sexta-feira, 14 de junho de 2019

"Morogate" já saiu do noticiário

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Quinta-feira, 16 horas. Neste mesmo horário, no domingo, as denúncias do The Intercept sobre as armações da Lava Jato abalavam Brasília e ganhavam as manchetes.

Parecia ser mais uma crise do fim do mundo, mas já foi adiada sine die, como costuma acontecer na república que passa o pano rapidamente nas maiores sujeiras para tudo ficar como está.

Pode ser o escândalo do tamanho que for, não tem erro: começa com um barulho danado, sobe aos céus das especulações catastróficas, o governo pode cair, quem está preso será solto e vice-versa, mas logo tudo é normalizado e precificado pelo mercado, ninguém se espanta mais.

A Bolsa e o dólar ficam mais calmos e a vida segue sua rotina como se nada tivesse acontecido.

A guerra de longa duração contra a Lava-Jato

Por Bepe Damasco, em seu blog:

No campo da esquerda, é difícil encontrar alguém que não demonstre um sentimento de ansiedade galopante diante dos últimos acontecimentos que deixaram à deriva a Lava Jato e expuseram à execração pública seus dois líderes, Moro e Dallagnol.

Quando o The Intercept divulgará novas denúncias? Por que o jornalista Glenn Greenwald não acelera o ritmo da veiculação de seu enorme acervo? Lula será solto quando, hoje, amanhã ou depois de amanhã? Por que os processos contra o ex-presidente, manchados irremediavelmente pelo conluio entre o juiz e os procuradores, não são imediatamente anulados? Se as eleições de 2018 foram fraudadas pela Lava Jato, por que não são anuladas o mais rápido possível?

As negociatas internacionais da Lava-Jato

Intercept derruba popularidade de Moro

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

O ex-juiz Sérgio Moro já começa a perder popularidade nas pesquisas com as revelações do The Intercept Brasil sobre a sua atuação junto com o procurador Deltan Dellagnol para manipular a operação Lava Jato com o objetivo de prejudicar o ex-presidente Lula.

A Pesquisa Atlas Político deste mês, realizada on line, entre os dias 10 e 12 de junho, com duas mil pessoas de todo o país, equilibrada por sexo, idade e estratos sociais, já detecta queda de dez pontos percentuais na imagem do ministro. Em maio, Moro tinha imagem positiva para 60% dos entrevistados e, na rodada de junho, 50,4% dos entrevistados mantiveram essa avaliação. Sua avaliação negativa cresceu de 31,8%, em maio, para 38,4% em junho.

Greve ecoa história da classe trabalhadora

Centro do Rio de Janeiro, 14/6/19
Foto: Foto: Francisco Proner/Farpa
Editorial do site Vermelho:

A paralisação deste dia 14 tem uma singularidade histórica. Ela ocorre num momento em que as instituições democráticas sofrem abalos, gerando instabilidade política, ao passo que o país mergulha numa degradação social de grande magnitude. A pauta da greve enfeixa os fatores constituintes de uma nação democrática e soberana, sintetizados na chamada questão social. Nada simboliza melhor esse conceito, atualmente, do que o direito à aposentadoria, o mote principal desta paralisação.

Corporações: já vivemos uma distopia…

Por Jeremy Lent, no site Outras Palavras:

Alguns dos principais pensadores de nossos tempos vêm soltando uma série de alertas sobre a ameaça da inteligência artificial dominar os humanos. Stephen Hawking profetizou que isso poderia ser “o pior acontecimento na história de nossa civilização”, a menos que encontremos uma forma de controlar o seu desenvolvimento. O bilionário Elon Musk fundou uma companhia para tentar manter os humanos um passo à frente no que ele considera uma ameaça existencial da Inteligência Artificial (IA).

A entrevista de Lula na TVT

quinta-feira, 13 de junho de 2019

As mídias na midiática Lava-Jato

Globo x Glenn: guerra declarada

Moro é cuspido por quem o tornou ‘herói’

Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo:

Moro está a caminho de voltar a ser o personagem menor que sempre foi, um cunhado de Nelson Rodrigues.

Vai sendo fritado por Jair Bolsonaro, que não se manifestou publicamente sobre o escândalo da Lava Jato e declarou um apoio envergonhado.

Bolsonaro sabe que o ministro tem um projeto de poder próprio.

Cauteloso, não sabe o que virá por aí nos vazamentos do Intercept envolvendo a nomeação do ex-juiz para o governo.

Mas é a mídia que construiu Moro que o está rifando de maneira inclemente.

Intercept dá as cartas do jogo

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Dizia Vitor Hugo que nada é mais poderoso que uma ideia que chegou no tempo certo.

Tome-se o caso Lava Jato no seu auge e, agora, depois do dossiê Intercept. As mesmas cenas, o mesmo jogo político, as mesmas arbitrariedades, mas, agora, vistas de uma ótica diferente e produzindo reações completamente opostas.

O que se minimizava antes, ganha cores chocantes. As ilegalidades, antes aceitas, hoje ferem o sentimento de justiça da opinião pública mais esclarecida.

