Foto: Ricardo Stuckert |
A soltura do ex-presidente Lula criou a expectativa de que o presidente Jair Bolsonaro se daria bem, ao tirar proveito do antipetismo que o ajudou a eleger-se no ano passado.
As reações iniciais do ex-capitão mostram-no cauteloso, no entanto, apesar de ele ter invocado a Lei de Segurança Nacional contra o petista e de tê-lo chamado de “canalha”.
Após inaugurar casas na Paraíba dia 11, Bolsonaro comentou: “Não vou polemizar com esse cara, que continua condenado”.
Na antevéspera, tinha tuitado que não responderia “a criminosos que por ora estão soltos”. E pedia aos apoiadores para não brigarem entre si nem cometerem erros.
“Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa”, escreveu.
Bolsonaro teve votos de eleitores pobres, outrora lulistas, que viam nele uma figura “anti-sistema”, como o petista.
Como agirá esse eleitorado agora, com Lula a minar o governo?
O Ibope do ex-capitão está em baixa. Seu governo é reprovado por 42% dos brasileiros e aprovado por cerca de 30%, a maior distância entre os dois índices desde janeiro. Um retrato exposto por duas pesquisas feitas entre o fim de outubro e o começo de novembro, uma por encomenda do site Jota, outra do jornal El País.
“Bolsonaro deu sinais de nervosismo com a soltura do Lula”, diz o deputado Márcio Jerry, do PCdoB, homem de confiança do governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), em Brasília.
Para Jerry, é preciso esperar para ver qual será a reação da direita tradicional daqui em diante, com Lula livre e uma polarização entre o atual presidente e o ex.
Algumas reações dessa direita, que prefere chamar-se de “centro”, foram vistas em manifestações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e em uma nota pública do PSDB.
Foram reafirmações da postura eleitoral, de apontar polarização indesejada entre dois extremos.
Compreensível. O PSDB foi a maior vítima da polarização na campanha. Geraldo Alckmin teve 4,7% dos votos.
“A polarização aumenta. Sem alternativas populares e progressistas continuaremos no jogo político/pessoal”, escreveu FHC no Twitter.
Na nota assinada por seu presidente, Bruno Araújo, o PSDB diz que “a soltura de Lula pode alimentar ainda mais um clima de intolerância na sociedade brasileira, no qual polos extremos preferem se hostilizar ao invés de dialogar”.
"Não vou polemizar, ele continua condenado", diz Bolsonaro sobre Lula
“É artificial falar em polarização. Disputa entre dois polos há em qualquer país, presidencialista ou parlamentarista. No Brasil, a centro-esquerda tem uns 30% desde os anos 1940. O que pouco se fala, e isso é muito importante, é da disputa no campo da direita hoje. O Bolsonaro será esvaziado? A eleição municipal de 2020 será um indicativo das mudanças no xadrez com a soltura do Lula e a disputa na direita”, diz o cientista político Claudio André de Souza, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), autor do livro “Para onde vai a política brasileira?”, de 2018.
Nas oito eleições desde o fim da ditadura, o PT sempre foi primeiro ou segundo colocado.
O que mudou foi o adversário pelo lado direito. Bolsonaro assumiu essa posição em 2018 e agora precisa ser deslocado pela centro-direita tradicional, para que esta volte ao jogo, como foi na era FHC.
Representante de um partido do “centrão” que se aliou a Alckmin na eleição, relator da reforma da Previdência na Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) concorda que quem não é lulista nem bolsonarista vai sofrer.
“A esquerda tem um líder e um programa. A direita tem um líder e um programa. O centro não tem nem programa nem líder. Os dois polos vão gritar e ninguém mais será ouvido”, afirma.
O “centro”, ou direita tradicional, tem hoje dois potenciais candidatos. O governador de São Paulo, João Doria Jr, do PSDB, e o apresentador global Luciano Huck. Doria tem rejeição elevada em pesquisas e hostilidade por parte da velha guarda tucana, FHC à frente.
O ex-presidente é o cérebro por trás de Huck.
O global namora o partido Cidadania, ex-PPS. Essa sigla no passado era o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
E agora renega esse passado. Em um congresso no fim de outubro, decidiu sumir com referências internas ao PCB.
Foi numa votação. Apenas 40% queriam manter a referência ao “partidão”.
Pela centro-esquerda, quem vai sofrer com o embate Lula-Bolsonaro é Ciro Gomes, do PDT.
Presidenciável em 2018, ele diz que nunca mais fará aliança com o PT.
É magoado com Lula, por ter sido preterido como candidato lulista na disputa em 2018 e por desavenças políticas em certas momentos, como a opção petista de ter o MDB na chapa de Dilma Rousseff em 2010.
Ciro já disputou três eleições presidenciais e quase não saiu do lugar.
