital desta semana, de título “Patética mídia nativa”.
- Mino, você não está preocupado com o aborto?, pergunto angustiado.
- Não, ao contrário.
- Ao contrário? Você não vê que contemplamos as Ruínas da Nação?, a irremediável Decadência dos Costumes … e você não está preocupado?
- Não, meu filho. Estou até reconfortado.
- Reconfortado? Mino, você não vive neste mundo de Degradação e Luxúria. Onde você vive?, em que planeta?
- Jamais confiei tanto nas Reservas Morais desta Nação. Jamais imaginei que os Valores que os editoriais do Estadão pregam pudessem estar tão vivos no Espírito da Pátria.
- Confiante, por que?, Mino?, perguntei tomado de angústia.
- Porque percebo no Horizonte, onde a Ética se encontra com a Fé e a Esperança, uma solução para a Grave Crise Moral que nos assola.
- Por favor, tranquilize-me, disse eu, súplice.
- Você verá que a Elite Paulista, neste momento sitiada por vândalos e depravados, soube reunir as Forças do Espírito para enfrentar a ofensiva do Mal. E venceu a batalha entre a Luz e a Treva! A Luz prevaleceu!
- Aleluia!
- Aleluia!
- Verdade, Mino? Tranquilize-me.
- Satã foi expulso do relógio do Itaú, que fica em cima da Avenida Paulista.
- O relógio do Itaú está salvo, Mino?
- Sim, meu filho, tranquilize-se.
- Como foi isso possível, tal Milagre?
- Muito simples.
- Como “simples”?
- Na Avenida Brasil, uma clínica passará a oferecer três tratamentos à livre escolha da Mulher Paulista de 400 Anos.
-Três?
- Sim. Veja bem. Ela desce de sua Mercedes e logo à porta poderá optar, já com a secretária, uma espécie de Gisele Bunchen da Moóca.
- Optar entre que possibilidades?
- Ela poderá escolher: fazer um aborto, uma lipoaspiração, ou, com a ajuda da equipe do Dr Abdelmasih, uma fertilização in vitro.
- Perfeito. Genial, bradei, reconfortado!
- Você já imaginou? Ter à sua disposição, por um punhado de dólares – sem recibo – uma lipo, um aborto ou um bebê rechonchudo sob os cuidados do Dr Roger? Tudo em três prestações, sem juros. Sem recibo.
- Isso é que é uma combinação perfeita, bradei, reanimado: Marketing e Moral, num mesmo pacote. Estamos salvos, Mino!
- Você percebe como a Crise de Valores foi superada?
- Sim, sim, claro! Mas, Mino, me perdoe, nessa Crise tão profunda, não há o risco de o bebê, contaminado pela Degradação dos Costumes, nascer um mostrengo?
- Sim, respondeu, pausadamente o Mino. Sim …
- Verdade, Mino? Isso é um perigo.
- Sim, meu caro.
- Qual é o risco?
- Se a representante da Moral e dos Costumes quiser ser fertilizada pelo sêmen de um tucano paulista da melhor espécie, corre sério risco.
- É mesmo, Mino? Que risco?
- Nascer o Bebê de Rosemary.
Pano rápido.
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Ligo para o Mino Carta, autor de notável artigo na CartaCapital desta semana, de título “Patética mídia nativa”.
- Mino, você não está preocupado com o aborto?, pergunto angustiado.
- Não, ao contrário.
- Ao contrário? Você não vê que contemplamos as Ruínas da Nação?, a irremediável Decadência dos Costumes … e você não está preocupado?
- Não, meu filho. Estou até reconfortado.
- Reconfortado? Mino, você não vive neste mundo de Degradação e Luxúria. Onde você vive?, em que planeta?
- Jamais confiei tanto nas Reservas Morais desta Nação. Jamais imaginei que os Valores que os editoriais do Estadão pregam pudessem estar tão vivos no Espírito da Pátria.
- Confiante, por que?, Mino?, perguntei tomado de angústia.
- Porque percebo no Horizonte, onde a Ética se encontra com a Fé e a Esperança, uma solução para a Grave Crise Moral que nos assola.
- Por favor, tranquilize-me, disse eu, súplice.
- Você verá que a Elite Paulista, neste momento sitiada por vândalos e depravados, soube reunir as Forças do Espírito para enfrentar a ofensiva do Mal. E venceu a batalha entre a Luz e a Treva! A Luz prevaleceu!
- Aleluia!
- Aleluia!
- Verdade, Mino? Tranquilize-me.
- Satã foi expulso do relógio do Itaú, que fica em cima da Avenida Paulista.
- O relógio do Itaú está salvo, Mino?
- Sim, meu filho, tranquilize-se.
- Como foi isso possível, tal Milagre?
- Muito simples.
- Como “simples”?
- Na Avenida Brasil, uma clínica passará a oferecer três tratamentos à livre escolha da Mulher Paulista de 400 Anos.
-Três?
- Sim. Veja bem. Ela desce de sua Mercedes e logo à porta poderá optar, já com a secretária, uma espécie de Gisele Bunchen da Moóca.
- Optar entre que possibilidades?
- Ela poderá escolher: fazer um aborto, uma lipoaspiração, ou, com a ajuda da equipe do Dr Abdelmasih, uma fertilização in vitro.
- Perfeito. Genial, bradei, reconfortado!
- Você já imaginou? Ter à sua disposição, por um punhado de dólares – sem recibo – uma lipo, um aborto ou um bebê rechonchudo sob os cuidados do Dr Roger? Tudo em três prestações, sem juros. Sem recibo.
- Isso é que é uma combinação perfeita, bradei, reanimado: Marketing e Moral, num mesmo pacote. Estamos salvos, Mino!
- Você percebe como a Crise de Valores foi superada?
- Sim, sim, claro! Mas, Mino, me perdoe, nessa Crise tão profunda, não há o risco de o bebê, contaminado pela Degradação dos Costumes, nascer um mostrengo?
- Sim, respondeu, pausadamente o Mino. Sim …
- Verdade, Mino? Isso é um perigo.
- Sim, meu caro.
- Qual é o risco?
- Se a representante da Moral e dos Costumes quiser ser fertilizada pelo sêmen de um tucano paulista da melhor espécie, corre sério risco.
- É mesmo, Mino? Que risco?
- Nascer o Bebê de Rosemary.
Pano rápido.
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Inimigo do MST tenta seduzir Marina
Por Altamiro Borges
Em artigo publicado no blog de Ricardo Noblat, um velho conhecido dos movimentos sociais e ecológicos, Xico Graziano, investiu na ignorância coletiva para seduzir o eleitor de Marina Silva. Ex-deputado federal do PSDB, ex-presidente do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) no triste reinado de FHC, ex-secretário de Agricultura e Meio Ambiente nos governos tucanos de São Paulo e coordenador de programa de José Serra, Graziano abusou dos sofismas em seu texto.
Logo de cara, ele tenta enganar o leitor (eleitor) insinuando enorme intimidade entre os tucanos e a ex-ministra. Até parece que Marina Silva foi fundadora do PSDB (e não do PT) e ministra do governo FHC (e não de Lula). Maroto, ele afirma que “ela conhece, e bem, nossa posição sobre a agenda da sustentabilidade. E a valorosa senadora do Acre sabe que o governo de Serra em São Paulo tomou medidas efetivas, como bons resultados, na defesa ecológica”. Haja cinismo!
A devastação do verde em São Paulo
Na maior caradura, o ex-secretário do Meio Ambiente lista as medidas dos governos tucanos, no estado e no país, para falar da “proximidade do PSDB com a agenda socioambiental”. São Paulo até parece um “paraíso verde”, exemplo mundial de desenvolvimento sustentável. Graziano, um homem com sinistros vínculos com os barões do agronegócio, só não explica porque o estado se transformou num grande canavial e na terra dos eucaliptos. São Paulo foi devastado pelo agro-business, envenenado pelo agrotóxico e virou um cemitério dos pequenos agricultores.
As bravatas do tucano visam colher parte dos 19 milhões votos dados à candidata verde. “Marina respeita a história tucana na questão da sustentabilidade. Serra visualiza o ambientalismo a partir de um raciocínio desenvolvimentista. Seu grande mentor se chama Ignacy Sachs, economista que é pai do ecodesenvolvimento... Nem o PSDB nem José Serra temem o debate ambiental, pois nós somos protagonistas da agenda da sustentabilidade... Demonstramos vontade e tranqüilidade para receber o apoio dos verdes no segundo turno das eleições. Aliados ao PV, nós juntaremos forças e, certamente, vamos acelerar a construção da economia verde do futuro”. É um demagogo!
Capacho dos barões do agronegócio
Neste artigo, Xico Graziano tenta parecer um democrata convicto, disposto ao diálogo com todos os setores da sociedade. Mas esta não é a característica principal do coordenador de programa de José Serra. Ele sempre foi arrogante e autoritário. Como assessor especial do ex-presidente FHC e chefão do Incra, ele se projetou como capacho dos barões do agronegócio, responsáveis pelo desmatamento e outras pragas. Ficou famosa a sua frase “a reforma agrária é um atraso”.
Graziano também ficou conhecido como inimigo hidrófobo dos movimentos sociais do campo. Para ele, o MST é expressão do “banditismo rural”. Num outro artigo, escrito às vésperas da eleição de 2006, ele rosnou: “Ao lado do MST, você tem um setor muito atrasado da Igreja Católica, aglutinado na Comissão Pastoral da Terra, cujo expoente é Tomás Balduíno. À esquerda atrasada da Igreja, soma-se a esquerda atrasada petista... E o governo Lula não tem coragem de assumir a modernidade”. Agora, ele faz discurso para atrair os ambientalistas.
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Em artigo publicado no blog de Ricardo Noblat, um velho conhecido dos movimentos sociais e ecológicos, Xico Graziano, investiu na ignorância coletiva para seduzir o eleitor de Marina Silva. Ex-deputado federal do PSDB, ex-presidente do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) no triste reinado de FHC, ex-secretário de Agricultura e Meio Ambiente nos governos tucanos de São Paulo e coordenador de programa de José Serra, Graziano abusou dos sofismas em seu texto.
Logo de cara, ele tenta enganar o leitor (eleitor) insinuando enorme intimidade entre os tucanos e a ex-ministra. Até parece que Marina Silva foi fundadora do PSDB (e não do PT) e ministra do governo FHC (e não de Lula). Maroto, ele afirma que “ela conhece, e bem, nossa posição sobre a agenda da sustentabilidade. E a valorosa senadora do Acre sabe que o governo de Serra em São Paulo tomou medidas efetivas, como bons resultados, na defesa ecológica”. Haja cinismo!
A devastação do verde em São Paulo
Na maior caradura, o ex-secretário do Meio Ambiente lista as medidas dos governos tucanos, no estado e no país, para falar da “proximidade do PSDB com a agenda socioambiental”. São Paulo até parece um “paraíso verde”, exemplo mundial de desenvolvimento sustentável. Graziano, um homem com sinistros vínculos com os barões do agronegócio, só não explica porque o estado se transformou num grande canavial e na terra dos eucaliptos. São Paulo foi devastado pelo agro-business, envenenado pelo agrotóxico e virou um cemitério dos pequenos agricultores.
