terça-feira, 9 de abril de 2019

Bolsonaro e a antipolítica

Por Renato Francisquini, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Inúmeras hipóteses têm sido apresentadas a fim de explicar a ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Antes do processo eleitoral, muito embora o então candidato figurasse como favorito nas pesquisas – notadamente quando se excluía o ex-presidente Lula da lista apresentada aos entrevistados – poucos confiavam em sua capacidade de vencer o pleito. Havia boas razões para tal descrédito: à luz dos estudos sobre comportamento eleitoral e de nossa experiência mais recente (1994-2014), soava implausível que o candidato sem uma estrutura partidária sólida e com uma retórica ofensiva, para dizer o mínimo, pudesse ampliar o apoio que até então desfrutava nas pesquisas.

A impotência dos economistas liberais

Por José Luís Fiori

“Quem diria que no começo do mandato de um governo liberal ele iria sancionar subsídios e discutir a retomada de proteções setoriais. Não é só a tarifa do leite, é a proteção de bens de capital”. Marcos Lisboa, O Globo, 18/02/2019 p:17.

Súbito, fez-se o consenso, e já não é mais possível tapar o sol com a peneira: no primeiro trimestre de 2019, a economia brasileira entrou em marcha forçada na direção do colapso. Em apenas três meses, o mercado reduziu quatro vezes seguidas seu prognóstico com relação ao crescimento do PIB de 2019, que caiu de 3% para 1.8%. E tudo indica que seguirá caindo, tanto que o próprio mercado reconhece que não haverá retomada dos investimentos neste ano, qualquer que seja a circunstância. 

O "caçador de comunistas" na Educação

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Os comunistas são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras; eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios…” (economista Abraham Weintraub, novo ministro da Educação, em palestra no final do ano passado, durante encontro de líderes de extrema direita, em Foz do Iguaçu, no Paraná).

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Começou tudo outra vez, com os mesmos discursos de 50 anos atrás.

“Maluf assume a prefeitura e fala sobre combate à ideologia marxista”: este é o título da coluna “Acervo Folha- Há 50 anos” de hoje (página A-4).

Brasil escolheu cultura de morte, não da paz

Por Roberto Malvezzi (Gogó), no site Correio da Cidadania:

A ne­cro­filia faz parte de nossa his­tória: o mas­sacre de 10 mi­lhões de in­dí­genas, mi­lhões de ne­gros, de po­bres em Ca­nudos, Cal­deirão, Con­tes­tado, Pau-de-Co­lher, os co­ro­néis do sertão, chegam hoje às gan­gues e mi­lí­cias das pe­ri­fe­rias ur­banas bra­si­leiras. Matar é cons­ti­tu­tivo de nossa his­tória. 

Porém, há no­vi­dade. A li­be­ração de armas iria ine­vi­ta­vel­mente in­cre­mentar a vi­o­lência na classe média, à se­me­lhança do que acon­tece nos Es­tados Unidos. É li­te­ral­mente uma cul­tura de morte. Eu mesmo fiz um texto sobre esse tema.

Não é car­to­mancia, é a ló­gica. Os únicos com poder de com­prar armas são a classe média e os ricos. Por­tanto, a ten­dência é que cha­cinas au­mentem em shop­pings, es­colas, ci­nemas, te­a­tros, praças públicas, enfim, nos es­paços ocu­pados por esses se­tores da so­ci­e­dade. Acon­teceu na Ca­te­dral de Cam­pinas, agora numa es­cola de Su­zano.

Generais pressionam Bolsonaro. Conspiração?

Charge: Jefferson Portela
Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Jair Bolsonaro voltou de Israel, onde declarou que “não há dúvida” de que o nazismo era de esquerda, notável exibição mundial de falta de superego, e depois foi seu vice quem saiu, para os Estados Unidos. Hamilton Mourão foi se encontrar, em Washington, com Mike Pence, o vice de Donald Trump, e participar na Universidade Harvard, em Boston, de uma conferência anual sobre o Brasil, organizada por alunos nascidos aqui. Na capital americana fará também uma palestra, nesta terça-feira 9, no Wilson Center, um think tank comandado por um brasileiro, o jornalista Paulo Sotero. “Os 100 primeiros dias do governo Bolsonaro têm sido marcados pela paralisia política, em larga medida devido às sucessivas crises geradas pelo círculo mais próximo do próprio presidente, se não por ele mesmo”, diz o convite do think tank aos interessados em ouvir o general. “No meio da barulheira política, o vice-presidente Hamilton Mourão tem emergido como uma voz de razão e moderação, capaz de prover direção em assuntos domésticos e de política externa.”

