domingo, 17 de novembro de 2019

Racismo vai de mal a pior em São Paulo

Da Rede Brasil Atual:

Sete em cada 10 pessoas acreditam que o racismo se manteve no mesmo patamar ou aumentou nos últimos 10 anos na capital paulista. O dado faz parte de um levantamento feito pelo Ibope a pedido da Rede Nossa São Paulo. A pesquisa mostra que para quase 70% dos entrevistados, shoppings e supermercados são os locais onde mais se percebe a diferença de tratamento para brancos e negros.

A aposentada Jussara de Souza, estudante de Psicologia, já percebeu esse racismo na maneira de atender e de olhar, relata reportagem de Jô Miyagui, da TVT. “Dentro do shopping, se é um menino negro uma menina negra, já tem um olhar diferente. A gente nota isso.”

“Três quartos da população acreditam que comentários ou piadas racistas e preconceituosas estimulam racismo. Esse é um retrato de como o uso das redes sociais precisa ser muito mais responsável”, afirma a assessora de projetos da Rede Nossa São Paulo Carolina La Terza.

O local de trabalho também é um ambiente onde o racismo está presente, segundo 60% dos entrevistados, que perceberam diferenças de tratamento para brancos e negros. De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), esse preconceito se dá pela aparência, pela diferença salarial e pela ausência de negros em cargos de chefia

“Nós tivemos um avanço importante em relação ao ingresso de jovens negros e negras nas universidades, mas identificamos que ainda existe uma barreira invisível no acesso ao mercado de trabalho, inclusive com profissionais qualificados que não conseguem avançar na carreira. Em caso de práticas de racismo evidenciadas dentro do ambiente laboral, nós vamos atuar para que a empresa seja responsabilizada pelo dano moral causado à coletividade”, afirma a procuradora do Trabalho Elisiane Santos.

Os entrevistados afirmam também que é preciso que se admita o racismo presente na sociedade para se conseguir combater o preconceito. “Você ter uma maior percepção sobre o racismo é muito importante, faz com que as pessoas e a sociedade se mobilizem mais para combater. Porque não basta só têm uma percepção, é preciso criar mecanismos efetivos de combate ao racismo. E pensar política pública e orçamento para aquilo que é transformador é muito importante”, diz a jornalista Gisele Britto, pesquisadora da organização Labcidade.

A escritora e produtora cultural Thata Alves reforça que não basta as pessoas se considerarem antirracistas. “Você tem que ter práticas antirracistas. A partir do momento que você entende que existe um privilégio seu, social, nessa relação como que você combate isso? Não é um problema dos negros. O racismo é um problema da sociedade brasileira.”

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