As bravatas do tucano visam colher parte dos 19 milhões votos dados à candidata verde. “Marina respeita a história tucana na questão da sustentabilidade. Serra visualiza o ambientalismo a partir de um raciocínio desenvolvimentista. Seu grande mentor se chama Ignacy Sachs, economista que é pai do ecodesenvolvimento... Nem o PSDB nem José Serra temem o debate ambiental, pois nós somos protagonistas da agenda da sustentabilidade... Demonstramos vontade e tranqüilidade para receber o apoio dos verdes no segundo turno das eleições. Aliados ao PV, nós juntaremos forças e, certamente, vamos acelerar a construção da economia verde do futuro”. É um demagogo!
Capacho dos barões do agronegócio
Neste artigo, Xico Graziano tenta parecer um democrata convicto, disposto ao diálogo com todos os setores da sociedade. Mas esta não é a característica principal do coordenador de programa de José Serra. Ele sempre foi arrogante e autoritário. Como assessor especial do ex-presidente FHC e chefão do Incra, ele se projetou como capacho dos barões do agronegócio, responsáveis pelo desmatamento e outras pragas. Ficou famosa a sua frase “a reforma agrária é um atraso”.
Graziano também ficou conhecido como inimigo hidrófobo dos movimentos sociais do campo. Para ele, o MST é expressão do “banditismo rural”. Num outro artigo, escrito às vésperas da eleição de 2006, ele rosnou: “Ao lado do MST, você tem um setor muito atrasado da Igreja Católica, aglutinado na Comissão Pastoral da Terra, cujo expoente é Tomás Balduíno. À esquerda atrasada da Igreja, soma-se a esquerda atrasada petista... E o governo Lula não tem coragem de assumir a modernidade”. Agora, ele faz discurso para atrair os ambientalistas.
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"Tirem as mãos dos nossos ovários"
Reproduzo artigo de Fátima Oliveira, publicado no blog Viomundo:
“Isso aqui”, o Brasil, não é um colônia religiosa, não é um Reino e nem um Império, é uma República! Dado o clima do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, parece que as urnas vão parir uma Rainha ou um Rei de Sabá, uma Imperatriz ou um Imperador, que tudo pode, manda em tudo e que suas vontades e ideias, automática e obrigatoriamente, viram lei! Não é bem assim…
Bastam dois neurônios íntegros para nos darmos conta que o macabro leilão de ovários (com os ovários de todas as brasileiras!), em que o aborto virou cortina de fumaça, objetiva encobrir o discurso necessário para o povo brasileiro do que significa, timtim por timtim, eleger Dilma ou Serra.
No tema do aborto a tendência mundial é, no mínimo, o aumento dos permissivos legais, que no Brasil são dois, desde 1940: gravidez resultante de estupro e risco de vida da gestante. Pontuando que legalização do aborto ou o acesso a um permissivo legal existente não significa jamais a obrigatoriedade de abortar, apenas que a cidadã que dele necessitar não precisa fazê-lo de modo clandestino, praticando desobediência civil e nem arriscando a sua saúde e a sua vida, cabe ao Estado laico e democrático colocar à disposição de suas cidadãs também os meios de acessar um procedimento médico seguro, como o abortamento.
Negá-lo, como tem feito o Brasil, que se gaba de possuir um dos sistemas de saúde mais badalados do mundo que garante acesso universal a todos os procedimentos médicos que não estão em fase de experimentação, é imoral, pois quebra o princípio do acesso universal do direito à saúde! Eis os termos éticos para o debate sobre o aborto numa campanha eleitoral. Nem mais e nem menos!
Então, o que estamos assistindo nas discussões do atual processo eleitoral é uma disputa para ver quem é a candidatura mais capaz de desrespeitar os princípios do SUS, pasmem, em nome de Deus, num Estado laico! Ora, quem ocupa a presidência da República pode até ser carola de carteirinha, mas para consumo pessoal e não para impor seus valores para o conjunto da sociedade, pois a República não é sua propriedade privada!
Repito, não podemos esquecer que isso aqui, o Brasil, é uma República que se pauta por valores republicanos a quem todos nós devemos respeito, em decorrência, não custa nada dizer às candidaturas que limitem as demonstrações exacerbadas de carolice ao campo do privado, no recesso dos seus lares e de suas igrejas, pois não estão concorrendo ao governo de um Estado teocrático, como parece que acreditam. Como cidadã, sinto-me desrespeitada com tal postura.
As opções religiosas são direitos pétreos e questões do fórum íntimo das pessoas numa democracia. Jamais o norte legislativo de uma Nação laica, democrática e plural. Para professar uma fé e defendê-la é preciso liberdade de religião, só possível sob a égide do Estado laico, onde o eixo das eleições presidenciais é a escolha de quem a maioria do povo considera mais confiável para trilhar rumo a um país menos miserável, de bem-estar social, uma pátria-mátria para o seu povo.
Ou há pastores/as e padres que insistem em ignorar a realidade? “Chefe religioso” ignorante de que a sua religião necessita das liberdades democráticas como do ar que respiramos, não merece o lugar que ocupa, cabendo aos seus fiéis destituí-los do cargo, aí sim em nome de Deus, amém!
O leilão de ovários em curso resulta de vigarices e pastorices deslavadas, de má-fé e falta de escrúpulos que manipulam crenças religiosas de gente de boa-fé para enganá-las, como a uma manada de vaquinhas de presépio, vaquejadas por uma Madre Não Sei das Quantas, cristã caridosa e reacionária disfarçada de santa, exemplar perfeito de que pessoas desse naipe só a miséria gera. Num mundo sem miséria, madres lobas em pele de cordeiro são desnecessárias e dispensáveis. É pra lá que queremos ir e o leilão de ovários quer impedir!
Quem porta uma gota de lucidez tem o dever, moral e político, de não permitir que a escória fundamentalista de qualquer religião, que faz da religião um balcão de negociatas que vende Deus, pratica pedofilia e fica impune e ainda tem a cara de pau de defender a impunidade para pedófilos e os acoberta desde os tempos mais remotos, nos engabele e ande por aí com uma bandeja de ovários transformando a escolha de quem presidirá a República num plebiscito pra definir quem tem mais mão de ferro pra mandar mais no território do corpo feminino!
Cadê a moral dessa gente desregrada para querer ditar normas de comportamento segundo a sua fé religiosa para o conjunto da sociedade, como se o Brasil fosse a sua “comunidade religiosa”? Ora, qualquer denominação religiosa em terras brasileiras está também obrigada ao cumprimento das leis nacionais, ou não? Logo o que certas multinacionais da religião fizeram no processo eleitoral 2010 tem nome, chama-se ingerência estrangeira na soberania nacional. E vamos permitir sem dar um pio?
Diante dessa juquira (brotação da mata pós-desmatamento), onde só medrou urtiga e cansanção, cito Brizola, que estava coberto de razão quando disse: “O Brasil é um país sem sorte”, pois em pleno Século 21 conta com candidaturas presidenciais (não sobra uma, minha gente!) reféns dos setores mais arcaicos e feudais de algumas religiões mercantilistas de Deus.
É hora de dar um trato ecológico na juquira que empana os ideais e princípios republicanos, fora dos ditames da “moderna” agenda verde financeira neoliberal da “nova política”, que no Brasil é infectada de carcomidas figuras, que bem sabemos de onde vieram e pra onde vão, se o sonho é fazer do Brasil um jardim de cidadania, similar ao que Cecília Meireles tão lindamente poetou.
“Quem me compra um jardim com flores?/ borboletas de muitas cores,/ lavadeiras e passarinhos,/ ovos verdes e azuis nos ninhos?/ Quem me compra este caracol?/ Quem me compra um raio de sol?/ Um lagarto entre o muro e a hera,/ uma estátua da Primavera?/ Quem me compra este formigueiro?/ E este sapo, que é jardineiro?/ E a cigarra e a sua canção?/ E o grilinho dentro do chão?/ (Este é meu leilão!)” [Leilão de Jardim, Cecília Meireles].
Em 2010 em nosso país o que está em jogo é também a luta por uma democracia que se guie pela deferência à liberdade reprodutiva e que considere a maternidade voluntária um valor moral, político e ético, logo respeita e apoia as decisões reprodutivas das mulheres, independente da fé que professam. Nada a ver com a escolha de quem vai mandar mais no território dos corpos das mulheres! Então, xô, tirem as mãos dos nossos ovários!
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“Isso aqui”, o Brasil, não é um colônia religiosa, não é um Reino e nem um Império, é uma República! Dado o clima do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, parece que as urnas vão parir uma Rainha ou um Rei de Sabá, uma Imperatriz ou um Imperador, que tudo pode, manda em tudo e que suas vontades e ideias, automática e obrigatoriamente, viram lei! Não é bem assim…
Bastam dois neurônios íntegros para nos darmos conta que o macabro leilão de ovários (com os ovários de todas as brasileiras!), em que o aborto virou cortina de fumaça, objetiva encobrir o discurso necessário para o povo brasileiro do que significa, timtim por timtim, eleger Dilma ou Serra.
No tema do aborto a tendência mundial é, no mínimo, o aumento dos permissivos legais, que no Brasil são dois, desde 1940: gravidez resultante de estupro e risco de vida da gestante. Pontuando que legalização do aborto ou o acesso a um permissivo legal existente não significa jamais a obrigatoriedade de abortar, apenas que a cidadã que dele necessitar não precisa fazê-lo de modo clandestino, praticando desobediência civil e nem arriscando a sua saúde e a sua vida, cabe ao Estado laico e democrático colocar à disposição de suas cidadãs também os meios de acessar um procedimento médico seguro, como o abortamento.
Negá-lo, como tem feito o Brasil, que se gaba de possuir um dos sistemas de saúde mais badalados do mundo que garante acesso universal a todos os procedimentos médicos que não estão em fase de experimentação, é imoral, pois quebra o princípio do acesso universal do direito à saúde! Eis os termos éticos para o debate sobre o aborto numa campanha eleitoral. Nem mais e nem menos!
Então, o que estamos assistindo nas discussões do atual processo eleitoral é uma disputa para ver quem é a candidatura mais capaz de desrespeitar os princípios do SUS, pasmem, em nome de Deus, num Estado laico! Ora, quem ocupa a presidência da República pode até ser carola de carteirinha, mas para consumo pessoal e não para impor seus valores para o conjunto da sociedade, pois a República não é sua propriedade privada!
Repito, não podemos esquecer que isso aqui, o Brasil, é uma República que se pauta por valores republicanos a quem todos nós devemos respeito, em decorrência, não custa nada dizer às candidaturas que limitem as demonstrações exacerbadas de carolice ao campo do privado, no recesso dos seus lares e de suas igrejas, pois não estão concorrendo ao governo de um Estado teocrático, como parece que acreditam. Como cidadã, sinto-me desrespeitada com tal postura.
As opções religiosas são direitos pétreos e questões do fórum íntimo das pessoas numa democracia. Jamais o norte legislativo de uma Nação laica, democrática e plural. Para professar uma fé e defendê-la é preciso liberdade de religião, só possível sob a égide do Estado laico, onde o eixo das eleições presidenciais é a escolha de quem a maioria do povo considera mais confiável para trilhar rumo a um país menos miserável, de bem-estar social, uma pátria-mátria para o seu povo.
Ou há pastores/as e padres que insistem em ignorar a realidade? “Chefe religioso” ignorante de que a sua religião necessita das liberdades democráticas como do ar que respiramos, não merece o lugar que ocupa, cabendo aos seus fiéis destituí-los do cargo, aí sim em nome de Deus, amém!