Educação sai da 'anomia' para entrar no 'caos'

Da Rede Brasil Atual:

O perfil do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, na opinião de especialistas consultados pela reportagem de Cosmo Silva, na Rádio Brasil Atual, comprova que o governo Bolsonaro não tem um projeto para atender às demandas educacionais do país. Em pouco mais de três meses de gestão, o MEC coleciona dezenas de exonerações de cargos na administração, além de esta ser a segunda mudança no primeiro escalão do governo.

Bolsonaro manda seus recados

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

É muito raro que ocorram, na política, movimentos sem consequência.

Ontem, Jair Bolsonaro fez vários, todos na mesma direção e, certamente, haverá quem os leia com seu efetivo significado.

O primeiro, na substituição do insustentável Ricardo Vélez, em que poderia ter apontado para uma abertura para fora do círculo estreito do bolsonarismo mais radical. Não o fez, manteve a extrema-direita no controle da pasta, sossegou o olavismo e o liberou para continuar fustigando os militares. Ontem, Olavo de Carvalho recebeu Marco Feliciano, que ameaça pedir o impeachment de Hamílton Mourão por “traição” a Bolsonaro.

MEC é um retrato da esbornia fascista

Por Reginaldo Moraes

Faz algum tempo comentei que o que acontece no MEC é mais ou menos o retrato do "projeto" do Bozo para o Brasil. Criar o caos, desmanchar, para entregar ao patrão.
 
Só pode ser. Esses caras (e seus patrocinadores, não esqueçamos) estão criando uma situação de ponto sem retorno. Sem chance de mediação. Um perigo mortal. E não é metáfora. São kamikases da ultradireita.

Quando a popularidade do presidente desaba, a aposta de suas falanges mais extremistas é dobrar a aposta, piorar o quadro para dentro dele sobreviver, como ratos sobrevivem no lixo e nos prédios bombardeados. 

Por que o Brasil está caindo aos pedaços?

Charge: Cartoonist Ralfo
Por Artur Araújo, no site do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo:

Não só o noticiário mais recente – viadutos e pontes que “se movem”, Brumadinho soterrando multidão, incêndios em prédios abandonados e ocupados – mas o dia a dia das construções e equipamentos no Brasil é um rol de problemas em curso ou por ocorrer.

Escolas com telhados prestes a cair, infiltrações e vazamentos em hospitais e postos de saúde, estradas e ruas esburacadas, semáforos que apagam na chuva como se fossem lamparinas, a relação é infinda e angustiante. E não é só fruto de alguma incúria exclusivamente estatal, porque Mariana e as demais barragens de rejeitos de mineração são bem privadas e boa parte das rodovias está concessionada a empresários, para nos atermos a dois casos mais conhecidos.

O Brasil está descendo a ladeira

Por Liszt Vieira, no site Carta Maior:

Todo dia passamos vergonha com os desmandos do governo. O destaque desse desfile de sandices cabe ao presidente e seus três patetas, os três ministros “medievais” – Relações Exteriores, Direitos Humanos e Educação, este último recém demitido e substituído por um executivo do mercado financeiro. O carro chefe do desfile é o projeto neoliberal que tenta se impor tendo como abre alas a reforma da Previdência. Mas a cereja do bolo são as consequências políticas desastrosas das viagens internacionais do presidente.

Doria veta feira do MST

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Mais obscurantismo no Ministério da Educação

Editorial do site Vermelho:

A troca de ministros da Educação pelo presidente Jair Bolsonaro, substituindo Ricardo Vélez Rodríguez por Abraham Weintraub, é mais de forma do que de conteúdo. Na essência, prevalece o discurso do bolsonarismo, a pregação falaciosa de que o “comunismo” e o “marxismo cultural” se apossaram das universidades e das escolas em geral. São dois estilos: sai o obtuso Rodríguez, que com suas diatribes e atitudes tresloucadas paralisou a educação, e entra o trêfego Weintraub.

Bolsonaro balança mas não vai cair

"Cidadão de bem" ameaça repórter da Globo

Por Rafael Duarte, no site Saiba Mais:

Formado em Direito e Jornalismo, Erik Procópio é um autêntico “cidadão de bem”. Eleitor de Jair Bolsonaro e fã do ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro, usa as redes sociais para disseminar ódio e ofender políticos adversários, especialmente filiados ao Partido dos Trabalhadores.

