sexta-feira, 25 de outubro de 2019
A guerra comercial e os petroleiros piratas
Por William Nozaki, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:
A guerra comercial e as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos sobre o Irã e a Venezuela caminham no sentido de obstaculizar a presença desses países no comércio exterior e nas finanças internacionais, as indústrias naval e petrolífera têm sofrido o impacto dessas medidas de formas mais aguda por meio da retaliação à circulação de seus navios petroleiros.
Como se tratam de países com níveis significativos de reservas, produção e exportação de petróleo, as rotas para a circulação de navios-tanques têm sofrido com o aumento no valor do frete, que pode chegar a US$ 12 milhões para um trecho entre Caracas e Xangai.
Como se tratam de países com níveis significativos de reservas, produção e exportação de petróleo, as rotas para a circulação de navios-tanques têm sofrido com o aumento no valor do frete, que pode chegar a US$ 12 milhões para um trecho entre Caracas e Xangai.
Neofascismo: um fenômeno planetário
Por Michael Löwy, no site A terra é redonda:
Observamos nos últimos anos uma espetacular ascensão da extrema direita reacionária, autoritária e/ou “neofascista”, que já governa metade dos países em escala planetária: um fenômeno sem precedente desde os anos 1930. Alguns dos exemplos mais conhecidos: Trump (USA), Modi (Índia), Urban (Hungria), Erdogan (Turquia), ISIS (o Estado Islâmico), Duterte (Filipinas), e agora Bolsonaro (Brasil). Mas em vários outros países temos governos próximos desta tendência, mesmo que sem uma definição tão explicita: Rússia (Putin), Israel (Netanyahu), Japão, (Shinzo Abe), Áustria, Polônia, Birmânia, Colômbia, etc.
Observamos nos últimos anos uma espetacular ascensão da extrema direita reacionária, autoritária e/ou “neofascista”, que já governa metade dos países em escala planetária: um fenômeno sem precedente desde os anos 1930. Alguns dos exemplos mais conhecidos: Trump (USA), Modi (Índia), Urban (Hungria), Erdogan (Turquia), ISIS (o Estado Islâmico), Duterte (Filipinas), e agora Bolsonaro (Brasil). Mas em vários outros países temos governos próximos desta tendência, mesmo que sem uma definição tão explicita: Rússia (Putin), Israel (Netanyahu), Japão, (Shinzo Abe), Áustria, Polônia, Birmânia, Colômbia, etc.
Chile, Guedes y nosotros
Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:
A população chilena está dando um recado muito claro a respeito do que pensa sobre as reformas estruturais levadas a cabo em seu país ao longo das últimas décadas. É verdade que as gigantescas manifestações em Santiago e demais cidades têm por base mais imediata a crítica às decisões relativas à elevação de preços e tarifas de serviços públicos. Porém, o aparente espontaneísmo atual não pode ser explicado sem se levar em conta as sequelas da herança trágica do conservadorismo na política econômica por lá.
A população chilena está dando um recado muito claro a respeito do que pensa sobre as reformas estruturais levadas a cabo em seu país ao longo das últimas décadas. É verdade que as gigantescas manifestações em Santiago e demais cidades têm por base mais imediata a crítica às decisões relativas à elevação de preços e tarifas de serviços públicos. Porém, o aparente espontaneísmo atual não pode ser explicado sem se levar em conta as sequelas da herança trágica do conservadorismo na política econômica por lá.
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Vêm aí as "deep fake news"
Por Pedro Zambarda de Araujo, no Diário do Centro do Mundo:
Felipe Moura Brasil, da Jovem Pan, publicou uma reportagem na revista Crusoé, do site Antagonista, em 11 de outubro desvendando a rede de milícias bolsonaristas que atuam a soldo do governo.
Chamados de “blogueiros de crachá”, Moura rastreia diálogos de WhatsApp youtubers e veículos como Terça Livre, comandado por Allan dos Santos.
A Folha de S.Paulo divulgou que as redes bolsonaristas fizeram disparos ilegais de conteúdos promovendo Bolsonaro e fake news bancados por empresas, incluindo a Havan, em contratos que chegaram a R$ 12 milhões. O Estado de S.Paulo mapeou a influência de perfis pró-Bolsonaro no Twitter.
Chamados de “blogueiros de crachá”, Moura rastreia diálogos de WhatsApp youtubers e veículos como Terça Livre, comandado por Allan dos Santos.
A Folha de S.Paulo divulgou que as redes bolsonaristas fizeram disparos ilegais de conteúdos promovendo Bolsonaro e fake news bancados por empresas, incluindo a Havan, em contratos que chegaram a R$ 12 milhões. O Estado de S.Paulo mapeou a influência de perfis pró-Bolsonaro no Twitter.
