Reproduzo artigo enviado pelo amigo Beto Almeida, membro do conselho diretivo da Telesur:
A frágil democracia brasileira, que ainda precisa ser consolidada, está sendo alvo, uma vez mais, de um golpismo midiático comandado pelas forças conservadoras a serviço das oligarquias internacionais. Não se trata apenas de baixaria, de central de boatos, de retrocesso temático por uma característica da sociedade brasileira. Trata-se de uma agenda imposta, cuidadosamente escolhida, destinada a enfraquecer a candidatura de Dilma por ser representante de uma política de recuperação da soberania nacional, de valorização do trabalho e da produção e da integração dos povos da América Latina e do sul num novo equilíbrio mundial, sem vassalagem aos centros imperiais.
A agressividade da caudalosa ação midiática para demolir a imagem de Dilma Roussef, acusada de bandida, terrorista, assassina, incompetente, inexperiente, contrária aos valores da família, da ética, e da vida, é encontrada também em vários outros momentos de nossa história em que o Brasil estava, como agora, decidindo-se por um projeto político em que se afirma como Nação Soberana, contra o outro projeto, destinado a preservar os interesses sórdidos das oligarquias internacionais que vivem da rapina aos povos da periferia do mundo.
Foi exatamente assim, com esta mesma ferocidade, com o rancor mais faccioso, com argumentos fascistas, que as forças conservadoras lançaram-se na campanha histérica para tentar impedir, nos anos 50, que Vargas levasse adiante seu projeto de nacionalização do Petróleo e criação da Petrobrás, bem como da Vale do Rio Doce, do BNDES. “Não me acusam, me insultam; não combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes” [Trecho da Carta Testamento de Vargas].
Dilúvio de calúnias: supressão do debate democrático
Com todo este dilúvio de mentiras, calúnias e ofensas, pretendem impedir que a campanha eleitoral seja o palco democrático iluminado e claro para a comparação civilizada e sensata de propostas, dos projetos defendidos por um e outro candidato. Até grupamentos neonazistas foram convocados para esta fraude informativa. O que se quer é uma invisibilidade da verdadeira pauta democrática sobre os rumos do Brasil, com o que as propostas nem sequer são conhecidas em profundidade, obscurecidas e escondidas sob uma nuvem de desinformação, manipulação e falsificações sem qualquer limite, repetida em uníssono pelos grandes veículos de comunicação, rigorosamente controlados pelos magnatas do setor. Pretendem confundir o povo. É uma articulação que tem o alcance de um golpe midiático!
Como ocorria contra Vargas, quando a artilharia pesada dos meios de comunicação comandados pelo capital externo não admitia que o Brasil tivesse soberania sobre suas riquezas naturais nacionalizada. Para impedir que o governo varguista continuasse valorizando o trabalho, os direitos trabalhistas e avançasse na criação da Eletrobrás, já anunciada, desataram a venenosa campanha do “mar-de-lama no Catete”, organizando a deposição do Presidente da República, que optou por derrotar o golpe com um tiro no próprio coração.
A campanha midiática de então era, como agora, pautada em um moralismo histérico, rudimentar, anti-histórico, perigosamente fanático, descontextualizando fatos, usando abertamente de mentiras, invenções e meias verdades. Como nas medievais caça às bruxas... Mas, o objetivo é um só: impedir a discussão verdadeira e o objetiva dos problemas nacionais, dos problemas do nosso povo, confundí-lo, em favor dos interesses internacionais.
Agora, usando de outros ingredientes e das novas e velhas tecnologias de comunicação, estas mesmas forças imperiais, controladoras da grande mídia por meio do garrote dos anunciantes, quer impedir a continuidade de uma política que está livrando o país das imposições do FMI, reconstruindo a Telebrás, renacionalizando a Petrobrás, e, além disso, dotando o Brasil de uma estratégia nacional de defesa, indispensável num mundo marcado pelo intervencionismo dos fortes contra os fracos...
“Esse mar é meu, leva esse barco pra lá desse mar...”