Tudo porque, sem a adrenalina das denúncias diárias, da narrativa única, proveniente do acordo Globo-Lava Jato, entra-se na normalidade. Há uma releitura geral e todas as impropriedades passam a ser julgadas pela ótica comum aos seres civilizados.

Globo, a advogada do "juiz" Sergio Moro

Bolsonaro demite o general Santos Cruz

Por Victor Ohana, na revista CartaCapital:

Caiu mais um ministro do governo: desta vez, foi Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo da Presidência da República. Santos Cruz foi demitido por Jair Bolsonaro (PSL), nesta quinta-feira 14. O cargo deve ser ocupado agora pelo General Luiz Eduardo Ramos Batista Pereira, comandante militar do Sudeste.

O ministro havia se envolvido em uma crise com os filhos do presidente da República e com o guru da família, o escritor Olavo de Carvalho, de quem recebeu diversos ataques públicos. É a primeira baixa de um militar no corpo ministerial.


O jogo mudou: sai Neymar, entra Moro

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:

Até a semana passada programas de rádio e TV, jornalísticos ou não, e manchetes de jornais e revistas abriam grandes espaços para o caso Neymar-Najila. Espaços até então ocupados por malabarismos para justificar as ações de um governo tresloucado cederam lugar a um tema de folhetim. Nada melhor para segurar uma audiência do que juntar num só enredo fama, dinheiro, violência, sexo e traição. Tudo isso, é claro, travestido de jornalismo.

O Papa Francisco e o "Morogate"

A "Vaza Jato" e os jornais

Por Eduardo Barbabela e João Feres Jr., no site Manchetômetro:

No terceiro dia após a divulgação das conversas entre Moro e Dallagnol pelo The Intercept, 12 de junho, a Folha continua sendo o meio com o maior número de matérias sobre o caso, com 16 novos textos no dia de hoje, dentre os quais temos uma fala do ex-presidente Lula e textos de opinião que defendem a renúncia do ministro da Justiça.

O Estadão aumentou hoje o número de textos contrários a Moro. Se nos dois últimos dias o balanço entre o número de textos críticos a Moro e ao Intercept estava totalmente equilibrado, hoje há uma tendência contrária ao ministro de Bolsonaro. O jornal destaca os prejuízos jurídicos que a Lava Jato pode ter pela ação de Sérgio Moro que afronta o Estado de Direito.

Lavajatogate: hackers, X9 e o Direito

Por Lenio Luiz Streck, no site Consultor Jurídico:

Passadas 48 horas da divulgação dos diálogos entre procuradores da “lava jato” e o ex-juiz Sergio Moro, algumas questões parecem estar consensuadas:

- Primeiro, que as conversas configuram relações promíscuas e ilegais entre juiz e membros do Ministério Público;

- Segundo, houve a violação de comezinhos princípios éticos e jurídicos acerca do devido processo legal;

- Terceiro, ficou claro que a defesa foi feita de trouxa pelo juiz e pelo MP, porque combinaram esquema tático sem que essa imaginasse o que estava ocorrendo (a defesa pediu várias vezes a suspeição do juiz);

Réquiem de Moro e as esperanças republicanas

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Nada melhor senão começar pelo óbvio ululante: a questão que diz respeito à República não é o vazamento em si das conversas íntimas e promíscuas do ex-juiz com o procurador ainda coordenador da Lava Jato, pois elas revelam o conhecido e o já sabido: um monturo de ilicitudes. O relevante é a comprovação material de um crime continuado, e até aqui impune (e assim até quando?). Crime, aliás, reconhecido, ou confessado, pois nem o ex-juiz ainda ministro nem o ainda procurador negam os diálogos mafiosos, limitando-se ambos, em declarações articuladas, a condenar os meios de sua extração. Estes, porém, tornam-se secundários se abraçamos tese antiga do juiz: acusado de levar à execração pública políticos que tiveram seus nomes mencionados em delações premiadas por ele ilegalmente vazadas, alegou que “o interesse público sobrepunha-se ao direito à privacidade”.

Bolsonaro sinaliza descarte de Moro

Do jornal Correio do Brasil:

O presidente Jair Bolsonaro prestou uma homenagem ao ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, pronto a cumprir qualquer determinação judicial de afastá-lo da vida pública, após o vazamento continuado da interação entre o magistrado e o procurador da Justiça Federal Deltan Dallagnol. Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) coloque o ex-juiz na condição de réu, não restará muito ao presidente senão pedir que Moro renuncie ao cargo, para responder às ações judiciais. O mesmo poderá ser exigido pela Corte Suprema.

Bolsonaro vai se livrar de Moro

Por Renato Rovai, em seu blog:

Política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela está de outro. A frase de Magalhães Pinto é precisa para definir o quão rapidamente as situações se movem no cenário político.

O dono da bola de hoje pode se tornar o gandula de amanhã.

E quem se lambuza com o poder corre mais risco de ser despejado dele do que aquele que se comporta de forma discreta.

Moro vem se lambuzando há tempos. Se comportando como um ser acima de tudo e de todos. Como se fosse Deus e o Brasil da frase bolsonarista.