O leilão de ovários em curso resulta de vigarices e pastorices deslavadas, de má-fé e falta de escrúpulos que manipulam crenças religiosas de gente de boa-fé para enganá-las, como a uma manada de vaquinhas de presépio, vaquejadas por uma Madre Não Sei das Quantas, cristã caridosa e reacionária disfarçada de santa, exemplar perfeito de que pessoas desse naipe só a miséria gera. Num mundo sem miséria, madres lobas em pele de cordeiro são desnecessárias e dispensáveis. É pra lá que queremos ir e o leilão de ovários quer impedir!
Quem porta uma gota de lucidez tem o dever, moral e político, de não permitir que a escória fundamentalista de qualquer religião, que faz da religião um balcão de negociatas que vende Deus, pratica pedofilia e fica impune e ainda tem a cara de pau de defender a impunidade para pedófilos e os acoberta desde os tempos mais remotos, nos engabele e ande por aí com uma bandeja de ovários transformando a escolha de quem presidirá a República num plebiscito pra definir quem tem mais mão de ferro pra mandar mais no território do corpo feminino!
Cadê a moral dessa gente desregrada para querer ditar normas de comportamento segundo a sua fé religiosa para o conjunto da sociedade, como se o Brasil fosse a sua “comunidade religiosa”? Ora, qualquer denominação religiosa em terras brasileiras está também obrigada ao cumprimento das leis nacionais, ou não? Logo o que certas multinacionais da religião fizeram no processo eleitoral 2010 tem nome, chama-se ingerência estrangeira na soberania nacional. E vamos permitir sem dar um pio?
Diante dessa juquira (brotação da mata pós-desmatamento), onde só medrou urtiga e cansanção, cito Brizola, que estava coberto de razão quando disse: “O Brasil é um país sem sorte”, pois em pleno Século 21 conta com candidaturas presidenciais (não sobra uma, minha gente!) reféns dos setores mais arcaicos e feudais de algumas religiões mercantilistas de Deus.
É hora de dar um trato ecológico na juquira que empana os ideais e princípios republicanos, fora dos ditames da “moderna” agenda verde financeira neoliberal da “nova política”, que no Brasil é infectada de carcomidas figuras, que bem sabemos de onde vieram e pra onde vão, se o sonho é fazer do Brasil um jardim de cidadania, similar ao que Cecília Meireles tão lindamente poetou.
“Quem me compra um jardim com flores?/ borboletas de muitas cores,/ lavadeiras e passarinhos,/ ovos verdes e azuis nos ninhos?/ Quem me compra este caracol?/ Quem me compra um raio de sol?/ Um lagarto entre o muro e a hera,/ uma estátua da Primavera?/ Quem me compra este formigueiro?/ E este sapo, que é jardineiro?/ E a cigarra e a sua canção?/ E o grilinho dentro do chão?/ (Este é meu leilão!)” [Leilão de Jardim, Cecília Meireles].
Em 2010 em nosso país o que está em jogo é também a luta por uma democracia que se guie pela deferência à liberdade reprodutiva e que considere a maternidade voluntária um valor moral, político e ético, logo respeita e apoia as decisões reprodutivas das mulheres, independente da fé que professam. Nada a ver com a escolha de quem vai mandar mais no território dos corpos das mulheres! Então, xô, tirem as mãos dos nossos ovários!
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Antídoto à peçonha e à vilania
Reproduzo artigo de Lula Miranda, publicado no sítio Carta Maior:
Tenho recebido, assim como, imagino, inúmeros dos leitores, diversos e-mails contendo infâmias, aleivosias contra a candidata Dilma Rousseff, o presidente Lula e o seu partido, o PT. São mensagens contaminadas pela peçonha do ódio, do preconceito de classe, de gênero, de todo tipo enfim. Mensagens vindas de um mundo subterrâneo (o submundo da política e da moral), que imaginávamos, em nossa pureza, boa índole e tranqüilidade desatenta, já não existir em nossa sociedade. Palavras e pensamentos que escorrem como o chorume de uma ideologia inconfessável, espúria, pois repleta de “baixarias”, torpezas e vilanias.
Ao jogo político se impõe certos limites; o exercício da política deve ser balizado pelo respeito inequívoco ao adversário e à ética. Por isso devemos fazer um debate respeitoso com os outros candidatos, seus eleitores. Daí ser contraproducente e indevido brigar com os “verdes” – devemos sim conquistá-los, seduzi-los, trazê-los para a nossa companhia.
Porém, tal qual a fábula do sapo e do escorpião, parece que esses “boateiros” de hoje, que são os reacionários de sempre, pretenderam subir em nossos ombros e assim nos utilizar para fazer uma suposta e limitada “travessia”, aquela perene/determinada travessia que hoje resultou, de modo inequívoco, em avanços significativos. E agora, impelidos pelo instinto, pela sua “natureza”, tentam nos ferroar com sua peçonha. Ou ainda, melhor dizendo, tal qual a famosa “fábula da maledicência”, aquela do espalhador de boatos, que, do alto de seus castelos em ruínas, destrói o travesseiro de plumas de ganso que embalava o sono tranqüilo (e os sonhos) dos justos, espalhando-os – os sonhos e as penas – ao vento. As penas, num simbolismo eloqüente, seriam os boatos, as mentiras.
Ao final serão condenados a catar, passado o tempestuoso vendaval, pena por pena, uma por uma, espalhadas irremediavelmente pelo forte vento – num esforço gratuito que nos remete ao mito de Sísifo. E perceberão, envergonhados, humilhados e derrotados, o desastre e o horror de perceber valores e sentimentos tão caros e nobres a escorrer pela sarjeta imunda.
Segue abaixo, a título de ilustração e antídoto, resposta que dei a um desses agents provocateurs que estão, infelizmente, entre nós, alguns deles, lobos em pele de cordeiro inseridos no meio de estudantes universitários, disfarçados de jovens “descontentes” com a política nas redes sociais, insidiosamente infiltrados em igrejas, em cultos religiosos. Reflitam e procurem entender quem é essa gente, seu modus operandi, a quem eles servem e o que pretendem.
No lugar do possível nome, que identificaria o “sujeito” dessa história, uso... [reticências]. Pois, vocês sabem, muitos desses abjetos “missivistas”, tal qual meliantes anônimos, covardes, usam pseudônimos e falsas identidades.
“Pelo visto Sr ... agora você assume a pele de lobo e deixa, de uma vez, a fantasia de lado. Então, quer dizer que você não era tão bem-intencionado e "inofensivo” assim, como nos fez pensar originalmente? Sei...
Veio, na semana passada [do 1º turno da eleição], com um discurso enviesado e capcioso de "verde" (pró-Marina) e agora assume de vez a sua "identidade secreta": um “tucano”; na verdade, tirando-lhe das sombras, um conservador empedernido, um reacionário. Ou seja: encheu o cesto de votos da outra candidata, para assim o seu candidato passar para o 2º turno. Muito arguto da sua parte.
Porém, covarde, como todos "os seus", volta novamente escondendo-se. Fala/escreve através da palavra de outrem. Ou seja, destila seu veneno, sua torpeza, tal ventríloquo maldito, utilizando-se de certos bonecos "de ocasião” na imprensa – isso, segundo a sua “brilhante” e ardilosa estratégia, teria o poder de auferir alguma legitimidade e credibilidade às suas mentiras. Sim, lhe serei duro, enfático – procurarei ser rígido, mas sem perder a elegância e a ternura jamais. Não tratarei lobos como se cordeiros fossem.
Conheço, muito bem, gente da sua laia, Sr... – e os que estão do seu lado. Os combato há muito. E o farei sempre. Com destemor. Com galhardia.
Já senti a dor, física e moral, de ser espancado e subjugado pelos “centuriões” que serviam a essa ideologia do medo, que você agora professa, na época da ditadura. (Humpf... Como era difícil respirar com o rosto sendo esmagado/sufocado na sarjeta por aquelas botas imundas...).Você sabe o que é ter a mandíbula e os dentes estraçalhados por um golpe certeiro de cassetete?Você dança e tripudia, nessa sua dança tresloucada e inconseqüente, sob o sangue e a dor de muitos, meu caro.
Conheci os porões onde vocês "guardaram" e "silenciaram" muitos dos nossos, os idealistas, homens e mulheres de bem, jovens, que apenas ousaram sonhar e lutar por um país mais justo – como, hoje, ainda sonham, lutam .
Vocês vivem nas sombras, silentes, como serpentes, aguardando apenas o instante oportuno, o mais apropriado, para dar o bote, o golpe traiçoeiro, quando o desavisado baixa a guarda [a atenção]. Manteremo-nos sempre alertas. Não baixaremos a nossa guarda jamais!
Não adianta vocês emergirem dos "ínferos", do submundo da política, com sua peçonha, sua vilania. Com seus boatos infames espalhados ao vento, sua maledicência, sua vileza, suas formulações “canhestras”, “toscas”, embrulhadas em supostas “verdades” e “fatos” que, em verdade, são meros sofismas e mentiras edulcoradas.
Estamos assistindo todos, pasmos e revoltados, a esse verdadeiro desfile de torpezas infamantes que vocês exibem, despudoradamente, como arma na disputa política. Existem limites éticos para essa disputa, sabia? Esqueci: vocês desconhecem qualquer limite.
Aliás, onde está a sua ética? Digo, a ética "dos seus". Onde está a honestidade? Onde ficam os seus princípios.? Os seus valores? No rés do chão; junto á lama que escorre pela sarjeta, pelos esgotos?
Diferentemente de alguns [sei que é essa sua intenção maliciosa], não cometerei a ingenuidade de repassar as suas maledicências (escondidas sob a pena do outro, um “terceiro”, um preposto bem situado, estrategicamente, na grande mídia) para toda a minha lista de contatos.
Porém – com essa, estou certo, você não contava – repasso a minha resposta para toda a minha lista de leitores, para que eles saibam dos seus/vossos ardis e para que possam, com palavras, gestos e delicadeza, prosseguir empunhando a bandeira da honradez e dos probos ideais, defender esse novo Brasil que agora se alevanta e que vocês pretendem, utilizando-se de meios/modos sub-reptícios, malévolos, arruinar.
Aliás, devo-lhe agradecer – e àqueles aos quais você(s) serve(m). Pois essa sua "provocação" deu-me inspiração para escrever esse texto, um “chamamento” e um “alerta” aos “nossos”, e assim, quem sabe, modestamente, ajudá-los a prosseguir mudando esse país para melhor, tornando-o um pouco menos desigual (só um pouco, Srs. arautos do atraso, mas nem isso vocês querem permitir). Felizmente, não carecemos da vossa permissão para fazer justiça social. Basta o voto e a confiança do povo brasileiro. Esse não nos tem faltado. Felizmente.
A sua/vossa torpeza só alimenta a nossa garra de lutar o “bom combate”. Reforça a nossa inabalável vocação democrática; a nossa inquebrantável vontade de lutar por mais igualdade e justiça social. Quando vocês falam em morte, celebramos a vida. Nós venceremos! O bem prevalecerá! Não permitiremos que vocês joguem, de novo, esse país no atraso – não voltaremos a um passado de sombras, de exclusão, de injustiças.
E, por falar em passado, vocês não passarão! Não desvirtuarão a nossa pauta; não conseguirão nos desviar do nosso caminho virtuoso. O mal não prevalecerá. Sim, sem maniqueísmos e/ou simplificações –, pois, sejamos honestos, vocês representam o que há de pior entre nós.
