Reproduzo artigo de Hideyo Saito, publicado no sítio Carta Maior:
A acusação de que o comitê de Dilma Rousseff teria violado o sigilo fiscal de um grupo de pessoas ligadas ao PSDB e a seu candidato presidencial, José Serra, saiu das manchetes coincidentemente depois de confirmado que não está arranhando o favoritismo da petista, após feroz campanha que ocupou as manchetes da mídia oligopólica durante mais de três semanas. Nesse período, o assunto foi martelado diariamente, com manchetes anunciando supostos “desdobramentos” do caso, que, entretanto, não trouxeram qualquer prova da ligação dos fatos alegados com a coligação petista. Em 2 de setembro, aliás, o corregedor eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Aldir Passarinho Junior, já havia arquivado uma representação demotucana, que pedia nada menos que a cassação da candidatura Dilma, justamente por falta de provas. Mesmo assim a campanha da mídia – em dobradinha com a propaganda eleitoral do candidato tucano – prosseguiu, imperturbável.
A maior evidência de que se tratava de um factóide eleitoral de péssima fatura é que não houve qualquer uso de informações fiscais das supostas vítimas na campanha de Dilma ou de seus aliados. Aliás, a denúncia ganharia alguma verossimilhança se essa candidata estivesse desesperada por causa de pesquisas eleitorais desfavoráveis. Outro importante detalhe é que, como já lembrado, os fatos apontados remontam a setembro de 2009, quando Serra se engalfinhava com seu companheiro de partido, Aécio Neves, na disputa pela candidatura tucana. Naqueles dias, surgiram falatórios sobre o jogo pesado que ambos os lados estavam protagonizando.
Mesmo a ilação, surgida a partir do episódio, de que a Receita Federal está “aparelhada” pelo PT dificilmente se encaixa com as denúncias. Ora, se isso é verdade por que o partido teria de apelar a um obscuro contador para solicitar, mediante uma procuração falsa, as informações desejadas? Recordemos que os operadores tucanos, quando manobraram para colocar a Previ a favor de Daniel Dantas na privatização das empresas de telecomunicações, não se valeram de recursos tão toscos. Tinham o controle do Banco do Brasil e dispensaram intermediários de baixo calibre (1).
O fato é que o assunto subitamente saiu das manchetes, substituído por outro. O jornal eletrônico “Brasília Confidencial” de 10 de setembro, em editorial intitulado “Monstruosa armação”, registrou que a própria “Folha de S. Paulo”, na edição do dia imediatamente anterior, teve de desmentir as acusações. Diz o editorial: “A Folha confessa, em texto sem assinatura, produzido pela sucursal de Brasília: o comitê de Dilma não produziu um dossiê; apenas teve acesso a um dossiê feito pelo PT de São Paulo há cinco anos. Trata-se, na verdade, de uma papelada de cem páginas escrita pelo partido para solicitar que o Ministério Público e a Procuradoria da República investigassem possíveis irregularidades em privatizações tucanas, que poderiam ter beneficiado José Serra, sua filha e seu genro”. Mesmo assim, constata, “a Folha não se retrata: limita-se a noticiar ‘naturalmente’ que mentiu”. (2)
O leitor atento poderia legitimamente questionar esse sumiço repentino da notícia: afinal, não diziam que se tratava de um fato capaz de por em cheque até mesmo a democracia brasileira? A oposição, incluída aí toda a grande imprensa e seus jornalistas mais subservientes, gastou toneladas de papel para alardear uma ameaça de mexicanização e o avanço do totalitarismo no Brasil. É legítimo questionar como um assunto tão transcendental desaparece das manchetes de uma hora para outra. Mas foi exatamente assim, sem qualquer cerimônia, que o assunto ficou relegado às páginas internas.
O “bebê-diabo” que infernizou São Paulo
A mídia oligopólica, definitivamente, mandou às favas qualquer compromisso com a verdade, com a ética e com os mais comezinhos princípios do jornalismo. A sucessão diária de manchetes vazias desse caso lembra um lamentável precedente, clássico do jornalismo marrom, criado pelo hoje extinto jornal “Notícias Populares”, também do grupo Folha (ora, ora, eles têm tradição no ramo!). Trata-se da farsa anunciada em manchete da edição de 10 de maio de 1975: “Nasceu o diabo em São Paulo”. O jornalista Edward de Souza assinou involuntariamente a primeira matéria, que resultou de completa distorção do que havia sido efetivamente apurado na rua. O mais incrível é que a mentira foi sustentada durante quase um mês, em seguidas manchetes.
Tudo começou, segundo ele, quando o editor do jornal o escalou para averiguar um boato segundo o qual, em São Bernardo do Campo, havia nascido uma criança estranha, com chifres e até rabo. Os médicos do hospital esclareceram, entretanto, que se tratava apenas de um bebê com malformação, que apresentava “um prolongamento no cóccix e duas pequenas saliências na testa”. O problema foi eliminado por uma cirurgia simples realizada na própria maternidade. “Escrevi o relato – prossegue o jornalista – sem nenhum sensacionalismo, em texto de 30 linhas. No domingo pela manhã vi o jornal com a manchete forçada e a minha assinatura. Fiquei apavorado, temendo processo e demissão por justa causa.” (3)
O texto da notícia tinha trechos completamente inventados, como este, de abertura: “Durante um parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios, correria e pânico por parte de enfermeiros e médicos, uma senhora deu a luz num hospital de São Bernardo do Campo, a uma estranha criatura, com aparência sobrenatural, que tem todas as características do diabo, em carne e osso. O bebezinho, que já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco centímetros, além do olhar feroz, que causa medo e arrepios”.
O repórter conta que, longe de ser demitido, foi elogiado pelo presidente do grupo Folha, Octavio Frias de Oliveira, que o chamou a seu gabinete. Ele determinou ainda que a matéria deveria ter continuidade. Foram ao todo 27 “reportagens”, que ajudaram a elevar a tiragem do jornal de 80 mil para 200 mil exemplares diários, de acordo com Souza. Algumas das mirabolantes manchetes da série: “Bebê-diabo inferniza padre no ABC”; “Nós vimos o bebê-diabo”; “Feiticeiro irá ao ABC expulsar bebê-diabo”; “Viu bebê-diabo e ficou louca”; “Santo previu bebê-diabo”; “Fazendeiro é o pai do bebê-diabo” e “Bebê-diabo foge para o nordeste”. O ponto alto foi alcançado no dia em que o jornal “informou” que o bebê-diabo tomou um taxi e assustou o motorista quando ordenou: “Toca para o inferno”. Mas assim que o assunto começou a cansar, o jornal anunciou a fuga do seu incrível personagem. E a notícia saiu das capas do jornal de uma hora para outra, como aconteceu com o caso do sigilo fiscal.
Ambas as fraudes são similares, pois visam em essência enganar o leitor. O objetivo do “Notícias Populares” foi meramente o de ganhar dinheiro com a mistificação, que foi então desdenhosamente ignorada pelo resto da imprensa. Já a tentativa de induzir em erro os leitores atuais, atribuindo (explícita ou implicitamente) a responsabilidade pelas quebras do sigilo fiscal à candidata Dilma Rousseff, foi encampada pelo conjunto da mídia dominante (dizem que com a isolada – e significativa – exceção dos grandes jornais de Belo Horizonte) por ideologia. A imprensa transformou-se em defensora de uma candidatura que representa melhor os seus interesses – mas o faz fraudulentamente, como se não fosse parte visceralmente interessada na disputa eleitoral. E a primeira vítima dessa postura, como sempre, é a verdade.
NOTAS
1- Segundo gravações de conversas telefônicas dos responsáveis pelo caso, que vieram à tona na ocasião, cogitou-se até envolver o “chefe” (isto é, o então presidente FHC) na negociata.
2- Brasília Confidencial. Monstruosa armação. Brasília, 10/09/2010. Ver no endereço http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=21097.
3- O depoimento do jornalista foi retirado de http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=5903.
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sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Manchetes que viram propaganda eleitoral
Reproduzo artigo de Ricardo Kotscho, publicado no blog Balaio do Kotscho:
Pelos comentários que leio diariamente aqui, os leitores estão cada vez mais indignados com o comportamento da grande imprensa brasileira na cobertura da campanha eleitoral de 2010. Um exemplo que resume a bronca da maioria é a mensagem enviada às 14h06 desta quinta-feira pelo leitor Eduardo Bonfim, pedindo que eu me manifeste sobre o assunto:
“Prezado Ricardo Kotscho
Sou fã do seu blog. Gostaria que você escrevesse um artigo sobre a propaganda que a Rede Globo vem fazendo no Jornal Nacional (JN no Ar) todos os dias, onde claramente só mostra a parte ruim do Brasil para que o povo vote no 45. Realmente, o casal do JN é 45. Isso é liberdade de imprensa?”
Sim, meu caro Eduardo, esta é a liberdade de imprensa que os oligopólios de mídia defendem. Ninguém pode contestá-los. Trata-se de um direito absoluto, sem limites. O citado JN no Ar, por exemplo, levanta todo dia a bola dos problemas das cidades brasileiras, onde falta de tudo e nada funciona. No mínimo, tem lugar onde falta homem e tem lugar onde falta mulher… Logo em seguida, entra o programa do candidato José Serra para apresentar as soluções.
Na outra metade do programa tucano, em tabelinha com os principais veículos de comunicação do país, são apresentadas as manchetes dos jornais e revistas com denúncias contra a candidata Dilma Rousseff, o governo Lula e o PT, numa sucessão de escândalos sem fim até o dia de disparar a tal “bala de prata”.
Já não dá mais para saber onde acaba o telejornal e onde começa o horário político eleitoral, o que é fato e o que é ilação, o que é notícia e o que é propaganda. A estratégia não chega a ser original. Mas, desde o segundo turno entre Collor e Lula, em 1989, eu não via uma cobertura tão descarada, um engajamento tão ostensivo da imprensa a favor de um candidato e contra o outro.
O esquema é sempre o mesmo: no sábado, a revista Veja lança uma nova denúncia, que repercute no JN de sábado e nos jornalões de domingo, avançando pelos dias seguintes. A partir daí, começa uma gincana para ver quem acrescenta novos ingredientes ao escândalo, não importa que os denunciantes tenham acabado de sair da cadeia ou fujam do país em seguida. Vale tudo.
Como apenas 1,5 milhão de brasileiros lê jornal diariamente, num universo de 135 milhões de eleitores, ou seja, o que é quase nada, e a maioria destes leitores já tem posição política firmada e candidato escolhido, reproduzir as manchetes e o noticiário dos impressos na televisão, seja no telejornal de maior audiência ou no horário de propaganda eleitoral, é fundamental para atingir o objetivo comum: levar o candidato da oposição ao segundo turno, como aconteceu em 2006.
À medida em que o tempo passa e nada se altera nas pesquisas, que indicam a vitória de Dilma no primeiro turno, o desespero e a radicalização aumentam. Engana-se, porém, quem pensar que o eleitorado não está sacando tudo. Basta ler os comentários publicados nos diferentes espaços da internet _ este novo meio que a população vem utilizando mais a cada dia, para deixar de ser um agente passivo no mundo da informação e poder formar a sua própria opinião.
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Pelos comentários que leio diariamente aqui, os leitores estão cada vez mais indignados com o comportamento da grande imprensa brasileira na cobertura da campanha eleitoral de 2010. Um exemplo que resume a bronca da maioria é a mensagem enviada às 14h06 desta quinta-feira pelo leitor Eduardo Bonfim, pedindo que eu me manifeste sobre o assunto:
“Prezado Ricardo Kotscho
Sou fã do seu blog. Gostaria que você escrevesse um artigo sobre a propaganda que a Rede Globo vem fazendo no Jornal Nacional (JN no Ar) todos os dias, onde claramente só mostra a parte ruim do Brasil para que o povo vote no 45. Realmente, o casal do JN é 45. Isso é liberdade de imprensa?”
Sim, meu caro Eduardo, esta é a liberdade de imprensa que os oligopólios de mídia defendem. Ninguém pode contestá-los. Trata-se de um direito absoluto, sem limites. O citado JN no Ar, por exemplo, levanta todo dia a bola dos problemas das cidades brasileiras, onde falta de tudo e nada funciona. No mínimo, tem lugar onde falta homem e tem lugar onde falta mulher… Logo em seguida, entra o programa do candidato José Serra para apresentar as soluções.
Na outra metade do programa tucano, em tabelinha com os principais veículos de comunicação do país, são apresentadas as manchetes dos jornais e revistas com denúncias contra a candidata Dilma Rousseff, o governo Lula e o PT, numa sucessão de escândalos sem fim até o dia de disparar a tal “bala de prata”.
Já não dá mais para saber onde acaba o telejornal e onde começa o horário político eleitoral, o que é fato e o que é ilação, o que é notícia e o que é propaganda. A estratégia não chega a ser original. Mas, desde o segundo turno entre Collor e Lula, em 1989, eu não via uma cobertura tão descarada, um engajamento tão ostensivo da imprensa a favor de um candidato e contra o outro.
O esquema é sempre o mesmo: no sábado, a revista Veja lança uma nova denúncia, que repercute no JN de sábado e nos jornalões de domingo, avançando pelos dias seguintes. A partir daí, começa uma gincana para ver quem acrescenta novos ingredientes ao escândalo, não importa que os denunciantes tenham acabado de sair da cadeia ou fujam do país em seguida. Vale tudo.
Como apenas 1,5 milhão de brasileiros lê jornal diariamente, num universo de 135 milhões de eleitores, ou seja, o que é quase nada, e a maioria destes leitores já tem posição política firmada e candidato escolhido, reproduzir as manchetes e o noticiário dos impressos na televisão, seja no telejornal de maior audiência ou no horário de propaganda eleitoral, é fundamental para atingir o objetivo comum: levar o candidato da oposição ao segundo turno, como aconteceu em 2006.
À medida em que o tempo passa e nada se altera nas pesquisas, que indicam a vitória de Dilma no primeiro turno, o desespero e a radicalização aumentam. Engana-se, porém, quem pensar que o eleitorado não está sacando tudo. Basta ler os comentários publicados nos diferentes espaços da internet _ este novo meio que a população vem utilizando mais a cada dia, para deixar de ser um agente passivo no mundo da informação e poder formar a sua própria opinião.
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Os estragos que a velha mídia pode causar
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Para atacar o centro do poder e da coligação lulo-dilmista, a velha mídia se aliou a um empresário que já passou dez meses na cadeia.
Nassif explicou quem é o empresário que serviu de “fonte” para a “Folha”, na nova denúncia a envolver o nome da (agora) ex-ministra Erenice Guerra. O tal empresário narra episódios ocorridos há meses e que, convenientemente, resssurgem agora – do nada – em plena reta final da eleição.
Acho normal que a imprensa vasculhe as relações de personagens próximos aos principais candidatos. É a tal função fiscalizadora do poder. O curioso é saber: por que a fiscalização é unilateral? Nos velhos jornais e revistas, nenhuma palavra sobre Ricardo Sérgio, sobre Preciado e tantos outros personagens próximos a Serra. Leandro Fortes escreveu sobre o silêncio generalizado - na velha mídia – a respeito da denúncia que ele, Leandro, levou ás páginas da CartaCapital: mostrou como a empresa de Verônica Serra, a Decidir, quebrou o sigilo de milhões de brasileiros.
Esse é o jogo. Sujo. Por isso, desde que Dilma passou Serra nas pesquisas, dedico-me a escrever aqui: calma, gente. Serra está em queda, a mídia já nao tem tanto poder. OK. Mas, juntos, podem sim provocar estragos. Meus argumentos estão num texto intitulado “Sobre fábulas e o menosprezo”.
Acabamos de ver comprovada minha tese. O governo Lula aceitou a pressão midiática, e Erenice se demitiu.
A “Folha” derrubou Erenice. Esse é o fato. Um jornal que perdeu muita força, mas que hoje – como “produtor de conteúdo” para as edições do “JN” e para os programas de Serra na TV – ainda tem algum peso.
As pesquisas mostram que grande parte do eleitorado não muda o voto em Dilma por conta do escândalo. Isso é fato.
Outros fatos:
- nas camadas médias, entre eleitores mais escolarizados e com renda mais alta, Dilma caiu sim após o bombardeio; se dependesse apenas desse segmento, a eleição iria pra segundo turno;
- nos setores populares e mais próximos do lulismo, a tática do escândalo não pega; o que poderia pegar é o terror religioso; e isso está em marcha, como escrevi aqui; nos últimos dias, tive relatos de gente que, no trabalho, já começou a ouvir de colegas (de origem humilde) que “o pastor pediu pra não votar na mulher do Lula, porque ela é a favor do aborto”.
Isso quer dizer o que? Por agora, os números indicam vitória no primeiro turno, e Serra ainda tem que pagar um preço alto por bater tanto: cresce a rejeição a ele. Isso é um “meio” problema. Para Serra forçar o segundo turno, basta que Dilma perca votos – mesmo que o tucano não os ganhe. Para isso, existe Marina Silva. Ela é claramente contra o aborto, evangélica, pode receber parte dos votos que Dilma venha a perder se a campanha do terror religioso prosperar.
Vamos aos números. No DataFolha (com resultado muito parecido ao do Sensus), Dilma tem 51%, Serra 27% e Marina 11%. Se calcularmos que Plinio e os nanicos cheguem a 1%, teríamos o seguinte quadro: Dilma 51% x Todos os outros 39%. Parece muito, mas não é. A diferença é de 12 pontos. Portanto, bastaria Serra tirar 6 pontos de Dilma, transferindo esse total para Marina, Plinio e para o próprio tucano.
Como?
Paulo Henrique Amorim já avisou que Onésimo vem aí. Quem é ele? O tal araponga que a turma do PT – em dado momento- teria tentado contactar (e contratar?). Onésimo conversou com a “Veja” essa semana.
Portanto, teremos nos próximos dias o seguintes quadro:
- governo ainda a sangrar pelo escândalo de Erenice e a saída da ministra;
- novas denúncias do consórcio “Veja”/”Folha”, que ganharão farto espaço no “JN”;
- campanha terrorista nas Igrejas.