Para que se tenha um exemplo claro do efeito causado por este dilúvio midiático para desviar e impedir a visão sobre fatos importantes, quase não foi divulgada a decisão recente do governo de ampliar sua fronteira marítima, incorporando mais 960 mil km2 a zona de soberania nacional do mar. A medida é de importância transcendental, sobretudo pela descoberta do pré-sal, mas também em razão do perigoso jogo de poder mundial em que nações imperialistas lançam-se com voracidade ilimitada, com o uso da força militar quando necessário, à rapina das riquezas naturais em qualquer parte do planeta onde imaginam ser possível tomar. Um fato de tal dimensão não é ainda, provavelmente, do conhecimento da grande maioria do povo brasileiro, mas, certamente, serviu para aguçar ainda mais o ódio nos malignos laboratórios imperiais contra a política implementada por Lula e que Dilma pretende continuar, com o apoio dos brasileiros.
Trata-se de uma decisão não isolada, mas vinculada ao conjunto de políticas desenvolvidas pelo governo. Vale dizer que Dilma Roussef, embora estivesse presa, nos anos 70, teve a sabedoria e a objetividade de apoiar a decisão do governo militar de então, de ampliar o mar territorial brasileiro para 200 milhas, medida que provocou o rechaço de várias potências imperiais. Será que os militares nacionalistas sabem disto?
Na atualidade, a nova expansão de nossa soberania sobre o mar está vinculada à recuperação da indústria naval – demolida pela era da privataria - ao apoio ao projeto do submarino nuclear, ao reequipamento da Marinha Brasileira - que também foi desarmada pelos privateiros amigos de FHC/Serra - e a decisão de ampliar o controle estatal sobre o petróleo, incluindo o pré-sal. Será que os militares preferem apoiar um candidato comprometido com o desarmamento unilateral do Brasil? Um candidato que participou da entrega da Embratel às mãos de uma empresa norte-americana, com o que informações estratégicas, inclusive de segurança nacional, passaram às mãos dos órgãos estrangeiros? Sem contar a possibilidade técnica real de promoverem um apagão satelital contra o Brasil?
Houvesse jornalismo independente hoje no Brasil seria boa pergunta se fazer ao Serra... O dilúvio midiático golpista quer evitar que estes temas sejam discutidos democraticamente, no que logra-se êxito já que todos os grandes veículos estão controlados pelos interesses internacionais, enquanto que as forças populares e progressistas ainda não organizaram, até hoje, um veículo de comunicação de expressão de massas, nacional, regular, com capacidade para fazer o contraditório e quebrar a monolítica linha editorial conservadora. Ainda não temos o nosso “Última Hora”.
Golpismo midiático
O golpismo midiático que se aplica agora contra a candidatura de Dilma Roussef foi também aplicado contra Jango. Os veículos de comunicação que pediam em editoriais histéricos a intervenção militar contra a suposta “república sindicalista”, chegaram a proclamar a “vacância da presidência da república”, quando Jango estava em território nacional e possuía a legitimidade que lhe fora dada pelos eleitores.
Não há razoabilidade contra o pensamento golpista. Serra utiliza-se desta linha facciosa de argumentação nos debates e em sua propaganda eleitoral. Perguntou a Dilma sobre a dívida da Santa Casa, parentando preocupação com exigüidade de recursos aplicados em saúde, como se não fora seu partido e as demais forças conservadoras os responsáveis pela extinção do CMPF, sangrando o orçamento da saúde de uma só vez, em cerca de 40 bilhões ano.
A mais recente privatização de Serra
Tenta excluir-se do time dos privateiros, mas o exemplo mais recente de sua vasta lista de internacionalização do patrimônio público, é a nefasta privatização da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, promovida pelo Governo Serra, ocorrida em 2008. A estatal era avaliada em 16 bilhões de reais, e foi doada pela bagatela de 1,6 bilhão a uma empresa colombiana, controlada por acionistas norte-americanos.
Detalhe: em menos de um ano de operação, com alta radical e artificial de tarifas, redução de investimentos e dos serviços de operação, precarização dos serviços, apagões e demissão em massa, a empresa arrecadou quase um bilhão de reais em lucro, quase o valor obtido na venda. Gravíssimo: no edital de privatização desta empresa constou cláusula que impedia a participação de empresas estatais brasileiras, pois havia o interesse da paranaense Copel e da mineira Cemig na sua compra. Pelo edital, um estímulo à internacionalização.
