Por Selvino Heck, no site Sul-21:
“Ha vuelto a entrar la Biblia al Palacio. Nunca más la Pachamama.” A frase é de um dos acompanhantes do empresário golpista boliviano Luiz Fernando Camacho, junto com uma foto ‘entronizando’ a Bíblia no Palacio Quemado, o palácio do governo em La Paz. “Com a Bíblia, o rosário e a carta de renúncia nas mãos, pedimos a Deus uma Bolívia nova e restaurada na democracia. Nossa luta é com armas, é com fé”: Mensagem de Luis Fernando Camacho, presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz. “Sueño com una Bolivia libre de ritos satànicos indígenas. La ciudad no es para los índios. Que se vayan al altiplano o al chaco!!!”, nas inacreditáveis palavras Jeanine Añez Chavez, nova presidente, golpista, da Bolívia.
O golpe na Bolívia, obrigando o presidente Evo Morales a pedir asilo no México, é bem um retrato do que tantas e tantas vezes aconteceu no continente latino-americano ao longo da história. Com alguns componentes novos. As Igrejas neopentecostais, Bíblia e rosário nas mãos, servem de álibi para praticar atrocidades, para derrubar governos e impedir uma jornada inédita na história da Bolívia: Estado plurinacional inscrito na Constituição, reconhecimento dos povos indígenas, inclusão social, diminuição da pobreza e da desigualdade, um indígena aimara pela primeira vez na Presidência da República. A lembrança da Pachamama e da Pátria Grande não é suportada pelos gorilas e golpistas de sempre. (Para entender melhor o que acontece na Bolívia, a melhor análise, na minha opinião: “Daniel Valença: ‘Componente religioso do golpe na Bolívia é inspirado no Brasil’ – www.viomundo.com.br).
Foi assim em tempos de golpe militar no Chile, General Augusto Pinochet, 1973. A ditadura foi feroz. Perseguiu, matou, exilou, inclusive as brasileiras e os brasileiros que, na primavera de Salvador Allende, tinham encontrado um porto seguro. E tiveram que exilar-se mais uma vez.
E assim foi no Brasil nos idos dos anos 1960, quando se juntaram as Forças Armadas, setores importantes da classe média e da intelectualidade conservadora, setores da Igreja católica, grande empresariado, tutelados pelos EUA e seus interesses. Deu-se o golpe militar, instaurou-se a ditadura por longos 21 anos.
São os tempos de golpes, de ditaduras, de democracia esmagada, que acontecem e se espalham de tempos em tempos na América Latina. E que, começando num país, contaminam outros povos e países.
Por outro lado, ‘quando o povo se junta, o poder se espalha’, como diz uma frase da Rede de Educação Cidadã NE, RECID Nordeste. Quando o povo de um país se levanta, os povos dos demais países também se levantam, exigindo justiça, liberdade, soberania, direitos, democracia.
Não tem primavera sem luta, aprendemos ao longo do tempo e da história na América Latina. Toda vez que indígenas, trabalhadoras e trabalhadores e o povo pobre levantam a cabeça no continente latino-americano, os poderes dominantes estabelecidos secularmente dão golpes, implantam ditaduras, perseguem, matam torturam, exilam.
O povo chileno e a resistência história de ontem, com Victor Jara, Violeta Parra, Pablo Neruda, são um retrato inesquecível da história de ontem. E hoje, 2019, o povo chileno, especialmente os estudantes, vão para as ruas e cantando ‘El derecho de vivir em paz’, de Victor Jara, que teve suas mãos cortadas em pleno Estádio do Chile, para obrigá-lo a parar de cantar. E declamam Neruda e seus ‘Vinte Poemas e uma, Canção desesperada’. E cantam Violeta Parra e ‘Gracias a la vida’, ‘La Carta’ e ‘Volver a los 17’. As canções de Victor Jara– ‘Te recuerdo Amanda’, ‘Plegaria a um Labrador’, ‘Desalambrar’, entre outras tantas -, continuam assombrando e desafiando brucutus, ressurgindo nas vozes dos jovens e dos estudantes, embalando a liberdade e a democracia.
Está sendo assim no Brasil, com Lula Livre. Um sopro de luz e esperança logo atravessou o país de Norte a Sul, de Leste a Oeste.
Chile e Bolívia são logo ali. Os golpes dados lá são dados também aqui. E vice-versa. Mas quando a primavera acontece lá, vai acontecer aqui também. E se amanhecer aqui, amanhecerá lá. Ou seja, o povo vai às ruas, o povo se mobiliza, o povo grita liberdade e democracia. O povo, lá e cá, cá e lá, não se entrega nunca. Mais cedo ou mais tarde, golpes e ditaduras são derrotados, golpistas e ditadores são derrubados pelo povo e pela História.
Vale relembrar o poema ALLENDE VIVE, escrito por mim em 1973, quando do ‘pinochetazo’: “Uma bala mata o homem./ Uma bala não mata a ideia./ Os dias são muitos,/incandescentes./ Ardem na poeira do tempo./ Nada como as horas que se sucedem,/ os minutos e segundos,/ as batidas do coração que abraçam milhões./ Sonhos são para serem sonhados./ Sonhos iluminam o horizonte./ Sonhos são eternos./ Há um tempo para cada coisa./ Há um tempo para a morte./ Há um tempo para a vida./ Latino-americanamente,/caribenhamente,/sobrevivemos./ Brasileiramente,/ vivemos e ressuscitamos Allende.”
