domingo, 5 de setembro de 2021

Sérgio Mamberti, amor em pessoa

Por Ricardo Alemão Abreu

Animado, Sérgio Mamberti me encantou um dia contando como iniciou-se nas artes e na política na casa de Pagu, em Santos. Ele, seu irmão Cláudio e Plínio Marcos conheceram muita arte e política com a mestra revolucionária Patrícia Galvão. A casa de Pagu, ele dizia, era uma verdadeiro centro cultural para a juventude comunista e avançada.

A primeira vez que o vi e o abracei foi na inauguração da sede da Azevedo, Cesnik e Salinas, na Vila Madalena. O sobrado foi o primeiro coworking que conheci. Ana Azevedo, minha grande amiga do núcleo da UJS da Zona Oeste de São Paulo/Osasco, e depois camarada do PCdoB-USP, que nos deixou ainda jovem, e ainda nos deixa muita saudade, convidou dois estudantes de Direito para formar a empresa: Fábio Cesnik e Rodrigo Salinas. Ana me dizia que seu orientador e animador era ele, o animado Sérgio, seu parente, que previa um futuro brilhante para a advocacia na área da cultura e do entretenimento. A semente que Ana, Cesnik e Salinas plantaram com a benção de Sérgio hoje é a grande árvore da CQS/FV, que juntou ainda o Quintino, o Fittipaldi e muita gente boa, e continua a crescer e florescer.

Sérgio Mamberti é ser humano do tipo Pagu, Mario Schenberg, Vinicius de Moraes, Oscar Niemeyer: mestres e mestras da cultura brasileira, que juntavam em sua casa e em suas viagens a vanguarda artística e cultural do seu tempo, a juventude inovadora, crítica e criativa, e articulavam esses talentos originais e únicos em empreitadas de cultura popular brasileira. E Sérgio nunca ocultou seus objetivos mais recônditos: emancipar as mentes do povo pela força libertária da cultura, e revolucionar o Brasil com as armas da energia criativa e do amor incondicional. Para Sérgio isso era tarefa prazerosa, pois ele sempre foi essa energia e esse amor em pessoa.

A última vez que o vi e o abracei foi em um almoço do Centro de Estudo da Mídia Alternativa Barão de Itararé, antes da pandemia. O Miro Borges, outro juntador de gente boa, me dizia animado o que eu já sabia sobre o Sérgio. O que toda a gente já sabia sobre o Sérgio, quem o viu pessoalmente no teatro ou no Ministério da Cultura, nas Bienais de Cultura da UNE ou nas passeatas, na TV ou no cinema. O que toda a gente já sabia sobre o Sérgio: ele sempre foi uma divindade em forma de gente, o amor em pessoa.

Sérgio agora é só animus, é só alma, que continua animando de amor nossa cultura e nosso povo com sua presença inesquecível!

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