Profissão: golpista
O único argumento que as ações golpistas temem e consideram é aquele que vem acompanhado pela presença de massas nas ruas! Vale lembrar que no episódio da chamada crise do mensalão, quando toda a orquestração midiática estava destinada a alcançar de Lula a renúncia à uma nova candidatura, ou até mesmo recorrer à alternativa do “impeachement”, o que fez esta gente recuar foi o anúncio do presidente de que iria defender seu mandato nas ruas. “Não vou suicidar como Vargas, não vou renunciar como Jânio, não vou sair do País como Jango, vou defender o mandato popular nas ruas!”, disse ele.
Foi isto o que levou a oposição conservadora a vacilar e a recuar de sua sanha golpista de então, sempre lembrando que todos os governos populares estão sempre na alça da mira do golpismo. É um golpismo permanente, uma conduta sistemática das oposições conservadoras. Queriam aplicar em Lula aquela fraseologia facciosa de Carlos Lacerda lançou contra Vargas. Dizia: “ele não pode ser candidato. Se for, não pode vencer as eleições. Se vencer não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar, teremos que derrubá-lo”. Ou seja, profissão, golpista. E tudo isto era apoiado pelos clarins da banda midiática da UDN, que chegaram a “noticiar” que no Brasil não existia petróleo a não ser na mente delirante de Vargas.
A força das ruas
Sendo assim, é chegada a hora de convocar novamente o povo a fazer história nas ruas. E com uma enorme onda unitária verde-amarela, não onda vermelha apenas. As eleições estão ameaçadas por um dilúvio midiático de falsificações e calúnias, mas com o sentido e o alcance de um golpe contra o exercício do direito democrático por meio do voto popular!
Reiteramos: não é apenas estilo torpe, fanatismo ou baixaria. Trata-se de uma intervenção planejada para demolir uma candidatura não por meio do debate de propostas e de idéias. Tentaram contra Evo Morales, taxando-o de “narcopresidente”! Contra Pepe Mujica no Uruguay, chamando-o de terrorista! Também contra Cristina Kirchner, igualmente chamada de bandoleira, terrorista e guerrilheira. Transmissões de rádio captadas mostravam mensagens militares orientando sua eliminação física. Agora, contra Rafael Correa, no Equador, nas mensagens de rádio captadas havia incentivos militares ao assassinato do presidente eleito, jamais perdoado pela recuperação da soberania sobre a Base de Manta, antes controlada por forças militares norte-americanas.
Toda esta agressividade midiática para demolir a imagem de Dilma indica que estas forças reacionárias controladas pelo capital externo interessado em abocanhar o petróleo Pré-Sal, não perdoaram Lula e a candidata pelas medidas de recuperação da soberania nacional, muito embora ainda haja tanto a caminhar. A operação midiática incluiu a valorização da candidatura Marina Silva para assegurar o segundo turno. Sobretudo, influenciando para que na proposta dos verdes incluam-se, por exemplo, pontos programáticos que afirmam ser indiferente se o capital é nacional ou internacional, desde que seja ecológico na aplicação. Será realmente indiferente, por exemplo, no petróleo Pré-Sal, que o capital seja nacional ou internacional?
Unidade, unidade, unidade
Embora havendo semelhanças com o golpe organizado contra Vargas, por sorte, há indicativos de que todas as forças progressistas caminham para uma unidade e para uma linha ação em defesa da continuidade, manutenção e aprofundamento das conquistas alcançadas pelo governo atual. Não se espera que haja, por exemplo, repetição do equívoco histórico cometido pelos comunistas que, no dia 24 de agosto de 1954, em manchete de seu jornal, o Tribuna Popular, reivindicavam a renúncia de Vargas, tal como exigia a direita nacional, teleguiada pelo grande capital internacional.
