Por Nazaré Lima, na revista CartaCapital:
A violência contra as mulheres representa violação de direitos humanos que ocorre independente de raça, credo religioso, etnia, orientação sexual e faixa etária. Dentre essas violações estão o estupro, o abuso sexual, o feminicídio, o lesbocídio, a violência física, familiar, obstétrica, patrimonial, institucional e ainda a violência moral caracterizada por qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Sua presença tão marcante na sociedade brasileira é reflexo da ausência de políticas públicas eficazes no enfrentamento e prevenção da violência. Os governos em suas diversas esferas: Federais, Estaduais e Municipais, precisam comprometer-se com essa pauta, tão essencial para a qualidade de vida, principalmente das mulheres, que perdem seus direitos básicos, como até mesmo o de trabalhar. Como exemplo, cito o fato de recentemente ocorrido em Marituba, região metropolitana de Belém do Pará, onde várias mulheres foram violentadas sexualmente por homens que praticavam crimes de estupro, sendo que destas, duas foram assassinadas, quando elas estavam indo para o trabalho.
Na Amazônia, crimes que violam os direitos humanos, sobretudo das mulheres são comuns, em virtude de ser uma região invisibilizada e as autoridades não tomam providências para resolução e enfrentamento destas violações. O Marajó é um exemplo no qual ocorre exploração sexual de crianças e adolescentes nas balsas e nas ilhas de cidades ribeirinhas. Os grandes projetos como a Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira no Pará, trouxeram para a região a promessa de progresso e riqueza, que no final das contas, contribuiu para o aumento de exploração humana, com mulheres em situações de subemprego, vulneráveis à exploração sexual, aumentando inclusive a incidência de infecções sexualmente transmissíveis entre as mulheres no estado nos últimos anos.
Na zona urbana, o reflexo da violência na vida das mulheres repercute em diversos espaços sociais, até mesmo onde deveria ser de proteção e cuidado, como o próprio lar, lugar onde é praticada principalmente pelo marido ou companheiro. Geralmente, esta mulher que sofre violência doméstica tem uma dependência financeira, sobretudo, como também emocional que contribuem para que a mesma não denuncie e permaneça neste ciclo de violências que se repetem, trazendo repercussões na saúde física e mental.
Soma-se a isso, a cegueira no debate público que finge não ver essa realidade, ou quando ela se mostra manifesta busca atenuar com formas de tentar justificar o injustificável, atribuindo à responsabilidade da agressão ao tipo de vestimenta de mulher, a exemplo do motorista do aplicativo em um estado do Sul do país, o qual culpou o short “à la Anita” da vítima do assédio, ou ainda quanto ao horário em que ela estava na rua, como que acusando as mulheres pelo mal provocado a si próprias. Afinal, “homem é assim mesmo”.
A culpa nunca é da vítima, como sempre é dito incansavelmente pelos movimentos de mulheres. Parece óbvio, mas sempre procuram formas de colocar o violentador como alguém que teve justificativa para violar o corpo e a saúde mental das mulheres.
Uma cegueira que encoberta a violência contra crianças no ambiente doméstico, praticada em sua grande maioria por homens pertencentes ao seio familiar. Mulheres nascem muitas vezes em um ambiente inseguro e passam a vida com esse alvo nas costas, mas para essa sociedade machista, lesbofóbica, racista e patriarcal, a violência se justifica colocando a culpa nas mulheres ou fechando os olhos. Pois eu sou mais uma voz, entre muitas, que insiste em dizer: a culpa não é nossa. Mulher, a culpa não é sua!
O intuito de colocar a mulher como a culpada da própria violência é uma estratégia do patriarcado de duplamente violentar as mulheres, deixando-as à margem da sociedade, minimizando a auto estima, provocando danos irreparáveis na sua saúde física e mental, fazendo que muitas delas não reconheçam a violência que estão expostas ou sintam-se culpadas, o que as leva a não denunciar e não conseguir sair da situação de violência. Nota-se ainda a dúvida paira quando se trata de homem branco e com elevado poder econômico, destacando-se aqui que homens pobres e negros parecem, para a sociedade, mais tendenciosos a praticar a violência.
