quinta-feira, 4 de outubro de 2018

O dinheiro é esperto, mas a ambição é burra

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O “mercado” comemora, com alta na Bolsa e baixa no dólar, a suposta ascensão de Jair Bolsonaro.

Mas, afinal, o que comemoram?

Será que pensam que Bolsonaro é um Donald Trump tupiniquim?

Trump é  o que é – e olhem que não anda sendo “grandes coisas “- por que é presidente dos Estados Unidos.

É preciso frisar: E-U-A…

Tem o poder para retaliar qualquer economia do mundo que não lhe obedeça.

Tem, também, os botões nucleares e que ninguém duvide que aquele outro Kim, o da Coreia, só falou grosso porque tem uns botõezinhos também.

Como os tem o Putin, que adora o jeito tosco de Trump que, com sua arrogância, abre campo para que os interesses russos encontrem espaço na Europa e no mundo árabe, sobretudo.

Bolsonaro, ao contrário, não manda nem no general Mourão, como se viu.

E seu “posto ipiranga” da economia, Paulo Guedes, é o mais sério candidato a Zélia Cardoso que já pude ver todo este tempo em que acompanho política.

Ninguém do “mercado” acredita no “plano” de zerar o déficit público no primeiro ano de governo. Vai cortar onde R$ 150 bilhões? Vai vender o que, em poucos meses?

Está na cara que seu programa de curto prazo será cortar direitos trabalhistas e previdenciários, bem como os gastos sociais.

Será mesmo que acreditam que o dono da Havan, o dos supermercados do Paraná e até o empresário de bordel paulista, o tal Oscar Maroni, são as forças do capital no Brasil?

A Europa, assombrada pelos grupos de extrema-direita, vai encher o balão deste senhor? Os vizinhos latinoamericanos, mesmo os mais conservadores, vão estimular um presidente “militar” no Brasil com que finalidade?

Que capital de longo prazo vai procurar um país onde, tudo indica, um governo destrambelhado tem tudo para cair em pouco tempo – e sabe Deus para abrir caminho a quê – e que está arriscado a ter milícias fascistas correndo as ruas de bordunas nas mãos?

Ninguém, só mesmo os predadores, dispostos a ter “ganhos de oportunidade” com a entrega do patrimônio nacional na bacia das almas.

Bolsonaro é comemorado por uma única razão: o sonho de extirpar do Brasil não apenas dos governos mas também da política forças políticas desenvolvimentistas e inclusivas.

E não para reestruturar o Estado brasileiro, demolido, em frangalhos, sem forças para tocar qualquer projeto econômico com legitimidade.

Bolsonaro é aceito como candidato a presidente não pelo que é, mas para evitar que outros o sejam.

Com Fernando Henrique Cardoso é que se solidificou um processo neoliberal no Brasil.

O que veio antes, Collor, era só o batedor, aquele elemento que se manda à frente, justamente por ser o descartável.

Bolsonaro é a porta do inferno, que temos o dever de trancar com o pé do voto.

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