Macri desmontou Ley de Medios da Argentina
Por Felipe Bianchi, de Buenos Aires, no site do ComunicaSul:
Uma das legislações mais avançadas do continente em termos de combate ao monopólio e promoção da pluralidade e diversidade nos meios de comunicação, a Lei de Serviços Audiovisuais (26.522), da Argentina, completou uma década neste mês de outubro. Mas não há muito o que comemorar: em quatro anos de governo do mega-empresário Mauricio Macri, o setor viu derreter 4 mil postos de trabalho e a concentração midiática disparar, ampliando a hegemonia do grupo Clarín no setor.
'Bolsonarismo light' não derrotará Bolsonaro
Por Gustavo Freire Barbosa, na revista CartaCapital:
Sérgio Fausto, superintendente da Fundação Fernando Henrique Cardoso, publicou na revista Piauí de setembro artigo no qual reclama da falta de uma “boa direita” em tempos de bolsonarismo (“Que falta faz uma boa direita: Bolsonaro e o liberalismo no Brasil”, edição 156).
Embora defenda o fortalecimento de uma oposição no campo da socialdemocracia, ele reconhece que a direita liberal no Brasil é repleta de flertes históricos com agendas antiliberais. Na rabeira do iluminismo, os liberais brasileiros não teriam conseguido se desprender da gaiola do conservadorismo autoritário e do patrimonialismo. Da República Velha, passando por Vargas e pelo golpe de 1964, é esse o padrão comportamental da nossa direita.
Embora defenda o fortalecimento de uma oposição no campo da socialdemocracia, ele reconhece que a direita liberal no Brasil é repleta de flertes históricos com agendas antiliberais. Na rabeira do iluminismo, os liberais brasileiros não teriam conseguido se desprender da gaiola do conservadorismo autoritário e do patrimonialismo. Da República Velha, passando por Vargas e pelo golpe de 1964, é esse o padrão comportamental da nossa direita.
Chile: as ruas contra os tanques
Manifestação em Curicó pela morte de José Miguel Uribe Antipani, 22/10/19 Foto: Daniel Gonzalez |
O divórcio entre o capitalismo e a democracia, tratado em inúmeros ensaios pelas ciências sociais nos últimos dez anos, ganhou a concretude das balas, no Chile, nesta segunda-feira (21/10). Diante de uma população sublevada desde a sexta anterior, as tropas e tanques continuam nas ruas. Já havia onze mortos até o domingo. Mas a violência dos militares intensificou-se desde que, no domingo, o presidente Sebastián Piñera fez nova reviravolta. Ele, que no sábado havia revogado o aumento das tarifas de metrô, estopim dos protestos, e reconhecido as razões da população para se indignar, recrudesceu e anunciou “guerra” contra os manifestantes.
A Grande Ilusão e a Linha Maginot
Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:
A Grande Ilusão é o título de um livro de Norman Angell, escrito em 1910. O autor fez uma vigorosa análise sobre a possibilidade da grande guerra mundial que seria deflagrada apenas quatro anos após o lançamento de sua obra. Ao estudar as últimas guerras, as características dos novos armamentos, a configuração geopolítica das alianças entre os países, concluiu que uma guerra poderia se espalhar pela Europa, seria uma catástrofe sem precedentes e todas as potências sairiam derrotadas, com a destruição econômica até mesmo dos vencedores.
Eleição na Argentina e rebeliões na região
Movimento indígena do Equador suspende diálogo com o governo de Lenín Moreno (23/10/19). Foto: Conaie |
A eleição presidencial na Argentina do próximo domingo, 27 de outubro, se desenrola em meio ao clima de convulsões populares que chacoalham a América do Sul.
O Peru, o Equador e, nesses dias recentes, também o Chile, foram abalados por vulcões sociais impressionantes.
Há quem entenda que os protestos tenham sido desencadeados por questões específicas. No Peru, seria a corrupção; no Equador, o aumento em mais que o dobro do preço dos combustíveis; e, no Chile, o aumento da tarifa de metrô para o equivalente a 4,70 reais.
Estas causas específicas são, na realidade, os fatores disparadores das rebeliões; a fagulha que acende o fogo.
Chile em chamas: a fatura do neoliberalismo
Santiago, 24/10/19. Foto: Martin Bernetti |
Santiago está em chamas – literalmente. As manifestações contra o aumento da tarifa de metrô começaram há uma semana na capital chilena e rapidamente se alastraram, como fogo, por todo o país. Foi estopim para a maior greve geral das últimas décadas. Nem a repressão, nem o toque de recolher, nem o Estado de Emergência fizeram a população recuar. Chegou a hora de cobrar a conta do neoliberalismo num país onde até a água foi privatizada pela ditadura militar.
Bolsonaro, os filhos e a milícia digital
Por Tereza Cruvinel
O senado aprovou nesta terça-feira por 60 votos a 19, noves fora os destaques, a reforma previdenciária prometida por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Sem foguetório, pois o mérito, sabem o mercado (que festejou) e todo mundo, não é do governo, é do Congresso e de seus principais atores: Rodrigo Maia, Alcolumbre, Tasso Jereissati e outros.