A violência de gênero, não escolhe cor, etnia ou classe social, atinge todas as mulheres, porém, o tipo de violência que a mulher negra pobre da periferia, lésbica e transexual vivenciam são carregadas de marcadores sociais que transcendem o limite do fenômeno de gênero, tranversalizando pela questão de raça, classe e sexualidade, ou seja, para além do machismo, as mulheres também sofrem com o racismo, transfobia e lesbofobia, as quais devem ser pontuadas enquanto problema a ser enfrentado pelas políticas públicas.
Sua presença tão marcante na sociedade brasileira é reflexo da ausência de políticas públicas eficazes no enfrentamento e prevenção da violência. Os governos em suas diversas esferas: Federais, Estaduais e Municipais, precisam comprometer-se com essa pauta, tão essencial para a qualidade de vida, principalmente das mulheres, que perdem seus direitos básicos, como até mesmo o de trabalhar. Como exemplo, cito o fato de recentemente ocorrido em Marituba, região metropolitana de Belém do Pará, onde várias mulheres foram violentadas sexualmente por homens que praticavam crimes de estupro, sendo que destas, duas foram assassinadas, quando elas estavam indo para o trabalho.
Na Amazônia, crimes que violam os direitos humanos, sobretudo das mulheres são comuns, em virtude de ser uma região invisibilizada e as autoridades não tomam providências para resolução e enfrentamento destas violações. O Marajó é um exemplo no qual ocorre exploração sexual de crianças e adolescentes nas balsas e nas ilhas de cidades ribeirinhas. Os grandes projetos como a Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira no Pará, trouxeram para a região a promessa de progresso e riqueza, que no final das contas, contribuiu para o aumento de exploração humana, com mulheres em situações de subemprego, vulneráveis à exploração sexual, aumentando inclusive a incidência de infecções sexualmente transmissíveis entre as mulheres no estado nos últimos anos.
Na zona urbana, o reflexo da violência na vida das mulheres repercute em diversos espaços sociais, até mesmo onde deveria ser de proteção e cuidado, como o próprio lar, lugar onde é praticada principalmente pelo marido ou companheiro. Geralmente, esta mulher que sofre violência doméstica tem uma dependência financeira, sobretudo, como também emocional que contribuem para que a mesma não denuncie e permaneça neste ciclo de violências que se repetem, trazendo repercussões na saúde física e mental.
Soma-se a isso, a cegueira no debate público que finge não ver essa realidade, ou quando ela se mostra manifesta busca atenuar com formas de tentar justificar o injustificável, atribuindo à responsabilidade da agressão ao tipo de vestimenta de mulher, a exemplo do motorista do aplicativo em um estado do Sul do país, o qual culpou o short “à la Anita” da vítima do assédio, ou ainda quanto ao horário em que ela estava na rua, como que acusando as mulheres pelo mal provocado a si próprias. Afinal, “homem é assim mesmo”.
A culpa nunca é da vítima, como sempre é dito incansavelmente pelos movimentos de mulheres. Parece óbvio, mas sempre procuram formas de colocar o violentador como alguém que teve justificativa para violar o corpo e a saúde mental das mulheres.
Uma cegueira que encoberta a violência contra crianças no ambiente doméstico, praticada em sua grande maioria por homens pertencentes ao seio familiar. Mulheres nascem muitas vezes em um ambiente inseguro e passam a vida com esse alvo nas costas, mas para essa sociedade machista, lesbofóbica, racista e patriarcal, a violência se justifica colocando a culpa nas mulheres ou fechando os olhos. Pois eu sou mais uma voz, entre muitas, que insiste em dizer: a culpa não é nossa. Mulher, a culpa não é sua!
O intuito de colocar a mulher como a culpada da própria violência é uma estratégia do patriarcado de duplamente violentar as mulheres, deixando-as à margem da sociedade, minimizando a auto estima, provocando danos irreparáveis na sua saúde física e mental, fazendo que muitas delas não reconheçam a violência que estão expostas ou sintam-se culpadas, o que as leva a não denunciar e não conseguir sair da situação de violência. Nota-se ainda a dúvida paira quando se trata de homem branco e com elevado poder econômico, destacando-se aqui que homens pobres e negros parecem, para a sociedade, mais tendenciosos a praticar a violência.
