Reproduzo matéria de Suzana Vier, publicada na Rede Brasil Atual:
A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo ingressou com representação junto ao Ministério Público Estadual (MPE) pedindo investigação da conduta de José Serra (PSDB) como governador do estado. O atual candidato à Presidência da República é envolvido em função de acusações contra Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor de Engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa).
É a segunda representação encaminhada ao órgão em cinco meses. Em maio deste ano, a legenda pediu investigação de Paulo Preto por sua ação de arrecadação de fundos de campanha para o PSDB. Ele teria recolhido R$ 4 milhões antes do início do período determinado pela Justiça Eleitoral, mas o destino dos recursos é desconhecido. Na edição de 13 de agosto deste ano, Evandro Losacco, membro da Executiva do PSDB e tesoureiro-adjunto do partido reconhece que houve a arrecadação, embora negue que os recursos tenham ido para a campanha.
Dilma relembra o "caso Paulo Preto"
O caso foi citado por Dilma Rousseff (PT) durante o debate entre pressidenciáveis no domingo (10), na TV Bandeirantes. Serra inicialmente negou conhecer Souza, mas depois defendeu o ex-diretor da Dersa. Os petistas negam qualquer relação entre a nova representação e a acusação da candidata governista.
Os deputados sustentam que o novo pedido de investigação foi decorrente de reunião com o procurador-geral de Justiça de São Paulo na semana passada. A apuração da representação apresentada em maio corre em sigilo de Justiça.
Representação
No atual pedido de investigação, o centro das atenções é a análise de possível ilegalidade, inconstitucionalidade e improbidade na conduta de Serra. Além dele e de Paulo Preto, são citados Delson José Amador, ex-diretor-presidente da empresa, e José Max Reis Alves, atual presidente da Dersa.
Sobre Paulo Preto, recai agora a suspeita de tráfico de influência. A hipótese que os petistas pedem para ser investigada é se ele teria usado sua função de autorizar pagamentos a empreiteiras e de coordenar obras para fazer caixa de campanha. A representação aponta a exoneração do ex-diretor, em abril deste ano, após Alberto Goldman (PSDB) ter assumido o cargo.
O PT pede que se avalie a execução de contratos e o cumprimento de obras efetivamente pagas. Isso porque há suspeitas de desvios de recursos em obras estratégicas no estado, como a expansão da Jacu Pêssego, Rodoanel e a Nova Marginal. "Ninguém nesse governo deu condições das empresas apoiarem mais recursos politicamente do que eu", disse Souza à Folha de S.Paulo. Ele negou ter feito a arrecadação.
Advogados
Outra frente de investigação de eventual tráfico de influência diz respeito à contratação do escritório Edgar Leite Advogados Associados, no qual trabalha Priscila Arana de Souza Zahram, filha de Souza. Além disso, o escritório trabalha para empreiteiras, contratadas pela Dersa para executar obras. O duplo vínculo indicaria conflito de interesses, na visão da bancada.
A representação sustenta que o Tribunal de Constas do Estado (TCE) e o Tribunal de Contas da União (TCU) apontaram problemas na contratação. "Não houve licitação para o contrato com esse escritório", atesta Antonio Mentor, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa.
Há pedidos de esclarecimento sobre um empréstimo concedido pela advogada e pela ex-mulher de Souza a Aloísio Nunes Ferreira (PSDB), senador eleito por São Paulo. Juntas, elas cederam R$ 300 mil para o ex-secretário da Casa Civil de Serra no estado. Embora não represente ilegalidade, os deputados querem saber se houve algum tipo de relação com as outras acusações.
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