Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Há um mês, desde que anunciei a independência deste blog, tenho sido atacada sem trégua nas redes sociais por direitistas que me acusam de “receber dinheiro do governo” por conta de um convite que recebi para trabalhar na TV Brasil. Eu, jornalista reconhecida, com passagem pelos principais veículos de comunicação brasileiros, havia sido convidada para integrar a bancada de um programa de entrevistas –assim como acontece com vários jornalistas da revista Veja que atuam na TV Cultura, emissora estadual gerida pelo PSDB, mas isso eles não criticam. Por circunstâncias pessoais, tive que passar uma temporada em São Paulo e não foi possível que o contrato se concretizasse. Ou seja, nada recebi nem receberei da TV Brasil. Os difamadores (entre eles uma apresentadora de TV reacionária) responderão na Justiça pelas calúnias.
Vários colegas blogueiros que recebem publicidade governamental continuam, porém, a ser difamados pelos pitbulls que escrevem blogs de direita, como se todos os jornais, revistas e TVs do País não fizessem o mesmo. A comparação, inclusive, é absurda, porque enquanto a velha mídia recebe bilhões, os blogueiros de esquerda ficam com tostões (confira aqui). Mas eu queria chamar a atenção para um aspecto: será que os patrões dessa gente que acusa a esquerda de receber dinheiro em troca de opinião são melhores que o governo, qualquer um? Será que o dinheiro que eles embolsam todo mês é “mais limpinho”? Quem, afinal, paga os blogueiros de direita? Se eles acham que ideologia se vende, para quem eles vendem a sua?
Os patrões dos blogueiros “limpos” são:
– Cúmplices da ditadura militar: absolutamente todos os meios de comunicação para quem esse povo trabalha apoiaram a ditadura militar no Brasil e na América do Sul. São, portanto, cúmplices das torturas, assassinatos, sequestros e desaparecimentos que ocorreram naquele período.
– Latifundiáros: o grupo Bandeirantes, um dos mais reacionários do país, possui 16 fazendas apenas em São Paulo, segundo denunciou o deputado federal Dr. Rosinha em 2009. Em 1985, uma das fazendas dos donos da Band foi desapropriada pelo Incra, a primeira desapropriação feita em Minas Gerais para a reforma agrária. A emissora, aliás, presta homenagem em seu próprio nome aos bandeirantes, notórios assassinos de índios e antepassados da retrógrada elite paulistana.
– Ligados às oligarquias políticas: afiliadas da Globo, Record, SBT e Band em vários Estados são de propriedade das oligarquias políticas que os blogueiros “limpos” dizem combater, como José Sarney, Fernando Collor, Jader Barbalho e Renan Calheiros.
– Gente com dinheiro escondido na Suíça: os nomes dos proprietários da Folha de S.Paulo, da Globo e da Bandeirantes aparecem entre os brasileiros que possuem conta na Suíça. Isso não é crime? Talvez. Mas eu não tenho conta na Suíça, você tem?
– Defensores da censura: ironicamente, João Jorge Saad, fundador da rede Bandeirantes, que volta e meia acusa o PT de ser “contra a liberdade de expressão”, declarou, em 1972, ser favorável à censura. “Deve e precisa existir, para a defesa da família, das instituições e do menor”, disse.
– Lobistas da indústria farmacêutica: as empresas jornalísticas brasileiras não se envergonham de repercutir notícias do interesse da indústria farmacêutica como se fossem “descobertas científicas”. Graças à ajuda irresponsável da mídia, o Brasil se tornou o quinto maior consumidor de remédios do mundo. É o segundo maior consumidor, por exemplo, de Ritalina, uma droga para crianças questionada por educadores e psicólogos em vários países.
– Apoiadores do Apartheid: os sócios sul-africanos da Editora Abril, que edita a revista Veja, apoiaram o apartheid em seu país. O jornal Die Burger, do grupo Naspers, sócio da Abril, chegou a ser o porta-voz oficial do regime racista que durou 46 anos e que manteve preso por 30 anos o líder anti-apartheid Nelson Mandela. Em 2006, o grupo adquiriu 30% das ações da Abril.
– Investigados por fraude fiscal: a RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul, está sendo investigada pela Polícia Federal na Operação Zelotes, que apura acusações de suborno a conselheiros da Receita para tentar anular débitos milionários de empresas com o fisco.
– Associados a contraventores: a revista Veja utilizou o bicheiro Carlinhos Cachoeira como fonte de várias reportagens, inclusive com gravações obtidas ilegalmente. “Ter um corrupto como informante não nos corrompe”, publicou o diretor de redação da revista. As relações entre a revista e o bicheiro chegaram a ser alvo de uma CPI.
– Disseminadores de ignorância: em vez de cumprir seu papel social de compartilhar cultura e conhecimento, a mídia brasileira, obcecada por arrancar o PT do poder, tem se notabilizado nos últimos anos por disseminar intolerância, preconceito e ignorância, por meio dos mesmos blogueiros raivosos que acusam a esquerda de receber dinheiro do governo.
Estou trilhando um caminho próprio de independência, contando apenas com as assinaturas e doações de meus leitores. Mas eu preferiria dez vezes ser paga pelo governo do que por patrões assim. Menos mal que já não preciso deles para sobreviver. Será que os blogueiros “limpos” podem dizer o mesmo?