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Tenho recebido, assim como, imagino, inúmeros dos leitores, diversos e-mails contendo infâmias, aleivosias contra a candidata Dilma Rousseff, o presidente Lula e o seu partido, o PT. São mensagens contaminadas pela peçonha do ódio, do preconceito de classe, de gênero, de todo tipo enfim. Mensagens vindas de um mundo subterrâneo (o submundo da política e da moral), que imaginávamos, em nossa pureza, boa índole e tranqüilidade desatenta, já não existir em nossa sociedade. Palavras e pensamentos que escorrem como o chorume de uma ideologia inconfessável, espúria, pois repleta de “baixarias”, torpezas e vilanias.
Ao jogo político se impõe certos limites; o exercício da política deve ser balizado pelo respeito inequívoco ao adversário e à ética. Por isso devemos fazer um debate respeitoso com os outros candidatos, seus eleitores. Daí ser contraproducente e indevido brigar com os “verdes” – devemos sim conquistá-los, seduzi-los, trazê-los para a nossa companhia.
Porém, tal qual a fábula do sapo e do escorpião, parece que esses “boateiros” de hoje, que são os reacionários de sempre, pretenderam subir em nossos ombros e assim nos utilizar para fazer uma suposta e limitada “travessia”, aquela perene/determinada travessia que hoje resultou, de modo inequívoco, em avanços significativos. E agora, impelidos pelo instinto, pela sua “natureza”, tentam nos ferroar com sua peçonha. Ou ainda, melhor dizendo, tal qual a famosa “fábula da maledicência”, aquela do espalhador de boatos, que, do alto de seus castelos em ruínas, destrói o travesseiro de plumas de ganso que embalava o sono tranqüilo (e os sonhos) dos justos, espalhando-os – os sonhos e as penas – ao vento. As penas, num simbolismo eloqüente, seriam os boatos, as mentiras.
Ao final serão condenados a catar, passado o tempestuoso vendaval, pena por pena, uma por uma, espalhadas irremediavelmente pelo forte vento – num esforço gratuito que nos remete ao mito de Sísifo. E perceberão, envergonhados, humilhados e derrotados, o desastre e o horror de perceber valores e sentimentos tão caros e nobres a escorrer pela sarjeta imunda.
Segue abaixo, a título de ilustração e antídoto, resposta que dei a um desses agents provocateurs que estão, infelizmente, entre nós, alguns deles, lobos em pele de cordeiro inseridos no meio de estudantes universitários, disfarçados de jovens “descontentes” com a política nas redes sociais, insidiosamente infiltrados em igrejas, em cultos religiosos. Reflitam e procurem entender quem é essa gente, seu modus operandi, a quem eles servem e o que pretendem.
No lugar do possível nome, que identificaria o “sujeito” dessa história, uso... [reticências]. Pois, vocês sabem, muitos desses abjetos “missivistas”, tal qual meliantes anônimos, covardes, usam pseudônimos e falsas identidades.
“Pelo visto Sr ... agora você assume a pele de lobo e deixa, de uma vez, a fantasia de lado. Então, quer dizer que você não era tão bem-intencionado e "inofensivo” assim, como nos fez pensar originalmente? Sei...
Veio, na semana passada [do 1º turno da eleição], com um discurso enviesado e capcioso de "verde" (pró-Marina) e agora assume de vez a sua "identidade secreta": um “tucano”; na verdade, tirando-lhe das sombras, um conservador empedernido, um reacionário. Ou seja: encheu o cesto de votos da outra candidata, para assim o seu candidato passar para o 2º turno. Muito arguto da sua parte.
Porém, covarde, como todos "os seus", volta novamente escondendo-se. Fala/escreve através da palavra de outrem. Ou seja, destila seu veneno, sua torpeza, tal ventríloquo maldito, utilizando-se de certos bonecos "de ocasião” na imprensa – isso, segundo a sua “brilhante” e ardilosa estratégia, teria o poder de auferir alguma legitimidade e credibilidade às suas mentiras. Sim, lhe serei duro, enfático – procurarei ser rígido, mas sem perder a elegância e a ternura jamais. Não tratarei lobos como se cordeiros fossem.
Conheço, muito bem, gente da sua laia, Sr... – e os que estão do seu lado. Os combato há muito. E o farei sempre. Com destemor. Com galhardia.
Já senti a dor, física e moral, de ser espancado e subjugado pelos “centuriões” que serviam a essa ideologia do medo, que você agora professa, na época da ditadura. (Humpf... Como era difícil respirar com o rosto sendo esmagado/sufocado na sarjeta por aquelas botas imundas...).Você sabe o que é ter a mandíbula e os dentes estraçalhados por um golpe certeiro de cassetete?Você dança e tripudia, nessa sua dança tresloucada e inconseqüente, sob o sangue e a dor de muitos, meu caro.
Conheci os porões onde vocês "guardaram" e "silenciaram" muitos dos nossos, os idealistas, homens e mulheres de bem, jovens, que apenas ousaram sonhar e lutar por um país mais justo – como, hoje, ainda sonham, lutam .
Vocês vivem nas sombras, silentes, como serpentes, aguardando apenas o instante oportuno, o mais apropriado, para dar o bote, o golpe traiçoeiro, quando o desavisado baixa a guarda [a atenção]. Manteremo-nos sempre alertas. Não baixaremos a nossa guarda jamais!
Não adianta vocês emergirem dos "ínferos", do submundo da política, com sua peçonha, sua vilania. Com seus boatos infames espalhados ao vento, sua maledicência, sua vileza, suas formulações “canhestras”, “toscas”, embrulhadas em supostas “verdades” e “fatos” que, em verdade, são meros sofismas e mentiras edulcoradas.
Estamos assistindo todos, pasmos e revoltados, a esse verdadeiro desfile de torpezas infamantes que vocês exibem, despudoradamente, como arma na disputa política. Existem limites éticos para essa disputa, sabia? Esqueci: vocês desconhecem qualquer limite.
Aliás, onde está a sua ética? Digo, a ética "dos seus". Onde está a honestidade? Onde ficam os seus princípios.? Os seus valores? No rés do chão; junto á lama que escorre pela sarjeta, pelos esgotos?
Diferentemente de alguns [sei que é essa sua intenção maliciosa], não cometerei a ingenuidade de repassar as suas maledicências (escondidas sob a pena do outro, um “terceiro”, um preposto bem situado, estrategicamente, na grande mídia) para toda a minha lista de contatos.
Porém – com essa, estou certo, você não contava – repasso a minha resposta para toda a minha lista de leitores, para que eles saibam dos seus/vossos ardis e para que possam, com palavras, gestos e delicadeza, prosseguir empunhando a bandeira da honradez e dos probos ideais, defender esse novo Brasil que agora se alevanta e que vocês pretendem, utilizando-se de meios/modos sub-reptícios, malévolos, arruinar.
Aliás, devo-lhe agradecer – e àqueles aos quais você(s) serve(m). Pois essa sua "provocação" deu-me inspiração para escrever esse texto, um “chamamento” e um “alerta” aos “nossos”, e assim, quem sabe, modestamente, ajudá-los a prosseguir mudando esse país para melhor, tornando-o um pouco menos desigual (só um pouco, Srs. arautos do atraso, mas nem isso vocês querem permitir). Felizmente, não carecemos da vossa permissão para fazer justiça social. Basta o voto e a confiança do povo brasileiro. Esse não nos tem faltado. Felizmente.
A sua/vossa torpeza só alimenta a nossa garra de lutar o “bom combate”. Reforça a nossa inabalável vocação democrática; a nossa inquebrantável vontade de lutar por mais igualdade e justiça social. Quando vocês falam em morte, celebramos a vida. Nós venceremos! O bem prevalecerá! Não permitiremos que vocês joguem, de novo, esse país no atraso – não voltaremos a um passado de sombras, de exclusão, de injustiças.
E, por falar em passado, vocês não passarão! Não desvirtuarão a nossa pauta; não conseguirão nos desviar do nosso caminho virtuoso. O mal não prevalecerá. Sim, sem maniqueísmos e/ou simplificações –, pois, sejamos honestos, vocês representam o que há de pior entre nós.
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Serra vai mandar prender a Soninha?
A campanha José Serra tem adquirido cada vez mais a marca do atraso. Os seus cabos-eleitorais, seja na internet ou nos recintos religiosos, estimulam visões fascistas, preconceituosas e anticientíficas - em especial na questão do aborto. Eles babam ódio e estimulam os piores instintos, usando da difamação na disputa sucessória.
Quando ministro da Saúde de FHC, José Serra foi criticado pelas mesmas forças conservadoras por aprovar o uso da "pilula do dia seguinte" e por normatizar o aborto nos casos previstos em lei. Agora, sua campanha rasteira ataca Dilma Rousseff, afirmando que ela é a favor do aborto - quando, na verdade, ela disse que esta é uma questão de saúde pública.
Diante desta baixaria, fica a pergunta: será que Serra, caso eleito e com o respaldo das seitas fascistas, mandará prender Soninha Francine, uma das coordenadoras da sua campanha presidencial? Numa entrevista à revista Trip, número 41, em 2005, ela declarou que já tinha feito aborto e que era favorável à sua descriminalização. Soninha é muito próxima de Serra. Ele mandará prendê-la?
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quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Tucanos perseguem e censuram no Paraná
Reproduzo artigo enviado pelo blogueiro Esmael Morais:
O que vou contar nas próximas linhas pode deixar-lhe arrepiado de indignação, mas é fato, está ocorrendo no Paraná e ameaça atingir todo o país como se fosse um rastilho. A experiência vivida pelo estado sulista no último mês e meio é um alerta do perigo que corre a democracia brasileira.
Pela décima vez, desde o final de agosto deste ano, o meu blog (www.esmaelmorais.com.br) está censurado pela Justiça a pedido do governador eleito Beto Richa (PSDB) sob a alegação de que a minha opinião, os meus posts, as minhas críticas políticas, o deixam “emocionalmente abalado”.
O tucano pede na 17ª Vara Civil de Curitiba indenização para ele, o filho Marcello e a esposa Fernanda pelos mesmos supostos abalos psiquiátricos. Os três são personalidades públicas, portanto, sujeitos a críticas diferenciadas das dos cidadãos comuns.
Os meus advogados, Manoel Valdemar Barbosa Filho e Carlos Raimundo Azevedo Ferreira, solicitaram via judicial que o governador eleito passe por uma junta psiquiátrica para provar que realmente ficou “emocionalmente abalado” pelo blog. Terá que indicar o nome do remédio que toma para aplacar o dano, o nome do médico que o acompanha, etc.
Em outra frente, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), durante as eleições, Beto Richa abriu uma verdadeira guerra jurídica contra os institutos de pesquisas (censurou dez), blogs, revistas, jornais, sites e jornalistas como estratégia para vencer a disputa do último domingo (3).
O objetivo tucano, sempre com a complacência de setores da Justiça, foi (e ainda é) calar vozes destoantes, perseguir oponentes, constranger economicamente quem ousa opinar diferente por meio de pesadas multas, enfim, atacar a liberdade de expressão e os direitos constitucionais. (Este blogueiro que tecla estas mal traçadas linhas, por exemplo, segundo informações, já deve cerca de R$ 800 mil em multas porque não compartilha das mesmas opiniões do PSDB).
