sexta-feira, 11 de outubro de 2024
quinta-feira, 10 de outubro de 2024
Eleições municipais: anatomia de uma queda
Protesto em São Paulo contra Bolsonaro (02/10/21) Foto: Nelson Almeida/AFP |
“As eleições gerais não medem corretamente a força política dos partidos por causa das várias influências burguesas, mas servem como um censo para indicar como as forças populares estão se desenvolvendo.” (Carta de Friedrich Engels a August Bebel, 28 de outubro de 1884).
O processo eleitoral não deve ser encarado como fenômeno político isolado: como todo fato social, tem causas e, por seu turno, gera consequências. Cada eleição é única, assevera o Conselheiro Acácio de plantão, e as dinâmicas locais e nacional são distintas entre si; mas é certo que o controle de prefeituras e câmaras municipais pela direita, em todos os seus matizes, dos hidrófobos em ascensão aos fisiológicos de sempre, produzirá efeitos que se farão sentir nas eleições presidenciais de 2026, cada vez mais próximas. E na eleição do próximo Congresso.
Sindicalistas se saíram mal nas eleições
Por João Guilherme Vargas Netto
E então, estamos conversados. Os eleitores brasileiros nas votações municipais de 2024, confortados por uma conjuntura econômica e social favorável, demonstraram-se conservadores e até mesmo reacionários nos partidos que escolheram para votar. Rejeitaram a polarização, avançaram na normalização da vida nacional e consagraram partidos (muitos dos quais presentes no ministério do presidente Lula) que representarão na “Câmara de Vereadores Nacional” e nas diversas prefeituras a expressão da vontade popular em suas cidades.
E então, estamos conversados. Os eleitores brasileiros nas votações municipais de 2024, confortados por uma conjuntura econômica e social favorável, demonstraram-se conservadores e até mesmo reacionários nos partidos que escolheram para votar. Rejeitaram a polarização, avançaram na normalização da vida nacional e consagraram partidos (muitos dos quais presentes no ministério do presidente Lula) que representarão na “Câmara de Vereadores Nacional” e nas diversas prefeituras a expressão da vontade popular em suas cidades.
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
Por mais Lula no segundo turno
Foto: Ricardo Stuckert |
O resultado em si do primeiro turno das eleições municipais para o PT ficou mais ou menos dentro do esperado. Não podemos esquecer da tática do partido de apoiar aliados e não lançar candidatos na maioria das capitais e outras cidades importantes.
Em relação ao número de prefeituras conquistadas pelo partido, houve um avanço de 39%, passando de 179 municípios em 2020 para 248 agora. O PT vai disputar o segundo turno em quatro capitais e mais nove cidades com mais de 200 mil eleitores. Houve crescimento também na quantidade de vereadores eleitos na eleição de domingo passado: foram 3.118 petistas, mais 550 do que há quatro anos.
Quero repetir aqui algo que chamei a atenção em artigo recente: eleições municipais têm pouca influência nos pleitos presidenciais, seja porque a definição de voto em âmbito municipal se dá a partir de parâmetros específicos, ou pelo desencanto provocado pelos dois primeiros anos de mandato de boa parte dos prefeitos.
Os algoritmos dos lamaçais
Por Jair de Souza
Os resultados das recém concluídas eleições municipais brasileiras voltaram a evidenciar um sério problema com o qual as forças do campo popular vêm se defrontando há alguns anos.
As expressivas votações recebidas por certos candidatos que nos eram quase que inteiramente desconhecidos não deixam de nos provocar estupor e indignação.
Em consequência, algumas indagações nos vêm à mente de imediato: Como foi possível que gente sobre quem nunca tínhamos ouvido falar tenha sido escolhida por um número tão significativo de eleitores? O que faz com que milhões de pessoas dêem a sujeitos que nos parecem tão claramente pouco dotados de cultura, honestidade, inteligência, ou quaisquer outras qualidades positivas, a responsabilidade de representá-los nas instâncias parlamentares? Se nós os vemos como típicos energúmenos, por que tantas outras pessoas optam por elegê-los, em lugar de votar em alguém de nosso campo?
