sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Adeus, governo Bolsonaro

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Governar é mais do que nomear e demitir; requer ter poder para reformar as instituições e realizar políticas que levem o país na direção desejada.

Para ter poder não basta ser eleito; é preciso ter “legitimidade política“ – ou seja, ter apoio nas elites e no povo. Quando um presidente da República deixa de ter legitimidade, podemos dizer que seu governo acabou. Ele não tem mais condições de cumprir seu programa de governo, tem apenas que “segurar as pontas” para não sofrer processo de impeachment.

Por exemplo, o governo Sarney terminou em 1987 quando o Plano Cruzado fracassou e ele decidiu ficar mais um ano no governo.

O 25 de Ventoso de Jair Bolsaparte

Por Marcelo Zero

Jair Bolsonaro, insatisfeito com os limites constitucionais e democráticos impostos ao exercício de poder na presidência da República, lançou, pelas milícias digitalizadas, sua candidatura a Imperador do Brasil.

Sua inspiração, contudo, não vem de Pedro I ou Pedro II, mas sim de Napoleão Bonaparte.

Bolsonaro parece pretender fazer, no próximo dia 25 de Ventoso (no calendário da Revolução Francesa -15 de março, no calendário gregoriano), o mesmo que Napoleão fez no 18 de Brumário de 1799: dar um golpe.

Entretanto, a diminuta envergadura moral, intelectual e histórica do candidato a ditador o aproxima mais de outro Bonaparte, o sobrinho Luís, que repetiu a história como farsa corrupta.

Como Jair, candidato a Pedro III, Luís Bonaparte fora antes eleito deputado e presidente da República antes de dar o golpe de Estado e proclamar-se Napoleão III, também chamado de “Napoleão, o Pequeno”, por Victor Hugo.

Movimento popular reage à política golpista

Por Carlos Pompe

Durante o Carnaval, o presidente Bolsonaro compartilhou em seu número pessoal de WhatsApp vídeo convocando ato contra o Congresso Nacional. No texto que enviou junto com o vídeo, o presidente escreveu: “15 de março, Gen Heleno/Cap Bolsonaro. O Brasil é nosso, não dos políticos de sempre”. A mesma arte foi divulgada por Regina Duarte, anunciada como futura secretária da Cultura do Governo Federal. Alguns panfletos convocatórios evocam o Ato Institucional nº 5 da ditadura militar (AI-5, que cassou mandatos de parlamentares oposicionistas, interveio nos municípios e estados e favoreceu a institucionalização da tortura de presos políticos) e pedem a saída dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Petardo: As reações à provocação fascista

Por Altamiro Borges

Bolsonaro pode ter dado um tiro no pé ao agitar o ato do 'foda-se' ao Congresso e ao STF. De todos os cantos partem críticas ao fascista: das tímidas notas dos presidentes da Câmara e do STF, ao duro rechaço das forças de esquerda. As centrais sindicais e movimentos sociais já organizam atos em defesa da democracia.

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José Dias Toffoli, presidente do STF – um dos alvos do ato fascista – reagiu de forma branda, sem citar Bolsonaro. Após afirmar que não há democracia sem Legislativo atuante e Judiciário independente, ele pregou a "paz para construir o futuro" e "a convivência harmônica entre todos".

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Rodrigo Maia, presidente da Câmara, também reagiu com platitudes: "Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a nação pelo diálogo. Acima de tudo e de todos está o respeito às instituições democráticas". Já Davi Alcolumbre, chefão do Senado, sumiu!

TVs tentaram abafar carnaval politizado

Escola de Samba Águia de Ouro, vencedora do carnaval de São Paulo
Por Altamiro Borges

Como já era de se esperar, o Carnaval deste ano foi escrachadamente politizado. Motivos para isto não faltaram. O laranjal de Jair Bolsonaro deu farta munição para a gandaia. Fanatismo religioso, milicianos, fake news, trevas na cultura, racismo, machismo, homofobia – entre outras aberrações e regressões. Dos milhares de blocos de rua espalhados pelo país às escolas de samba na Marquês de Sapucaí, os foliões detonaram a “familícia” no poder. As emissoras de televisão, porém, evitaram dar maior destaque à politização momesca – algumas por mercenarismo e outras talvez para evitar maiores confrontos com o vingativo “capetão”.

Bolsonaro e o ativismo evangélico

Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade?

Aproxima-se a hora do confronto final

Bolsonaro foi eleito vereador por milicianos

Entre o impeachment e o golpe...

O coronavírus e a economia brasileira

10 minutos para entender economia

A ‘aliança’ entre Bolsonaros e as milícias

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Após a morte do líder miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, na Bahia, Jair Bolsonaro disse no Rio:

“Eu não conheço a milícia do Rio de Janeiro, não existe nenhuma ligação minha com a milícia do Rio de Janeiro, não existe nenhuma ligação minha com milícia no Rio”. Seu filho Flávio, senador, comentou no mesmo dia: “Não temos envolvimento nenhum com milícia”.