O diabo é que Beto Richa venceu as eleições, mas não desceu do palanque. Cerca de 48 horas após aclamado nas urnas, o tucano abriu uma impiedosa perseguição ao meu blog. Conseguiu uma liminar que obrigou o provedor de hospedagem da minha página a desativar o domínio “esmaelmorais.com.br”. Continuo censurado, agora pela décima vez.
Muitos atribuem à censura a vitória do tucano paranaense. Sem ela – e se as pesquisas tivessem mostrado a queda do candidato do PSDB – muito provavelmente o resultado eleitoral no Paraná seria bem outro. A equipe jurídica-censora de Beto Richa se gaba pelo feito na capital paranaense e poderá exportar o modelo para José Serra na campanha de segundo turno.
Na estratégica jurídica-censora tucana, no Paraná, coube o jogo baixo, a safadeza, além do próprio cerceamento da liberdade de expressão. Na véspera das eleições, na sexta e no sábado, o PSDB chegou a pedir minha prisão porque eu continuava a opinar na minha página pessoal. O juiz negou o pedido de enclausuramento, mas retirou-me do ar.
Há ilegalidades nesta censura, pois existia um recurso protocolado pela minha defesa com efeito suspensivo, o que legalmente permitia-me ficar no ar normalmente, mas a corja fascistoide omitiu essa informação para induzir o juiz ao erro. A alegação de desobediência fora uma artimanha tucana para eliminar alguém que pensa diferente.
O método fascista do tucanato paranaense, que pode servir de modelo para o PSDB no país, caso vencem as eleições de 31 de outubro, deixaria envergonhados os agentes do antigo DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). A turma que atendia à ditadura militar seria considerada trombadinhas, diante da truculência da gangue comandada pelo senhor Carlos Alberto Richa, vulgo Beto Richa.
Faço esta denúncia pública porque a democracia brasileira corre risco com o “modus operandi” dos tucanos. Eu vivi isso. Os institutos de pesquisa Datafolha, Ibope e Vox Populi também. Revistas nacionais como IstoÉ, sites, blogs, jornais e jornalistas igualmente sofrem censuram e não puderam informar ao país o que acontecia no Paraná durante as eleições. Ficamos no escuro por um período, voltamos às trevas e o pior: a perseguição dos fascistas tucanos continua, mesmo depois das eleições.
Será este o modelo de democracia tucana que o país precisa?
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O que vou contar nas próximas linhas pode deixar-lhe arrepiado de indignação, mas é fato, está ocorrendo no Paraná e ameaça atingir todo o país como se fosse um rastilho. A experiência vivida pelo estado sulista no último mês e meio é um alerta do perigo que corre a democracia brasileira.
Pela décima vez, desde o final de agosto deste ano, o meu blog (www.esmaelmorais.com.br) está censurado pela Justiça a pedido do governador eleito Beto Richa (PSDB) sob a alegação de que a minha opinião, os meus posts, as minhas críticas políticas, o deixam “emocionalmente abalado”.
O tucano pede na 17ª Vara Civil de Curitiba indenização para ele, o filho Marcello e a esposa Fernanda pelos mesmos supostos abalos psiquiátricos. Os três são personalidades públicas, portanto, sujeitos a críticas diferenciadas das dos cidadãos comuns.
Os meus advogados, Manoel Valdemar Barbosa Filho e Carlos Raimundo Azevedo Ferreira, solicitaram via judicial que o governador eleito passe por uma junta psiquiátrica para provar que realmente ficou “emocionalmente abalado” pelo blog. Terá que indicar o nome do remédio que toma para aplacar o dano, o nome do médico que o acompanha, etc.
Em outra frente, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), durante as eleições, Beto Richa abriu uma verdadeira guerra jurídica contra os institutos de pesquisas (censurou dez), blogs, revistas, jornais, sites e jornalistas como estratégia para vencer a disputa do último domingo (3).
O objetivo tucano, sempre com a complacência de setores da Justiça, foi (e ainda é) calar vozes destoantes, perseguir oponentes, constranger economicamente quem ousa opinar diferente por meio de pesadas multas, enfim, atacar a liberdade de expressão e os direitos constitucionais. (Este blogueiro que tecla estas mal traçadas linhas, por exemplo, segundo informações, já deve cerca de R$ 800 mil em multas porque não compartilha das mesmas opiniões do PSDB).
O diabo é que Beto Richa venceu as eleições, mas não desceu do palanque. Cerca de 48 horas após aclamado nas urnas, o tucano abriu uma impiedosa perseguição ao meu blog. Conseguiu uma liminar que obrigou o provedor de hospedagem da minha página a desativar o domínio “esmaelmorais.com.br”. Continuo censurado, agora pela décima vez.
Muitos atribuem à censura a vitória do tucano paranaense. Sem ela – e se as pesquisas tivessem mostrado a queda do candidato do PSDB – muito provavelmente o resultado eleitoral no Paraná seria bem outro. A equipe jurídica-censora de Beto Richa se gaba pelo feito na capital paranaense e poderá exportar o modelo para José Serra na campanha de segundo turno.
Na estratégica jurídica-censora tucana, no Paraná, coube o jogo baixo, a safadeza, além do próprio cerceamento da liberdade de expressão. Na véspera das eleições, na sexta e no sábado, o PSDB chegou a pedir minha prisão porque eu continuava a opinar na minha página pessoal. O juiz negou o pedido de enclausuramento, mas retirou-me do ar.
Há ilegalidades nesta censura, pois existia um recurso protocolado pela minha defesa com efeito suspensivo, o que legalmente permitia-me ficar no ar normalmente, mas a corja fascistoide omitiu essa informação para induzir o juiz ao erro. A alegação de desobediência fora uma artimanha tucana para eliminar alguém que pensa diferente.
O método fascista do tucanato paranaense, que pode servir de modelo para o PSDB no país, caso vencem as eleições de 31 de outubro, deixaria envergonhados os agentes do antigo DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). A turma que atendia à ditadura militar seria considerada trombadinhas, diante da truculência da gangue comandada pelo senhor Carlos Alberto Richa, vulgo Beto Richa.
Faço esta denúncia pública porque a democracia brasileira corre risco com o “modus operandi” dos tucanos. Eu vivi isso. Os institutos de pesquisa Datafolha, Ibope e Vox Populi também. Revistas nacionais como IstoÉ, sites, blogs, jornais e jornalistas igualmente sofrem censuram e não puderam informar ao país o que acontecia no Paraná durante as eleições. Ficamos no escuro por um período, voltamos às trevas e o pior: a perseguição dos fascistas tucanos continua, mesmo depois das eleições.
Será este o modelo de democracia tucana que o país precisa?
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De onde vem o tiro?
Reproduzo artigo enviado pelo amigo Marco Piva, diretor da Altercom:
Muito estranha a onda súbita de violência que acontece no Rio de Janeiro. Foram três arrastões em menos de 24 horas, com mortos e feridos, o que obrigou o governador Sergio Cabral (PMDB) a trocar o comando de dez unidades policiais. Na esfera econômica, as ações da Petrobras estão em queda, depois de um bem sucedido processo de capitalização, o maior da história do capitalismo moderno. A razão principal foi a indicação combinada de desvalorização futura assinada pelos analistas de seis grandes bancos. Alguns deles, inclusive, participaram do leilão de ações da companhia.
Ora, se no quesito segurança a campanha de Dilma Roussef enfatizou a eficácia das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), feitas em parceria com o governo carioca, e no âmbito da economia ressaltou a importância de uma Petrobras cada vez mais forte por conta do pré-sal, é de se perguntar: o que os arrastões no Rio e a queda das ações têm em comum? A resposta é: muita repercussão na mídia e, com isso, impacto na cabeça do eleitor neste segundo turno.
Não existem elementos para se afirmar que as duas situações partem de uma estratégia comum, um conluio entre os chefões do submundo do crime e a alta cúpula das corporações financeiras. Mas que isto não cheira bem, ah, não cheira mesmo.
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Muito estranha a onda súbita de violência que acontece no Rio de Janeiro. Foram três arrastões em menos de 24 horas, com mortos e feridos, o que obrigou o governador Sergio Cabral (PMDB) a trocar o comando de dez unidades policiais. Na esfera econômica, as ações da Petrobras estão em queda, depois de um bem sucedido processo de capitalização, o maior da história do capitalismo moderno. A razão principal foi a indicação combinada de desvalorização futura assinada pelos analistas de seis grandes bancos. Alguns deles, inclusive, participaram do leilão de ações da companhia.
Ora, se no quesito segurança a campanha de Dilma Roussef enfatizou a eficácia das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), feitas em parceria com o governo carioca, e no âmbito da economia ressaltou a importância de uma Petrobras cada vez mais forte por conta do pré-sal, é de se perguntar: o que os arrastões no Rio e a queda das ações têm em comum? A resposta é: muita repercussão na mídia e, com isso, impacto na cabeça do eleitor neste segundo turno.
Não existem elementos para se afirmar que as duas situações partem de uma estratégia comum, um conluio entre os chefões do submundo do crime e a alta cúpula das corporações financeiras. Mas que isto não cheira bem, ah, não cheira mesmo.
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Resumindo os pecados do primeiro turno
Reproduzo artigo de Wladimir Pomar, publicado no sítio Correio da Cidadania:
No texto de 26/07, apontamos que parecia "predominar em diferentes áreas da campanha da candidatura Dilma, inclusive no PT, a suposição de que a disputa está ganha e a vitória eleitoral é certa". Na ocasião, consideramos que a candidatura Dilma continuava "empacada num inconfortável empate técnico" pelo que pareciam ser fraquezas de sua campanha. Os "lobbies do já ganhou" tendiam a paralisar as atividades fundamentais de qualquer campanha eleitoral: "o contato direto, diário, incansável, com as principais camadas populares do eleitorado".
Além disso, achávamos que a candidatura Dilma parecia "presa a uma agenda positiva inflexível" que poderia ter "reflexos negativos" se não tivesse "flexibilidade para enfrentar positivamente os problemas existentes, principalmente aqueles relacionados com a vida do povo, deixando-os sem proposta, sem firmeza positiva diante dos ataques dos adversários, deixando-os sem resposta".
Serra e Marina estavam com "o mesmo discurso" de Dilma, "acrescentando a ele a crítica a problemas não resolvidos". Portanto, era preciso "algo mais para conquistar corações e mentes", como "propostas concretas para corrigir a política de juros altos, reduzir os tributos das pequenas e micro-empresas, melhorar a segurança pública, só para citar alguns exemplos".
No texto de 23/08, sustentamos que as pesquisas, que apresentavam Dilma em condições de obter a vitória no primeiro turno, poderiam "ser fatais" para sua campanha. Embora Serra apontasse queda, Marina estava "em situação estável", demonstrando que Dilma não a havia abalado. Assim, a possibilidade de vencer no primeiro turno apontava, naquele momento, "o aspecto negativo" de levar os partidos aliados de Dilma a suporem ganha a parada e se voltarem totalmente para suas próprias campanhas a governador e proporcionais, como era fácil de notar no horário eleitoral.
Nessas condições, o ritmo da campanha tendia a baixar, "abrindo a possibilidade de subida da Marina e recuperação ou estabilidade de Serra". No dia 30/08, reiteramos a necessidade de a campanha Dilma manter o ritmo de crescimento e fazer ajustes, no sentido de realizar "uma ofensiva complementar, tratando com mais propriedade alguns temas que se tornaram cavalos de batalha na campanha Marina".