Morto Vargas, a explosão de fúria das massas não poupou sequer as instalações do jornal dos comunistas, bem como a Tribuna de Imprensa, O Globo e o consulado dos EUA. De tal sorte que, segundo relato dos próprios comunistas, a direção do PCB mandou recolher das bancas os exemplares do jornal que pedia a renúncia de Vargas em coro com as forças conservadoras. Na recente crise criada pela tentativa de golpe no Equador, um dos movimentos sociais mais importantes chegou a solicitar a renúncia de Rafael Correia, revelando perda de visão de conjunto sobre as ações permanentes do imperialismo para desestabilizar e inviabilizar qualquer governo que contrarie seus interesses vitais.
Há indicativos de que uma ampla frente popular está sendo forjada até mesmo pela compreensão de que esta campanha conservadora tem dimensões golpistas, levando à necessidade de alerta máximo das forças progressistas para a eventualidade de ter que prevenir e enfrentar novas ações desestabilizadoras, com muito maior truculência, que não podem ser descartadas. É da história. Isso por que, como visto, os interesses em jogo no processo eleitoral brasileiro são de uma dimensão infinitamente gigantesca, não apenas mais um simples pleito, e podem decidir ritmos e prazos do processo histórico de integração latinoamericana e sul-sul, com plena independência dos interesses e ações imperiais.
“Verás que um filho teu não foge à luta”
Devemos ter uma mobilização à altura dos direitos do povo brasileiro em seguir sua caminhada para um processo de emancipação. Só nas ruas, com responsabilidade, criatividade e argumentação inteligente poderemos alcançar os indecisos, os confusos, os milhões e milhões que se abstiveram de votar, os que ainda acham que todos os candidatos são iguais e fazer a comparação democrática e respeitosa dos projetos em jogo. Se não temos jornais, se todos os jornais são contra nós, temos que inventar formas de produzir publicações e levar informações claras e elucidativas sobre o que está em risco em função deste golpismo midiático.
É hora de honrar os millhões que se manifestaram em 1954 quando Vargas foi levado à morte e paralisaram o golpe que vinha. E hora de relembrar as lutas estudantis, de imbuir-se do espírito das Ligas Camponesas, de entoar novamente as trilhas e roteiros das Diretas Já. É hora de lembrar a Carta Testamento de Vargas, de cantar com toda a energia o verso do Hino Nacional que diz “Verás que um filho teu não foge à luta”. Ou, aquela linda canção de Gonzaguinha “E vamos à luta!”, com a qual termino:
“Eu acredito é na rapaziada,
Que vai em frente e segura o rojão.
Eu tenho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta é com a juventude
Que não corre da raia em troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não está na saudade e constrói a manhã desejada!
Gonzaguinha
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domingo, 17 de outubro de 2010
Porque há um silêncio que ensurdece
Reproduzo artigo enviado pelo amigo Démerson Dias. Discordo, no geral, da sua leitura sobre o governo Lula, mas penso que o texto ajuda a reflexão crítica num setor da esquerda brasileira:
E o venerável Cardeal disse que vê
Tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
...
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
Caetano e Gil, “Haiti”
O processo eleitoral, neste segundo turno, transitava pela dúvida sobre quem seria o melhor gestor capitalista para o Brasil. Até que, alavancada pela vitória de Geraldo Alckmin no primeiro turno para o governo de São Paulo, ressurge com estardalhaço uma vetusta organização política fascista chamada Tradição, Família e Propriedade (TPF, entidade católica que figurou entre os que patrocinaram o golpe de 64).
O governo Lula é neoliberal, mas a TFP, talvez, depois dos skinheads, é o que há de mais fascista neste país. Trata-se de um setor que, de maneira geral, tinha sido derrotado por nós por ocasião da tênue reconstrução democrática.
Enquanto a discussão se dá entre o neoliberalismo condescendente de Lula e o neoliberalismo enrustido dos tucanos (ou o contrário, talvez), a opção é pelo tipo de algoz que preferimos. O estilo a la tucanato é de um algoz que tortura sem rodeios, a sangue frio. Já a plataforma lulista é a de um algoz “esclarecido”, que tortura um pouquinho e depois nos manda à enfermaria, para retomar a tortura mais tarde.
E isso não é um elogio a Lula; seu neoliberalismo é mais cruel, pois dá a nós, trabalhadores, apenas uma sobrevida, enquanto reserva, para o capital, condições nababescas. Como o capitalismo não existe sem suas contradições, o populismo de Lula nos preserva a possibilidade da esperança – não no governo, mas na insurgência, claro.
