O resultado do 1° turno das eleições de 2014 foram, em geral, um retrocesso para as forças progressistas a nível nacional. Ainda que tenhamos conquistado vitórias regionais, como a derrota do tradicionalismo e conservadorismo do PSDB em Minas Gerais com uma frente popular, que agora sob o comando de Pimentel (PT) governará esse estado; na Bahia com Rui Costa (PT) caminham também as forças populares para a superação do Carlismo; e a grande vitória dos comunistas no Maranhão com Flávio Dino (PCdoB), um primeiro passo importante e fundamental para enfraquecer e extinguir o domínio da oligarquia dos Sarney nesse estado.
Apesar de podermos comemorar esses avanços, vemos emergir em uma das mais conservadoras composições que nosso Congresso Nacional já teve nas últimas décadas. Somado ao fato de que nos estados que são os principais centros políticos do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, os parlamentares mais votados têm de alguma maneira ligação com grupos conservadores, fundamentalistas ou ligados à grande imprensa, são exemplos: Russomano (PRB-SP), Bolsonaro (PP-RJ), Marco Feliciano (PSC-SP) e Lasier Martins (PDT-RJ).
Se com esse cenário já fica claro o desafio e os enfrentamentos que teremos nos próximos quatro anos no legislativo à nível federal, mais uma disputa, mais urgente, nos é apresentada, quando com cerca de 34% dos votos válidos o candidato Aécio Neves (PSDB), que já era considerado “peixe morto” pela imprensa que já apostava mais em uma nova polarização entre Dilma (PT) e Marina (PSB), ressurge para, em clara relação e diálogo com essa nova formatação do legislativo, ameaçar o caminho de mudanças, que com tantas dificuldades, conseguimos engatar no Brasil com os governos progressistas da última década.
Essa conjuntura coloca no centro das prioridades da militância compromissada com os avanços das conquistas sociais em nosso país, a reeleição da Presidenta Dilma. Mas sinaliza e clarifica especialmente uma disputa entre projetos distintos de concepção política, e que deve ser enfrentado com seriedade. Levando em conta que Aécio Neves está sob os véus das forças reacionárias que tomarão maiores dimensões nessa nova gestão, fica claro que seu projeto político estará intrinsecamente ligado às vontades e projetos políticos desses grupos.
Em outras palavras: esse segundo turno, e a possibilidade de uma eventual vitória do tucano, coloca em jogo não só a continuidade dos avanços das forças progressistas que vem construindo o governo Dilma, mas pode colocar em evidência um retrocesso ainda maior ao reproduzir nas políticas públicas a hegemonia de valores atrasados e liberais, que deverão ser elencados sobretudo por propostas como a redução da maioridade penal, a valorização das privatizações e do mercado financeiro em detrimento do arrocho salarial e da diminuição de direitos dos trabalhadores. Quanto ao controle estatal sobre direitos individuais não há dúvida sob o que pode nos esperar!
O papel da militância da esquerda é reconhecer nesse momento além da importância da vitória de Dilma para o futuro que nos espera, é estar atenta à polarização ideológica que tem se acirrado no país, cujas eleições tem se tornado palco para o aprofundamento desse debate. Logo, é preciso saber utilizar dessa oportunidade para reforçar nossas convicções de que um projeto que nos posicione em possibilidade de avançar ainda mais nas mudanças, precisa ser protagonizado pela esquerda, com mudanças ainda mais radicais e estruturais, para que possamos, assim, superar a constante ameaça da direita raivosa e conservadora que não se cansa em tentar combater os avanços conquistados pelo povo, para que consigamos finalmente superar também todos os séculos de atraso e estagnação de nosso país e de opressão ao nosso povo, mesmo que essa não seja uma tarefa fácil e menos ainda imediata.
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