Serra não precisa de muito pra forçar o segundo turno: basta que ele chegue a 29%, Marina suba para 15% e Dilma caia para 45%.
Impossível? Eu não acho. Tenho dito isso há 3 meses. Ainda mais porque parte do eleitorado dilmista pode ter dificuldades com a exigência de dois documentos para votar.
O governo Lula não enfrentou o PIG durante 8 anos. Franklin Martins teve um papel importante, democratizando em parte o acesso às verbas públicas de publicidade. O PIG chiou, a grana agora vai para mais jornais, não só a velha turma. Isso foi feito.
Mas e o trabalho político e pedagógico de mostrar o que é essa velha mídia? Lula poderia ter travado esse combate. Não o fez. Tentou ganhar no gogó. Em parte teve sucesso, mas mesmo assim precisou encarar segundo turno em 2006 – graças a 15 dias de bombardeio, numa eleição que parecia ganha.
E se agora vierem mais 15 dias de bombardeio, como em 2006? Vocês acham impossível virar 6 pontos percentuais? O guru indiano, os pastores e padres de direita, os Civita, o Ali Kamel, a família Marinho e o Serra. Nem eu. Lamento estar em péssima compania.
Como enfrentar esse quadro? Com resposta política dos movimentos sociais. O ato público covocado pelo Barão de Itararé é só um exemplo. Mas falta o ator principal entrar em campo: Lula precisa vir a público e peitar a velha mídia.
Não o fez durante 8 anos. Fará isso agora em 15 dias? O futuro da eleição pode passar por aí.
E, para concluri: mesmo que Dilma vença no primeiro turno, terá que pagar um preço altíssimo pelo fato de Lula não ter usado sua força para enfrentar esse complexo midiático – transformado em partido politico. Dilma iniciaria o governo já na defensiva. Encurralada pela velha mídia, e sem o apelo da mística lulista.
Um quadro político complicado. Mesmo que os números das pesquisas e da economia, hoje, apontem o contrário.
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Para atacar o centro do poder e da coligação lulo-dilmista, a velha mídia se aliou a um empresário que já passou dez meses na cadeia.
Nassif explicou quem é o empresário que serviu de “fonte” para a “Folha”, na nova denúncia a envolver o nome da (agora) ex-ministra Erenice Guerra. O tal empresário narra episódios ocorridos há meses e que, convenientemente, resssurgem agora – do nada – em plena reta final da eleição.
Acho normal que a imprensa vasculhe as relações de personagens próximos aos principais candidatos. É a tal função fiscalizadora do poder. O curioso é saber: por que a fiscalização é unilateral? Nos velhos jornais e revistas, nenhuma palavra sobre Ricardo Sérgio, sobre Preciado e tantos outros personagens próximos a Serra. Leandro Fortes escreveu sobre o silêncio generalizado - na velha mídia – a respeito da denúncia que ele, Leandro, levou ás páginas da CartaCapital: mostrou como a empresa de Verônica Serra, a Decidir, quebrou o sigilo de milhões de brasileiros.
Esse é o jogo. Sujo. Por isso, desde que Dilma passou Serra nas pesquisas, dedico-me a escrever aqui: calma, gente. Serra está em queda, a mídia já nao tem tanto poder. OK. Mas, juntos, podem sim provocar estragos. Meus argumentos estão num texto intitulado “Sobre fábulas e o menosprezo”.
Acabamos de ver comprovada minha tese. O governo Lula aceitou a pressão midiática, e Erenice se demitiu.
A “Folha” derrubou Erenice. Esse é o fato. Um jornal que perdeu muita força, mas que hoje – como “produtor de conteúdo” para as edições do “JN” e para os programas de Serra na TV – ainda tem algum peso.
As pesquisas mostram que grande parte do eleitorado não muda o voto em Dilma por conta do escândalo. Isso é fato.
Outros fatos:
- nas camadas médias, entre eleitores mais escolarizados e com renda mais alta, Dilma caiu sim após o bombardeio; se dependesse apenas desse segmento, a eleição iria pra segundo turno;
- nos setores populares e mais próximos do lulismo, a tática do escândalo não pega; o que poderia pegar é o terror religioso; e isso está em marcha, como escrevi aqui; nos últimos dias, tive relatos de gente que, no trabalho, já começou a ouvir de colegas (de origem humilde) que “o pastor pediu pra não votar na mulher do Lula, porque ela é a favor do aborto”.
Isso quer dizer o que? Por agora, os números indicam vitória no primeiro turno, e Serra ainda tem que pagar um preço alto por bater tanto: cresce a rejeição a ele. Isso é um “meio” problema. Para Serra forçar o segundo turno, basta que Dilma perca votos – mesmo que o tucano não os ganhe. Para isso, existe Marina Silva. Ela é claramente contra o aborto, evangélica, pode receber parte dos votos que Dilma venha a perder se a campanha do terror religioso prosperar.
Vamos aos números. No DataFolha (com resultado muito parecido ao do Sensus), Dilma tem 51%, Serra 27% e Marina 11%. Se calcularmos que Plinio e os nanicos cheguem a 1%, teríamos o seguinte quadro: Dilma 51% x Todos os outros 39%. Parece muito, mas não é. A diferença é de 12 pontos. Portanto, bastaria Serra tirar 6 pontos de Dilma, transferindo esse total para Marina, Plinio e para o próprio tucano.
Como?
Paulo Henrique Amorim já avisou que Onésimo vem aí. Quem é ele? O tal araponga que a turma do PT – em dado momento- teria tentado contactar (e contratar?). Onésimo conversou com a “Veja” essa semana.
Portanto, teremos nos próximos dias o seguintes quadro:
- governo ainda a sangrar pelo escândalo de Erenice e a saída da ministra;
- novas denúncias do consórcio “Veja”/”Folha”, que ganharão farto espaço no “JN”;
- campanha terrorista nas Igrejas.
Serra não precisa de muito pra forçar o segundo turno: basta que ele chegue a 29%, Marina suba para 15% e Dilma caia para 45%.
Impossível? Eu não acho. Tenho dito isso há 3 meses. Ainda mais porque parte do eleitorado dilmista pode ter dificuldades com a exigência de dois documentos para votar.
O governo Lula não enfrentou o PIG durante 8 anos. Franklin Martins teve um papel importante, democratizando em parte o acesso às verbas públicas de publicidade. O PIG chiou, a grana agora vai para mais jornais, não só a velha turma. Isso foi feito.
Mas e o trabalho político e pedagógico de mostrar o que é essa velha mídia? Lula poderia ter travado esse combate. Não o fez. Tentou ganhar no gogó. Em parte teve sucesso, mas mesmo assim precisou encarar segundo turno em 2006 – graças a 15 dias de bombardeio, numa eleição que parecia ganha.
E se agora vierem mais 15 dias de bombardeio, como em 2006? Vocês acham impossível virar 6 pontos percentuais? O guru indiano, os pastores e padres de direita, os Civita, o Ali Kamel, a família Marinho e o Serra. Nem eu. Lamento estar em péssima compania.
Como enfrentar esse quadro? Com resposta política dos movimentos sociais. O ato público covocado pelo Barão de Itararé é só um exemplo. Mas falta o ator principal entrar em campo: Lula precisa vir a público e peitar a velha mídia.
Não o fez durante 8 anos. Fará isso agora em 15 dias? O futuro da eleição pode passar por aí.
E, para concluri: mesmo que Dilma vença no primeiro turno, terá que pagar um preço altíssimo pelo fato de Lula não ter usado sua força para enfrentar esse complexo midiático – transformado em partido politico. Dilma iniciaria o governo já na defensiva. Encurralada pela velha mídia, e sem o apelo da mística lulista.
Um quadro político complicado. Mesmo que os números das pesquisas e da economia, hoje, apontem o contrário.
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Ato contra o golpismo midiático
Reproduzo convite do Centro de Estudos Barão de Itararé:
COMPAREÇA AO ATO EM DEFESA DA DEMOCRACIA!
CONTRA A BAIXARIA NAS ELEIÇÕES!
CONTRA O GOLPISMO MIDIÁTICO!
Na reta final da eleição, a campanha presidencial no Brasil enveredou por um caminho perigoso. Não se discutem mais os reais problemas do Brasil, nem os programas dos candidatos para desenvolver o país e para garantir maior justiça social. Incitada pela velha mídia, o que se nota é uma onda de baixarias, de denúncias sem provas, que insiste na “presunção da culpa”, numa afronta à Constituição que fixa a “presunção da inocência”.
Como num jogo combinado, as manchetes da velha mídia viram peças de campanha no programa de TV do candidato das forças conservadoras.
Essa manipulação grosseira objetiva castrar o voto popular e tem como objetivo secundário deslegitimar as instituições democráticas a duras penas construídas no Brasil.
A onda de baixarias, que visa forçar a ida de José Serra ao segundo turno, tende a crescer nos últimos dias da campanha. Os boatos que circulam nas redações e nos bastidores das campanhas são preocupantes e indicam que o jogo sujo vai ganhar ainda mais peso.
Conduzida pela velha mídia, que nos últimos anos se transformou em autêntico partido político conservador, essa ofensiva antidemocrática precisa ser barrada. No comando da ofensiva estão grupos de comunicação que – pelo apoio ao golpe de 64 e à ditadura militar – já mostraram seu desapreço pela democracia.
É por isso que centrais sindicais, movimentos sociais, partidos políticos e personalidades das mais variadas origens realizarão – com apoio do movimento de blogueiros progressistas - um ato em defesa da democracia.
Participe! Vamos dar um basta às baixarias da direita!
Abaixo o golpismo midiático!
Viva a Democracia!
Data: 23 de setembro, 19 horas
Local: Auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
(Rua Rego Freitas, 530, próximo ao Metrô República, centro da capital paulista).
Presenças confirmadas de dirigentes do PT, PCdoB, PSB, PDT, de representantes da CUT, FS, CTB, CGTB, MST e UNE e de blogueiros progressistas.
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COMPAREÇA AO ATO EM DEFESA DA DEMOCRACIA!
CONTRA A BAIXARIA NAS ELEIÇÕES!
CONTRA O GOLPISMO MIDIÁTICO!
Na reta final da eleição, a campanha presidencial no Brasil enveredou por um caminho perigoso. Não se discutem mais os reais problemas do Brasil, nem os programas dos candidatos para desenvolver o país e para garantir maior justiça social. Incitada pela velha mídia, o que se nota é uma onda de baixarias, de denúncias sem provas, que insiste na “presunção da culpa”, numa afronta à Constituição que fixa a “presunção da inocência”.
Como num jogo combinado, as manchetes da velha mídia viram peças de campanha no programa de TV do candidato das forças conservadoras.
Essa manipulação grosseira objetiva castrar o voto popular e tem como objetivo secundário deslegitimar as instituições democráticas a duras penas construídas no Brasil.
A onda de baixarias, que visa forçar a ida de José Serra ao segundo turno, tende a crescer nos últimos dias da campanha. Os boatos que circulam nas redações e nos bastidores das campanhas são preocupantes e indicam que o jogo sujo vai ganhar ainda mais peso.
Conduzida pela velha mídia, que nos últimos anos se transformou em autêntico partido político conservador, essa ofensiva antidemocrática precisa ser barrada. No comando da ofensiva estão grupos de comunicação que – pelo apoio ao golpe de 64 e à ditadura militar – já mostraram seu desapreço pela democracia.
É por isso que centrais sindicais, movimentos sociais, partidos políticos e personalidades das mais variadas origens realizarão – com apoio do movimento de blogueiros progressistas - um ato em defesa da democracia.
Participe! Vamos dar um basta às baixarias da direita!
Abaixo o golpismo midiático!
Viva a Democracia!
Data: 23 de setembro, 19 horas
Local: Auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
(Rua Rego Freitas, 530, próximo ao Metrô República, centro da capital paulista).
Presenças confirmadas de dirigentes do PT, PCdoB, PSB, PDT, de representantes da CUT, FS, CTB, CGTB, MST e UNE e de blogueiros progressistas.
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"Fonte" da Folha acabou de sair da cadeia
Reproduzo artigo de Luis Nassif, publicado em seu blog:
Alguns elementos para tentar entender essa nova denúncia da Folha:
1. Segundo informações da própria Folha, o acusador Rubnei Quícoli já foi condenado duas vezes em São Paulo (por interceptação de carga roubada e por posse de moeda falsificada). E em 2007 passou dez meses preso. O fato de antecipar as denúncias sobre sua fonte não absolve o jornal. Pelo contrário, é agravante. Quando uma pessoa com tal currículo faz uma denúncia, é praxe de qualquer jornalismo sério ouvir as denúncias e exigir a apresentação de provas.
2. A única prova que o tal consultor apresenta é um email marcando audiência na Casa Civil e que tem o nome de Vinicius Oliveira no C/C . Todo o restante são acusações declaratórias. Nenhum juiz do mundo tomaria como verdade acusações desacompanhadas de provas, de um sujeito que acaba de sair da cadeia.
3. O jornal não explica como um sujeito com duas condenações criminais, que passou dez meses na prisão dois anos atrás, pilota um projeto de R$ 9 bilhões. É apostar demais na ignorância dos leitores.
4. O BNDES é um banco técnico, constituído exclusivamente por funcionários de carreira trabalhando de forma colegiada. É impossível a qualquer pessoa – até seu presidente – influenciar a análise do comitê de crédito. Essa informação pode ser facilmente confirmada com qualquer ex-presidente do banco, de qualquer governo. É só conversar com o Luiz Carlos Mendonça de Barros, Pérsio Arida, Antonio Barros de Castro, Márcio Fortes – que foram presidentes durante o governo FHC. A ilação principal da reportagem – a de que o projeto de financiamento foi recusado pelo BNDES depois da empresa ter recusado a assessoria da Capital – não se sustenta. Coloca sob suspeita uma instituição de reconhecimento público fiando-se na palavra de um sujeito que já sofreu três condenações na Justiça e três anos atrás passou dez meses preso.
5. Existem empresas de consultoria que preparam projetos para o BNDES e cobram entre 5 a 7% sobre o valor financiado. É praxe no mercado. Confundir essa taxa com propina é má fé. Segundo o empresário que denunciou, Israel apresentou uma proposta de acompanhamento jurídico de processos da empresa, que acabou não sendo assinado. Tudo em cima de declarações.
Ninguém vai negociar propostas ocultas em reuniões formais na Casa Civil, à luz do dia. Só faltava.
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Alguns elementos para tentar entender essa nova denúncia da Folha:
1. Segundo informações da própria Folha, o acusador Rubnei Quícoli já foi condenado duas vezes em São Paulo (por interceptação de carga roubada e por posse de moeda falsificada). E em 2007 passou dez meses preso. O fato de antecipar as denúncias sobre sua fonte não absolve o jornal. Pelo contrário, é agravante. Quando uma pessoa com tal currículo faz uma denúncia, é praxe de qualquer jornalismo sério ouvir as denúncias e exigir a apresentação de provas.
2. A única prova que o tal consultor apresenta é um email marcando audiência na Casa Civil e que tem o nome de Vinicius Oliveira no C/C . Todo o restante são acusações declaratórias. Nenhum juiz do mundo tomaria como verdade acusações desacompanhadas de provas, de um sujeito que acaba de sair da cadeia.
3. O jornal não explica como um sujeito com duas condenações criminais, que passou dez meses na prisão dois anos atrás, pilota um projeto de R$ 9 bilhões. É apostar demais na ignorância dos leitores.
4. O BNDES é um banco técnico, constituído exclusivamente por funcionários de carreira trabalhando de forma colegiada. É impossível a qualquer pessoa – até seu presidente – influenciar a análise do comitê de crédito. Essa informação pode ser facilmente confirmada com qualquer ex-presidente do banco, de qualquer governo. É só conversar com o Luiz Carlos Mendonça de Barros, Pérsio Arida, Antonio Barros de Castro, Márcio Fortes – que foram presidentes durante o governo FHC. A ilação principal da reportagem – a de que o projeto de financiamento foi recusado pelo BNDES depois da empresa ter recusado a assessoria da Capital – não se sustenta. Coloca sob suspeita uma instituição de reconhecimento público fiando-se na palavra de um sujeito que já sofreu três condenações na Justiça e três anos atrás passou dez meses preso.
5. Existem empresas de consultoria que preparam projetos para o BNDES e cobram entre 5 a 7% sobre o valor financiado. É praxe no mercado. Confundir essa taxa com propina é má fé. Segundo o empresário que denunciou, Israel apresentou uma proposta de acompanhamento jurídico de processos da empresa, que acabou não sendo assinado. Tudo em cima de declarações.
Ninguém vai negociar propostas ocultas em reuniões formais na Casa Civil, à luz do dia. Só faltava.
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Condenado se torna "fonte" da Folha
Reproduzo matéria publicada no blog Conversa Afiada:
A Folha de S.Paulo de hoje (16.09) estampa uma foto de meia página (E3) de Rubnei Quícoli, apresentado como “empresário” e representante da empresa EDRB do Brasil S/A, de Campinas (SP). Embaixo da foto dele, em pose de CEO de grupo multinacional, a mesma Folha informa que Quícoli foi condenado em processos movidos pela Justiça de São Paulo pelos crimes de receptação e coação. Uma das penas foi por desvio de uma carga de 10 toneladas, produto de roubo. A outra, por receptação de moeda falsa. Em 2007, informa a FSP, Quícoli passou dez dias na cadeia.
A FSP recorre ao depoimento deste homem – que identifica como “consultor” – para acusar, sem provas, a ministra-chefe da Casa Civil, e seu filho Israel, de terem pedido dinheiro da empresa EDRB para liberar um empréstimo do BNDES e para a campanha da candidata Dilma Rousseff.
O absurdo é que, na entrevista (pág E3) é o próprio Quícoli quem afirma que o dinheiro teria sido pedido por Marco Antonio Oliveira, ex-diretor dos Correios, demitido recentemente, e não por Erenice ou Israel Guerra.
Fala Quícoli: “Ele (Marco Antonio) falou que precisava de R$ 5 milhões para poder pagar a dívida lá que a mulher de ferro tinha”. Acrescenta Quícoli: “O Marco Antonio é que pediu. Eu falei: Eu não vou dar dinheiro nenhum. Eu estou fazendo um negócio que é por dentro e estou me sentindo lesado.”