Em outras palavras, com Serra o povo paga pelo neoliberalismo e ainda morre à míngua; com Dilma, ele pode assistir na TV, durante o jantar, à espoliação de suas riquezas. E ainda comentar por torpedo, ou redes sociais, com os amigos.
Ocorre que por via oblíqua, ou desavisadamente, Lula acaba retificando, na prática, seu caráter de conciliador de classes. Como fosse um capricho da história a alguém que a renega, Lula abre a possibilidade de rompermos o ciclo machista no comando do país (isso não é o mesmo que nada entre nós), e acaba até por render homenagem aos lutadores do Brasil, quando indica a sua sucessão uma mulher que foi às armas contra a ditadura e reivindica esse passado (convenhamos, não no plano histórico, mas pessoalmente é mais do que fez Lula, que renega a esquerda).
A crise à direita é tamanha que somente uns poucos tolos conseguem erguer ilações machistas. O que vai doer mesmo, na própria carne, é que, em primeiro lugar, a direita não tolera os pobres – esses mesmos pobres que busca manipular por meio de seus funcionários fascistoides, invocando fantasmas e demônios para associá-los a Dilma. Há que se convir que a legitimidade do governo Lula é fruto de um assistencialismo turbinado e efetivo.
A segunda provocação é ainda mais intolerável, ao se invocar o passado guerrilheiro, alguns reacionários criminalizam “Estela” pelo assalto aos dólares de um corrupto contumaz paulista. Indagam pelo destino dos recursos nas mãos dos guerrilheiros, mas relevam sua origem (ou seja, há crimes que se toleram e outros que não, a depender de quem os comete). O ataque a Dilma vem se dando, portanto, pelas poucas virtudes existente dentro governo Lula.
O cerne da questão, contudo, não reside aí.
A plataforma que impulsiona a entrada da TFP nesse cenário é o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Lembremos que a maioria dos indicados por Lula ao STF endossou a anistia aos torturadores. Ou seja, o governo Lula é tímido em relação à questão dos direitos humanos.
Para os que legitimam as truculências e os assassinatos da ditadura, a ampliação de garantias contida no PNDH3 é inadmissível. Além de absurdo, é trágico criminalizar o aborto, na medida em que, entre os crimes cometidos, incluem-se estupros. Que legitimidade possuem os que acoitam estupradores para criminalizar o aborto?
Além disso, trata-se de um segmento que considera que o direito à propriedade de uns poucos tem primazia sobre o direito à existência digna dos demais.
O governo Lula não merece meu voto, mas a TFP não admite meu silêncio. Tanto esse passado deplorável ainda é atual que, quase 50 anos depois, ainda se confrontam sobreviventes: de um lado, da truculência reacionária; do outro, da luta contra a ditadura. Não vivi aquele momento e, se o tivesse vivido, não tenho certo até onde iria. Mas não tenho absolutamente nenhuma dúvida sobre o lado ao qual me alinharia.
Há concessões que não se fazem, mas há omissões que nos aproximam da conivência. Deixar de distinguir que as semelhanças entre Dilma e Serra estão num patamar distinto do arco reacionário, que busca voltar a se legitimar no Estado brasileiro a partir da candidatura tucana, é recusar as lições da história. Se todas as direitas fossem iguais, as esquerdas também o seriam. A opção pelo “quanto pior, melhor” é tão desumana quanto reacionária.
Tais setores já demonstraram que podem perfeitamente explorar, com requintes de crueldade, a incapacidade de coesão do campo progressista. Historicamente estavam fadados a serem apenas passado, até que um ligeiro solavanco os trouxe de volta à cena, novamente mandando às favas os escrúpulos da consciência.
Não se trata, portanto, de mero endosso à subordinação capitalista do atual governo, mas de perceber, justamente, que há tons de cinza nessa escala política que podem torná-la ainda mais tétrica. Subestimar adversários dessa estirpe já nos custou 30 anos de retrocesso e milhares de vidas. E é essa compreensão que nos distingue do totalitarismo.
Em resposta à TFP, voto na ex-guerrilheira. Dia 31, voto 13, contra o reascenso do campo fascista. A galopar, até enterrá-los no mar.