Há um mês, desde que anunciei a independência deste blog, tenho sido atacada sem trégua nas redes sociais por direitistas que me acusam de “receber dinheiro do governo” por conta de um convite que recebi para trabalhar na TV Brasil. Eu, jornalista reconhecida, com passagem pelos principais veículos de comunicação brasileiros, havia sido convidada para integrar a bancada de um programa de entrevistas –assim como acontece com vários jornalistas da revista Veja que atuam na TV Cultura, emissora estadual gerida pelo PSDB, mas isso eles não criticam. Por circunstâncias pessoais, tive que passar uma temporada em São Paulo e não foi possível que o contrato se concretizasse. Ou seja, nada recebi nem receberei da TV Brasil. Os difamadores (entre eles uma apresentadora de TV reacionária) responderão na Justiça pelas calúnias.
Vários colegas blogueiros que recebem publicidade governamental continuam, porém, a ser difamados pelos pitbulls que escrevem blogs de direita, como se todos os jornais, revistas e TVs do País não fizessem o mesmo. A comparação, inclusive, é absurda, porque enquanto a velha mídia recebe bilhões, os blogueiros de esquerda ficam com tostões (confira aqui). Mas eu queria chamar a atenção para um aspecto: será que os patrões dessa gente que acusa a esquerda de receber dinheiro em troca de opinião são melhores que o governo, qualquer um? Será que o dinheiro que eles embolsam todo mês é “mais limpinho”? Quem, afinal, paga os blogueiros de direita? Se eles acham que ideologia se vende, para quem eles vendem a sua?
Os patrões dos blogueiros “limpos” são:
– Cúmplices da ditadura militar: absolutamente todos os meios de comunicação para quem esse povo trabalha apoiaram a ditadura militar no Brasil e na América do Sul. São, portanto, cúmplices das torturas, assassinatos, sequestros e desaparecimentos que ocorreram naquele período.
– Latifundiáros: o grupo Bandeirantes, um dos mais reacionários do país, possui 16 fazendas apenas em São Paulo, segundo denunciou o deputado federal Dr. Rosinha em 2009. Em 1985, uma das fazendas dos donos da Band foi desapropriada pelo Incra, a primeira desapropriação feita em Minas Gerais para a reforma agrária. A emissora, aliás, presta homenagem em seu próprio nome aos bandeirantes, notórios assassinos de índios e antepassados da retrógrada elite paulistana.
– Ligados às oligarquias políticas: afiliadas da Globo, Record, SBT e Band em vários Estados são de propriedade das oligarquias políticas que os blogueiros “limpos” dizem combater, como José Sarney, Fernando Collor, Jader Barbalho e Renan Calheiros.
– Gente com dinheiro escondido na Suíça: os nomes dos proprietários da Folha de S.Paulo, da Globo e da Bandeirantes aparecem entre os brasileiros que possuem conta na Suíça. Isso não é crime? Talvez. Mas eu não tenho conta na Suíça, você tem?
– Defensores da censura: ironicamente, João Jorge Saad, fundador da rede Bandeirantes, que volta e meia acusa o PT de ser “contra a liberdade de expressão”, declarou, em 1972, ser favorável à censura. “Deve e precisa existir, para a defesa da família, das instituições e do menor”, disse.
– Lobistas da indústria farmacêutica: as empresas jornalísticas brasileiras não se envergonham de repercutir notícias do interesse da indústria farmacêutica como se fossem “descobertas científicas”. Graças à ajuda irresponsável da mídia, o Brasil se tornou o quinto maior consumidor de remédios do mundo. É o segundo maior consumidor, por exemplo, de Ritalina, uma droga para crianças questionada por educadores e psicólogos em vários países.
– Apoiadores do Apartheid: os sócios sul-africanos da Editora Abril, que edita a revista Veja, apoiaram o apartheid em seu país. O jornal Die Burger, do grupo Naspers, sócio da Abril, chegou a ser o porta-voz oficial do regime racista que durou 46 anos e que manteve preso por 30 anos o líder anti-apartheid Nelson Mandela. Em 2006, o grupo adquiriu 30% das ações da Abril.
– Investigados por fraude fiscal: a RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul, está sendo investigada pela Polícia Federal na Operação Zelotes, que apura acusações de suborno a conselheiros da Receita para tentar anular débitos milionários de empresas com o fisco.
– Associados a contraventores: a revista Veja utilizou o bicheiro Carlinhos Cachoeira como fonte de várias reportagens, inclusive com gravações obtidas ilegalmente. “Ter um corrupto como informante não nos corrompe”, publicou o diretor de redação da revista. As relações entre a revista e o bicheiro chegaram a ser alvo de uma CPI.
– Disseminadores de ignorância: em vez de cumprir seu papel social de compartilhar cultura e conhecimento, a mídia brasileira, obcecada por arrancar o PT do poder, tem se notabilizado nos últimos anos por disseminar intolerância, preconceito e ignorância, por meio dos mesmos blogueiros raivosos que acusam a esquerda de receber dinheiro do governo.
Estou trilhando um caminho próprio de independência, contando apenas com as assinaturas e doações de meus leitores. Mas eu preferiria dez vezes ser paga pelo governo do que por patrões assim. Menos mal que já não preciso deles para sobreviver. Será que os blogueiros “limpos” podem dizer o mesmo?
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