Uma cronologia de acontecimentos indica o contrário: laços da família com a milícia.

Sinaliza mais: que o ano de 2007 parece ter selado uma aliança entre o clã e a milícia, com QG no antigo gabinete de deputado estadual de Flávio na Assembleia do Rio.

Miliciano-em-chefe adere ao ato golpista

Por Luis Felipe Miguel

O miliciano-em-chefe do país aderiu à manifestação convocada para o próximo dia 15, cuja bandeira principal, descrita em bom português, é "fechem o Congresso!" O que isso significa?

Não creio que seja muito diferente de situações similares que ocorreram no ano passado.

Bolsonaro sabe que não tem força para aplicar um novo golpe e instaurar uma ditadura pessoal.

A ampliação do espaço dos generais em seu governo não significa que ele está ganhando ascendência sobre as forças armadas, muito pelo contrário. E, apesar da calculada explosão de Augusto Heleno, a cúpula militar sabe muito bem que lhe convém mais essa "democracia" tutelada e capenga do que uma ruptura aberta com a ordem constitucional.

Os arreganhos golpistas de Bolsonaro

Por Gilberto Maringoni

Coloquemos os problemas em fia para que marchem de forma organizada:

1. Os bolsonariers (corruptela de farialimers) não estão convocando sua Marcha sobre Roma dia 15 de março por causa do orçamento impositivo do Congresso, que trava o livre manejo de parte das verbas públicas pelo Executivo.

Os bolsonariers – a começar pelo presidente da República - convocam a manifestação golpista por se sentirem em processo de isolamento acelerado.

2. A semana anterior ao Carnaval foi muito ruim para a pátria bolsonárica.

Ela começou com a repulsa geral – de lideranças congressuais aos partidos de extrema esquerda, passando pela mídia, setores empresariais, ministros do STF e ativistas sociais – às agressões grotescas do miliciano-em-chefe à jornalista Patrícia Campos Mello.

Democratas, uni-vos!

Por Benedito Tadeu César

Bolsonaro está sentindo que começa a ficar só. Ao que tudo indica, o empresariado golpista e a mídia golpista já começaram a abandoná-lo. Por isso, ele está arregimentando suas tropas (formada por milicianos, setores das classes médias arrivistas, pela baixa oficialidade das forças armadas e policiais militares e civis), para demonstrar força e resistir ao impeachment que se esboça. Um impeachment que, ocorrendo, levará ao poder o general Mourão.

Omissão de Moro diante do crime de Bolsonaro

De: Gladson Targa
Da Rede Brasil Atual:

O advogado criminal José Carlos Abissamra Filho, diretor do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), considera que o Poder Executivo está “quase vago”. E critica duramente a “omissão” de Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, ao não se manifestar em defesa da Constituição.

O diretor do IDDD faz referência ao vídeo disparado pelo celular do presidente Jair Bolsonaro, convocando ato contra o Congresso e o Judiciário e que tem repercutido negativamente entre lideranças políticas, jurídicas e na sociedade civil.

Ameaça de Bolsonaro exige resposta ampla

Editorial do site Vermelho:

O episódio envolvendo o presidente da República, Jair Bolsonaro, na convocação de um ato contra a institucionalidade democrática do país deixa claro, definitivamente e de forma inconteste, que o risco para o regime democrático é real. Desde a sua posse, essa ameaça existe. Vem numa crescente e, agora, se agrava.

Em diversos momentos Bolsonaro aplicou a tática de realizar ataques contra a democracia para testar o grau de resistência e a capacidade de resposta do campo democrático e progressista. Conforme a reação, ele faz movimentos de tergiversação e nega suas intenções para em seguida reincidir na mesma prática.

Bolsonaro só existe porque Moro o pariu

Por Fernando Brito, em seu blog:

O ministro Celso de Mello manda à Folha mensagem que não poderia ser mais clara, apesar da rápida ressalva de que a situação “se confirmada” revela:

“a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!!”


Só o Congresso e o STF podem deter Bolsonaro

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Voltamos a viver dias muito semelhantes aos que antecederam o golpe cívico-militar de 1964, que afundou o país em duas década de ditadura.

Com uma grande diferença: naquela época, o objetivo era derrubar o governo do civil João Goulart e colocar os militares no poder, para “combater a subversão comunista e a corrupção”.

Para isso, movimentos civis e militares organizaram a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, por ironia liderada pelo notório governador de São Paulo, Adhemar de Barros, que era conhecido como o “rouba mas faz”.

Agora, trata-se de salvar um governo militarizado, já no poder, liderado por um ex-capitão cercado de generais, que subverte a Constituição, e convoca o povo a ir às ruas contra o Congresso e o STF.