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E o venerável Cardeal disse que vê
Tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
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E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
Caetano e Gil, “Haiti”
O processo eleitoral, neste segundo turno, transitava pela dúvida sobre quem seria o melhor gestor capitalista para o Brasil. Até que, alavancada pela vitória de Geraldo Alckmin no primeiro turno para o governo de São Paulo, ressurge com estardalhaço uma vetusta organização política fascista chamada Tradição, Família e Propriedade (TPF, entidade católica que figurou entre os que patrocinaram o golpe de 64).
O governo Lula é neoliberal, mas a TFP, talvez, depois dos skinheads, é o que há de mais fascista neste país. Trata-se de um setor que, de maneira geral, tinha sido derrotado por nós por ocasião da tênue reconstrução democrática.
Enquanto a discussão se dá entre o neoliberalismo condescendente de Lula e o neoliberalismo enrustido dos tucanos (ou o contrário, talvez), a opção é pelo tipo de algoz que preferimos. O estilo a la tucanato é de um algoz que tortura sem rodeios, a sangue frio. Já a plataforma lulista é a de um algoz “esclarecido”, que tortura um pouquinho e depois nos manda à enfermaria, para retomar a tortura mais tarde.
E isso não é um elogio a Lula; seu neoliberalismo é mais cruel, pois dá a nós, trabalhadores, apenas uma sobrevida, enquanto reserva, para o capital, condições nababescas. Como o capitalismo não existe sem suas contradições, o populismo de Lula nos preserva a possibilidade da esperança – não no governo, mas na insurgência, claro.
Em outras palavras, com Serra o povo paga pelo neoliberalismo e ainda morre à míngua; com Dilma, ele pode assistir na TV, durante o jantar, à espoliação de suas riquezas. E ainda comentar por torpedo, ou redes sociais, com os amigos.
Ocorre que por via oblíqua, ou desavisadamente, Lula acaba retificando, na prática, seu caráter de conciliador de classes. Como fosse um capricho da história a alguém que a renega, Lula abre a possibilidade de rompermos o ciclo machista no comando do país (isso não é o mesmo que nada entre nós), e acaba até por render homenagem aos lutadores do Brasil, quando indica a sua sucessão uma mulher que foi às armas contra a ditadura e reivindica esse passado (convenhamos, não no plano histórico, mas pessoalmente é mais do que fez Lula, que renega a esquerda).
A crise à direita é tamanha que somente uns poucos tolos conseguem erguer ilações machistas. O que vai doer mesmo, na própria carne, é que, em primeiro lugar, a direita não tolera os pobres – esses mesmos pobres que busca manipular por meio de seus funcionários fascistoides, invocando fantasmas e demônios para associá-los a Dilma. Há que se convir que a legitimidade do governo Lula é fruto de um assistencialismo turbinado e efetivo.
A segunda provocação é ainda mais intolerável, ao se invocar o passado guerrilheiro, alguns reacionários criminalizam “Estela” pelo assalto aos dólares de um corrupto contumaz paulista. Indagam pelo destino dos recursos nas mãos dos guerrilheiros, mas relevam sua origem (ou seja, há crimes que se toleram e outros que não, a depender de quem os comete). O ataque a Dilma vem se dando, portanto, pelas poucas virtudes existente dentro governo Lula.
O cerne da questão, contudo, não reside aí.
A plataforma que impulsiona a entrada da TFP nesse cenário é o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Lembremos que a maioria dos indicados por Lula ao STF endossou a anistia aos torturadores. Ou seja, o governo Lula é tímido em relação à questão dos direitos humanos.
Para os que legitimam as truculências e os assassinatos da ditadura, a ampliação de garantias contida no PNDH3 é inadmissível. Além de absurdo, é trágico criminalizar o aborto, na medida em que, entre os crimes cometidos, incluem-se estupros. Que legitimidade possuem os que acoitam estupradores para criminalizar o aborto?
Além disso, trata-se de um segmento que considera que o direito à propriedade de uns poucos tem primazia sobre o direito à existência digna dos demais.