Marina passara a concentrar "seu fogo e ataques ao governo em temas como reforma tributária, proteção ambiental, jornada de trabalho, segurança e liberdade de comunicação". Essa crítica a fizera "conquistar parte do eleitorado de esquerda" e havia "carreado apoios a candidatos de outros partidos desse espectro político". Mesmo sem ter bola de cristal, afirmamos que, "somados", eles representavam "mais de 15% das intenções de voto". Assim, "se a campanha Dilma desprezar o trato de tais temas, pode ser por aí que ela seja surpreendida".
E foi por aí que ela foi surpreendida. Se quisermos resumir os pecados da campanha presidencial petista, podemos dizer que: (1) faltou uma estratégia clara de mobilização massiva; (2) absolutizou a defensiva estratégia, evitando ofensivas táticas indispensáveis, como no caso Erenice e nos ataques da grande imprensa, levando inclusive Lula a fazer um recuo; (3) deixou prevalecer o "já ganhou"; (4) faltou programa de governo, a ser defendido por todos os candidatos da base aliada, em especial os do PT, cujas campanhas na TV mal se diferenciavam das propostas despolitizadas dos candidatos do PSDB e do DEM; e (5) ocorreu uma fuga geral da discussão política.
Se a candidatura Dilma não quiser ser atropelada por uma derrota impensável e desastrosa para o país, seu segundo turno terá que ir muito além da defesa da "continuidade e avanço" do governo Lula. Terá que detalhar que avanço será esse em termos de medidas concretas. E tratar com firmeza as questões referentes a emprego, assentamento agrícola, estímulo à pequena produção agrícola e urbana, redução de juros e tributos, combate à corrupção, segurança pública, proteção e recuperação do meio ambiente, intensificação da educação, ampliação profunda do atendimento à saúde, políticas de promoção das mulheres e jovens etc. etc.
Só explicitando claramente respostas a essas questões será possível diferenciar o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico democrático e popular do "desenvolvimento" proposto por Serra. Só dessa forma será possível fazer com que o povão entenda tal diferença e conseguir que parte considerável do eleitorado que migrou para Marina volte a ser atraído para a candidatura Dilma.
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No texto de 26/07, apontamos que parecia "predominar em diferentes áreas da campanha da candidatura Dilma, inclusive no PT, a suposição de que a disputa está ganha e a vitória eleitoral é certa". Na ocasião, consideramos que a candidatura Dilma continuava "empacada num inconfortável empate técnico" pelo que pareciam ser fraquezas de sua campanha. Os "lobbies do já ganhou" tendiam a paralisar as atividades fundamentais de qualquer campanha eleitoral: "o contato direto, diário, incansável, com as principais camadas populares do eleitorado".
Além disso, achávamos que a candidatura Dilma parecia "presa a uma agenda positiva inflexível" que poderia ter "reflexos negativos" se não tivesse "flexibilidade para enfrentar positivamente os problemas existentes, principalmente aqueles relacionados com a vida do povo, deixando-os sem proposta, sem firmeza positiva diante dos ataques dos adversários, deixando-os sem resposta".
Serra e Marina estavam com "o mesmo discurso" de Dilma, "acrescentando a ele a crítica a problemas não resolvidos". Portanto, era preciso "algo mais para conquistar corações e mentes", como "propostas concretas para corrigir a política de juros altos, reduzir os tributos das pequenas e micro-empresas, melhorar a segurança pública, só para citar alguns exemplos".
No texto de 23/08, sustentamos que as pesquisas, que apresentavam Dilma em condições de obter a vitória no primeiro turno, poderiam "ser fatais" para sua campanha. Embora Serra apontasse queda, Marina estava "em situação estável", demonstrando que Dilma não a havia abalado. Assim, a possibilidade de vencer no primeiro turno apontava, naquele momento, "o aspecto negativo" de levar os partidos aliados de Dilma a suporem ganha a parada e se voltarem totalmente para suas próprias campanhas a governador e proporcionais, como era fácil de notar no horário eleitoral.
Nessas condições, o ritmo da campanha tendia a baixar, "abrindo a possibilidade de subida da Marina e recuperação ou estabilidade de Serra". No dia 30/08, reiteramos a necessidade de a campanha Dilma manter o ritmo de crescimento e fazer ajustes, no sentido de realizar "uma ofensiva complementar, tratando com mais propriedade alguns temas que se tornaram cavalos de batalha na campanha Marina".
Marina passara a concentrar "seu fogo e ataques ao governo em temas como reforma tributária, proteção ambiental, jornada de trabalho, segurança e liberdade de comunicação". Essa crítica a fizera "conquistar parte do eleitorado de esquerda" e havia "carreado apoios a candidatos de outros partidos desse espectro político". Mesmo sem ter bola de cristal, afirmamos que, "somados", eles representavam "mais de 15% das intenções de voto". Assim, "se a campanha Dilma desprezar o trato de tais temas, pode ser por aí que ela seja surpreendida".
E foi por aí que ela foi surpreendida. Se quisermos resumir os pecados da campanha presidencial petista, podemos dizer que: (1) faltou uma estratégia clara de mobilização massiva; (2) absolutizou a defensiva estratégia, evitando ofensivas táticas indispensáveis, como no caso Erenice e nos ataques da grande imprensa, levando inclusive Lula a fazer um recuo; (3) deixou prevalecer o "já ganhou"; (4) faltou programa de governo, a ser defendido por todos os candidatos da base aliada, em especial os do PT, cujas campanhas na TV mal se diferenciavam das propostas despolitizadas dos candidatos do PSDB e do DEM; e (5) ocorreu uma fuga geral da discussão política.
Se a candidatura Dilma não quiser ser atropelada por uma derrota impensável e desastrosa para o país, seu segundo turno terá que ir muito além da defesa da "continuidade e avanço" do governo Lula. Terá que detalhar que avanço será esse em termos de medidas concretas. E tratar com firmeza as questões referentes a emprego, assentamento agrícola, estímulo à pequena produção agrícola e urbana, redução de juros e tributos, combate à corrupção, segurança pública, proteção e recuperação do meio ambiente, intensificação da educação, ampliação profunda do atendimento à saúde, políticas de promoção das mulheres e jovens etc. etc.
Só explicitando claramente respostas a essas questões será possível diferenciar o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico democrático e popular do "desenvolvimento" proposto por Serra. Só dessa forma será possível fazer com que o povão entenda tal diferença e conseguir que parte considerável do eleitorado que migrou para Marina volte a ser atraído para a candidatura Dilma.
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Direita em ação: teocracia, censura e medo
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Com a generosa ajuda da velha mídia brasileira, e uma mãozinha da candidatura de Marina Silva, Serra conseguiu pautar a reta final do primeiro turno e o inicio do segundo turno com uma temática religiosa.
É um atraso gigantesco para o Brasil.
Parte dos apoiadores de Dilma acha que a campanha do PT deve fugir desse debate, recolher apoios de evangélicos e católicos, e rapidamente mudar de assunto.
Penso um pouco diferente.
É evidente que essa temática religiosa não é o que interessa para o Brasil. Mas se Serra escolheu o obscurantismo, é preciso mostrar isso à população. A esquerda, tantas e tantas vezes, foge dos enfrentamentos. Acho que desse enfrentamento não deveria fugir.
Por que ninguém do PT é capaz de dar uma resposta a Serra, deixando a Ciro Gomes a tarefa de pendurar o guiso no gato? Ciro disse - de forma muito apropriada - que o discurso de Serra é o caminho para um regime teocrático. Vejam:
Ciro Gomes: “Por que o PSDB, que nasceu para ajudar a modernidade do País, resolveu agora advogar o Estado teocrático? O Serra tem de dizer que, na República que ele advoga, primeiro falam os aiatolás, e aí os políticos resolvem o que os aiatolás querem que seja feito.”
O Brasil, agora digo eu, precisa que se faça esse debate.
O Brasil precisa, também, comparar os resultados econômicos e sociais de FHC e Lula. Mas precisa de politização, precisa que se enfrente o pensamento conservador.
Essa é uma hora boa para desmascarar a intolerância religiosa.
Aliás, é preciso tomar cuidado ao associar “evangélicos”, apenas, a esse discurso intolerante. Não. Os ataques mais coordenados e mais perigosos partem da Igreja Católica.
É preciso – com muito cuidado e respeito pelos milhares de católicos e evangélicos que praticam a religião apenas para confortar suas almas, e para difundir o amor ao próximo – lembrar que já houve um tempo em que a religião mandava na política.
No Brasil Colonial, tivemos a Inquisição católica a prender, torturar e executar. A intolerância religiosa já matou muito – no mundo inteiro. Aprendemos isso na escola, ou deveríamos aprender (quem não se lembra da “Noite de São Bartolomeu” ,na França, pode ler algo aqui).
Já que Serra quer travar esse debate, devemos pendurar o guiso no gato, e perguntar se o que ele quer é um Estado teocrático. É isso?
Do lado de Serra, certamente ficará muita gente. Mas tenho certeza que do outro lado ficará o que há de civilizado nesse nosso país.
Na Espanha, esse debate é travado nas eleições. O PP (partido conservador) tem uma parceria muito próxima com a Opus Dei e com o catolicismo mais reacionário. O PSOE (social-democrata) não tem medo de assumir a defesa de um Estado laico – respeitando as práticas religiosas.
O PSOE ganhou eleição prometendo união civil de homossexuais. A direita católica do PP realizou marchas com quase um milhão de pessoas, contra essa plataforma. Levou bispos e padres (de batina e tudo) para as ruas. O PP tentou intimidar o PSOE. O que fez a centro-esquerda? Travou o debate, resistiu, deu uma banana para o terrorismo religioso. E ganhou.
É preciso ter coragem.
O círculo da direita se fecha: ela tem as igrejas (algumas), ela tem a velha mídia, ela tem a prática da intolerância.
“A ideologia da direita é o medo”, já nos ensinava Simone de Beauvoir.
A intolerância e o medo é que levaram o “Estadão” (que, diga-se, abre espaços para a Opus Dei) a demitir Maria Rita Kehl por ter escrito um artigo que contraria a linha oficial de “somos Serra até a morte”.
Nas redações, não há espaço para dissenso. Quem levanta a cabeça tem a cabeça cortada.
“Folha” (que censura blogs), “Estadão” (que demite colunista), “Veja” (com seu esgoto jornalístico a céu aberto) e “Globo” (sob comando de Ali “não somos racistas” Kamel) são a armada a serviço desse contra-ataque conservador. Isso já está claro há muito tempo. Mas Lula parece ter minimizado essa articulação, e acreditado que enfrentaria tudo no gogó – sem politizar o debate. Não deu certo. É preciso enfrentamento, politização.
Esse é um combate que merece ser travado. Para ganhar ou perder. E acho que temos toda chance de ganhar.
Até porque, se Serra ganhar com esse discurso de ódio, e com esses apoios (panfletos da TFP, reuniões no Clube Militar, pregação e intolerância religiosas), o país (empresários, trabalhadores, classe média) precisa saber que teremos uma nação conflagrada durante 4 anos.
Não dá pra fazer de conta que isso não está acontecendo.
Há espaço para uma centro-direita civilizada no Brasil? Claro. Mas essa direita que avança com Serra não merece respeito. Merece ser combatida, como fazem os espanhóis e como fez o Ciro Gomes.