Segundo o “consultor”, foi Marco Antonio quem afirmou que “Israel bloqueou a operação (no BNDES). Quícoli também afirma que Israel não lhe pediu dinheiro: “O Israel nunca pediu nada, porque eu não dei chance. Eu não sabia que ele era filho da Erenice. Soube pelo Marco Antonio.”
Sobre a ministra, à época secretária-executiva da Casa Civil, o “consultor” afirma: “Ela se colocou num patamar assim: Vou ver onde eu coloco isso”. Ela concordou que a Chesf seria e empresa recomendada (para avaliar o projeto de energia solar) porque está no Nordeste. Nessa condição, ela agiu corretamente.”
A Folha reforça: “Segundo eles, ela ouviu sobre o projeto e se propôs a fazer a ponte entre a EDRB e a Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco), estatal geradora de energia. “Nesse dia, ela [Erenice] propôs o quê? Viabilizar o projeto dentro da Chesf. [...]”
Conforme informado à FSP, ontem (15), representantes da empresa KVA Elétrica (e não da EDRB), foram recebidos na Casa Civil, em 10 de novembro de 2009, pelo então assessor especial da Secretaria-Executiva. Segundo a FSP, ambas empresas são representadas por Quícoli. Os empresários apresentaram um perfil da empresa e tecnologias para a produção de energia solar na região Nordeste. Nenhum encaminhamento ou pedido foi derivado desta audiência. Nem Erenice Guerra, nem o ex-assessor da Casa Civil, Vinícius Castro, participaram da audiência.
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A Folha de S.Paulo de hoje (16.09) estampa uma foto de meia página (E3) de Rubnei Quícoli, apresentado como “empresário” e representante da empresa EDRB do Brasil S/A, de Campinas (SP). Embaixo da foto dele, em pose de CEO de grupo multinacional, a mesma Folha informa que Quícoli foi condenado em processos movidos pela Justiça de São Paulo pelos crimes de receptação e coação. Uma das penas foi por desvio de uma carga de 10 toneladas, produto de roubo. A outra, por receptação de moeda falsa. Em 2007, informa a FSP, Quícoli passou dez dias na cadeia.
A FSP recorre ao depoimento deste homem – que identifica como “consultor” – para acusar, sem provas, a ministra-chefe da Casa Civil, e seu filho Israel, de terem pedido dinheiro da empresa EDRB para liberar um empréstimo do BNDES e para a campanha da candidata Dilma Rousseff.
O absurdo é que, na entrevista (pág E3) é o próprio Quícoli quem afirma que o dinheiro teria sido pedido por Marco Antonio Oliveira, ex-diretor dos Correios, demitido recentemente, e não por Erenice ou Israel Guerra.
Fala Quícoli: “Ele (Marco Antonio) falou que precisava de R$ 5 milhões para poder pagar a dívida lá que a mulher de ferro tinha”. Acrescenta Quícoli: “O Marco Antonio é que pediu. Eu falei: Eu não vou dar dinheiro nenhum. Eu estou fazendo um negócio que é por dentro e estou me sentindo lesado.”
Segundo o “consultor”, foi Marco Antonio quem afirmou que “Israel bloqueou a operação (no BNDES). Quícoli também afirma que Israel não lhe pediu dinheiro: “O Israel nunca pediu nada, porque eu não dei chance. Eu não sabia que ele era filho da Erenice. Soube pelo Marco Antonio.”
Sobre a ministra, à época secretária-executiva da Casa Civil, o “consultor” afirma: “Ela se colocou num patamar assim: Vou ver onde eu coloco isso”. Ela concordou que a Chesf seria e empresa recomendada (para avaliar o projeto de energia solar) porque está no Nordeste. Nessa condição, ela agiu corretamente.”
A Folha reforça: “Segundo eles, ela ouviu sobre o projeto e se propôs a fazer a ponte entre a EDRB e a Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco), estatal geradora de energia. “Nesse dia, ela [Erenice] propôs o quê? Viabilizar o projeto dentro da Chesf. [...]”
Conforme informado à FSP, ontem (15), representantes da empresa KVA Elétrica (e não da EDRB), foram recebidos na Casa Civil, em 10 de novembro de 2009, pelo então assessor especial da Secretaria-Executiva. Segundo a FSP, ambas empresas são representadas por Quícoli. Os empresários apresentaram um perfil da empresa e tecnologias para a produção de energia solar na região Nordeste. Nenhum encaminhamento ou pedido foi derivado desta audiência. Nem Erenice Guerra, nem o ex-assessor da Casa Civil, Vinícius Castro, participaram da audiência.
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Carta de demissão de Erenice Guerra
Excelentíssimo Senhor
Luiz Inácio Lula da Silva
DD Presidente da República
Nesta
Senhor Presidente,
Nos últimos dias fui surpreendida por uma série de matérias veiculadas por alguns órgãos da imprensa contendo acusações que envolvem funcionários e familiares meus.
Tenho respondido uma a uma, buscando esclarecer o que se publica e, principalmente, a verdade dos fatos, defrontando-me com toda sorte de afirmações, ilações ou mentiras que visam desacreditar meu trabalho e atingir o governo ao qual sirvo.
Não posso, não devo e nem quero furtar-me à tarefa de esclarecer todas essas acusações e nem posso deixar qualquer dúvida pairando acerca de minha honradez e da seriedade com a qual me porto no serviço público. Nada fiz ou permiti que se fizesse, ao longo de toda essa trajetória de trinta anos, que não tenha sido no estrito cumprimento de meus deveres.
Agradeço a confiança de Vossa Excelência ao designar-me para a honrosa função de Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, e solicito em caráter irrevogável que aceite meu pedido de demissão.
Cabe-me, daqui por diante, a missão de lutar para que a verdade dos fatos seja restabelecida.
Brasília (DF), 15 de setembro de 2010.
Erenice Guerra
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Luiz Inácio Lula da Silva
DD Presidente da República
Nesta
Senhor Presidente,
Nos últimos dias fui surpreendida por uma série de matérias veiculadas por alguns órgãos da imprensa contendo acusações que envolvem funcionários e familiares meus.
Tenho respondido uma a uma, buscando esclarecer o que se publica e, principalmente, a verdade dos fatos, defrontando-me com toda sorte de afirmações, ilações ou mentiras que visam desacreditar meu trabalho e atingir o governo ao qual sirvo.
Não posso, não devo e nem quero furtar-me à tarefa de esclarecer todas essas acusações e nem posso deixar qualquer dúvida pairando acerca de minha honradez e da seriedade com a qual me porto no serviço público. Nada fiz ou permiti que se fizesse, ao longo de toda essa trajetória de trinta anos, que não tenha sido no estrito cumprimento de meus deveres.
Agradeço a confiança de Vossa Excelência ao designar-me para a honrosa função de Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, e solicito em caráter irrevogável que aceite meu pedido de demissão.
Cabe-me, daqui por diante, a missão de lutar para que a verdade dos fatos seja restabelecida.
Brasília (DF), 15 de setembro de 2010.
Erenice Guerra
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O velho filme das denúncias eleitorais
Reproduzo artigo de Urariano Motta, publicado no sítio Direto da Redação:
O roteiro é conhecido, o filme é velho, mas continua a ser exibido a cada quatro anos, quando se anunciam mudanças políticas no Brasil. É um filme B, de candidatos a canastrão, de poucas locações, mas ainda assim caro, muito caro, pelo preço cobrado e pelas repercussões na vida econômica do Brasil.
É uma película grossa, repleta de truques manjados, repetidos à exaustão, sem qualquer voo tecnológico ou design de jornadas nas estrelas, mas ainda assim eficaz como uma armadilha de sexo, cujo final é sempre conhecido, mas ainda assim sedutor.
Os mais maduros já viram. Assim como neste setembro de 2010, quando aparece a denúncia do vazamento do sigilo da pulcra filha de Serra, cuja pulcritude não conseguiu arrancar votos de Dilma, apesar do reforço da pulcríssima candidata Marina... assim como nestes últimos dias, quando surgiu mais um escândalo, desta vez para responsabilizar a Casa Civil do governo Lula, utilizando a ponte do filho da substituta de Dilma, que não está mais do governo, mas “aí tem coisa”, pois os links se fazem com lances de ilusionismo, não custa lembrar a última exibição desse arrasa quarteirão da guerra política.
Em setembro, Lula, que estava próximo a ganhar as eleições no primeiro turno, recebeu um golpe desse filme em 15 de setembro de 2006. O dia desse clássico da velhacaria não é certo. Mas o título, sim. Na sua versão de 2006, ficou conhecido “O escândalo do dossiê”. O certo é que em 16.09.2006 a Folha de São Paulo denunciou:
PF prende petistas acusados de comprar dossiê anti-Serra
A Polícia Federal apreendeu ontem US$ 248,8 mil e R$ 1,168 milhão (R$ 1,7 milhão), em um hotel de São Paulo, em poder do petista Valdebran Carlos Padilha da Silva, empreiteiro mato-grossense, e de Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-agente da PF. Eles estavam intermediando a compra de vídeos, fotos e documentos que mostrariam suposto envolvimento dos candidatos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra com a máfia dos sanguessugas.
A duas semanas do primeiro turno de 2006, um raio de Cecil B. DeMille riscou os céus do Brasil. A hipocrisia e a malandragem se juntaram em uníssono. Com espaço aberto em toda grande imprensa, instigados, como dizem os jovens hoje, vieram as vozes dos varões de Plutarco:
Pega ladrão! (A chantagem eleitoral de Lula)
Jorge Bornhausen
Surpreendido, o ladrão antecipa-se ao alarme e grita: "Ladrão!
Pega ladrão!". Mistura-se aos seus próprios perseguidores e se livra da polícia. (Ou então, numa variável da cena, usada como cortina cômica dos picadeiros de circo de antigamente, o ator que faz o papel do descuidista ou do sedutor apanhado em flagrante de adultério grita "Fogo! Fogo!", e aproveita a confusão pra fugir.)...
Heloísa compara PT a facção criminosa por elo com dossiê
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM GOIÂNIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A candidata do PSOL à Presidência Heloísa Helena classificou o PT como "organização criminosa" ao comentar, ontem, a participação de membros do partido na compra de dossiê contra tucanos....
É mais prático afastar Lula, diz Alckmin
O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, afirmou ontem, quando questionado sobre a série de demissões no PT e no governo provocadas pelas crises políticas, que é ‘mais prático afastar o Lula’.
Cinco ministros afastados, indiciados, denunciados, a direção do PT envolvida em escândalos, agora um novo. Eu acho que tem que afastar o Lula, é mais prático”.
Mas faltava para a televisão a imagem escandalosa do crime. No dia 29 de setembro, pela versão da mídia, uma “pessoa” (o criminoso em off) entrega aos jornalistas um CD com as fotos do dossiê. O Delegado da Polícia Federal de São Paulo, Edmilson Pereira Bruno, declara que foi vítima de furto, ao contar que as fotos vazadas foram roubadas de sua sala. Na verdade, desde 28 de setembro as fotos das pilhas de dinheiro haviam sido tiradas pelo próprio delegado. Em seguida, como se não soubesse de nada, deu entrevista dizendo que abriria investigação para descobrir como as fotos foram parar na imprensa.
Era tudo de que precisava o filme do escândalo. O Jornal Nacional, no dia 29 de setembro, dois dias antes das eleições do primeiro turno, deu o furo, previsível, programado, das pilhas do dinheiro dos “petistas”. E Lula foi para o segundo turno.
Esse é o enredo, o roteiro. Esperamos não ter desta vez, nestes tempos da web livre, mais um campeão de audiência.
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O roteiro é conhecido, o filme é velho, mas continua a ser exibido a cada quatro anos, quando se anunciam mudanças políticas no Brasil. É um filme B, de candidatos a canastrão, de poucas locações, mas ainda assim caro, muito caro, pelo preço cobrado e pelas repercussões na vida econômica do Brasil.
É uma película grossa, repleta de truques manjados, repetidos à exaustão, sem qualquer voo tecnológico ou design de jornadas nas estrelas, mas ainda assim eficaz como uma armadilha de sexo, cujo final é sempre conhecido, mas ainda assim sedutor.
Os mais maduros já viram. Assim como neste setembro de 2010, quando aparece a denúncia do vazamento do sigilo da pulcra filha de Serra, cuja pulcritude não conseguiu arrancar votos de Dilma, apesar do reforço da pulcríssima candidata Marina... assim como nestes últimos dias, quando surgiu mais um escândalo, desta vez para responsabilizar a Casa Civil do governo Lula, utilizando a ponte do filho da substituta de Dilma, que não está mais do governo, mas “aí tem coisa”, pois os links se fazem com lances de ilusionismo, não custa lembrar a última exibição desse arrasa quarteirão da guerra política.
Em setembro, Lula, que estava próximo a ganhar as eleições no primeiro turno, recebeu um golpe desse filme em 15 de setembro de 2006. O dia desse clássico da velhacaria não é certo. Mas o título, sim. Na sua versão de 2006, ficou conhecido “O escândalo do dossiê”. O certo é que em 16.09.2006 a Folha de São Paulo denunciou:
PF prende petistas acusados de comprar dossiê anti-Serra
A Polícia Federal apreendeu ontem US$ 248,8 mil e R$ 1,168 milhão (R$ 1,7 milhão), em um hotel de São Paulo, em poder do petista Valdebran Carlos Padilha da Silva, empreiteiro mato-grossense, e de Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-agente da PF. Eles estavam intermediando a compra de vídeos, fotos e documentos que mostrariam suposto envolvimento dos candidatos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra com a máfia dos sanguessugas.
A duas semanas do primeiro turno de 2006, um raio de Cecil B. DeMille riscou os céus do Brasil. A hipocrisia e a malandragem se juntaram em uníssono. Com espaço aberto em toda grande imprensa, instigados, como dizem os jovens hoje, vieram as vozes dos varões de Plutarco:
Pega ladrão! (A chantagem eleitoral de Lula)
Jorge Bornhausen
Surpreendido, o ladrão antecipa-se ao alarme e grita: "Ladrão!
Pega ladrão!". Mistura-se aos seus próprios perseguidores e se livra da polícia. (Ou então, numa variável da cena, usada como cortina cômica dos picadeiros de circo de antigamente, o ator que faz o papel do descuidista ou do sedutor apanhado em flagrante de adultério grita "Fogo! Fogo!", e aproveita a confusão pra fugir.)...
Heloísa compara PT a facção criminosa por elo com dossiê
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM GOIÂNIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A candidata do PSOL à Presidência Heloísa Helena classificou o PT como "organização criminosa" ao comentar, ontem, a participação de membros do partido na compra de dossiê contra tucanos....
É mais prático afastar Lula, diz Alckmin
O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, afirmou ontem, quando questionado sobre a série de demissões no PT e no governo provocadas pelas crises políticas, que é ‘mais prático afastar o Lula’.
Cinco ministros afastados, indiciados, denunciados, a direção do PT envolvida em escândalos, agora um novo. Eu acho que tem que afastar o Lula, é mais prático”.
Mas faltava para a televisão a imagem escandalosa do crime. No dia 29 de setembro, pela versão da mídia, uma “pessoa” (o criminoso em off) entrega aos jornalistas um CD com as fotos do dossiê. O Delegado da Polícia Federal de São Paulo, Edmilson Pereira Bruno, declara que foi vítima de furto, ao contar que as fotos vazadas foram roubadas de sua sala. Na verdade, desde 28 de setembro as fotos das pilhas de dinheiro haviam sido tiradas pelo próprio delegado. Em seguida, como se não soubesse de nada, deu entrevista dizendo que abriria investigação para descobrir como as fotos foram parar na imprensa.
Era tudo de que precisava o filme do escândalo. O Jornal Nacional, no dia 29 de setembro, dois dias antes das eleições do primeiro turno, deu o furo, previsível, programado, das pilhas do dinheiro dos “petistas”. E Lula foi para o segundo turno.
Esse é o enredo, o roteiro. Esperamos não ter desta vez, nestes tempos da web livre, mais um campeão de audiência.
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Mídia, poder e os domadores de leões
Reproduzo artigo de Antonio Lassance, publicado no sítio Carta Maior:
Certa vez, um ministro resolveu levar ao Presidente da República seu pedido de exoneração. Diante de uma crise aguda, uma verdadeira “blitzkrieg” (guerra-relâmpago) que assolava o Planalto na tentativa de deixar apenas terra arrasada, o ministro explicou a auxiliares por que achava que estava na hora de “pegar o boné”: “os leões precisam de carne”. Os leões eram os veículos de imprensa.
Esta é uma ótima analogia sobre a relação entre a imprensa e o “poder”. Isenta os leões de serem recriminados por sua ferocidade e apetite. É da sua natureza e instinto serem assim. É mais do que uma circunstância. Pelo menos, desde a Revolução Francesa, desde Jean-Paul Marat e seu jornal insurrecional e maledicente, “O amigo do povo” – recheado por política e fofocas, como os atuais.
Por outro lado, se os leões estão isentos de culpa, os políticos e o público, por obrigação, não podem ter com a imprensa uma relação ingênua. Os leões não estão à espreita para promover espetáculo, para fazer bonito e agradar ao público. Mesmo aqueles que lhes dão carne diariamente não podem ser ingênuos e românticos.
“No Planalto, com a imprensa”, livro em dois volumes, de quase mil páginas, produzido pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), sob o comando do ministro Franklin Martins, reúne entrevistas com antigos domadores - responsáveis pela intermediação das relações dos governos com a imprensa. Alguns o foram na condição de secretários de Imprensa; outros, na de porta vozes.
As entrevistas foram feitas pelo professor, jornalista e assessor da Secom, Jorge Duarte, um dos maiores especialistas do país em jornalismo e comunicação. Duarte faz uma cuidadosa reconstituição histórica do aparecimento da figura do jornalista “do presidente”, desde a I República até o golpe de 64.
