Por Sebastião Velasco e Cruz, no site Carta Maior:
Bernard Sanders é um desmentido cabal do adágio que anuncia, no jovem radical, o velho conservador. Nascido em uma família de trabalhadores judeus, de origem polonesa, moradores do Brooklin, Sanders — ou melhor Bernie, como então era chamado — ingressou na idade adulta em um período dramático da história dos Estados Unidos, e viveu intensamente as lutas que marcaram sua geração. Tendo estudado no College de Brooklin e depois na Universidade de Chicago, onde se graduou em Ciência Política, Bernie Sanders – como hoje o conhecemos – participou ativamente dos movimentos dos direitos civis e contra a guerra do Vietnã.
Desprovido de dotes excepcionais de orador, destacava-se, porém, por seu grande talento em congregar pessoas diferentes em torno de si e de com elas construir consensos. Membro da Young People’s Socialist League (seção juvenil do Partido Socialista da América), presidiu o capítulo do CORE (Congress for Racial Equality) na Universidade e integrou o SNCC (Students Non Violent Coordinating Committee), organização que esteve à frente de grandes mobilizações e foi liderada por jovens cujos nomes se tornaram famosos, nacional e internacionalmente. Objetor de consciência, mas tendo escapado do alistamento compulsório por idade, Bernie Sanders incluiu em seu currículo nessa época uma detenção, com multa, por resistência à prisão durante um protesto contra o racismo.