Com coragem.
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Com a generosa ajuda da velha mídia brasileira, e uma mãozinha da candidatura de Marina Silva, Serra conseguiu pautar a reta final do primeiro turno e o inicio do segundo turno com uma temática religiosa.
É um atraso gigantesco para o Brasil.
Parte dos apoiadores de Dilma acha que a campanha do PT deve fugir desse debate, recolher apoios de evangélicos e católicos, e rapidamente mudar de assunto.
Penso um pouco diferente.
É evidente que essa temática religiosa não é o que interessa para o Brasil. Mas se Serra escolheu o obscurantismo, é preciso mostrar isso à população. A esquerda, tantas e tantas vezes, foge dos enfrentamentos. Acho que desse enfrentamento não deveria fugir.
Por que ninguém do PT é capaz de dar uma resposta a Serra, deixando a Ciro Gomes a tarefa de pendurar o guiso no gato? Ciro disse - de forma muito apropriada - que o discurso de Serra é o caminho para um regime teocrático. Vejam:
Ciro Gomes: “Por que o PSDB, que nasceu para ajudar a modernidade do País, resolveu agora advogar o Estado teocrático? O Serra tem de dizer que, na República que ele advoga, primeiro falam os aiatolás, e aí os políticos resolvem o que os aiatolás querem que seja feito.”
O Brasil, agora digo eu, precisa que se faça esse debate.
O Brasil precisa, também, comparar os resultados econômicos e sociais de FHC e Lula. Mas precisa de politização, precisa que se enfrente o pensamento conservador.
Essa é uma hora boa para desmascarar a intolerância religiosa.
Aliás, é preciso tomar cuidado ao associar “evangélicos”, apenas, a esse discurso intolerante. Não. Os ataques mais coordenados e mais perigosos partem da Igreja Católica.
É preciso – com muito cuidado e respeito pelos milhares de católicos e evangélicos que praticam a religião apenas para confortar suas almas, e para difundir o amor ao próximo – lembrar que já houve um tempo em que a religião mandava na política.
No Brasil Colonial, tivemos a Inquisição católica a prender, torturar e executar. A intolerância religiosa já matou muito – no mundo inteiro. Aprendemos isso na escola, ou deveríamos aprender (quem não se lembra da “Noite de São Bartolomeu” ,na França, pode ler algo aqui).
Já que Serra quer travar esse debate, devemos pendurar o guiso no gato, e perguntar se o que ele quer é um Estado teocrático. É isso?
Do lado de Serra, certamente ficará muita gente. Mas tenho certeza que do outro lado ficará o que há de civilizado nesse nosso país.
Na Espanha, esse debate é travado nas eleições. O PP (partido conservador) tem uma parceria muito próxima com a Opus Dei e com o catolicismo mais reacionário. O PSOE (social-democrata) não tem medo de assumir a defesa de um Estado laico – respeitando as práticas religiosas.
O PSOE ganhou eleição prometendo união civil de homossexuais. A direita católica do PP realizou marchas com quase um milhão de pessoas, contra essa plataforma. Levou bispos e padres (de batina e tudo) para as ruas. O PP tentou intimidar o PSOE. O que fez a centro-esquerda? Travou o debate, resistiu, deu uma banana para o terrorismo religioso. E ganhou.
É preciso ter coragem.
O círculo da direita se fecha: ela tem as igrejas (algumas), ela tem a velha mídia, ela tem a prática da intolerância.
“A ideologia da direita é o medo”, já nos ensinava Simone de Beauvoir.
A intolerância e o medo é que levaram o “Estadão” (que, diga-se, abre espaços para a Opus Dei) a demitir Maria Rita Kehl por ter escrito um artigo que contraria a linha oficial de “somos Serra até a morte”.
Nas redações, não há espaço para dissenso. Quem levanta a cabeça tem a cabeça cortada.
“Folha” (que censura blogs), “Estadão” (que demite colunista), “Veja” (com seu esgoto jornalístico a céu aberto) e “Globo” (sob comando de Ali “não somos racistas” Kamel) são a armada a serviço desse contra-ataque conservador. Isso já está claro há muito tempo. Mas Lula parece ter minimizado essa articulação, e acreditado que enfrentaria tudo no gogó – sem politizar o debate. Não deu certo. É preciso enfrentamento, politização.
Esse é um combate que merece ser travado. Para ganhar ou perder. E acho que temos toda chance de ganhar.
Até porque, se Serra ganhar com esse discurso de ódio, e com esses apoios (panfletos da TFP, reuniões no Clube Militar, pregação e intolerância religiosas), o país (empresários, trabalhadores, classe média) precisa saber que teremos uma nação conflagrada durante 4 anos.
Não dá pra fazer de conta que isso não está acontecendo.
Há espaço para uma centro-direita civilizada no Brasil? Claro. Mas essa direita que avança com Serra não merece respeito. Merece ser combatida, como fazem os espanhóis e como fez o Ciro Gomes.
Com coragem.
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O voto do pecado e o poder satânico
Reproduzo excelente artigo de Maria Inês Nassif, publicado no jornal Valor:
A campanha religiosa contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estava em andamento e foi subestimada pelo comitê petista. O staff serrista prestou mais atenção nisso. No dia 14 de setembro, a mulher de José Serra, Mônica Serra, em campanha para o marido no município de Nova Iguaçu, no Rio, falou a um eleitor evangélico, para convencê-lo a não votar em Dilma: “Ela é a favor de matar criancinhas”, disse, segundo relato do jornal “O Estado de S. Paulo”.
Mônica quis dizer, usando cores muito, muito fortes, que Dilma era a favor do aborto, e portanto não merecia o voto de um evangélico. Não deve ter sido da cabeça dela – falou porque as pesquisas qualitativas do PSDB já deviam mostrar que a onda “antiabortista” estava pegando, embalada por bispos e padres da Igreja Católica e pastores evangélicos.
Da parte da ala conservadora da Igreja Católica, a articulação foi feita com alarde, de forma a induzir os fiéis de que a recomendação de não votar em Dilma, ou em qualquer outro candidato do PT, veio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A CNBB reagiu timidamente a essa ofensiva, com uma carta que foi também instrumentalizada pelos conservadores, que hoje não são poucos. “Falam em nome da CNBB somente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência”, diz a nota, para em seguida lembrar que o documento oficial sobre as eleições, tirado na 48ª Assembleia Geral, foi a “Declaração sobre o Momento Político Nacional”, que não faz referência direta a candidatos ou partidos.
Um trecho da carta oficial, todavia, foi apresentado aos fiéis paulistanos como prova de que a Igreja, como instituição, vetava o voto aos petistas. “(…) incentivamos a todos que participem (…), procurando eleger pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”.
A campanha da Igreja conservadora contra Dilma está usando um sofisma: o “respeito incondicional à vida” torna a igreja antiabortista; o PT defendeu o aborto; logo, o voto em Dilma é pecado. É esse sofisma que foi colocado aos padres de São Paulo pela Regional Sul 1 da CNBB como uma ordem. A secção da CNBB no Estado está impondo a campanha política nas igrejas como obrigação de hierarquia: há uma determinação para que os padres falem na homilia que o voto ao PT é pecado. Os padres estão obrigados também a distribuir jornais de suas dioceses na porta das igrejas, que não raro colocam o veto ao voto no PT como uma determinação da “CNBB”, sem especificar que é da CNBB da Regional Sul 1.
Com ajuda da Igreja, Serra chega aos pobres via medo
Guarulhos é o grande foco, mas não o único. O bispo Luiz Gonzaga Bergonzini declara publicamente “ódio ao PT”. Sua diocese foi uma das formuladoras, na Comissão da Vida da Região Sul, do documento que deu “subsídios” para o manifesto anti-PT que está sendo distribuído nas paróquias como posição oficial da Igreja Católica. Um padre de Guarulhos conta que Dom Luiz Gonzaga vai se aposentar em sete meses, e tem aproveitado seus últimos momentos como bispo para militar ativamente contra o partido de Lula. Para isso, tem usado seu poder de “mordaça” – a autoridade máxima da paróquia é a diocese, e o bispo pode impor suspensões a padres que não seguirem as suas ordens, ou criticarem publicamente suas posições.
Segundo uma senhora que é católica militante, bem longe de Guarulhos, no bairro de Campo Limpo, os bispos levaram ao pé da letra a orientação da regional da CNBB. A senhora ouviu do padre da sua paróquia, durante a pregação do sermão, que os católicos que votassem em Dilma Rousseff deveriam se confessar depois, porque teriam cometido um pecado. Preferiu o discurso da corrupção ao discurso so aborto. E garantiu que recomendava o voto contra o PT por ordem do bispo.
O vereador Chico Macena (PT), da capital paulista, que é ligadíssimo à Igreja, conta que várias paróquias da região de São Lucas falaram contra o PT na homilia. Ele acredita que esse movimento da igreja conservadora paulista influenciou o voto contra Dilma em algumas regiões.
Na campanha de Dilma, soou o alarme apenas na semana anterior às eleições. Foi quando a candidata se reuniu com líderes religiosos e garantiu a eles que não havia defendido o aborto.
A guerra religiosa não se limitou a sermões de padres ou pregações de pastores evangélicos. Espalhou-se como um rastilho pela internet uma “denúncia” de envolvimento do candidato a vice de Dilma, o deputado Michel Temer (SP), com o “satanismo”. O site Hospital da Alma, ligado à Associação dos Blogueiros Evangélicos, diz que Dilma, se vencer a disputa, morrerá por obra de Satã, para que o sacerdote Temer assuma a Presidência.
As versões religiosas sobre a candidatura governista são inventivas e, no conjunto, ajudam a formar um clima de pânico que, em algum momento, pode resultar numa explosão em que a racionalidade da escolha do candidato ao segundo turno escorra pelo ralo.
Não deixa de ser irônico. A Igreja progressista esteve na base da formação do PT, embora limitada a regras da não militância política dentro das paróquias. Teve um papel fundamental em São Paulo. É aqui no Estado, que deu uma guinada conservadora durante e após os governos de Fernando Henrique Cardoso, que a Igreja Católica tem imposto os maiores prejuízos à candidata petista. Dois papados conservadores reduziram os progressistas católicos de São Paulo a um rebanho desorganizado e destituído de poder na hierarquia da Igreja.
A outra ironia da história é que, no momento em que perdem significativamente a força os chefes de política locais, em função dos programas de transferência de renda do governo, e o PT passa a ser o interlocutor preferencial junto aos pobres, os seus adversários tenham arrumado um “atalho” para chegar a esse eleitor humilde, via o temor religioso. O voto colocado como “pecado”, e a eleição como obra de um “poder satânico”, recolocam o eleitorado mais pobre e menos escolarizado nas mãos de líderes conservadores, mas pela força do medo.
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A campanha religiosa contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estava em andamento e foi subestimada pelo comitê petista. O staff serrista prestou mais atenção nisso. No dia 14 de setembro, a mulher de José Serra, Mônica Serra, em campanha para o marido no município de Nova Iguaçu, no Rio, falou a um eleitor evangélico, para convencê-lo a não votar em Dilma: “Ela é a favor de matar criancinhas”, disse, segundo relato do jornal “O Estado de S. Paulo”.