“Ha vuelto a entrar la Biblia al Palacio. Nunca más la Pachamama.” A frase é de um dos acompanhantes do empresário golpista boliviano Luiz Fernando Camacho, junto com uma foto ‘entronizando’ a Bíblia no Palacio Quemado, o palácio do governo em La Paz. “Com a Bíblia, o rosário e a carta de renúncia nas mãos, pedimos a Deus uma Bolívia nova e restaurada na democracia. Nossa luta é com armas, é com fé”: Mensagem de Luis Fernando Camacho, presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz. “Sueño com una Bolivia libre de ritos satànicos indígenas. La ciudad no es para los índios. Que se vayan al altiplano o al chaco!!!”, nas inacreditáveis palavras Jeanine Añez Chavez, nova presidente, golpista, da Bolívia.
O golpe na Bolívia, obrigando o presidente Evo Morales a pedir asilo no México, é bem um retrato do que tantas e tantas vezes aconteceu no continente latino-americano ao longo da história. Com alguns componentes novos. As Igrejas neopentecostais, Bíblia e rosário nas mãos, servem de álibi para praticar atrocidades, para derrubar governos e impedir uma jornada inédita na história da Bolívia: Estado plurinacional inscrito na Constituição, reconhecimento dos povos indígenas, inclusão social, diminuição da pobreza e da desigualdade, um indígena aimara pela primeira vez na Presidência da República. A lembrança da Pachamama e da Pátria Grande não é suportada pelos gorilas e golpistas de sempre. (Para entender melhor o que acontece na Bolívia, a melhor análise, na minha opinião: “Daniel Valença: ‘Componente religioso do golpe na Bolívia é inspirado no Brasil’ – www.viomundo.com.br).
Foi assim em tempos de golpe militar no Chile, General Augusto Pinochet, 1973. A ditadura foi feroz. Perseguiu, matou, exilou, inclusive as brasileiras e os brasileiros que, na primavera de Salvador Allende, tinham encontrado um porto seguro. E tiveram que exilar-se mais uma vez.
E assim foi no Brasil nos idos dos anos 1960, quando se juntaram as Forças Armadas, setores importantes da classe média e da intelectualidade conservadora, setores da Igreja católica, grande empresariado, tutelados pelos EUA e seus interesses. Deu-se o golpe militar, instaurou-se a ditadura por longos 21 anos.
São os tempos de golpes, de ditaduras, de democracia esmagada, que acontecem e se espalham de tempos em tempos na América Latina. E que, começando num país, contaminam outros povos e países.
Por outro lado, ‘quando o povo se junta, o poder se espalha’, como diz uma frase da Rede de Educação Cidadã NE, RECID Nordeste. Quando o povo de um país se levanta, os povos dos demais países também se levantam, exigindo justiça, liberdade, soberania, direitos, democracia.
Não tem primavera sem luta, aprendemos ao longo do tempo e da história na América Latina. Toda vez que indígenas, trabalhadoras e trabalhadores e o povo pobre levantam a cabeça no continente latino-americano, os poderes dominantes estabelecidos secularmente dão golpes, implantam ditaduras, perseguem, matam torturam, exilam.
O povo chileno e a resistência história de ontem, com Victor Jara, Violeta Parra, Pablo Neruda, são um retrato inesquecível da história de ontem. E hoje, 2019, o povo chileno, especialmente os estudantes, vão para as ruas e cantando ‘El derecho de vivir em paz’, de Victor Jara, que teve suas mãos cortadas em pleno Estádio do Chile, para obrigá-lo a parar de cantar. E declamam Neruda e seus ‘Vinte Poemas e uma, Canção desesperada’. E cantam Violeta Parra e ‘Gracias a la vida’, ‘La Carta’ e ‘Volver a los 17’. As canções de Victor Jara– ‘Te recuerdo Amanda’, ‘Plegaria a um Labrador’, ‘Desalambrar’, entre outras tantas -, continuam assombrando e desafiando brucutus, ressurgindo nas vozes dos jovens e dos estudantes, embalando a liberdade e a democracia.
Está sendo assim no Brasil, com Lula Livre. Um sopro de luz e esperança logo atravessou o país de Norte a Sul, de Leste a Oeste.
Chile e Bolívia são logo ali. Os golpes dados lá são dados também aqui. E vice-versa. Mas quando a primavera acontece lá, vai acontecer aqui também. E se amanhecer aqui, amanhecerá lá. Ou seja, o povo vai às ruas, o povo se mobiliza, o povo grita liberdade e democracia. O povo, lá e cá, cá e lá, não se entrega nunca. Mais cedo ou mais tarde, golpes e ditaduras são derrotados, golpistas e ditadores são derrubados pelo povo e pela História.
Vale relembrar o poema ALLENDE VIVE, escrito por mim em 1973, quando do ‘pinochetazo’: “Uma bala mata o homem./ Uma bala não mata a ideia./ Os dias são muitos,/incandescentes./ Ardem na poeira do tempo./ Nada como as horas que se sucedem,/ os minutos e segundos,/ as batidas do coração que abraçam milhões./ Sonhos são para serem sonhados./ Sonhos iluminam o horizonte./ Sonhos são eternos./ Há um tempo para cada coisa./ Há um tempo para a morte./ Há um tempo para a vida./ Latino-americanamente,/caribenhamente,/sobrevivemos./ Brasileiramente,/ vivemos e ressuscitamos Allende.”
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