Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
As conspirações não são planejadas nos mínimos detalhes. Criam-se as condições, abre-se a garrafa e deixam os demônios à solta. Vão sendo criadas situações, que exigem ajustes de rota, muitas vezes fugindo dos planos originais.
Mesmo assim, as apostas do sistema Globo-mercado-Insper em Luciano Huck parecem ter sido pensadas desde o início do impeachment. Tudo foi feito, desde então, para a desmoralização completa da classe política, pouco importando se de cambulhada fossem jogados fora os aliados tucanos.
O alvo central sempre foi Lula, depois o PT. Mas não houve traumas maiores quando a fogueira consumiu José Serra, Aécio Neves e quando consumir Geraldo Alckmin.
Liquidada a classe política, sobrariam dois atores de massa: as celebridades televisivas e os pastores de almas. Para a estrutura de poder, juntando classe empresarial, financistas, Huck cai como uma luva, por simbolizar uma espécie de modernidade, ainda que vazia.
JK tornou-se o mais popular dos políticos de seu tempo, inclusive aceito pelo andar de cima, por simbolizar esse lado moderno brasileiro – apesar do apoio que recebia da base trabalhista. Mas seu plano de metas incendiou a imaginação dos pequenos, médios e grandes empresários. Planejar o futuro, ainda que de forma incipiente, era o grande sinal de modernidade daqueles tempos, refletido na bossa-nova, a síntese perfeita do brasileiro moderno.
Nos tempos atuais, a bandeira hasteada é a do empreendedorismo. Huck é o empreendedor nato, desde os tempos da Feiticeira e outros personagens criados, mas é apenas isso. Pertence à geração dos jovens bilionários, os amigos de Aécio Neves, o político que levou a sofisticação do mercado aos negócios públicos.
Aliás, é necessário ainda decifrar esse fenômeno dos modernos coronéis. Em vez dos sistemas tradicionais de usufruto, novas práticas casadas com pretensos modelos modernizadores de gestão. Estão nesse grupo Marconi Perillo, Beto Richa, antes deles Aécio Neves e Eduardo Campos e o mais perigoso deles, Paulo Hartung.
Por tudo isso, é possível que Luciano Huck estivesse nos planos do golpe como o grandes desfecho desde o primeiro momento. Não João Dória Júnior e seu exibicionismo vulgar, menos ainda Alckmin e seu provincianismo, mas o bom moço, o que faz o bem de dia e monta negócios à noite, inclusive em sociedade com Accioly, um dos laranjas de Aécio.
A aposta é tão pesada que nosso dileto colaborador, André Araújo, se surpreendeu com o entusiasmo despropositado de Carlos Melo, professor do INPER, normalmente um analista sóbrio e equilibrado.
Para André, é a pior aventura que poderia acontecer com o país desde a redemocratização, endossada por nomes de quem nunca se esperaria abraçar aventuras, como Marcos Lisboa, Armínio Fraga, que nunca foram dados a fantasias.
O projeto é de uma simplicidade apavorante. Sendo popular, poderá ser eleito, principalmente se o Judiciário cumprir com sua parte nesse latifúndio, prendendo e/ou impedindo Lula de se candidatar. Huck será um mero laranja, sem nenhuma experiência e nenhuma inserção política.
Por trás dele, haverá os manejadores, como Armínio Fraga e Paulo Hartung, provavelmente executando uma plataforma ultraliberal, “que fará o governo FHC parecer um governo nacionalista”, supõe André.
Diz ele: “Nos meus mais de 70 anos nunca pensei ver o meu Pais submetido a uma palhaçada politica com apoio de alguns brasileiros alienados e frívolos. Pensar que o Brasil FOI um dos BRICS em um certo momento, um dos países lideres entre os grandes emergentes. Hoje Russia, China e Índia devem estar rindo de nós, deixamos de ser um Pais para ser um circo mambembe”.
A tentativa de comparar Huck ao ex-cowboy Ronaldo Reagan é indevida. Reagan era do meio artístico, mas foi por 30 anos presidente do poderoso Sindicato dos Atores e duas vezes governador da California antes de se aventurar à presidência.
É curioso que, quando Lula eleito, muitas vezes se usou a imagem do PRI mexicano como ameaça, o pacto político que juntou crime organizado, poderes Judiciário e Legislativo e a classe política mais corrupta das Américas.
Hoje se caminha a passos largos para institucionalizar um PRI brasileiro, sem povo e sem votos, mas com todos os vícios do modelo mexicano.