O governo Lula não merece meu voto, mas a TFP não admite meu silêncio. Tanto esse passado deplorável ainda é atual que, quase 50 anos depois, ainda se confrontam sobreviventes: de um lado, da truculência reacionária; do outro, da luta contra a ditadura. Não vivi aquele momento e, se o tivesse vivido, não tenho certo até onde iria. Mas não tenho absolutamente nenhuma dúvida sobre o lado ao qual me alinharia.
Há concessões que não se fazem, mas há omissões que nos aproximam da conivência. Deixar de distinguir que as semelhanças entre Dilma e Serra estão num patamar distinto do arco reacionário, que busca voltar a se legitimar no Estado brasileiro a partir da candidatura tucana, é recusar as lições da história. Se todas as direitas fossem iguais, as esquerdas também o seriam. A opção pelo “quanto pior, melhor” é tão desumana quanto reacionária.
Tais setores já demonstraram que podem perfeitamente explorar, com requintes de crueldade, a incapacidade de coesão do campo progressista. Historicamente estavam fadados a serem apenas passado, até que um ligeiro solavanco os trouxe de volta à cena, novamente mandando às favas os escrúpulos da consciência.
Não se trata, portanto, de mero endosso à subordinação capitalista do atual governo, mas de perceber, justamente, que há tons de cinza nessa escala política que podem torná-la ainda mais tétrica. Subestimar adversários dessa estirpe já nos custou 30 anos de retrocesso e milhares de vidas. E é essa compreensão que nos distingue do totalitarismo.
Em resposta à TFP, voto na ex-guerrilheira. Dia 31, voto 13, contra o reascenso do campo fascista. A galopar, até enterrá-los no mar.
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sábado, 16 de outubro de 2010
O crime eleitoral do Bispo de Guarulhos
Gráfica na capital paulista imprime, a pedido do bispo da igreja católica de Guarulhos, milhões de exemplares de jornal contra a candidata Dilma Rousseff. O caso é grave. É crime eleitoral. O bispo merecia ser processado e até preso
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As falcatruas do homem-bomba do Serra
Reproduzo matéria publicada no blog Cloaca News:
O ex-diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, acusado de tráfico de influência, desvio de dinheiro público e improbidade administrativa, capitaneou algumas das principais obras do governo de José Serra. Ele foi o responsável pela medição e pagamentos a empreiteiras contratadas para construir o trecho sul do Rodoanel, pela expansão da avenida Jacu-Pêssego e pela reforma na Marginal Tietê.
No currículo do engenheiro constam 11 anos de serviços prestados ao PSDB. Trabalhou no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso como assessor especial da Presidência, no programa Brasil Empreendedor Rural. Assumiu a diretoria da Dersa em 2005, primeiro de Relações Institucionais e, depois, de Engenharia.
O ex-governador José Serra, após ter refrescado sua memória e reconhecido que, sim, sabia quem era Paulo Preto, fez questão de frisar que seu ex-funcionário havia recebido, em 2009, o prêmio Engenheiro do Ano, do Instituto de Engenharia. Porém, o que Paulo Preto deixou para a população paulista foram obras repletas de irregularidades, que, inclusive, já ocasionaram a morte de duas pessoas.
Rodoanel
O trecho sul do Rodoanel custou R$ 5 bilhões e é alvo de suspeitas e denúncias de instituições fiscalizadoras como o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público, que apontam a obra como um gigantesco ninho de superfaturamento e irregularidades de todo tipo.
Essa obra teve seu processo de construção acelerado para uso na campanha eleitoral. Sem uma efetiva fiscalização por parte do Estado, houve ajustes frequentes de preços ao longo da execução, alteração nos materiais utilizados e no projeto da obra.
Pelo projeto básico, por exemplo, deveriam ser usadas fundações de concreto conhecidas como tubulões para sustentar os vãos livres dos viadutos do trecho sul do Rodoanel. Mas os construtores trocaram esse material por duas mil vigas pré-moldadas, mais baratas – como as que desabaram sobre a Rodovia Régis Bittencourt em 13 de novembro de 2009, poucas horas depois de instaladas, esmagando três veículos e ferindo três pessoas.