No domingo (7), Procópio usou o twitter para ameaçar de morte o repórter da Rede Globo Carlos Delannoy, autor de uma reportagem no programa Fantástico sobre o fuzilamento de um músico no Rio de Janeiro por soldados do Exército. O veículo em que Evaldo dos Santos Rosa estava com a família foi alvejado por cerca de 80 tiros, no bairro de Guadalupe, zona Oeste do Rio.

Golpe da Previdência prejudica municípios

Por Ary Vanazzi

A Associação Brasileira de Municípios (ABM) está preocupada com os impactos negativos da Reforma da Previdência, nos termos que está sendo colocada pelo presidente Jair Bolsonaro. A proposta está tramitando no Congresso Nacional e os gestores municipais precisam estar cientes dos problemas que advirão com esta reforma. A nossa entidade está atenta e já posicionou-se contra. Aliás, a única entidade nacional municipalista que está lutando contra o projeto.

Lula Livre sintetiza a luta pela democracia

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

Qualquer abordagem sobre o quadro político nacional hoje estará fora de foco, será incompleta e unilateral se não considerar o significado essencial da luta pela libertação do presidente Lula do encarceramento a que está injustamente condenado.

A bandeira Lula Livre expressa com toda a clareza e contundência o contraste com o regime de extrema-direita, diretamente comandado pelas Forças Armadas, na linha direta de continuidade com o golpe parlamentar e judiciário de 2016.

A rigor, a bandeira de resistência democrática em torno da gigantesca figura de Lula já havia prevalecido no movimento democrático e popular mesmo antes de sua prisão, desde a pré-campanha das eleições presidenciais, em 2017 e 2018 e no período em que, já encarcerado, o ex-presidente foi oficialmente proclamado candidato.

Nazistas brasileiros veneram Bolsonaro

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Jair Bolsonaro mais uma vez virou chacota internacional. Após visitar o Memorial do Holocausto em Israel, escreveu no livro de visitas do museu: “aquele que esquece seu passado está condenado a não ter futuro”. Minutos depois, em entrevista aos jornalistas brasileiros, Bolsonaro desrespeitou a memória das vítimas do holocausto ao dizer que o nazismo foi um movimento de esquerda. É uma versão fabricada por doentes que não encontra respaldo de nenhum historiador vivo ou morto, de esquerda ou de direita, mas que virou um hit da internet na Nova Era. Nunca houve dúvidas de que o nazismo abominava os ideais de esquerda, tanto que judeus dividiam os campos de concentração e as câmaras de gás com esquerdistas.

Lula é a voz da resistência

Por Dilma Rousseff, em seu site:

Carta de Dilma Rousseff a Lula

Querido Lula,

Hoje faz um ano que você foi jogado numa cela e lhe impuseram o sofrimento e a solidão que as tiranias costumam infligir aos seus maiores adversários.

A cada dia que passa cresce o número de brasileiros e brasileiras, de cidadãos e cidadãs em todo o mundo que se revoltam com sua prisão sem crime, e por isso sem provas.

Não houve um único dia nesses 365 dias de isolamento em que não se ouvissem exclamações de indignação, gritos de denúncia e brados de repulsa contra a brutal injustiça da sua condenação apoiada unicamente em manipulações do processo legal e no interesse de lhe afastar povo e impedir sua volta à presidência da República.

Crise política e o fator Hamilton Mourão

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – a onda da pacificação

É curioso como ocorrem as grandes inflexões na opinião pública. Cria-se uma onda que engole o mundo político, midiático, libera a besta das ruas, promovendo os surfistas que conseguem cavalgá-la e afogando os que são apanhados no contrapé.

Há casos em que a onda é tão forte que se torna irreversível. Foi assim com o fascismo italiano e espanhol, com o nazismo, e com os golpes militares na América Latina. Mas, na maior parte das vezes, dependendo do maior ou menor avanço institucional do país, o clima permanente de ódio cansa e as ondas refluem. Se não tem forças para completar o ciclo, e instaurar uma ditadura fascista, esvazia-se com o tempo.

Os pés e a cabeça do sindicalismo

Por João Guilherme Vargas Netto

O modelo sindical adotado no Brasil desde a década dos anos 40 do século passado que se consolidou em duas constituições democráticas e atravessou a própria ditadura militar garantiu a existência de um dos mais fortes movimentos sindicais do mundo.

A ele se deve um rol de conquistas – redução da jornada, 13º salário, férias remuneradas, proteção à gestante, proibição de trabalho infantil, melhoras na situação sanitária dos locais de trabalho e muitos outros, até chegarmos à maior conquista sindical neste século XXI, a lei de valorização do salário mínimo.