As conspirações não são planejadas nos mínimos detalhes. Criam-se as condições, abre-se a garrafa e deixam os demônios à solta. Vão sendo criadas situações, que exigem ajustes de rota, muitas vezes fugindo dos planos originais.
Mesmo assim, as apostas do sistema Globo-mercado-Insper em Luciano Huck parecem ter sido pensadas desde o início do impeachment. Tudo foi feito, desde então, para a desmoralização completa da classe política, pouco importando se de cambulhada fossem jogados fora os aliados tucanos.
O alvo central sempre foi Lula, depois o PT. Mas não houve traumas maiores quando a fogueira consumiu José Serra, Aécio Neves e quando consumir Geraldo Alckmin.
Liquidada a classe política, sobrariam dois atores de massa: as celebridades televisivas e os pastores de almas. Para a estrutura de poder, juntando classe empresarial, financistas, Huck cai como uma luva, por simbolizar uma espécie de modernidade, ainda que vazia.
JK tornou-se o mais popular dos políticos de seu tempo, inclusive aceito pelo andar de cima, por simbolizar esse lado moderno brasileiro – apesar do apoio que recebia da base trabalhista. Mas seu plano de metas incendiou a imaginação dos pequenos, médios e grandes empresários. Planejar o futuro, ainda que de forma incipiente, era o grande sinal de modernidade daqueles tempos, refletido na bossa-nova, a síntese perfeita do brasileiro moderno.
Nos tempos atuais, a bandeira hasteada é a do empreendedorismo. Huck é o empreendedor nato, desde os tempos da Feiticeira e outros personagens criados, mas é apenas isso. Pertence à geração dos jovens bilionários, os amigos de Aécio Neves, o político que levou a sofisticação do mercado aos negócios públicos.
Aliás, é necessário ainda decifrar esse fenômeno dos modernos coronéis. Em vez dos sistemas tradicionais de usufruto, novas práticas casadas com pretensos modelos modernizadores de gestão. Estão nesse grupo Marconi Perillo, Beto Richa, antes deles Aécio Neves e Eduardo Campos e o mais perigoso deles, Paulo Hartung.
Por tudo isso, é possível que Luciano Huck estivesse nos planos do golpe como o grandes desfecho desde o primeiro momento. Não João Dória Júnior e seu exibicionismo vulgar, menos ainda Alckmin e seu provincianismo, mas o bom moço, o que faz o bem de dia e monta negócios à noite, inclusive em sociedade com Accioly, um dos laranjas de Aécio.
A aposta é tão pesada que nosso dileto colaborador, André Araújo, se surpreendeu com o entusiasmo despropositado de Carlos Melo, professor do INPER, normalmente um analista sóbrio e equilibrado.
Para André, é a pior aventura que poderia acontecer com o país desde a redemocratização, endossada por nomes de quem nunca se esperaria abraçar aventuras, como Marcos Lisboa, Armínio Fraga, que nunca foram dados a fantasias.
O projeto é de uma simplicidade apavorante. Sendo popular, poderá ser eleito, principalmente se o Judiciário cumprir com sua parte nesse latifúndio, prendendo e/ou impedindo Lula de se candidatar. Huck será um mero laranja, sem nenhuma experiência e nenhuma inserção política.
Por trás dele, haverá os manejadores, como Armínio Fraga e Paulo Hartung, provavelmente executando uma plataforma ultraliberal, “que fará o governo FHC parecer um governo nacionalista”, supõe André.
Diz ele: “Nos meus mais de 70 anos nunca pensei ver o meu Pais submetido a uma palhaçada politica com apoio de alguns brasileiros alienados e frívolos. Pensar que o Brasil FOI um dos BRICS em um certo momento, um dos países lideres entre os grandes emergentes. Hoje Russia, China e Índia devem estar rindo de nós, deixamos de ser um Pais para ser um circo mambembe”.
A tentativa de comparar Huck ao ex-cowboy Ronaldo Reagan é indevida. Reagan era do meio artístico, mas foi por 30 anos presidente do poderoso Sindicato dos Atores e duas vezes governador da California antes de se aventurar à presidência.
É curioso que, quando Lula eleito, muitas vezes se usou a imagem do PRI mexicano como ameaça, o pacto político que juntou crime organizado, poderes Judiciário e Legislativo e a classe política mais corrupta das Américas.
Hoje se caminha a passos largos para institucionalizar um PRI brasileiro, sem povo e sem votos, mas com todos os vícios do modelo mexicano.
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