Duarte demonstra que a imprensa ancestral, liberal, foi nutrida pela República Velha, como no caso do tradicionalíssimo e importante, à época, Jornal do Comércio (do Rio de Janeiro). Os jornais liberais recebiam encomendas, ou incumbências, principalmente a partir do governo Campos Sales (que governou o País de 1898 a 1902). “Há relatos de que a direção do jornal [do Comércio] recebia regularmente bilhetes de Campos Sales com opiniões, sugestões de reportagens e agradecimentos pela veiculação de informações” (pág. 11).
Um parêntesis: trata-se do mesmo Campos Sales que estava entre os 16
que insuflaram a transformação do velho jornal A Província de São Paulo em um “diário republicano”, passando a denominar-se O Estado de S. Paulo. Assim atesta o próprio veículo, em sua página de histórico
http://www.estadao.com.br/historico/resumo/conti1.htm . O jornal se tornaria intimamente associado aos destinos do Partido Republicano Paulista e da oligarquia (da qual fazia parte) que controlava a “República do Café com Leite”.
É bem provável que o conhecido anticlericalismo de Campos Sales tenha influenciado até num detalhe que normalmente passa desapercebido: na troca do nome, o “São” passou a ser grafado sempre abreviado, e A Província de São Paulo passou a ser O Estado de S. Paulo. Ou seja, o velho diário, com seu liberalismo ainda hoje arraigado, nasceu, cresceu e conformou sua identidade sob as asas do Estado, fazendo jus ao apelido carinhoso que faz questão de empunhar: Estadão.
A função de secretário de Imprensa só se estabeleceu formalmente no Governo João Goulart, com o jornalista Raul Ryff. Ryff e Carlos Castello Branco, o Castelinho, são as grandes lacunas do livro, supridas tanto pela introdução de Duarte quanto pelo depoimento do jornalista Carlos Chagas.
Além de Jorge Duarte, o livro teve a organização do diplomata Carlos Villanova, também da Secom, de Mário Hélio Gomes (responsável por um minucioso trabalho de notas) e de André Singer (que foi porta voz e secretário de imprensa de Lula).
Nenhuma declaração bombástica ou segredo que já não tenha sido revelado. Os presidentes parecem ter a prática de não incluir os secretários de Imprensa entre seus confidentes. Certos depoimentos são primorosos e bastante intensos. Um deles (Cláudio Humberto) é visceral. A maioria é repleta de casos elucidativos e saborosos. Alguns, além de terem sido grandes jornalistas, ainda são bons contadores de história. Por exemplo, Carlos Chagas, que fala do “pijânio” (pág. 49), um misto de pijama e roupa indiana, que o presidente Jânio começou a usar, no lugar do terno. A moda fez sucesso apenas entre os puxa-sacos.
São relembrados momentos históricos. O assassinato de Vladimir Herzog,
a bomba do Riocentro, a morte de Tancredo Neves, a Constituinte, o
impeachment de Collor, a crise política que abalou o Governo Lula em 2005, dentre tantos outros acontecimentos de grande importância, são revistos com o olhar de quem estava dentro do Planalto, ao lado dos presidentes e, muitas vezes, com a ingrata função de ser sua trincheira.
Autran Dourado conta da famosa foto de Juscelino, estendendo a mão e fazendo um gesto vago ao secretário de Estado Americano, Foster Dulles, mas estampado nos jornais como um pedido de dinheiro (de fato, o Brasil estava atrás de empréstimo do FMI). “Aquilo foi uma maldade” (pág. 34). A imagem mendicante quase gerou um processo do presidente JK contra o Jornal do Brasil. Carlos Chagas fez um relato detalhado sobre o AI-5, de 1968 (págs. 67-73). Carlos Fehlberg atribuiu ao jornal “O Globo” ter lançado ao estrelato a frase entusiástica de Médici, “ninguém segura este país”, que virou bordão da ditadura (pág. 119).
Humberto Barreto, do período Geisel, lembra que alguns jornalistas “se tornaram meus comensais; notadamente o Merval Pereira” (pág. 135). Alexandre Garcia, secretário de imprensa do período Figueiredo, conta porque escreveu o livro “João Presidente” - num período em que se tentava “humanizar” o general que teria dito preferir o cheiro de cavalo ao cheiro do povo. Garcia diz que sua demissão (pág. 241) teve a ver com o título de uma entrevista concedida: “o porta-voz da abertura”. Na verdade, é notório que a demissão foi motivada, de fato, não pela entrevista, na revista Ele&Ela, mas pela foto que a acompanhava: o jornalista foi fotografado na cama, nu, coberto apenas por uma toalha sobre o corpo (a mesma informação consta do Memória Globo, do portal da própria Rede Globo
http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-259099,00.html). A Ele&Ela era uma revista “masculina”, como se dizia no século passado, e a foto deixava em má situação o presidente que antes havia feito declarações moralistas contundentes, imagine, sobre a nudez... no Carnaval do Rio de Janeiro.
Os únicos que não aceitaram ser entrevistados foram o general José Maria de Toledo Camargo (que serviu ao governo Geisel, de 1977 a 1978), e a secretária de imprensa de FHC, Ana Tavares. Toledo Camargo foi da época de Armando Falcão e do "nada a declarar", mas tem a seu favor o fato de ter escrito um livro, “A espada virgem”. Ele alega já ter dito, neste livro, tudo o que teria a pronunciar. Ana Tavares, secretária de Imprensa de FHC, apenas justificou que não se considera notícia. Nada a declarar mesmo.
Todos os secretários são chapa branca, até hoje. Todos, sem exceção –
com o perdão da ênfase, para destacar que comunicação chapa branca existe e independe de ditadura ou democracia. Fica patente – de novo,
independentemente de regime – que, de todos aqueles que um presidente
pode nomear, os secretários de Imprensa são os que mais valem a pena,
do ponto de vista da imagem: é incrível como continuam atuando como se
ainda fossem secretários de Imprensa, mesmo sem receber o salário a
que fizeram jus. Defendem seus antigos chefes com unhas e dentes.
Mesmo os que não merecem são retratados como mocinhos e vítimas de
injustiças, armações ilimitadas ou de erros cometidos no esforço de
acertar (só não se diz em quem). Vários consideram que a imprensa foi
deliberadamente malvada e até ingrata.
Há quem não se furtou a expor ódios particulares ou rancores especiais aos que lhes proporcionaram percalços e saias justas, ou que disputavam a mesma atenção do presidente. Os ex-secretários descrevem muito bem o jogo bruto a favor e contra o
Planalto, que aí sim variava conforme os interesses em questão e as
relações dos veículos com os regimes.
Ricardo Kotscho proporciona um ótimo relato sobre a relação do presidente Lula com a imprensa, reproduzindo avaliações presentes em seu livro (“Do golpe ao Planalto: uma vida de repórter”). O depoimento de André Singer ficou em parte prejudicado por ter sido feito à época em que estava no cargo de secretário de Imprensa, razão pela qual se deve ler também a entrevista de Fábio Kerche.
Kotscho revela um traço que está presente em muitos dos depoimentos: os secretários de Imprensa em geral são jornalistas bem conhecidos pelos profissionais das redações e editores; costumam ter uma relação direta com os presidentes, ou pelo menos com alguém que seja de sua absoluta confiança e faça a “ponte”. Mas a grande lacuna, o que eles mais sentiram falta, o flanco pelo qual mais apanharam é o da experiência política, algo que normalmente chamam de “Brasília”. Há uma diferença razoável entre a lógica da imprensa e a lógica da política, embora ambas estejam entrelaçadas.
“No Planalto, com a imprensa” é um belo legado do Governo Lula, além
de ser um manual completo para a área de comunicação dos governos e
também aos profissionais da comunicação contra os governos.
O livro é oportuno e esclarecedor. Por exemplo, num momento em que se ouve falar, em editoriais, sobre supostos riscos do Estado à liberdade da imprensa, “No Planalto, com a imprensa” ilustra vivamente como certos interlocutores, editorialistas, comentaristas, articulistas e âncoras de veículos de comunicação de massa foram íntimos e aguerridos defensores do Estado em seus piores momentos. Um tempo quando o Estado estalava o chicote para mostrar quem é que manda, e uns abanavam o rabo atrás de um pedaço de carne.
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Certa vez, um ministro resolveu levar ao Presidente da República seu pedido de exoneração. Diante de uma crise aguda, uma verdadeira “blitzkrieg” (guerra-relâmpago) que assolava o Planalto na tentativa de deixar apenas terra arrasada, o ministro explicou a auxiliares por que achava que estava na hora de “pegar o boné”: “os leões precisam de carne”. Os leões eram os veículos de imprensa.
Esta é uma ótima analogia sobre a relação entre a imprensa e o “poder”. Isenta os leões de serem recriminados por sua ferocidade e apetite. É da sua natureza e instinto serem assim. É mais do que uma circunstância. Pelo menos, desde a Revolução Francesa, desde Jean-Paul Marat e seu jornal insurrecional e maledicente, “O amigo do povo” – recheado por política e fofocas, como os atuais.
Por outro lado, se os leões estão isentos de culpa, os políticos e o público, por obrigação, não podem ter com a imprensa uma relação ingênua. Os leões não estão à espreita para promover espetáculo, para fazer bonito e agradar ao público. Mesmo aqueles que lhes dão carne diariamente não podem ser ingênuos e românticos.
“No Planalto, com a imprensa”, livro em dois volumes, de quase mil páginas, produzido pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), sob o comando do ministro Franklin Martins, reúne entrevistas com antigos domadores - responsáveis pela intermediação das relações dos governos com a imprensa. Alguns o foram na condição de secretários de Imprensa; outros, na de porta vozes.
As entrevistas foram feitas pelo professor, jornalista e assessor da Secom, Jorge Duarte, um dos maiores especialistas do país em jornalismo e comunicação. Duarte faz uma cuidadosa reconstituição histórica do aparecimento da figura do jornalista “do presidente”, desde a I República até o golpe de 64.
Duarte demonstra que a imprensa ancestral, liberal, foi nutrida pela República Velha, como no caso do tradicionalíssimo e importante, à época, Jornal do Comércio (do Rio de Janeiro). Os jornais liberais recebiam encomendas, ou incumbências, principalmente a partir do governo Campos Sales (que governou o País de 1898 a 1902). “Há relatos de que a direção do jornal [do Comércio] recebia regularmente bilhetes de Campos Sales com opiniões, sugestões de reportagens e agradecimentos pela veiculação de informações” (pág. 11).
Um parêntesis: trata-se do mesmo Campos Sales que estava entre os 16
que insuflaram a transformação do velho jornal A Província de São Paulo em um “diário republicano”, passando a denominar-se O Estado de S. Paulo. Assim atesta o próprio veículo, em sua página de histórico
http://www.estadao.com.br/historico/resumo/conti1.htm . O jornal se tornaria intimamente associado aos destinos do Partido Republicano Paulista e da oligarquia (da qual fazia parte) que controlava a “República do Café com Leite”.
É bem provável que o conhecido anticlericalismo de Campos Sales tenha influenciado até num detalhe que normalmente passa desapercebido: na troca do nome, o “São” passou a ser grafado sempre abreviado, e A Província de São Paulo passou a ser O Estado de S. Paulo. Ou seja, o velho diário, com seu liberalismo ainda hoje arraigado, nasceu, cresceu e conformou sua identidade sob as asas do Estado, fazendo jus ao apelido carinhoso que faz questão de empunhar: Estadão.
A função de secretário de Imprensa só se estabeleceu formalmente no Governo João Goulart, com o jornalista Raul Ryff. Ryff e Carlos Castello Branco, o Castelinho, são as grandes lacunas do livro, supridas tanto pela introdução de Duarte quanto pelo depoimento do jornalista Carlos Chagas.
Além de Jorge Duarte, o livro teve a organização do diplomata Carlos Villanova, também da Secom, de Mário Hélio Gomes (responsável por um minucioso trabalho de notas) e de André Singer (que foi porta voz e secretário de imprensa de Lula).
Nenhuma declaração bombástica ou segredo que já não tenha sido revelado. Os presidentes parecem ter a prática de não incluir os secretários de Imprensa entre seus confidentes. Certos depoimentos são primorosos e bastante intensos. Um deles (Cláudio Humberto) é visceral. A maioria é repleta de casos elucidativos e saborosos. Alguns, além de terem sido grandes jornalistas, ainda são bons contadores de história. Por exemplo, Carlos Chagas, que fala do “pijânio” (pág. 49), um misto de pijama e roupa indiana, que o presidente Jânio começou a usar, no lugar do terno. A moda fez sucesso apenas entre os puxa-sacos.
São relembrados momentos históricos. O assassinato de Vladimir Herzog,
a bomba do Riocentro, a morte de Tancredo Neves, a Constituinte, o
impeachment de Collor, a crise política que abalou o Governo Lula em 2005, dentre tantos outros acontecimentos de grande importância, são revistos com o olhar de quem estava dentro do Planalto, ao lado dos presidentes e, muitas vezes, com a ingrata função de ser sua trincheira.
Autran Dourado conta da famosa foto de Juscelino, estendendo a mão e fazendo um gesto vago ao secretário de Estado Americano, Foster Dulles, mas estampado nos jornais como um pedido de dinheiro (de fato, o Brasil estava atrás de empréstimo do FMI). “Aquilo foi uma maldade” (pág. 34). A imagem mendicante quase gerou um processo do presidente JK contra o Jornal do Brasil. Carlos Chagas fez um relato detalhado sobre o AI-5, de 1968 (págs. 67-73). Carlos Fehlberg atribuiu ao jornal “O Globo” ter lançado ao estrelato a frase entusiástica de Médici, “ninguém segura este país”, que virou bordão da ditadura (pág. 119).
Humberto Barreto, do período Geisel, lembra que alguns jornalistas “se tornaram meus comensais; notadamente o Merval Pereira” (pág. 135). Alexandre Garcia, secretário de imprensa do período Figueiredo, conta porque escreveu o livro “João Presidente” - num período em que se tentava “humanizar” o general que teria dito preferir o cheiro de cavalo ao cheiro do povo. Garcia diz que sua demissão (pág. 241) teve a ver com o título de uma entrevista concedida: “o porta-voz da abertura”. Na verdade, é notório que a demissão foi motivada, de fato, não pela entrevista, na revista Ele&Ela, mas pela foto que a acompanhava: o jornalista foi fotografado na cama, nu, coberto apenas por uma toalha sobre o corpo (a mesma informação consta do Memória Globo, do portal da própria Rede Globo
http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-259099,00.html). A Ele&Ela era uma revista “masculina”, como se dizia no século passado, e a foto deixava em má situação o presidente que antes havia feito declarações moralistas contundentes, imagine, sobre a nudez... no Carnaval do Rio de Janeiro.
Os únicos que não aceitaram ser entrevistados foram o general José Maria de Toledo Camargo (que serviu ao governo Geisel, de 1977 a 1978), e a secretária de imprensa de FHC, Ana Tavares. Toledo Camargo foi da época de Armando Falcão e do "nada a declarar", mas tem a seu favor o fato de ter escrito um livro, “A espada virgem”. Ele alega já ter dito, neste livro, tudo o que teria a pronunciar. Ana Tavares, secretária de Imprensa de FHC, apenas justificou que não se considera notícia. Nada a declarar mesmo.
Todos os secretários são chapa branca, até hoje. Todos, sem exceção –
com o perdão da ênfase, para destacar que comunicação chapa branca existe e independe de ditadura ou democracia. Fica patente – de novo,
independentemente de regime – que, de todos aqueles que um presidente
pode nomear, os secretários de Imprensa são os que mais valem a pena,
do ponto de vista da imagem: é incrível como continuam atuando como se
ainda fossem secretários de Imprensa, mesmo sem receber o salário a
que fizeram jus. Defendem seus antigos chefes com unhas e dentes.
Mesmo os que não merecem são retratados como mocinhos e vítimas de
injustiças, armações ilimitadas ou de erros cometidos no esforço de
acertar (só não se diz em quem). Vários consideram que a imprensa foi
deliberadamente malvada e até ingrata.
Há quem não se furtou a expor ódios particulares ou rancores especiais aos que lhes proporcionaram percalços e saias justas, ou que disputavam a mesma atenção do presidente. Os ex-secretários descrevem muito bem o jogo bruto a favor e contra o
Planalto, que aí sim variava conforme os interesses em questão e as
relações dos veículos com os regimes.
Ricardo Kotscho proporciona um ótimo relato sobre a relação do presidente Lula com a imprensa, reproduzindo avaliações presentes em seu livro (“Do golpe ao Planalto: uma vida de repórter”). O depoimento de André Singer ficou em parte prejudicado por ter sido feito à época em que estava no cargo de secretário de Imprensa, razão pela qual se deve ler também a entrevista de Fábio Kerche.
Kotscho revela um traço que está presente em muitos dos depoimentos: os secretários de Imprensa em geral são jornalistas bem conhecidos pelos profissionais das redações e editores; costumam ter uma relação direta com os presidentes, ou pelo menos com alguém que seja de sua absoluta confiança e faça a “ponte”. Mas a grande lacuna, o que eles mais sentiram falta, o flanco pelo qual mais apanharam é o da experiência política, algo que normalmente chamam de “Brasília”. Há uma diferença razoável entre a lógica da imprensa e a lógica da política, embora ambas estejam entrelaçadas.
“No Planalto, com a imprensa” é um belo legado do Governo Lula, além
de ser um manual completo para a área de comunicação dos governos e
também aos profissionais da comunicação contra os governos.
O livro é oportuno e esclarecedor. Por exemplo, num momento em que se ouve falar, em editoriais, sobre supostos riscos do Estado à liberdade da imprensa, “No Planalto, com a imprensa” ilustra vivamente como certos interlocutores, editorialistas, comentaristas, articulistas e âncoras de veículos de comunicação de massa foram íntimos e aguerridos defensores do Estado em seus piores momentos. Um tempo quando o Estado estalava o chicote para mostrar quem é que manda, e uns abanavam o rabo atrás de um pedaço de carne.
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010
O que Diogo Mainardi fará com o espumante?