A violência de gênero, não escolhe cor, etnia ou classe social, atinge todas as mulheres, porém, o tipo de violência que a mulher negra pobre da periferia, lésbica e transexual vivenciam são carregadas de marcadores sociais que transcendem o limite do fenômeno de gênero, tranversalizando pela questão de raça, classe e sexualidade, ou seja, para além do machismo, as mulheres também sofrem com o racismo, transfobia e lesbofobia, as quais devem ser pontuadas enquanto problema a ser enfrentado pelas políticas públicas.
A urgência dos homens debaterem masculinidade
É preciso que os homens discutam a masculinidade e compreendam a sua responsabilidade nessa pauta. Não adianta apenas se indignar como uma mulher ou criança que foi violentada ou agredida, se não repreendem o amigo que assedia mulheres na festa, aquele “brother” que bate na esposa, aquele que adora desprezar as colegas de trabalho em rodas de conversas masculinas privadas. Não adianta se indignar, mas não se manifestar, pois é briga de marido e mulher, e não se quer perder a amizade. Entendemos que a prática de misoginia, do assédio e do abuso, quer físico ou moral, tem a ver com a estrutura sobre a qual foi organizada a sociedade. Em alguns países mais que em outros, mas sempre presente, o patriarcado ainda apresenta raízes fortificadas.
Isso é tão patente e a postura machista chega a ser ratificada inclusive pelo presidente do Brasil, o qual desqualificou a jornalista que investiga e questiona a sua eleição. Nesse caso, trata-se de violência moral por difamação, haja vista a conotação sexual que visa abalar, inclusive, sua credibilidade como jornalista, como profissional. Imaginem a pressão pela qual passa a mulher violentada, principalmente quando essa violência vem da maior autoridade do país, eleita para governar para todas e todos, promovendo igualdade e justiça. Muito mais que dizer que é solidário às demandas das mulheres, é preciso pôr em prática o discurso contra a violência, pois o silêncio em meio a uma situação de violação expressa o discurso, não de solidariedade, mas da conivência. No caso da jornalista, omissão foi a tônica.
Entender que a sociedade, do jeito que se formou, é injusta e além da sensibilização dos adultos, a educação de crianças e adolescentes é importante para a desconstrução de atitudes, padrões hegemônicos de poder, heteronormativos e tóxicos que violentam as mulheres não só fisicamente, mas também simbolicamente.
É preciso que os homens discutam a masculinidade e compreendam a sua responsabilidade nessa pauta. Não adianta apenas se indignar como uma mulher ou criança que foi violentada ou agredida, se não repreendem o amigo que assedia mulheres na festa, aquele “brother” que bate na esposa, aquele que adora desprezar as colegas de trabalho em rodas de conversas masculinas privadas. Não adianta se indignar, mas não se manifestar, pois é briga de marido e mulher, e não se quer perder a amizade. Entendemos que a prática de misoginia, do assédio e do abuso, quer físico ou moral, tem a ver com a estrutura sobre a qual foi organizada a sociedade. Em alguns países mais que em outros, mas sempre presente, o patriarcado ainda apresenta raízes fortificadas.
Isso é tão patente e a postura machista chega a ser ratificada inclusive pelo presidente do Brasil, o qual desqualificou a jornalista que investiga e questiona a sua eleição. Nesse caso, trata-se de violência moral por difamação, haja vista a conotação sexual que visa abalar, inclusive, sua credibilidade como jornalista, como profissional. Imaginem a pressão pela qual passa a mulher violentada, principalmente quando essa violência vem da maior autoridade do país, eleita para governar para todas e todos, promovendo igualdade e justiça. Muito mais que dizer que é solidário às demandas das mulheres, é preciso pôr em prática o discurso contra a violência, pois o silêncio em meio a uma situação de violação expressa o discurso, não de solidariedade, mas da conivência. No caso da jornalista, omissão foi a tônica.
Entender que a sociedade, do jeito que se formou, é injusta e além da sensibilização dos adultos, a educação de crianças e adolescentes é importante para a desconstrução de atitudes, padrões hegemônicos de poder, heteronormativos e tóxicos que violentam as mulheres não só fisicamente, mas também simbolicamente.
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