Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Se for candidato, Lula será eleito presidente pela terceira vez, dizem todas as pesquisas.
Depois do Datafolha, do Ipsos e do Vox Populi, nesta terça-feira foi a vez da pesquisa CNT/MDA confirmar Lula na liderança folgada (33,4%), com o dobro de intenção de votos de Bolsonaro (16,8%).
Só que não: em Brasília, o Superior Tribunal de Justiça rejeitou por unanimidade (5 a 0) o pedido de habeas corpus da defesa do ex-presidente para que ele não seja preso.
Se depender da Justiça, Lula não será nem candidato e vai assistir à campanha eleitoral na cadeia.
Ainda de manhã, antes da decisão do STJ, Lula disse em entrevista à rádio Metrópole de Salvador que acreditava nas instâncias superiores para que seja julgado pelo povo nas eleições.
Sem chance. Lula já perdeu em três instâncias e agora só falta a última, o Supremo Tribunal Federal, colocar seu processo em julgamento, mas a presidente Carmen Lúcia nem pensa nisso.
Depois de Curitiba e Porto Alegre, em Brasília foi cumprido apenas mais um ritual da condenação de Lula, exatamente como previsto pela mídia, sem nenhuma surpresa.
Poderiam até ter dispensado a defesa oral feita por Sepúlveda Pertence porque os cinco ministros já estavam com suas convicções formadas e seus votos prontos quando a sessão do STJ começou.
Como tinha transmissão ao vivo pela TV, assistimos novamente à longa e enfadonha leitura dos votos siameses falando numa linguagem incompreensível para os simples mortais, com uns citando e elogiando os outros, a exemplo do que tinha acontecido no TRF-4.
São, acima de tudo, todos muito chatos, repetitivos, como se fossem personagens de um filme de época numa reunião das guildas da Idade Média.
Do lado de fora do tribunal, o resultado foi bem diferente, mas estes dois mundos estão cada vez mais distantes.
De 23 de fevereiro a 3 de março, os pesquisadores da CNT/MDA ouviram 2.002 pessoas em 137 municípios de 25 Estados e encontraram um Brasil onde Lula ganha de goleada.
Na pesquisa estimulada, Lula vence em todos os cenários de primeiro e segundo turnos e aumenta a diferença para seus adversários.
Contra Jair Bolsonaro, Lula passou de 40,5% a 44,1% num eventual segundo turno, enquanto o deputado-capitão caia de 28,5% para 25,8%.
Se o adversário fosse Geraldo Alckmin, a diferença seria ainda maior: Lula teria 44,5% contra 22,5%, quase o dobro do governador paulista, que tinha 23,2% em setembro.
Só num país totalmente esquizofrênico teríamos notícias tão conflitantes no mesmo dia.
Vida que segue.
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