Reproduzo texto sarcástico de Renato Rovai, publicado em seu blog na Revista Fórum:
O tuiter agora tem aquele serviço de indicações de seguidores. Até hoje não descobri que cruzamentos são feitos para indicar os que eles consideram que têm algo a ver com você. A coisa é tão estranha que outro dia me deparei com o Diogo Mainardi sendo apresentado a este blogueiro como alguém que eu poderia me interessar em seguir.
Logo depois de bater três vezes na madeira e rezar treze pais nossos, não resisti à curiosidade e fui dar uma espiada no perfil do tão “badalado colunista”.
Pela periodicidade das notas, se percebe que o moço é muito ocupado. Sua última postagem foi às 3h17 do dia 26 de julho. É exatamente esta que segue:
“O que mais? Em outubro, venho passar uns dias no Brasil para celebrar a derrota dos petistas. Eu trago o espumante”.
A pergunta que não quer calar é: o que você vai fazer com o espumante, Diogo Mainardi?
O leitor tem sugestões?
Alerta aos navegantes: não vale sacanagem. Este blogue não é da Veja.
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O tuiter agora tem aquele serviço de indicações de seguidores. Até hoje não descobri que cruzamentos são feitos para indicar os que eles consideram que têm algo a ver com você. A coisa é tão estranha que outro dia me deparei com o Diogo Mainardi sendo apresentado a este blogueiro como alguém que eu poderia me interessar em seguir.
Logo depois de bater três vezes na madeira e rezar treze pais nossos, não resisti à curiosidade e fui dar uma espiada no perfil do tão “badalado colunista”.
Pela periodicidade das notas, se percebe que o moço é muito ocupado. Sua última postagem foi às 3h17 do dia 26 de julho. É exatamente esta que segue:
“O que mais? Em outubro, venho passar uns dias no Brasil para celebrar a derrota dos petistas. Eu trago o espumante”.
A pergunta que não quer calar é: o que você vai fazer com o espumante, Diogo Mainardi?
O leitor tem sugestões?
Alerta aos navegantes: não vale sacanagem. Este blogue não é da Veja.
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Serra dá chilique na CNT
Será que a TV Globo vai mostrar a postura "autoritária" de José Serra, que atenta contra a "liberdade de expressão"?
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FHC prega golpe contra Lula
Reproduzo artigo de José Reinaldo Carvalho, publicado no sítio Vermelho:
Demorou. Mas, finalmente, a oposição neoliberal e conservadora liderada pelo PSDB e a mídia, diante da evidência de que os escândalos fabricados não repercutem a seu favor no eleitorado, que continua manifestando a tendência de votar em Dilma Rousseff e dar-lhe a vitória já no primeiro turno, apresentou as suas armas e desvelou seu discurso.
Através de ninguém menos do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pretenso líder da facção declinante da aliança PSDB-DEM, a oposição propôs com todas as letras um golpe político-jurídico, invocando a defesa da democracia e o combate ao “autoritarismo” do presidente Lula.
FHC não teve pejo de instar a suprema corte do país, o STF: “Acho até que caberia uma consulta ao STF porque, se você não tiver instrumentos para conter essa vontade política, fica perigoso”. FHC foi mais além: “Alguma instância tem de dizer que o presidente está extrapolando e abusando do poder político de maneira contrária aos fundamentos da democracia”.
O ex-presidente reagia, numa entrevista à Rede Mobiliza, portal de internet da facção de que faz parte, o PSDB, a uma elementar declaração de Lula em comício eleitoral, no qual o presidente conclamou o povo a “extirpar o DEM” da vida política brasileira. Para FHC, Lula agiu como “chefe de facção” e lançou contra o presidente o anátema de “autoritário”, que “quer o poder absoluto”. Comparou-o com o ex-líder fascista italiano Benito Mussolini, no que foi acompanhado por Rodrigo Maia, chefete do DEM, que insinuou uma identidade de Lula com Hitler.
Nada mais natural que na luta político-eleitoral o presidente da República, que é também o líder de uma grande corrente política vitoriosa, de esquerda e centro-esquerda, exorte a população a “extirpar” pelo voto o partido que encarnou como nenhum outro o conservadorismo, o direitismo e o reacionarismo das classes dominantes brasileiras - o DEM, ex-PFL, herdeiro da Arena, sustentáculo da ditadura militar, e da UDN da oposição a Getúlio Vargas e do golpe contra João Goulart.
Não é segredo para ninguém, no Brasil e mesmo além fronteiras, que se fosse constitucionalmente permitido, Lula venceria com folga uma terceira eleição. E que se não fosse tão estrito no respeito à Carta Magna e ao equilíbrio do processo político, ele teria, com respaldo popular, alterado a seu favor a norma. Porém, agiu com autenticidade democrática, rigor legal e apostou na evolução natural do curso político.
Contudo, não se pode exigir de Lula que dessa postura passasse à de um dirigente político omisso. A popularidade e a autoridade política que adquiriu impuseram-lhe a responsabilidade de conduzir o processo, o que envolveu a escolha da candidata, a articulação da aliança e obrigatoriamente envolve a participação direta da campanha, imprimindo-lhe tom, rumo e orientação.
Nada há de ilegal nem autoritário nisso. O estrebucho de FHC tem outro sentido. Primeiramente, está reagindo à derrota eleitoral do seu candidato, José Serra. Para isso mostra-se disposto a qualquer tipo de aventura, factoide, mentira, fraude e até mesmo golpe. A 15 dias do final da campanha está difícil, pois formou-se uma praticamente irreversível tendência no país de continuidade para seguir mudando, resultante do êxito do governo Lula, tanto mais evidente quando comparado ao desastre a que ele, FHC, levou o país durante o seu (des) governo (1995-2002). E em situações como esta é da natureza humana que se manifestem também patologias nos atores políticos, no caso em tela a inveja.
Mas não é apenas nem principalmente disso que se trata. A pregação golpista de FHC é a reação a uma derrota política estratégica da facção das classes dominantes e do imperialismo que ele representa. O rumo que adotaram, sob sua liderança, sofreu contundente derrota, fracassou por completo e inevitavelmente a resultante política disto é o ocaso dos partidos que concretizaram no parlamento e no governo semelhante orientação.
Passadas as eleições, com a provável vitória de Dilma, haverá ampla reorganização do quadro político, à direita e à esquerda. Protagonistas pessoais e legendas partidárias obrigatoriamente se reciclarão e assumirão novos papeis. É algo a conferir. O que parece certo é que o tempo de FHC, Serra, Bornhausen et caterva acabou. Daí a pregação do golpe via STF.
O Brasil, como qualquer outro país, tem suas peculiaridades políticas e as lideranças e partidos, suas idiossincrasias. Fatos de outras latitudes não vão obrigatoriamente se repetir no país. Mas nunca se deve subestimar que a tentação golpista tem sido frequente nas formas de reagir das classes dominantes e do imperialismo no atual quadro político na América Latina, em que predomina a tendência democrática, popular, progressista e anti-imperialista.
Para citar apenas alguns emblemáticos exemplos, em 2002, na Venezuela, tentaram tirar do poder o presidente Chávez, legitimamente eleito com esmagadora maioria, alegando combater seu “estilo autoritário”; em 2008, o imperialismo e a elite racista e neocolonial boliviana tentaram o “golpe cívico”, contra o indígena Evo Morales e em 2009 consumou-se um “golpe constitucional” em Honduras, em que se mancomunaram o Legislativo e o Judiciário para interditar uma consulta popular sobre emendar ou não a Constituição.
A eleição de Dilma Rousseff abre caminho para a consolidação da democracia, para um maior protagonismo das forças populares e de esquerda, para acumular forças no combate às classes dominantes retrógradas e ao imperialismo. E para sepultar políticos e partidos reacionários, como FHC e seus liderados, o PSDB e o DEM.
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Demorou. Mas, finalmente, a oposição neoliberal e conservadora liderada pelo PSDB e a mídia, diante da evidência de que os escândalos fabricados não repercutem a seu favor no eleitorado, que continua manifestando a tendência de votar em Dilma Rousseff e dar-lhe a vitória já no primeiro turno, apresentou as suas armas e desvelou seu discurso.
Através de ninguém menos do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pretenso líder da facção declinante da aliança PSDB-DEM, a oposição propôs com todas as letras um golpe político-jurídico, invocando a defesa da democracia e o combate ao “autoritarismo” do presidente Lula.
FHC não teve pejo de instar a suprema corte do país, o STF: “Acho até que caberia uma consulta ao STF porque, se você não tiver instrumentos para conter essa vontade política, fica perigoso”. FHC foi mais além: “Alguma instância tem de dizer que o presidente está extrapolando e abusando do poder político de maneira contrária aos fundamentos da democracia”.
O ex-presidente reagia, numa entrevista à Rede Mobiliza, portal de internet da facção de que faz parte, o PSDB, a uma elementar declaração de Lula em comício eleitoral, no qual o presidente conclamou o povo a “extirpar o DEM” da vida política brasileira. Para FHC, Lula agiu como “chefe de facção” e lançou contra o presidente o anátema de “autoritário”, que “quer o poder absoluto”. Comparou-o com o ex-líder fascista italiano Benito Mussolini, no que foi acompanhado por Rodrigo Maia, chefete do DEM, que insinuou uma identidade de Lula com Hitler.
Nada mais natural que na luta político-eleitoral o presidente da República, que é também o líder de uma grande corrente política vitoriosa, de esquerda e centro-esquerda, exorte a população a “extirpar” pelo voto o partido que encarnou como nenhum outro o conservadorismo, o direitismo e o reacionarismo das classes dominantes brasileiras - o DEM, ex-PFL, herdeiro da Arena, sustentáculo da ditadura militar, e da UDN da oposição a Getúlio Vargas e do golpe contra João Goulart.
Não é segredo para ninguém, no Brasil e mesmo além fronteiras, que se fosse constitucionalmente permitido, Lula venceria com folga uma terceira eleição. E que se não fosse tão estrito no respeito à Carta Magna e ao equilíbrio do processo político, ele teria, com respaldo popular, alterado a seu favor a norma. Porém, agiu com autenticidade democrática, rigor legal e apostou na evolução natural do curso político.
Contudo, não se pode exigir de Lula que dessa postura passasse à de um dirigente político omisso. A popularidade e a autoridade política que adquiriu impuseram-lhe a responsabilidade de conduzir o processo, o que envolveu a escolha da candidata, a articulação da aliança e obrigatoriamente envolve a participação direta da campanha, imprimindo-lhe tom, rumo e orientação.
Nada há de ilegal nem autoritário nisso. O estrebucho de FHC tem outro sentido. Primeiramente, está reagindo à derrota eleitoral do seu candidato, José Serra. Para isso mostra-se disposto a qualquer tipo de aventura, factoide, mentira, fraude e até mesmo golpe. A 15 dias do final da campanha está difícil, pois formou-se uma praticamente irreversível tendência no país de continuidade para seguir mudando, resultante do êxito do governo Lula, tanto mais evidente quando comparado ao desastre a que ele, FHC, levou o país durante o seu (des) governo (1995-2002). E em situações como esta é da natureza humana que se manifestem também patologias nos atores políticos, no caso em tela a inveja.
Mas não é apenas nem principalmente disso que se trata. A pregação golpista de FHC é a reação a uma derrota política estratégica da facção das classes dominantes e do imperialismo que ele representa. O rumo que adotaram, sob sua liderança, sofreu contundente derrota, fracassou por completo e inevitavelmente a resultante política disto é o ocaso dos partidos que concretizaram no parlamento e no governo semelhante orientação.
Passadas as eleições, com a provável vitória de Dilma, haverá ampla reorganização do quadro político, à direita e à esquerda. Protagonistas pessoais e legendas partidárias obrigatoriamente se reciclarão e assumirão novos papeis. É algo a conferir. O que parece certo é que o tempo de FHC, Serra, Bornhausen et caterva acabou. Daí a pregação do golpe via STF.
O Brasil, como qualquer outro país, tem suas peculiaridades políticas e as lideranças e partidos, suas idiossincrasias. Fatos de outras latitudes não vão obrigatoriamente se repetir no país. Mas nunca se deve subestimar que a tentação golpista tem sido frequente nas formas de reagir das classes dominantes e do imperialismo no atual quadro político na América Latina, em que predomina a tendência democrática, popular, progressista e anti-imperialista.
Para citar apenas alguns emblemáticos exemplos, em 2002, na Venezuela, tentaram tirar do poder o presidente Chávez, legitimamente eleito com esmagadora maioria, alegando combater seu “estilo autoritário”; em 2008, o imperialismo e a elite racista e neocolonial boliviana tentaram o “golpe cívico”, contra o indígena Evo Morales e em 2009 consumou-se um “golpe constitucional” em Honduras, em que se mancomunaram o Legislativo e o Judiciário para interditar uma consulta popular sobre emendar ou não a Constituição.
A eleição de Dilma Rousseff abre caminho para a consolidação da democracia, para um maior protagonismo das forças populares e de esquerda, para acumular forças no combate às classes dominantes retrógradas e ao imperialismo. E para sepultar políticos e partidos reacionários, como FHC e seus liderados, o PSDB e o DEM.
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O setembro da direita ainda não terminou
Reproduzo artigo de Marcelo Salles, publicado no blog Escrevinhador:
A direita brasileira, cujo ícone maior são as corporações de mídia e os partidos PSDB e DEM, tem uma estratégia bem traçada para setembro: atacar o PT, o governo e Dilma. Se pudéssemos dividir o mês em três partes, diria que os dez primeiros dias foram dedicados a atacar o PT (acusação quebra de sigilos), os dez dias seguintes para atacar a Casa Civil (acusação tráfico de influência) e, no último terço do mês, o ciclo deve se fechar com ataques centrados diretamente na figura da candidata Dilma (acusação de terrorismo e, quiçá, assassinato enquanto resistia à ditadura de 1964).
Nos vinte primeiros dias de setembro, busca-se atingir a imagem do governo e do PT. A acusação de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas a José Serra e o suposto tráfico de influência na Casa Civil servem para questionar a capacidade de gestão do Partido dos Trabalhadores, bem como a de sua candidata. Seria o aparelhamento do Estado. A mensagem está na esfera do racional. Pode não derrubar votos de imediato, mas produz um estoque que será usado mais adiante, pouco importando se as acusações são caluniosas. O que importa é que o fato político está criado e presente no horário nobre dos telejornais.
No terceiro momento, as acusações deverão se voltar diretamente à Dilma. Não haverá tempo para construir pontes entre o filho de uma ex-assessora e Dilma. Ela será o alvo primário, pouco importando, novamente, se as denúncias serão consistentes ou não. O corajoso passado de Dilma, que enfrentou ao lado de milhares de brasileiros uma ditadura sanguinária, sustentada pelas corporações capitalistas e pelo governo dos Estados Unidos, será transformado pela direita brasileira em ato criminoso. Dilma será apresentada ao povo como uma mulher impiedosa, capaz até de matar para transformar o Brasil numa ditadura comunista. Ela seria, por este raciocínio, a chefe suprema do Estado aparelhado. Os impactos eleitorais de uma mensagem como essa são imprevisíveis.
O terceiro momento, ao contrário dos anteriores, é marcado por forte carga emocional. É aí que a direita espera conseguir os votos necessários para chegar ao segundo turno. E quando o eleitor está diante da urna, sozinho, a emoção fala mais alto. Se essa estratégia será bem sucedida ou não, só o tempo dirá. Mas o fato concreto é que a vitória de Dilma no primeiro turno não está assegurada, como muitos estão dizendo. O setembro da direita ainda não terminou.
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A direita brasileira, cujo ícone maior são as corporações de mídia e os partidos PSDB e DEM, tem uma estratégia bem traçada para setembro: atacar o PT, o governo e Dilma. Se pudéssemos dividir o mês em três partes, diria que os dez primeiros dias foram dedicados a atacar o PT (acusação quebra de sigilos), os dez dias seguintes para atacar a Casa Civil (acusação tráfico de influência) e, no último terço do mês, o ciclo deve se fechar com ataques centrados diretamente na figura da candidata Dilma (acusação de terrorismo e, quiçá, assassinato enquanto resistia à ditadura de 1964).
Nos vinte primeiros dias de setembro, busca-se atingir a imagem do governo e do PT. A acusação de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas a José Serra e o suposto tráfico de influência na Casa Civil servem para questionar a capacidade de gestão do Partido dos Trabalhadores, bem como a de sua candidata. Seria o aparelhamento do Estado. A mensagem está na esfera do racional. Pode não derrubar votos de imediato, mas produz um estoque que será usado mais adiante, pouco importando se as acusações são caluniosas. O que importa é que o fato político está criado e presente no horário nobre dos telejornais.
No terceiro momento, as acusações deverão se voltar diretamente à Dilma. Não haverá tempo para construir pontes entre o filho de uma ex-assessora e Dilma. Ela será o alvo primário, pouco importando, novamente, se as denúncias serão consistentes ou não. O corajoso passado de Dilma, que enfrentou ao lado de milhares de brasileiros uma ditadura sanguinária, sustentada pelas corporações capitalistas e pelo governo dos Estados Unidos, será transformado pela direita brasileira em ato criminoso. Dilma será apresentada ao povo como uma mulher impiedosa, capaz até de matar para transformar o Brasil numa ditadura comunista. Ela seria, por este raciocínio, a chefe suprema do Estado aparelhado. Os impactos eleitorais de uma mensagem como essa são imprevisíveis.
O terceiro momento, ao contrário dos anteriores, é marcado por forte carga emocional. É aí que a direita espera conseguir os votos necessários para chegar ao segundo turno. E quando o eleitor está diante da urna, sozinho, a emoção fala mais alto. Se essa estratégia será bem sucedida ou não, só o tempo dirá. Mas o fato concreto é que a vitória de Dilma no primeiro turno não está assegurada, como muitos estão dizendo. O setembro da direita ainda não terminou.
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A quem interessa esconder a CartaCapital?
Reproduzo artigo de Leandro Fortes, publicado no blog "Brasília, eu Vi":
Desde o fim de semana passado, tenho recebido uma dezena de e-mails por dia que, invariavelmente, me perguntam sobre a razão de ninguém repercutir, na chamada “grande imprensa”, a matéria da CartaCapital sobre a monumental quebra de sigilo bancário promovida, em 2001, pela empresa Decidir.com, das sócias Verônica Serra (filha de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República) e Verônica Dantas (irmã de Daniel Dantas, banqueiro condenado por subornar um delegado federal).