Obra de Bolsonaro é a briga suja no PSL (por ele começada), que descambou para as graves acusações da deputada Joyce Hasselman contra seus filhos e podem alcançar seu próprio mandato. As práticas por ela apontadas, a rigor, representam atentado à honra, à dignidade e ao decoro do cargo, configurando crime de responsabilidade, pressuposto para o impeachment do presidente.
O senado aprovou nesta terça-feira por 60 votos a 19, noves fora os destaques, a reforma previdenciária prometida por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Sem foguetório, pois o mérito, sabem o mercado (que festejou) e todo mundo, não é do governo, é do Congresso e de seus principais atores: Rodrigo Maia, Alcolumbre, Tasso Jereissati e outros.
Obra de Bolsonaro é a briga suja no PSL (por ele começada), que descambou para as graves acusações da deputada Joyce Hasselman contra seus filhos e podem alcançar seu próprio mandato. As práticas por ela apontadas, a rigor, representam atentado à honra, à dignidade e ao decoro do cargo, configurando crime de responsabilidade, pressuposto para o impeachment do presidente.
Sindicalismo e a dupla paisagem
Por João Guilherme Vargas Netto
Em um romance de Julio Verne um trem percorre as vastidões da Sibéria e dois jornalistas, sentados cada um em um lado do vagão, descrevem o que veem pelas janelas, duas paisagens completamente diferentes.
Analisando-se hoje a situação sindical no Brasil o mesmo fenômeno de contraposição e de estranhamento se manifesta.
Se a analisarmos olhando para Brasília, para o governo, para o Congresso Nacional e para as cúpulas dirigentes das centrais e das confederações, o que se vê é uma tripla iniciativa configurada pela PEC do deputado Marcelo Ramos, pelo projeto de lei do deputado Lincoln Portela e pelos trabalhos do GAET que, sob a batuta do famigerado Rogério Marinho, produzirá também uma proposta de novo arranjo para os sindicatos.
Em um romance de Julio Verne um trem percorre as vastidões da Sibéria e dois jornalistas, sentados cada um em um lado do vagão, descrevem o que veem pelas janelas, duas paisagens completamente diferentes.
Analisando-se hoje a situação sindical no Brasil o mesmo fenômeno de contraposição e de estranhamento se manifesta.
Se a analisarmos olhando para Brasília, para o governo, para o Congresso Nacional e para as cúpulas dirigentes das centrais e das confederações, o que se vê é uma tripla iniciativa configurada pela PEC do deputado Marcelo Ramos, pelo projeto de lei do deputado Lincoln Portela e pelos trabalhos do GAET que, sob a batuta do famigerado Rogério Marinho, produzirá também uma proposta de novo arranjo para os sindicatos.
Queiroz na ativa: "tem cargo pra caramba"
Por Fernando Brito, em seu blog:
Onde está Queiroz?
Onde sempre esteve, cuidando de nomeações de cupinchas para Flávio Bolsonaro, agora “terceirizadas”, em gabinetes de políticos que “fazem fila” no gabinete do filho-senador, talquei.
O escândalo do dia é o áudio obtido pela repórter Juliana Dal Piva, de O Globo, especializada em falcatruas da família imperial, digo, presidencial.
Nele, o ex-assessor do “Filho 01” mostra que ainda continua, informalmente no cargo de agente-laranja do político:
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
Mais um capítulo da crise que divide o PSL
Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:
Apesar do acordo entre a ala bolsonarista e o núcleo ligado à presidência do partido, a semana começou com desentendimentos no PSL. Desde a última semana, foram apresentadas seis listas para definir a liderança do partido na Câmara, duas delas não validadas, e a semana fechou sob liderança do deputado delegado Waldir (PSL-GO).
Na manhã desta segunda-feira (21/10), a ala bivarista teria firmado acordo “de trégua” com a ala bolsonarista para que nenhuma outra lista fosse apresentada para mudar a liderança do partido que previa a manutenção de Waldir até janeiro. Em troca, seria revogada a suspensão dos cinco deputados do grupo ligado a Bolsonaro que atacaram o PSL e correligionários em redes sociais e discursos, conforme foi imposto pelo presidente do partido, na última semana. Bivar chegou a anunciar a suspensão das penalidades dos cinco deputados que tiveram as atividades parlamentares restabelecidas.
Apesar do acordo entre a ala bolsonarista e o núcleo ligado à presidência do partido, a semana começou com desentendimentos no PSL. Desde a última semana, foram apresentadas seis listas para definir a liderança do partido na Câmara, duas delas não validadas, e a semana fechou sob liderança do deputado delegado Waldir (PSL-GO).
Na manhã desta segunda-feira (21/10), a ala bivarista teria firmado acordo “de trégua” com a ala bolsonarista para que nenhuma outra lista fosse apresentada para mudar a liderança do partido que previa a manutenção de Waldir até janeiro. Em troca, seria revogada a suspensão dos cinco deputados do grupo ligado a Bolsonaro que atacaram o PSL e correligionários em redes sociais e discursos, conforme foi imposto pelo presidente do partido, na última semana. Bivar chegou a anunciar a suspensão das penalidades dos cinco deputados que tiveram as atividades parlamentares restabelecidas.
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