Os resultados das recém concluídas eleições municipais brasileiras voltaram a evidenciar um sério problema com o qual as forças do campo popular vêm se defrontando há alguns anos.
As expressivas votações recebidas por certos candidatos que nos eram quase que inteiramente desconhecidos não deixam de nos provocar estupor e indignação.
Em consequência, algumas indagações nos vêm à mente de imediato: Como foi possível que gente sobre quem nunca tínhamos ouvido falar tenha sido escolhida por um número tão significativo de eleitores? O que faz com que milhões de pessoas dêem a sujeitos que nos parecem tão claramente pouco dotados de cultura, honestidade, inteligência, ou quaisquer outras qualidades positivas, a responsabilidade de representá-los nas instâncias parlamentares? Se nós os vemos como típicos energúmenos, por que tantas outras pessoas optam por elegê-los, em lugar de votar em alguém de nosso campo?
terça-feira, 8 de outubro de 2024
A eleição municipal e o governo Lula
Foto: Ricardo Stuckert |
Há quem argumente, no governo e no PT, que o resultado saído das urnas no último domingo é favorável ao governo, porque os partidos que ocupam ministérios e formam a base no Congresso saíram-se vitoriosos.
A realidade concreta, no entanto, não é bem assim.
A eleição municipal consagrou a vitória daqueles partidos fisiológicos e oportunistas que participaram e apoiaram ativamente o governo fascista-militar do Bolsonaro e que agora comandam áreas relevantes no governo Lula sem, contudo, qualquer lealdade política e programática a ele.
Gilberto Kassab, o camaleônico presidente do PSD, não deixa dúvidas a esse respeito. “Meu projeto é Tarcísio. Eu vou estar alinhado com o projeto que seja compatível com o projeto do Tarcísio, seja ele governador ou presidente”, declarou.
Austeridade e popularidade
Fernando Haddad |
A proximidade do processo das eleições municipais acabou por deixar um pouco à margem nos grandes meios de comunicação o debate a respeito da perda de popularidade do presidente Lula e da avaliação de seu governo. É compreensível que a emergência e a polarização do pleito nas mais de 5.700 cidades terminem por colocar essa questão em segundo plano na agenda política. No entanto, como haverá segundo turno em menos de 100 destes locais, é provável que o debate a respeito da contradição entre a realidade exibida pelas estatísticas oficiais de economia e a popularidade em queda passe a merecer mais espaço na imprensa.
É preciso um governo Lula 3-B
Posse do presidente Lula em 2023. Foto: Ricardo Stuckert/PR |
I.
O governo Lula 3-A chocou-se contra um iceberg ontem (6/10), ao sofrer uma derrota eleitoral muito vasta. Sua rota ao desastre segue a de outros governantes que hesitam em enfrentar as novas forças que oprimem as sociedades – em especial, o rentismo –, desencantam os eleitores com a democracia e abrem espaço para a ultradireita e suas diversas formas de antipolítica. O fenômeno espalha-se pela Europa e Américas. Ocorreu (ou ocorre) com Alberto Fernández na Argentina, Gabriel Boric no Chile, Emmanuel Macron na França, Olaf Scholz na Alemanha, o Partido Democratico (ex-PCI) na Itália, os socialistas portugueses, o Syriza na Grécia e tantos outros.
Não é hora para autoengano ou desespero
Charge: Aroeira/247 |
As urnas falaram ontem mas não proclamaram vitoriosos absolutos ou derrotados sem salvação. Nosso próprio sistema partidário não permite tanto. Mas, para a esquerda e as forças aglutinadas pelo governo Lula, não vale tapar o sol com a peneira e ignorar as vitorias colhidas pela direita e a extrema-direita.
E muito menos ignorar o alerta contido na grande votação dada pelos paulistanos a Pablo Marçal, ainda que seu último crime liquide com sua carreira,
Os partidos conservadores, só com o resultado do primeiro turno, já comandarão a maioria absoluta das prefeituras do país. Até agora, o maior vitorioso neste quesito foi o PSD, com 888 prefeituras, seguido do MDB (863), do PP (752), do União Brasil (590) e do PL (523).
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