Juntas, as Verônicas quebraram o sigilo bancário de estimados 60 milhões de correntistas brasileiros graças a um acordo obscuro fechado, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, sob os auspícios do Banco Central. Nada foi feito, desde então, para se apurar esse fato gravíssimo, apesar de o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), ter oficiado o BC a respeito. Nada, nenhuma providência. Impunidade total.
Temer, atualmente, é candidato da vice na chapa da petista Dilma Rousseff, candidata do mesmo governo que, nos últimos dias, mobilizou o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República para investigar uma outra denúncia, feita contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, publicada na revista Veja no mesmíssimo dia em que a Carta trazia a incrível história das Verônicas e a quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros.
Justíssima a preocupação do governo em responder à denúncia da Veja, até porque faz parte da rotina do Planalto fazer isso toda semana, desde 1º de janeiro de 2003. É quase um vício, por assim dizer. Mas por que não se moveu uma palha para se investigar as responsabilidades sobre, provavelmente, a maior quebra de sigilo do mundo ocorrida, vejam vocês, no Brasil de FHC? Que a mídia hegemônica não repercuta o caso é, para nós, da Carta, uma piada velha.
Os muitos amigos que tenho em diversos veículos de comunicação Brasil afora me contam, entre constrangidos e divertidos, que é, simplesmente, proibido citar o nome da revista em qualquer um dos noticiários, assim como levantar a possibilidade, nas reuniões de pauta, de se repercutir quaisquer notícias publicadas no semanário do incontrolável Mino Carta. Então, vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo.
Enquanto o governo mete-se em mais uma guerra de informações com a Veja e seus veículos co-irmãos, nem uma palha foi mexida para se averiguar a história das Verônicas S. e D., metidas que estão numa cabeludíssima denúncia de quebra de sigilo bancário, justamente quando uma delas, a filha de Serra, posava de vítima de quebra de sigilo fiscal por funcionários da Receita acusados de estar a serviço da campanha de Dilma Rousseff. Nem o Ministério da Justiça, nem a Polícia Federal, nem a CGU, nem Banco Central tomaram qualquer providência a respeito. Nenhum líder governista no Congresso deu as caras para convocar os suspeitos de terem facilitado a vida das Verônicas – os tucanos Pedro Malan e Armínio Fraga, por exemplo. Nada, nada.
Então, quando me perguntam o porquê de não haver repercussão das matérias da CartaCapital na velha mídia, eu respondo com facilidade: é proibido. Ponto final. Agora, se me perguntarem por que o governo, aliás, sistematicamente acusado de ter na Carta um veículo de apoio servil, não faz nada para apurar a história da quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros, eu digo: não faço a menor ideia.
Talvez fosse melhor vocês mandarem e-mails para o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a CGU e o Banco Central.
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Desde o fim de semana passado, tenho recebido uma dezena de e-mails por dia que, invariavelmente, me perguntam sobre a razão de ninguém repercutir, na chamada “grande imprensa”, a matéria da CartaCapital sobre a monumental quebra de sigilo bancário promovida, em 2001, pela empresa Decidir.com, das sócias Verônica Serra (filha de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República) e Verônica Dantas (irmã de Daniel Dantas, banqueiro condenado por subornar um delegado federal).
Juntas, as Verônicas quebraram o sigilo bancário de estimados 60 milhões de correntistas brasileiros graças a um acordo obscuro fechado, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, sob os auspícios do Banco Central. Nada foi feito, desde então, para se apurar esse fato gravíssimo, apesar de o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), ter oficiado o BC a respeito. Nada, nenhuma providência. Impunidade total.
Temer, atualmente, é candidato da vice na chapa da petista Dilma Rousseff, candidata do mesmo governo que, nos últimos dias, mobilizou o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República para investigar uma outra denúncia, feita contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, publicada na revista Veja no mesmíssimo dia em que a Carta trazia a incrível história das Verônicas e a quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros.
Justíssima a preocupação do governo em responder à denúncia da Veja, até porque faz parte da rotina do Planalto fazer isso toda semana, desde 1º de janeiro de 2003. É quase um vício, por assim dizer. Mas por que não se moveu uma palha para se investigar as responsabilidades sobre, provavelmente, a maior quebra de sigilo do mundo ocorrida, vejam vocês, no Brasil de FHC? Que a mídia hegemônica não repercuta o caso é, para nós, da Carta, uma piada velha.
Os muitos amigos que tenho em diversos veículos de comunicação Brasil afora me contam, entre constrangidos e divertidos, que é, simplesmente, proibido citar o nome da revista em qualquer um dos noticiários, assim como levantar a possibilidade, nas reuniões de pauta, de se repercutir quaisquer notícias publicadas no semanário do incontrolável Mino Carta. Então, vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo.
Enquanto o governo mete-se em mais uma guerra de informações com a Veja e seus veículos co-irmãos, nem uma palha foi mexida para se averiguar a história das Verônicas S. e D., metidas que estão numa cabeludíssima denúncia de quebra de sigilo bancário, justamente quando uma delas, a filha de Serra, posava de vítima de quebra de sigilo fiscal por funcionários da Receita acusados de estar a serviço da campanha de Dilma Rousseff. Nem o Ministério da Justiça, nem a Polícia Federal, nem a CGU, nem Banco Central tomaram qualquer providência a respeito. Nenhum líder governista no Congresso deu as caras para convocar os suspeitos de terem facilitado a vida das Verônicas – os tucanos Pedro Malan e Armínio Fraga, por exemplo. Nada, nada.
Então, quando me perguntam o porquê de não haver repercussão das matérias da CartaCapital na velha mídia, eu respondo com facilidade: é proibido. Ponto final. Agora, se me perguntarem por que o governo, aliás, sistematicamente acusado de ter na Carta um veículo de apoio servil, não faz nada para apurar a história da quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros, eu digo: não faço a menor ideia.
Talvez fosse melhor vocês mandarem e-mails para o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a CGU e o Banco Central.
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Serra, Lula e o fim do DEM
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador
Lula declarou em Santa Catarina que é preciso “extirpar o DEM” da política nacional. Não gosto dessas metáforas que apontam para a liquidação do adversário. Melhor do que “extirpar” é derrotar. Mas, vá lá, o palanque e a campanha não são o lugar nem a hora da moderação.
Impossível negar o fato de que Lula escolheu o Estado certo para lançar a campanha contra o DEM. Santa Catarina é a terra de Bornhausen – o sujeito que queria “acabar com essa raça” (ele se referia aos petistas). Parece que o PT é que vai acabar com a raça dos demos.
O curioso é que, nesse ponto, Serra e Lula estão irmanados.
Lula quer a derrota acachapante de seus adversários. Tem a oferecer ao eleitor a singela comparação: o que fizeram os demos no poder (nos tempos de FHC) e o que fizeram Lula e o PT. A comparação provoca uma surra eleitoral que beira a covardia.
Serra também ajuda. A campanha errante, sem discurso – que apela ora para a falsidade (tentou pegar carona na popularidade de Lula, fingindo que não era oposição), ora para o golpismo (quando foi aos militares pregar contra Lula e o PT) – é também uma forma de colaborar para a extinção do DEM.
Graças a Serra e Lula – irmanados na campanha – o DEM corre o risco de ver extintas as carreiras de Heráclito Fortes (PI), Marco Maciel (PE), Cesar Maia. Todos eles correm risco de não se eleger. Agripino Maia (RN), que parecia ter uma reeleição tranquila, agora já tem Vilma (do PSB) em seus calcanhares. E Kassab fala em abandonar o partido e ir para o PMDB.
Para completar, Serra brindou os eleitores com a brilhante reflexão sobre o papel dos vices. Quem me envia o texto é o Mirabeau Leal:
“José Serra deve ter perdido hoje até o voto do seu vice. Em palestra na Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, contou ter feito uma emenda para não ter vice, que considera “uma coisa que vem do passado”.
O tucano não devia se preocupar muito com isso pela irrelevância do seu vice, mas com sua “sutileza” e desprezo aos aliados atingiu diretamente seu companheiro de chapa e também ao DEM, responsável pela indicação.
“O vice hoje é para composição política. Muitas vezes soma ao contrário”, afirmou Serra, certamente querendo jogar nas costas do Da Costa a culpa pela seu inexorável despencar.
Coitado do Da Costa, nem bem pôs as asinhas de fora e já foi atingido por flecha amiga. Muy amiga.
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Lula declarou em Santa Catarina que é preciso “extirpar o DEM” da política nacional. Não gosto dessas metáforas que apontam para a liquidação do adversário. Melhor do que “extirpar” é derrotar. Mas, vá lá, o palanque e a campanha não são o lugar nem a hora da moderação.
Impossível negar o fato de que Lula escolheu o Estado certo para lançar a campanha contra o DEM. Santa Catarina é a terra de Bornhausen – o sujeito que queria “acabar com essa raça” (ele se referia aos petistas). Parece que o PT é que vai acabar com a raça dos demos.
O curioso é que, nesse ponto, Serra e Lula estão irmanados.
Lula quer a derrota acachapante de seus adversários. Tem a oferecer ao eleitor a singela comparação: o que fizeram os demos no poder (nos tempos de FHC) e o que fizeram Lula e o PT. A comparação provoca uma surra eleitoral que beira a covardia.
Serra também ajuda. A campanha errante, sem discurso – que apela ora para a falsidade (tentou pegar carona na popularidade de Lula, fingindo que não era oposição), ora para o golpismo (quando foi aos militares pregar contra Lula e o PT) – é também uma forma de colaborar para a extinção do DEM.
Graças a Serra e Lula – irmanados na campanha – o DEM corre o risco de ver extintas as carreiras de Heráclito Fortes (PI), Marco Maciel (PE), Cesar Maia. Todos eles correm risco de não se eleger. Agripino Maia (RN), que parecia ter uma reeleição tranquila, agora já tem Vilma (do PSB) em seus calcanhares. E Kassab fala em abandonar o partido e ir para o PMDB.
Para completar, Serra brindou os eleitores com a brilhante reflexão sobre o papel dos vices. Quem me envia o texto é o Mirabeau Leal:
“José Serra deve ter perdido hoje até o voto do seu vice. Em palestra na Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, contou ter feito uma emenda para não ter vice, que considera “uma coisa que vem do passado”.
O tucano não devia se preocupar muito com isso pela irrelevância do seu vice, mas com sua “sutileza” e desprezo aos aliados atingiu diretamente seu companheiro de chapa e também ao DEM, responsável pela indicação.
“O vice hoje é para composição política. Muitas vezes soma ao contrário”, afirmou Serra, certamente querendo jogar nas costas do Da Costa a culpa pela seu inexorável despencar.
Coitado do Da Costa, nem bem pôs as asinhas de fora e já foi atingido por flecha amiga. Muy amiga.
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Imprensa e a crítica da razão indefesa
Reproduzo artigo de Washington Araújo, publicado no sítio Carta Maior
Certa vez em uma entrevista, um diretor polonês disse que, por um longo tempo, a mídia em seu país havia dedicado sua primeira página todos os dias para falar sobre o governo sem nunca reportar que os cidadãos estavam fugindo em massa para Londres em busca de um futuro melhor. O diretor disse que um dia recebeu a mensagem dando conta que 1 milhão de poloneses havia emigrado de seu país. E, finalmente, foi com essa imagem da massa de emigrantes que os jornais formaram suas primeiras páginas.
Há que se perguntar como é que tão grande número de poloneses saiu do país sem que ao menos isso fosse noticiado? A verdade é que os jornais tinham, àquela altura, se distanciado profundamente da sociedade que buscavam retratar. Colocaram tanto foco nas minúcias, nos detalhes que ajudavam a perceber a realidade mais ao seu gosto, que perderam qualquer contato com a imagem da floresta. Isto me faz refletir sobre o momento atual por que atravessam nossos grandes conglomerados midiáticos. Estes cerram fileiras em torno dos grãos.
Todo esforço, todo grama de energia, todo milésimo de segundo é dedicado integralmente a potencializar o que sentem ser um retrato fiel da sociedade brasileira na atualidade. Hoje, imensas trilhas foram abertas nas florestas da informação, mas a grande imprensa não consegue nem mesmo ver as árvores. Para ela, uma ou duas folhas de uma árvore assumem importância tal que podem obliterar o conjunto todo.
Excesso de bordões
Neste contexto penso que para chegarmos sãos e salvos ao dia 3 de outubro haveremos ainda que passar por manchetes diárias estampadas em nossa grande imprensa (Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, O Globo) dando conta da violação de sigilos fiscais de adicionais 21 pessoas intimamente relacionadas com a família do candidato José Serra. Após a quebra do sigilo da filha e do genro, do primo de sua mulher, ainda saberemos que foram ao meio fio os sigilos da sogra, da sobrinha, de dois tios, de uma comadre de sua filha e de sua afilhada. É o jornalismo conta-gotas, como se a sociedade estivesse recebendo ao longo das próximas semanas doses diárias do homeopático Beladona.
O meio mais eficaz para banalizar um crime é tratá-lo como banal. Simples assim. E é isto o que a imprensa paulista, aquela que se autointitula de abrangência nacional, vem fazendo desde os últimos dias e deverá pautar sua equipe de "opinionistas" e colaboradores: a cada dia o escândalo requentado busca render imagens "na medida" para atender interesses eleitorais na propaganda veiculada na tevê.
Ora, jornalismo geralmente envolve a arte e o ofício de refletir a realidade com os dados verificados, a fim de dar aos indivíduos o instrumental necessário para formar uma opinião construída sobre aquilo que acontece e como isso lhe pode afetar. É a esse jornalismo que nos dedicamos, e onde alguns atuam com mais ou com menos assertividade, com mais ou com menos credibilidade para, ao fim, poder visualizar essa foto do momento atual.
No caso dos sigilos há excesso nos enfoques: o culpado não pode ser outro que não o PT, a candidata governista. Excesso nos métodos: os jornais publicam a mesma manchete com leves alterações. Excesso no espaço: primeira página, editorial, caderno eleições. Excesso na contundência: a candidatura do governo precisa ser cassada pelo TSE. Excesso na repetição de bordões e frases feitas: terrorismo de Estado, crime fiscal hediondo, crime de lesa pátria, ilegalidade abominável. Excesso de opinião: todos os que têm a opinião impressa falam a mesma língua, usam os mesmos recursos lingüísticos e se estivessem em bancada de telejornal da noite, fariam as mesmas caras e bocas.
Libelo diários
Não por coincidência é um caso abordado por meio de muitos adjetivos e pouquíssimos substantivos. É que falta a verificação de dados: que informações sigilosas vieram à luz do dia? Falta clareza sobre os autores reais porque são privilegiados autores imaginários que se confundem, não por artes do destino, com a candidata majoritariamente mais bem avaliada em um mix de pesquisas de opinião.
De repente, nós encontramos um conjunto de casos em que as publicações fazem marcha batida para a direita, uma direção que até bem pouco parecia completamente escondida, mas que agora parece estar em seu habitat natural. Ao emitir esta percepção quero salientar que não estou falando de ideologia, de uma luta leal entre os argumentos concorrentes e diferentes pontos de vista.
Refiro-me a jornalistas e a políticos que consideram a busca da verdade nada mais que uma quimera. Profissionais que chegam primeiro às conclusões para depois construir os marcos indispensáveis à formulação de uma tese. Profissionais que difundem suas opiniões na forma de notícias sem atentar para o ritmo que a lógica impôs há séculos no discurso racional e que deve tornar sólida a democracia. Não posso deixar de ver que tal técnica de ignorar a lógica e atacar a verdade pode conduzir o Brasil a um caminho de tristíssima memória, que remonta aos primeiros anos de 1960, que conduz ao acirramento dos ânimos onde a luta pelo poder tem como insígnia a compreensão equivocada que os fins sempre estarão a serviço dos meios.
Quando a propagação de um jornalismo partidarizado se une à política convencional, temos o perigo real. Uma fábrica de manipulação quando começa a funcionar durante duas horas ao dia é prenúncio de que logo estará funcionando 24 horas ao dia, em três turnos ininterruptos. E não há nada pior do que estes libelos diários a atiçar os piores instintos da sociedade: alguns partidos sem líderes capazes de se manter frios e que se coloquem em defesa da razão. À ausência de tal liderança calma e clara em nossos principais partidos em tempos de crise, aliado ainda à guerra contra a verdade e a lógica, podem apenas nos trazer maus presságios.
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Certa vez em uma entrevista, um diretor polonês disse que, por um longo tempo, a mídia em seu país havia dedicado sua primeira página todos os dias para falar sobre o governo sem nunca reportar que os cidadãos estavam fugindo em massa para Londres em busca de um futuro melhor. O diretor disse que um dia recebeu a mensagem dando conta que 1 milhão de poloneses havia emigrado de seu país. E, finalmente, foi com essa imagem da massa de emigrantes que os jornais formaram suas primeiras páginas.
Há que se perguntar como é que tão grande número de poloneses saiu do país sem que ao menos isso fosse noticiado? A verdade é que os jornais tinham, àquela altura, se distanciado profundamente da sociedade que buscavam retratar. Colocaram tanto foco nas minúcias, nos detalhes que ajudavam a perceber a realidade mais ao seu gosto, que perderam qualquer contato com a imagem da floresta. Isto me faz refletir sobre o momento atual por que atravessam nossos grandes conglomerados midiáticos. Estes cerram fileiras em torno dos grãos.
Todo esforço, todo grama de energia, todo milésimo de segundo é dedicado integralmente a potencializar o que sentem ser um retrato fiel da sociedade brasileira na atualidade. Hoje, imensas trilhas foram abertas nas florestas da informação, mas a grande imprensa não consegue nem mesmo ver as árvores. Para ela, uma ou duas folhas de uma árvore assumem importância tal que podem obliterar o conjunto todo.