Em 1998, teve 10,9% dos votos. Em 2002, 11,9%. Em 2018, 12,4%.
As reações iniciais do ex-capitão mostram-no cauteloso, no entanto, apesar de ele ter invocado a Lei de Segurança Nacional contra o petista e de tê-lo chamado de “canalha”.
Após inaugurar casas na Paraíba dia 11, Bolsonaro comentou: “Não vou polemizar com esse cara, que continua condenado”.
Na antevéspera, tinha tuitado que não responderia “a criminosos que por ora estão soltos”. E pedia aos apoiadores para não brigarem entre si nem cometerem erros.
“Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa”, escreveu.
Bolsonaro teve votos de eleitores pobres, outrora lulistas, que viam nele uma figura “anti-sistema”, como o petista.
Como agirá esse eleitorado agora, com Lula a minar o governo?
O Ibope do ex-capitão está em baixa. Seu governo é reprovado por 42% dos brasileiros e aprovado por cerca de 30%, a maior distância entre os dois índices desde janeiro. Um retrato exposto por duas pesquisas feitas entre o fim de outubro e o começo de novembro, uma por encomenda do site Jota, outra do jornal El País.
“Bolsonaro deu sinais de nervosismo com a soltura do Lula”, diz o deputado Márcio Jerry, do PCdoB, homem de confiança do governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), em Brasília.
Para Jerry, é preciso esperar para ver qual será a reação da direita tradicional daqui em diante, com Lula livre e uma polarização entre o atual presidente e o ex.
Algumas reações dessa direita, que prefere chamar-se de “centro”, foram vistas em manifestações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e em uma nota pública do PSDB.
Foram reafirmações da postura eleitoral, de apontar polarização indesejada entre dois extremos.
Compreensível. O PSDB foi a maior vítima da polarização na campanha. Geraldo Alckmin teve 4,7% dos votos.
“A polarização aumenta. Sem alternativas populares e progressistas continuaremos no jogo político/pessoal”, escreveu FHC no Twitter.
Na nota assinada por seu presidente, Bruno Araújo, o PSDB diz que “a soltura de Lula pode alimentar ainda mais um clima de intolerância na sociedade brasileira, no qual polos extremos preferem se hostilizar ao invés de dialogar”.
"Não vou polemizar, ele continua condenado", diz Bolsonaro sobre Lula
“É artificial falar em polarização. Disputa entre dois polos há em qualquer país, presidencialista ou parlamentarista. No Brasil, a centro-esquerda tem uns 30% desde os anos 1940. O que pouco se fala, e isso é muito importante, é da disputa no campo da direita hoje. O Bolsonaro será esvaziado? A eleição municipal de 2020 será um indicativo das mudanças no xadrez com a soltura do Lula e a disputa na direita”, diz o cientista político Claudio André de Souza, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), autor do livro “Para onde vai a política brasileira?”, de 2018.
Nas oito eleições desde o fim da ditadura, o PT sempre foi primeiro ou segundo colocado.
O que mudou foi o adversário pelo lado direito. Bolsonaro assumiu essa posição em 2018 e agora precisa ser deslocado pela centro-direita tradicional, para que esta volte ao jogo, como foi na era FHC.
Representante de um partido do “centrão” que se aliou a Alckmin na eleição, relator da reforma da Previdência na Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) concorda que quem não é lulista nem bolsonarista vai sofrer.
“A esquerda tem um líder e um programa. A direita tem um líder e um programa. O centro não tem nem programa nem líder. Os dois polos vão gritar e ninguém mais será ouvido”, afirma.
O “centro”, ou direita tradicional, tem hoje dois potenciais candidatos. O governador de São Paulo, João Doria Jr, do PSDB, e o apresentador global Luciano Huck. Doria tem rejeição elevada em pesquisas e hostilidade por parte da velha guarda tucana, FHC à frente.
O ex-presidente é o cérebro por trás de Huck.
O global namora o partido Cidadania, ex-PPS. Essa sigla no passado era o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
E agora renega esse passado. Em um congresso no fim de outubro, decidiu sumir com referências internas ao PCB.
Foi numa votação. Apenas 40% queriam manter a referência ao “partidão”.
Pela centro-esquerda, quem vai sofrer com o embate Lula-Bolsonaro é Ciro Gomes, do PDT.
Presidenciável em 2018, ele diz que nunca mais fará aliança com o PT.
É magoado com Lula, por ter sido preterido como candidato lulista na disputa em 2018 e por desavenças políticas em certas momentos, como a opção petista de ter o MDB na chapa de Dilma Rousseff em 2010.
Ciro já disputou três eleições presidenciais e quase não saiu do lugar.
Em 1998, teve 10,9% dos votos. Em 2002, 11,9%. Em 2018, 12,4%.
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