Mônica quis dizer, usando cores muito, muito fortes, que Dilma era a favor do aborto, e portanto não merecia o voto de um evangélico. Não deve ter sido da cabeça dela – falou porque as pesquisas qualitativas do PSDB já deviam mostrar que a onda “antiabortista” estava pegando, embalada por bispos e padres da Igreja Católica e pastores evangélicos.
Da parte da ala conservadora da Igreja Católica, a articulação foi feita com alarde, de forma a induzir os fiéis de que a recomendação de não votar em Dilma, ou em qualquer outro candidato do PT, veio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A CNBB reagiu timidamente a essa ofensiva, com uma carta que foi também instrumentalizada pelos conservadores, que hoje não são poucos. “Falam em nome da CNBB somente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência”, diz a nota, para em seguida lembrar que o documento oficial sobre as eleições, tirado na 48ª Assembleia Geral, foi a “Declaração sobre o Momento Político Nacional”, que não faz referência direta a candidatos ou partidos.
Um trecho da carta oficial, todavia, foi apresentado aos fiéis paulistanos como prova de que a Igreja, como instituição, vetava o voto aos petistas. “(…) incentivamos a todos que participem (…), procurando eleger pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”.
A campanha da Igreja conservadora contra Dilma está usando um sofisma: o “respeito incondicional à vida” torna a igreja antiabortista; o PT defendeu o aborto; logo, o voto em Dilma é pecado. É esse sofisma que foi colocado aos padres de São Paulo pela Regional Sul 1 da CNBB como uma ordem. A secção da CNBB no Estado está impondo a campanha política nas igrejas como obrigação de hierarquia: há uma determinação para que os padres falem na homilia que o voto ao PT é pecado. Os padres estão obrigados também a distribuir jornais de suas dioceses na porta das igrejas, que não raro colocam o veto ao voto no PT como uma determinação da “CNBB”, sem especificar que é da CNBB da Regional Sul 1.
Com ajuda da Igreja, Serra chega aos pobres via medo
Guarulhos é o grande foco, mas não o único. O bispo Luiz Gonzaga Bergonzini declara publicamente “ódio ao PT”. Sua diocese foi uma das formuladoras, na Comissão da Vida da Região Sul, do documento que deu “subsídios” para o manifesto anti-PT que está sendo distribuído nas paróquias como posição oficial da Igreja Católica. Um padre de Guarulhos conta que Dom Luiz Gonzaga vai se aposentar em sete meses, e tem aproveitado seus últimos momentos como bispo para militar ativamente contra o partido de Lula. Para isso, tem usado seu poder de “mordaça” – a autoridade máxima da paróquia é a diocese, e o bispo pode impor suspensões a padres que não seguirem as suas ordens, ou criticarem publicamente suas posições.
Segundo uma senhora que é católica militante, bem longe de Guarulhos, no bairro de Campo Limpo, os bispos levaram ao pé da letra a orientação da regional da CNBB. A senhora ouviu do padre da sua paróquia, durante a pregação do sermão, que os católicos que votassem em Dilma Rousseff deveriam se confessar depois, porque teriam cometido um pecado. Preferiu o discurso da corrupção ao discurso so aborto. E garantiu que recomendava o voto contra o PT por ordem do bispo.
O vereador Chico Macena (PT), da capital paulista, que é ligadíssimo à Igreja, conta que várias paróquias da região de São Lucas falaram contra o PT na homilia. Ele acredita que esse movimento da igreja conservadora paulista influenciou o voto contra Dilma em algumas regiões.
Na campanha de Dilma, soou o alarme apenas na semana anterior às eleições. Foi quando a candidata se reuniu com líderes religiosos e garantiu a eles que não havia defendido o aborto.
A guerra religiosa não se limitou a sermões de padres ou pregações de pastores evangélicos. Espalhou-se como um rastilho pela internet uma “denúncia” de envolvimento do candidato a vice de Dilma, o deputado Michel Temer (SP), com o “satanismo”. O site Hospital da Alma, ligado à Associação dos Blogueiros Evangélicos, diz que Dilma, se vencer a disputa, morrerá por obra de Satã, para que o sacerdote Temer assuma a Presidência.
As versões religiosas sobre a candidatura governista são inventivas e, no conjunto, ajudam a formar um clima de pânico que, em algum momento, pode resultar numa explosão em que a racionalidade da escolha do candidato ao segundo turno escorra pelo ralo.
Não deixa de ser irônico. A Igreja progressista esteve na base da formação do PT, embora limitada a regras da não militância política dentro das paróquias. Teve um papel fundamental em São Paulo. É aqui no Estado, que deu uma guinada conservadora durante e após os governos de Fernando Henrique Cardoso, que a Igreja Católica tem imposto os maiores prejuízos à candidata petista. Dois papados conservadores reduziram os progressistas católicos de São Paulo a um rebanho desorganizado e destituído de poder na hierarquia da Igreja.
A outra ironia da história é que, no momento em que perdem significativamente a força os chefes de política locais, em função dos programas de transferência de renda do governo, e o PT passa a ser o interlocutor preferencial junto aos pobres, os seus adversários tenham arrumado um “atalho” para chegar a esse eleitor humilde, via o temor religioso. O voto colocado como “pecado”, e a eleição como obra de um “poder satânico”, recolocam o eleitorado mais pobre e menos escolarizado nas mãos de líderes conservadores, mas pela força do medo.
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Assessor de Serra quer privatizar o pré-sal
Reproduzo grave denúncia publicada no sítio Carta Maior:
Matéria de Juliana Ennes, no jornal Valor Econômico , informa que David Zylberstajn, ex-genro de Fernando Henrique Cardoso e assessor técnico para a área de energia da campanha de José Serra à Presidência da República, aconselhou o tucano a desistir da proposta do governo Lula de modificar o modelo de concessão de campos de petróleo para o modelo de partilha, no caso dos blocos do pré-sal. Zylberstajn defende que o regime de concessões (para empresas internacionais) seja melhor não somente em termos de arrecadação, mas também na vantagem de antecipar o recebimento dos recursos.
O assessor de Serra disse ainda que a obrigatoriedade de que a Petrobras opere ao menos 30% de todos os blocos do pré-sal “traz um grande risco”. Entre outras questões, afirmou que seria “ruim para o Brasil” ficar preso à capacidade da Petrobras investir. O ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo criticou o aumento da participação do Estado na empresa, retomando o discurso histórico do PSDB que defende a privatização da Petrobras. Para ele, “não tem que existir estatal comprando ou vendendo petróleo”. A coluna Toda Mídia, do jornal Folha de S.Paulo também citou as declarações do assessor, publicadas pelo Wall Street Journal.
As declarações de Zylberstajn atualizam as declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a capitalização da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Na ocasião, Lula lembrou que se as riquezas tivessem sido descobertas em “outros tempos”, elas poderiam ter sido alienadas do Estado brasileiro. O presidente disse ainda que um Estado fraco nunca foi sinônimo de iniciativa privada forte e defendeu o planejamento do governo para exploração das reservas e futura utilização do dinheiro obtido com elas. Uma das metas, reafirmou Lula, será investir para que a educação pública tenha a mesma qualidade que as instituições de ensino privado.
O processo de capitalização da Petrobras foi justamente uma das salvaguardas utilizadas pelo governo para que os recursos gerados com o petróleo e o gás extraídos da camada pré-sal fossem investidos prioritariamente no país. Na contramão das afirmações do assessor de Serra, Lula defende que a capitalização da Petrobras serve como afirmação da empresa, de seus engenheiros e técnicos.
Em 2000, cabe lembrar, o governo Fernando Henrique Cardoso queria mudar o nome da Petrobras para Petrobax. O “x”, na avaliação do governo tucano, ajudaria a “captar dinheiro no mercado internacional”. A lógica dessa mudança também estava baseada na idéia de que “não deve existir estatal comprando ou vendendo petróleo”, bandeira histórica daqueles que pretendem privatizar a Petrobras.
Quando presidiu a ANP, Zylberstajn defendeu a redução do tamanho da empresa na economia brasileira. Conforme matéria da Folha de S.Paulo, ele queria que a Petrobras vendesse parte de suas refinarias para aumentar a participação do capital privado no setor.
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Matéria de Juliana Ennes, no jornal Valor Econômico , informa que David Zylberstajn, ex-genro de Fernando Henrique Cardoso e assessor técnico para a área de energia da campanha de José Serra à Presidência da República, aconselhou o tucano a desistir da proposta do governo Lula de modificar o modelo de concessão de campos de petróleo para o modelo de partilha, no caso dos blocos do pré-sal. Zylberstajn defende que o regime de concessões (para empresas internacionais) seja melhor não somente em termos de arrecadação, mas também na vantagem de antecipar o recebimento dos recursos.
O assessor de Serra disse ainda que a obrigatoriedade de que a Petrobras opere ao menos 30% de todos os blocos do pré-sal “traz um grande risco”. Entre outras questões, afirmou que seria “ruim para o Brasil” ficar preso à capacidade da Petrobras investir. O ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo criticou o aumento da participação do Estado na empresa, retomando o discurso histórico do PSDB que defende a privatização da Petrobras. Para ele, “não tem que existir estatal comprando ou vendendo petróleo”. A coluna Toda Mídia, do jornal Folha de S.Paulo também citou as declarações do assessor, publicadas pelo Wall Street Journal.
As declarações de Zylberstajn atualizam as declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a capitalização da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Na ocasião, Lula lembrou que se as riquezas tivessem sido descobertas em “outros tempos”, elas poderiam ter sido alienadas do Estado brasileiro. O presidente disse ainda que um Estado fraco nunca foi sinônimo de iniciativa privada forte e defendeu o planejamento do governo para exploração das reservas e futura utilização do dinheiro obtido com elas. Uma das metas, reafirmou Lula, será investir para que a educação pública tenha a mesma qualidade que as instituições de ensino privado.
O processo de capitalização da Petrobras foi justamente uma das salvaguardas utilizadas pelo governo para que os recursos gerados com o petróleo e o gás extraídos da camada pré-sal fossem investidos prioritariamente no país. Na contramão das afirmações do assessor de Serra, Lula defende que a capitalização da Petrobras serve como afirmação da empresa, de seus engenheiros e técnicos.
Em 2000, cabe lembrar, o governo Fernando Henrique Cardoso queria mudar o nome da Petrobras para Petrobax. O “x”, na avaliação do governo tucano, ajudaria a “captar dinheiro no mercado internacional”. A lógica dessa mudança também estava baseada na idéia de que “não deve existir estatal comprando ou vendendo petróleo”, bandeira histórica daqueles que pretendem privatizar a Petrobras.
Quando presidiu a ANP, Zylberstajn defendeu a redução do tamanho da empresa na economia brasileira. Conforme matéria da Folha de S.Paulo, ele queria que a Petrobras vendesse parte de suas refinarias para aumentar a participação do capital privado no setor.
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"Fui demitida por um 'delito' de opinião"
Reproduzo entrevista concedida ao jornalista Bob Fernandes, publicada no Terra Magazine:
A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos...", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.
Nesta quinta-feira (7), ela falou a Terra Magazine sobre as consequências do seu artigo e o motivo de sua demissão:
- Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião (...) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
Leia abaixo a entrevista:
Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você...
E provocou, sim...
Quais?
Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião.
Quando?
Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6).
E por qual motivo?
O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram.
Você chegou a argumentar algo?
Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável...
Que sentimento fica para você?
É tudo tão absurdo...a imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo..
Você concorda com essa tese?
Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado..
...Por outro lado...?
Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (Senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?
Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas.
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