Excesso de bordões
Neste contexto penso que para chegarmos sãos e salvos ao dia 3 de outubro haveremos ainda que passar por manchetes diárias estampadas em nossa grande imprensa (Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, O Globo) dando conta da violação de sigilos fiscais de adicionais 21 pessoas intimamente relacionadas com a família do candidato José Serra. Após a quebra do sigilo da filha e do genro, do primo de sua mulher, ainda saberemos que foram ao meio fio os sigilos da sogra, da sobrinha, de dois tios, de uma comadre de sua filha e de sua afilhada. É o jornalismo conta-gotas, como se a sociedade estivesse recebendo ao longo das próximas semanas doses diárias do homeopático Beladona.
O meio mais eficaz para banalizar um crime é tratá-lo como banal. Simples assim. E é isto o que a imprensa paulista, aquela que se autointitula de abrangência nacional, vem fazendo desde os últimos dias e deverá pautar sua equipe de "opinionistas" e colaboradores: a cada dia o escândalo requentado busca render imagens "na medida" para atender interesses eleitorais na propaganda veiculada na tevê.
Ora, jornalismo geralmente envolve a arte e o ofício de refletir a realidade com os dados verificados, a fim de dar aos indivíduos o instrumental necessário para formar uma opinião construída sobre aquilo que acontece e como isso lhe pode afetar. É a esse jornalismo que nos dedicamos, e onde alguns atuam com mais ou com menos assertividade, com mais ou com menos credibilidade para, ao fim, poder visualizar essa foto do momento atual.
No caso dos sigilos há excesso nos enfoques: o culpado não pode ser outro que não o PT, a candidata governista. Excesso nos métodos: os jornais publicam a mesma manchete com leves alterações. Excesso no espaço: primeira página, editorial, caderno eleições. Excesso na contundência: a candidatura do governo precisa ser cassada pelo TSE. Excesso na repetição de bordões e frases feitas: terrorismo de Estado, crime fiscal hediondo, crime de lesa pátria, ilegalidade abominável. Excesso de opinião: todos os que têm a opinião impressa falam a mesma língua, usam os mesmos recursos lingüísticos e se estivessem em bancada de telejornal da noite, fariam as mesmas caras e bocas.
Libelo diários
Não por coincidência é um caso abordado por meio de muitos adjetivos e pouquíssimos substantivos. É que falta a verificação de dados: que informações sigilosas vieram à luz do dia? Falta clareza sobre os autores reais porque são privilegiados autores imaginários que se confundem, não por artes do destino, com a candidata majoritariamente mais bem avaliada em um mix de pesquisas de opinião.
De repente, nós encontramos um conjunto de casos em que as publicações fazem marcha batida para a direita, uma direção que até bem pouco parecia completamente escondida, mas que agora parece estar em seu habitat natural. Ao emitir esta percepção quero salientar que não estou falando de ideologia, de uma luta leal entre os argumentos concorrentes e diferentes pontos de vista.
Refiro-me a jornalistas e a políticos que consideram a busca da verdade nada mais que uma quimera. Profissionais que chegam primeiro às conclusões para depois construir os marcos indispensáveis à formulação de uma tese. Profissionais que difundem suas opiniões na forma de notícias sem atentar para o ritmo que a lógica impôs há séculos no discurso racional e que deve tornar sólida a democracia. Não posso deixar de ver que tal técnica de ignorar a lógica e atacar a verdade pode conduzir o Brasil a um caminho de tristíssima memória, que remonta aos primeiros anos de 1960, que conduz ao acirramento dos ânimos onde a luta pelo poder tem como insígnia a compreensão equivocada que os fins sempre estarão a serviço dos meios.
Quando a propagação de um jornalismo partidarizado se une à política convencional, temos o perigo real. Uma fábrica de manipulação quando começa a funcionar durante duas horas ao dia é prenúncio de que logo estará funcionando 24 horas ao dia, em três turnos ininterruptos. E não há nada pior do que estes libelos diários a atiçar os piores instintos da sociedade: alguns partidos sem líderes capazes de se manter frios e que se coloquem em defesa da razão. À ausência de tal liderança calma e clara em nossos principais partidos em tempos de crise, aliado ainda à guerra contra a verdade e a lógica, podem apenas nos trazer maus presságios.
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Serra e a reforma agrária em São Paulo
Reproduzo entrevista concedida à jornalista Maria Mello, publicada na página oficial do MST:
A continuidade da administração do PSDB no estado de São Paulo significa o aprofundamento do neoliberalismo, a consolidação de um plano de privatização de serviços públicos, a piora da qualidade do ensino público e o acirramento da violência contra a classe trabalhadora. A avaliação é de Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST. “A permanência do tucanato no estado de São Paulo é a permanência do projeto neoliberal e de criminalização do MST”, afirma.
Segundo o dirigente do MST, houve um retrocesso em relação à arrecadação de terras devolutas e à estruturação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) na gestão de Serra, em comparação ao período do governador Mario Covas, entre 1995 e 2001. Em entrevista à Página do MST, Gilmar apresenta uma avaliação das políticas do governo Serra em relação à reforma agrária. Ele aponta o crescimento do processo de repressão das lutas sociais durante sua gestão e o estímulo dado ao modelo agrícola de exportação, em detrimento da produção de alimentos. “São Paulo virou um grande canavial”, disse.
Na sua avaliação, como o governo Serra tratou a questão agrária e o MST à frente do governo do Estado de São Paulo?
Um primeiro aspecto é que nunca conseguimos fazer uma reunião com o Serra quando ele era governador. A única que fizemos foi com secretários de governo. Está tudo praticamente paralisado, todos os processos de arrecadação de terras. Não há iniciativa nenhuma do governo do estado em arrecadar. Prova disso é que os trabalhadores do Instituto de Terras do Estado de São Paulo fizeram uma greve recentemente, porque há um desmonte do órgão por parte do governo Serra. Então, no que se refere à reforma agrária não foi feito nada. Esta é a verdade. Nem quanto ao acompanhamento de assentamentos nem quanto à arrecadação de terras. No estado de São Paulo, não avançamos em absolutamente nada.
Como você avalia o trabalho do Itesp, o órgão responsável pela reforma agrária no estado?
O Itesp tem sido desmontado ao longo dos anos. No período Covas [governador entre 1995 e 2001], ele foi bastante incrementado. Tinha uma estrutura grande: técnicos, equipes de arrecadação. Havia uma ofensiva do governo estadual no sentido de arrecadar terras devolutas, principalmente no Pontal do Paranapanema. Com a entrada do Alckmin [entre 2001 e 2006], ainda houve alguma continuação, mas com um ritmo muito lento. No final do seu segundo governo, já não havia mais nada. Com a entrada do Serra, as atividades de arrecadação ficaram paralisadas. Houve desmonte, inclusive, do ponto de vista de condições de trabalho para os técnicos. Não existe nada de política agrária no estado de São Paulo por parte do governo Serra.
Qual é a tarefa do Estado em relação à arrecadação das terras devolutas?
São necessárias várias iniciativas. A primeira é a vontade política de arrecadar, ir para a região, como no governo Covas. É terra do Estado, vamos arrecadar e transformar em reforma agrária. A segunda é através das Procuradorias de Justiça: estimular a Procuradoria do estado a entrar com os pedidos de reivindicação dessas áreas, para que possam tomar a medida chamada de reivindicatória. Antes disso, ainda há uma série de tarefas que precisam ser tomadas do ponto de vista jurídico. Essas iniciativas são muito poucas no governo Serra. Pouquíssimas. O que a gente sabe é que havia várias ações judiciais – inclusive, acabou de sair uma decisão considerando devolutas terras do Pontal do Paranapanema, mas isso é fruto de um trabalho anterior, feito há muito tempo atrás. O engraçado é que o governo, em vez de fazer isso, mandou para a Assembleia Legislativa um projeto de lei para regularizar o grilo no Pontal e em todo o estado. Então, além de não arrecadar terras, o governo Serra buscou regularizar o grilo.
Qual foi o comportamento da polícia nas ações que envolveram trabalhadores do campo e da cidade sob o governo Serra?
Primeiro, é preciso lembrar que não há interesse nenhum em fazer a reforma agrária por parte do governo Serra e do tucanato em geral. Eles são contra a reforma agrária. Depois, as ações policiais, nos últimos tempos - diferentemente de algum tempo atrás, quando havia algum tipo de diálogo -, têm acontecido de forma muito mais violenta, com um processo de repressão bastante intenso. Aliás, não só conosco, mas com professores, com a própria Polícia Civil, trabalhadores urbanos, das favelas.
Quais as características do agronegócio em São Paulo? Como vem evoluindo a produção de etanol?
São Paulo passou a ser um grande canavial. A monocultura da cana e a do eucalipto são as que predominam em todo o Estado, com a diminuição do plantio de café, de laranja e de outros tipos de produção, inclusive da pecuária. Com esse avanço da cana e do eucalipto, a pecuária migra para a região Centro-Oeste, que tem um bioma importante que está sendo destruído e, principalmente, para a região amazônica. Hoje o Brasil tem 175 milhões de cabeças de boi migrando para o Norte e Centro-Oeste do país, provocando a destruição ambiental daqueles biomas importantes. São Paulo virou um grande canavial e um grande eucaliptal. Essa tem sido a postura de apoio do governo ao agronegócio. O impacto ambiental disso já está sendo sentido pela população: as secas, as mudanças de temperatura.
Segundo dados do Incra, existem em São Paulo 12.291 propriedades nas mãos de estrangeiros. Como avalia essa questão?
O grande agronegócio vem investir no Brasil porque, do ponto de vista competitivo, na lógica de produção de mercadorias e de competição internacional, o Brasil tem vantagens comparativas muito grandes. Possui água em abundância, terras férteis, sol... Enquanto o eucalipto, nos países baixos da Europa, vai levar 15, 20 anos pra dar corte, aqui em São Paulo ou na Bahia vai produzir em cinco ou seis anos. Então, as empresas do grande capital internacional estão cada vez mais investindo no Brasil, seja na aquisição de propriedades ou no controle de toda a produção. Isso tende a ser intensificado por causa dessa política de exportação de commodities que o país adotou, não só em São Paulo. Mas é evidente que o Estado de São Paulo interessa muito ao grande capital. Por isso, há esse número grande de propriedades nas mãos de estrangeiros.
Agora, se não houver uma política de reforma agrária de fato que substitua essa política de assentamentos dificilmente conseguiremos reverter esse quadro num curto espaço de tempo. E mais ainda aqui em São Paulo, onde não há interesse nenhum nesse sentido. No caso do Pontal, por exemplo, há tentativas de regularização de terras públicas que passam cada vez mais para o controle de grandes empresas. O processo de monopolização da terra não tem se modificado no decorrer dos anos.
O que significaria uma nova vitória da candidatura tucana no Estado?
Seria a consolidação de um projeto de privatização de vários serviços públicos. São Paulo está cheio de pedágios, não tem mais por onde andar sem pagar. Esse é um processo de privatização das estradas, em que o direito de ir e vir está sendo retirado. Outro é um projeto educacional extremamente complicado. Um exemplo são as escolas dos assentamentos no Estado, que hoje padecem de inúmeros problemas. Nós temos no MST crianças que têm de levantar às 4h da manhã para poder chegar às escolas com transporte extremamente precário. Do ponto de vista da repressão e criminalização, também existe uma intensificação, e a prova disso é a incapacidade do governador Serra em dialogar com os setores da classe trabalhadora em luta. Os próprios prefeitos do PSDB dizem que têm muita dificuldade em dialogar com o Serra. Com relação à reforma agrária, a permanência do tucanato no estado de São Paulo é a permanência do projeto neoliberal e de criminalização do MST.
E a eventual vitória da candidatura tucana à presidência, o que pode representar?
A linha política do Serra é a do grande capital. Mesmo que não haja grandes diferenças nesse aspecto entre o atual governo e um tucano, o que agravaria a situação para o nosso lado é que o governo tucano é antidemocrático. Praticou no período FHC a criminalização dos movimentos sociais. Tomando como exemplo a política de Serra no Estado de São Paulo, que nunca sentou conosco, imagino que em nível nacional isso se repetiria. E haveria um aumento vertiginoso do processo de criminalização da pobreza.
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A continuidade da administração do PSDB no estado de São Paulo significa o aprofundamento do neoliberalismo, a consolidação de um plano de privatização de serviços públicos, a piora da qualidade do ensino público e o acirramento da violência contra a classe trabalhadora. A avaliação é de Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST. “A permanência do tucanato no estado de São Paulo é a permanência do projeto neoliberal e de criminalização do MST”, afirma.
Segundo o dirigente do MST, houve um retrocesso em relação à arrecadação de terras devolutas e à estruturação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) na gestão de Serra, em comparação ao período do governador Mario Covas, entre 1995 e 2001. Em entrevista à Página do MST, Gilmar apresenta uma avaliação das políticas do governo Serra em relação à reforma agrária. Ele aponta o crescimento do processo de repressão das lutas sociais durante sua gestão e o estímulo dado ao modelo agrícola de exportação, em detrimento da produção de alimentos. “São Paulo virou um grande canavial”, disse.
Na sua avaliação, como o governo Serra tratou a questão agrária e o MST à frente do governo do Estado de São Paulo?
Um primeiro aspecto é que nunca conseguimos fazer uma reunião com o Serra quando ele era governador. A única que fizemos foi com secretários de governo. Está tudo praticamente paralisado, todos os processos de arrecadação de terras. Não há iniciativa nenhuma do governo do estado em arrecadar. Prova disso é que os trabalhadores do Instituto de Terras do Estado de São Paulo fizeram uma greve recentemente, porque há um desmonte do órgão por parte do governo Serra. Então, no que se refere à reforma agrária não foi feito nada. Esta é a verdade. Nem quanto ao acompanhamento de assentamentos nem quanto à arrecadação de terras. No estado de São Paulo, não avançamos em absolutamente nada.
Como você avalia o trabalho do Itesp, o órgão responsável pela reforma agrária no estado?
O Itesp tem sido desmontado ao longo dos anos. No período Covas [governador entre 1995 e 2001], ele foi bastante incrementado. Tinha uma estrutura grande: técnicos, equipes de arrecadação. Havia uma ofensiva do governo estadual no sentido de arrecadar terras devolutas, principalmente no Pontal do Paranapanema. Com a entrada do Alckmin [entre 2001 e 2006], ainda houve alguma continuação, mas com um ritmo muito lento. No final do seu segundo governo, já não havia mais nada. Com a entrada do Serra, as atividades de arrecadação ficaram paralisadas. Houve desmonte, inclusive, do ponto de vista de condições de trabalho para os técnicos. Não existe nada de política agrária no estado de São Paulo por parte do governo Serra.
Qual é a tarefa do Estado em relação à arrecadação das terras devolutas?
São necessárias várias iniciativas. A primeira é a vontade política de arrecadar, ir para a região, como no governo Covas. É terra do Estado, vamos arrecadar e transformar em reforma agrária. A segunda é através das Procuradorias de Justiça: estimular a Procuradoria do estado a entrar com os pedidos de reivindicação dessas áreas, para que possam tomar a medida chamada de reivindicatória. Antes disso, ainda há uma série de tarefas que precisam ser tomadas do ponto de vista jurídico. Essas iniciativas são muito poucas no governo Serra. Pouquíssimas. O que a gente sabe é que havia várias ações judiciais – inclusive, acabou de sair uma decisão considerando devolutas terras do Pontal do Paranapanema, mas isso é fruto de um trabalho anterior, feito há muito tempo atrás. O engraçado é que o governo, em vez de fazer isso, mandou para a Assembleia Legislativa um projeto de lei para regularizar o grilo no Pontal e em todo o estado. Então, além de não arrecadar terras, o governo Serra buscou regularizar o grilo.
Qual foi o comportamento da polícia nas ações que envolveram trabalhadores do campo e da cidade sob o governo Serra?
Primeiro, é preciso lembrar que não há interesse nenhum em fazer a reforma agrária por parte do governo Serra e do tucanato em geral. Eles são contra a reforma agrária. Depois, as ações policiais, nos últimos tempos - diferentemente de algum tempo atrás, quando havia algum tipo de diálogo -, têm acontecido de forma muito mais violenta, com um processo de repressão bastante intenso. Aliás, não só conosco, mas com professores, com a própria Polícia Civil, trabalhadores urbanos, das favelas.
Quais as características do agronegócio em São Paulo? Como vem evoluindo a produção de etanol?
São Paulo passou a ser um grande canavial. A monocultura da cana e a do eucalipto são as que predominam em todo o Estado, com a diminuição do plantio de café, de laranja e de outros tipos de produção, inclusive da pecuária. Com esse avanço da cana e do eucalipto, a pecuária migra para a região Centro-Oeste, que tem um bioma importante que está sendo destruído e, principalmente, para a região amazônica. Hoje o Brasil tem 175 milhões de cabeças de boi migrando para o Norte e Centro-Oeste do país, provocando a destruição ambiental daqueles biomas importantes. São Paulo virou um grande canavial e um grande eucaliptal. Essa tem sido a postura de apoio do governo ao agronegócio. O impacto ambiental disso já está sendo sentido pela população: as secas, as mudanças de temperatura.
Segundo dados do Incra, existem em São Paulo 12.291 propriedades nas mãos de estrangeiros. Como avalia essa questão?
O grande agronegócio vem investir no Brasil porque, do ponto de vista competitivo, na lógica de produção de mercadorias e de competição internacional, o Brasil tem vantagens comparativas muito grandes. Possui água em abundância, terras férteis, sol... Enquanto o eucalipto, nos países baixos da Europa, vai levar 15, 20 anos pra dar corte, aqui em São Paulo ou na Bahia vai produzir em cinco ou seis anos. Então, as empresas do grande capital internacional estão cada vez mais investindo no Brasil, seja na aquisição de propriedades ou no controle de toda a produção. Isso tende a ser intensificado por causa dessa política de exportação de commodities que o país adotou, não só em São Paulo. Mas é evidente que o Estado de São Paulo interessa muito ao grande capital. Por isso, há esse número grande de propriedades nas mãos de estrangeiros.
Agora, se não houver uma política de reforma agrária de fato que substitua essa política de assentamentos dificilmente conseguiremos reverter esse quadro num curto espaço de tempo. E mais ainda aqui em São Paulo, onde não há interesse nenhum nesse sentido. No caso do Pontal, por exemplo, há tentativas de regularização de terras públicas que passam cada vez mais para o controle de grandes empresas. O processo de monopolização da terra não tem se modificado no decorrer dos anos.
O que significaria uma nova vitória da candidatura tucana no Estado?
Seria a consolidação de um projeto de privatização de vários serviços públicos. São Paulo está cheio de pedágios, não tem mais por onde andar sem pagar. Esse é um processo de privatização das estradas, em que o direito de ir e vir está sendo retirado. Outro é um projeto educacional extremamente complicado. Um exemplo são as escolas dos assentamentos no Estado, que hoje padecem de inúmeros problemas. Nós temos no MST crianças que têm de levantar às 4h da manhã para poder chegar às escolas com transporte extremamente precário. Do ponto de vista da repressão e criminalização, também existe uma intensificação, e a prova disso é a incapacidade do governador Serra em dialogar com os setores da classe trabalhadora em luta. Os próprios prefeitos do PSDB dizem que têm muita dificuldade em dialogar com o Serra. Com relação à reforma agrária, a permanência do tucanato no estado de São Paulo é a permanência do projeto neoliberal e de criminalização do MST.
E a eventual vitória da candidatura tucana à presidência, o que pode representar?
A linha política do Serra é a do grande capital. Mesmo que não haja grandes diferenças nesse aspecto entre o atual governo e um tucano, o que agravaria a situação para o nosso lado é que o governo tucano é antidemocrático. Praticou no período FHC a criminalização dos movimentos sociais. Tomando como exemplo a política de Serra no Estado de São Paulo, que nunca sentou conosco, imagino que em nível nacional isso se repetiria. E haveria um aumento vertiginoso do processo de criminalização da pobreza.
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Quem são os amigos da Marina?
Reproduzo artigo de João Quartim Moraes, publicado no sítio Vermelho:
Muitos críticos intransigentes, na esquerda "lato sensu", sobretudo os da corrente "ecológica", que se escandalizaram quando Lula em 2002 convocou para candidato a vice em sua chapa um grande industrial mineiro, não parecem se incomodar tanto com o fato de que o vice de Marina Silva é presidente do trust transnacional Natura. Quando, por motivos respeitáveis, ela renunciou ao cargo de ministro do governo Lula, os mesmos eco-intransigentes imaginaram que ela saía do governo pela esquerda. Alguns, abusando do direito de serem ingênuos, persistiram nessa opinião mesmo depois dela ter aderido ao PV e se lançado candidata à presidência por esse partido.
Marina tem um novo amigo verde, F. Gabeira, ex-guru dos bichos-grilos da orla guanabarina e adjacências nos anos oitenta, agora candidato do centro-direita ao governo do Rio de Janeiro. Poucos políticos têm seguido, mais do que Gabeira, uma trajetória tão coerentemente retilínea: começou na extrema-esquerda e vem garbosamente caminhando para a direita, passo a passo e sem nenhum desvio. Apoiado no Rio pela frente bicéfala da direita (PSDEMB), ele retribui com galhardia: mal aberta a campanha eleitoral oficial, compareceu em São Paulo a um ato político em apoio a José Serra. Longe de exibir aborrecimento, Marina justificou o sócio, dizendo que ele veio a São Paulo "colher propostas do PSDB para seu programa de governo", coisa "perfeitamente natural". "O Gabeira me apóia e os tucanos e os democratas (sic) apóiam o Gabeira". Só que este queixou-se de que o partido de Serra não lhe estava repassando o prometido auxílio pecuniário. Quanta ingratidão!
Entretanto, o aspecto mais preocupante da trajetória de Marina, não somente do ponto de vista da esquerda, mas de quem quer que esteja minimamente persuadido de que a política externa do Brasil deve ser independente, está em vê-la fazer causa comum com o imperialismo e o facho-sionismo na diabolização do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Era ainda pré-candidata quando, destilando seu ressentimento contra o governo Lula e exibindo sua subserviência aos interesses da Casa Branca, declamou em Washington, no dia 24 de abril, a ladainha que os gringos queriam ouvir: "O Brasil é a única democracia ocidental que tem dado audiência para o Ahmadinejad. A própria China não tem dado, nem a Rússia". Difícil decidir se nessa declaração, doce melodia nas orelhas de Mrs. Clinton e sócios, é mais sintomática ideologicamente a alusão pejorativa àprópria China ou a auto-identificação subalterna com ademocracia ocidental, referência mistificadora típica dos papagaios de pirata da mediática capitalista.
A candidata verde proclamou ainda que "O Irã tem desrespeitado direitos humanos, ali tem presos políticos, pessoas são executadas". Marina não deveria ignorar que seus amigos democratas do Ocidente, capazes de todos os crimes de lesa-humanidade para defender seus interesses, são os responsáveis históricos pelo esmagamento das forças laicas, democráticas e anti-imperialistas do Irã que participaram do governo de Frente Nacional formado em 1951 por Mohamed Mossadegh, dirigente da esquerda nacionalista, apoiado pelo partido Tudeh (comunista). A decisão de nacionalizar o petróleo, que estava nas garras dos abutres anglo-estadunidenses, bastou para que a CIA, com a conivência do Xá Reza Pahlevi, montasse um golpe militar que em agosto de 1953 derrubou Mossadegh. Com a cooperação da mesma CIA, secundada pelo Mossad, o Xá instaurou um regime de terror policial centralizado na Savak, instituição comknow-howdemocrático-ocidental(para retomar o conceito da Marina), especializada nas formas mais eficientemente atrozes de tortura. O partido Tudeh foi implacavelmente perseguido. Seus dirigentes foram presos, torturados, alguns condenados à morte. Em conseqüência, a principal base da resistência ao odioso regime do Xá e da CIA passou a ser a oposição islâmica, que dirigiu a revolução popular de 1979. No poder, os islâmicos mantiveram proscrito o comunismo e com ele todas as forças consequentes no combate por uma república social, laica, culturalmente progressista.
Processos com dinâmica substancialmente idêntica iriam ocorrer nas décadas seguintes no Afeganistão e no Iraque. Ronald Reagan, pioneiro da Cruzada neoliberal de recolonização do planeta, justificava o apoio militar que concedia aos talebãs em luta contra os comunistas afegãos, argumentando que eles não eram terroristas e sim guerrilheiros da liberdade. Osdemocratas-ocidentais, sob o comando de Bush pai, de Clinton e de Bush filho prosseguiram na Cruzada assassina contra o que chamamEixo do Mal, composto na verdade pelos países que se recusam a lamber as botas do Pentágono e de seus sócios da OTAN. Exatamente na hora em que a Cruzada ameaça incendiar o Irã, Marina vem uivar junto com os lobos imperialistas, dando sua contribuiçãozinha para satanizar o governo legítimo daquele país. É o que dá andar em más companhias.
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Muitos críticos intransigentes, na esquerda "lato sensu", sobretudo os da corrente "ecológica", que se escandalizaram quando Lula em 2002 convocou para candidato a vice em sua chapa um grande industrial mineiro, não parecem se incomodar tanto com o fato de que o vice de Marina Silva é presidente do trust transnacional Natura. Quando, por motivos respeitáveis, ela renunciou ao cargo de ministro do governo Lula, os mesmos eco-intransigentes imaginaram que ela saía do governo pela esquerda. Alguns, abusando do direito de serem ingênuos, persistiram nessa opinião mesmo depois dela ter aderido ao PV e se lançado candidata à presidência por esse partido.
Marina tem um novo amigo verde, F. Gabeira, ex-guru dos bichos-grilos da orla guanabarina e adjacências nos anos oitenta, agora candidato do centro-direita ao governo do Rio de Janeiro. Poucos políticos têm seguido, mais do que Gabeira, uma trajetória tão coerentemente retilínea: começou na extrema-esquerda e vem garbosamente caminhando para a direita, passo a passo e sem nenhum desvio. Apoiado no Rio pela frente bicéfala da direita (PSDEMB), ele retribui com galhardia: mal aberta a campanha eleitoral oficial, compareceu em São Paulo a um ato político em apoio a José Serra. Longe de exibir aborrecimento, Marina justificou o sócio, dizendo que ele veio a São Paulo "colher propostas do PSDB para seu programa de governo", coisa "perfeitamente natural". "O Gabeira me apóia e os tucanos e os democratas (sic) apóiam o Gabeira". Só que este queixou-se de que o partido de Serra não lhe estava repassando o prometido auxílio pecuniário. Quanta ingratidão!
Entretanto, o aspecto mais preocupante da trajetória de Marina, não somente do ponto de vista da esquerda, mas de quem quer que esteja minimamente persuadido de que a política externa do Brasil deve ser independente, está em vê-la fazer causa comum com o imperialismo e o facho-sionismo na diabolização do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Era ainda pré-candidata quando, destilando seu ressentimento contra o governo Lula e exibindo sua subserviência aos interesses da Casa Branca, declamou em Washington, no dia 24 de abril, a ladainha que os gringos queriam ouvir: "O Brasil é a única democracia ocidental que tem dado audiência para o Ahmadinejad. A própria China não tem dado, nem a Rússia". Difícil decidir se nessa declaração, doce melodia nas orelhas de Mrs. Clinton e sócios, é mais sintomática ideologicamente a alusão pejorativa àprópria China ou a auto-identificação subalterna com ademocracia ocidental, referência mistificadora típica dos papagaios de pirata da mediática capitalista.
A candidata verde proclamou ainda que "O Irã tem desrespeitado direitos humanos, ali tem presos políticos, pessoas são executadas". Marina não deveria ignorar que seus amigos democratas do Ocidente, capazes de todos os crimes de lesa-humanidade para defender seus interesses, são os responsáveis históricos pelo esmagamento das forças laicas, democráticas e anti-imperialistas do Irã que participaram do governo de Frente Nacional formado em 1951 por Mohamed Mossadegh, dirigente da esquerda nacionalista, apoiado pelo partido Tudeh (comunista). A decisão de nacionalizar o petróleo, que estava nas garras dos abutres anglo-estadunidenses, bastou para que a CIA, com a conivência do Xá Reza Pahlevi, montasse um golpe militar que em agosto de 1953 derrubou Mossadegh. Com a cooperação da mesma CIA, secundada pelo Mossad, o Xá instaurou um regime de terror policial centralizado na Savak, instituição comknow-howdemocrático-ocidental(para retomar o conceito da Marina), especializada nas formas mais eficientemente atrozes de tortura. O partido Tudeh foi implacavelmente perseguido. Seus dirigentes foram presos, torturados, alguns condenados à morte. Em conseqüência, a principal base da resistência ao odioso regime do Xá e da CIA passou a ser a oposição islâmica, que dirigiu a revolução popular de 1979. No poder, os islâmicos mantiveram proscrito o comunismo e com ele todas as forças consequentes no combate por uma república social, laica, culturalmente progressista.
Processos com dinâmica substancialmente idêntica iriam ocorrer nas décadas seguintes no Afeganistão e no Iraque. Ronald Reagan, pioneiro da Cruzada neoliberal de recolonização do planeta, justificava o apoio militar que concedia aos talebãs em luta contra os comunistas afegãos, argumentando que eles não eram terroristas e sim guerrilheiros da liberdade. Osdemocratas-ocidentais, sob o comando de Bush pai, de Clinton e de Bush filho prosseguiram na Cruzada assassina contra o que chamamEixo do Mal, composto na verdade pelos países que se recusam a lamber as botas do Pentágono e de seus sócios da OTAN. Exatamente na hora em que a Cruzada ameaça incendiar o Irã, Marina vem uivar junto com os lobos imperialistas, dando sua contribuiçãozinha para satanizar o governo legítimo daquele país. É o que dá andar em más companhias.
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terça-feira, 14 de setembro de 2010
Nasce a rede de blogueiros do Maranhão
Reproduzo animadora notícia de Rogério Tomaz Jr., publicada no blog Conexão Brasília-Maranhão:
A 3 de setembro de 1939, a Inglaterra e a França declaravam guerra à Alemanha de Hitler.
No 3 de setembro de 2010, uma pequena iniciativa reforça a guerra contra o oligopólio da mídia no Maranhão.
Nesta data circulou o número zero, ainda experimental, do boletim Ê-Maranhão, ação surgida no contexto do Grande Encontro de Blogueiros e Twitteiros Progressistas do Maranhão, realizado na capital São Luís no dia 2 de setembro.
O Ê-Maranhão é uma ação do projeto “Nós de Rede”, apresentado no encontro pelo professor Francisco Gonçalves, chefe do Departamento de Comunicação da UFMA.
O boletim eletrônico Ê-Maranhão divulgará posts dos blogs integrantes do projeto para milhares de e-mails no estado e no Brasil.
A meta mais imediata é distribuir o Ê-Maranhão para 30 mil endereços eletrônicos. Apenas a título de comparação, a circulação somada de todos os jornais de São Luís — que já chegou a ter 11 diários (a maioria nanicos) em circulação, na década passada — não chega a esse número, segundo o jornalista Franklin Douglas, do blog Ecos das Lutas.
Encontro plural
Mais de cem pessoas, entre blogueir@s, twitteir@s, jornalistas, radialistas, publicitári@s, estudantes, militantes políticos e candidatos na atual eleição. Todas as candidaturas ao governo do estado foram convidadas a participar do Encontro e falar sobre suas propostas para a Internet e a comunicação em geral. Apenas a candidata Roseana Sarney não compareceu, embora um de seus marketeiros estivesse presente.
Jackson Lago (PDT), Flávio Dino (PCdoB), Josivaldo Correa (PCB), Marcos Silva (PSTU) e Saulo Arcangeli (PSol), candidatos ao governo, passaram pelo Encontro e deixaram seu recado, além de alguns candidatos ao Senado: Roberto Rocha (PSDB), José Reinaldo Tavares (PSB), também blogueiro, e Luís Carlos Noleto (PSTU).
Entre os participantes, estiveram também jornalistas e blogueir@s do portal iMirante, da família Sarney, do jornal O Imparcial e do Jornal Pequeno. No âmbito nacional, participaram apoiadores das campanhas de várias candidaturas presidenciáveis: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda Sampaio (PSol) e Zé Maria (PSTU).
A rede de bloogueiros e twitteiros progressistas do Maranhão definiu como princípios a serem respeitados pelos seus participantes:
- a defesa e a promoção dos direitos humanos;
- a democratização da comunicação e
- a mudança social, econômica e política do Maranhão.
O Ê-Maranhão é a primeira iniciativa de uma rede que tem tudo para se constituir um contraponto ao oligopólio da comunicação reinante no Maranhão, dominado por grupos conservadores, inclusive os que fazem oposição à família Sarney.
O potencial da rede é enorme, mas de nada valerá se ele não for concretizado, como bem observou o professor Chico Gonçalves, um dos principais entusiastas do projeto “Nós de Rede”.
Outras iniciativas estão por vir, inclusive várias oriundas do I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, realizado em São Paulo(SP), no final de agosto.
Longa vida e muita disposição à rede e aos blogs e twitteir@s que dela participam!
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A 3 de setembro de 1939, a Inglaterra e a França declaravam guerra à Alemanha de Hitler.
No 3 de setembro de 2010, uma pequena iniciativa reforça a guerra contra o oligopólio da mídia no Maranhão.
Nesta data circulou o número zero, ainda experimental, do boletim Ê-Maranhão, ação surgida no contexto do Grande Encontro de Blogueiros e Twitteiros Progressistas do Maranhão, realizado na capital São Luís no dia 2 de setembro.
O Ê-Maranhão é uma ação do projeto “Nós de Rede”, apresentado no encontro pelo professor Francisco Gonçalves, chefe do Departamento de Comunicação da UFMA.
O boletim eletrônico Ê-Maranhão divulgará posts dos blogs integrantes do projeto para milhares de e-mails no estado e no Brasil.
A meta mais imediata é distribuir o Ê-Maranhão para 30 mil endereços eletrônicos. Apenas a título de comparação, a circulação somada de todos os jornais de São Luís — que já chegou a ter 11 diários (a maioria nanicos) em circulação, na década passada — não chega a esse número, segundo o jornalista Franklin Douglas, do blog Ecos das Lutas.
Encontro plural
Mais de cem pessoas, entre blogueir@s, twitteir@s, jornalistas, radialistas, publicitári@s, estudantes, militantes políticos e candidatos na atual eleição. Todas as candidaturas ao governo do estado foram convidadas a participar do Encontro e falar sobre suas propostas para a Internet e a comunicação em geral. Apenas a candidata Roseana Sarney não compareceu, embora um de seus marketeiros estivesse presente.
Jackson Lago (PDT), Flávio Dino (PCdoB), Josivaldo Correa (PCB), Marcos Silva (PSTU) e Saulo Arcangeli (PSol), candidatos ao governo, passaram pelo Encontro e deixaram seu recado, além de alguns candidatos ao Senado: Roberto Rocha (PSDB), José Reinaldo Tavares (PSB), também blogueiro, e Luís Carlos Noleto (PSTU).
Entre os participantes, estiveram também jornalistas e blogueir@s do portal iMirante, da família Sarney, do jornal O Imparcial e do Jornal Pequeno. No âmbito nacional, participaram apoiadores das campanhas de várias candidaturas presidenciáveis: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda Sampaio (PSol) e Zé Maria (PSTU).
A rede de bloogueiros e twitteiros progressistas do Maranhão definiu como princípios a serem respeitados pelos seus participantes:
- a defesa e a promoção dos direitos humanos;
- a democratização da comunicação e
- a mudança social, econômica e política do Maranhão.
O Ê-Maranhão é a primeira iniciativa de uma rede que tem tudo para se constituir um contraponto ao oligopólio da comunicação reinante no Maranhão, dominado por grupos conservadores, inclusive os que fazem oposição à família Sarney.
O potencial da rede é enorme, mas de nada valerá se ele não for concretizado, como bem observou o professor Chico Gonçalves, um dos principais entusiastas do projeto “Nós de Rede”.
Outras iniciativas estão por vir, inclusive várias oriundas do I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, realizado em São Paulo(SP), no final de agosto.
Longa vida e muita disposição à rede e aos blogs e twitteir@s que dela participam!
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