A troca de material usado na construção, contudo, foi apenas uma das 79 irregularidades classificadas como “graves” em relatório emitido pelo Tribunal de Contas da União, em 29 de setembro de 2009, com base em duas auditorias feitas em 2007 e 2008, nos cinco lotes da obra.
Até hoje, seis meses depois de inaugurado, o trecho sul segue com problemas. Além da ausência de barreiras e acessos, falta de sinalização, câmeras de monitoramento, telefones de emergência, sistema de drenagem. A questão da segurança foi negligenciada. Há também o problema da iluminação, que ainda é obtida através de geradores. Duas pessoas já morreram em acidentes agravados por esses problemas.
Nova Marginal
"Pode ser mortal", diz o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em referência aos riscos de acidentes provocados pela falta de guardrails nas novas pistas da Marginal do Tietê, inauguradas há seis meses.
A chamada Nova Marginal Tietê foi entregue praticamente sem sinalização e monitoramento nas vias. A falta de faixas e placas confundiam os motoristas e os colocam em risco de acidentes.
O líder da Bancada do PT na Assembleia, deputado Antonio Mentor, inclusive conseguiu a anulação das multas aplicadas na Nova Marginal devido à falta de sinalização.
Os motoristas enfrentam ainda um outro problema na Nova Marginal, que é ausência de iluminação em alguns trechos. Até agora, o sistema foi instalado em apenas 12,9 dos 23 quilômetros.
Também faltam acessos. No Complexo do Tatuapé, por exemplo, falta mais uma ponte para o trânsito de veículos que saem da Avenida Salim Farah Maluf em direção às rodovias Castelo Branco ou Ayrton Senna. A previsão de entrega dessa ponte é somente para o final do ano.
Vale lembrar também que ao anunciar o projeto de construção da Nova Marginal, o governador José Serra disse que o custo seria de R$ 800 milhões. Depois a obra passou para R$ 1,3 bilhão e finalmente, foi anunciado que a obra vai custar R$ 1,9 bilhão, ou seja, 137% a mais do revelado inicialmente.
Jacu-Pêssego
O prolongamento da avenida Jacu-Pêssego se arrasta desde 1996. A previsão inicial era abrir para o tráfego junto com a inauguração do trecho sul do Rodoanel, em abril, mas foi adiada por várias vezes.
No final de setembro, o jornal O Estado de S. Paulo percorreu a obra, orçada em R$1,9 bilhão, e verificou que ainda não estava finalizada. Apesar de parte da sinalização já estar pintada no chão, não havia placas nem semáforos. No canteiro central, o cenário era de muitas pedras. A via também não tinha retornos e as entradas para outras avenidas não estavam prontas.
Também não havia faixa para pedestres e as duas passarelas estavam em construção. Por fim, a iluminação estava deficiente e, em alguns trechos, postes ainda estavam sendo instalados.
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O ex-diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, acusado de tráfico de influência, desvio de dinheiro público e improbidade administrativa, capitaneou algumas das principais obras do governo de José Serra. Ele foi o responsável pela medição e pagamentos a empreiteiras contratadas para construir o trecho sul do Rodoanel, pela expansão da avenida Jacu-Pêssego e pela reforma na Marginal Tietê.
No currículo do engenheiro constam 11 anos de serviços prestados ao PSDB. Trabalhou no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso como assessor especial da Presidência, no programa Brasil Empreendedor Rural. Assumiu a diretoria da Dersa em 2005, primeiro de Relações Institucionais e, depois, de Engenharia.
O ex-governador José Serra, após ter refrescado sua memória e reconhecido que, sim, sabia quem era Paulo Preto, fez questão de frisar que seu ex-funcionário havia recebido, em 2009, o prêmio Engenheiro do Ano, do Instituto de Engenharia. Porém, o que Paulo Preto deixou para a população paulista foram obras repletas de irregularidades, que, inclusive, já ocasionaram a morte de duas pessoas.
Rodoanel
O trecho sul do Rodoanel custou R$ 5 bilhões e é alvo de suspeitas e denúncias de instituições fiscalizadoras como o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público, que apontam a obra como um gigantesco ninho de superfaturamento e irregularidades de todo tipo.
Essa obra teve seu processo de construção acelerado para uso na campanha eleitoral. Sem uma efetiva fiscalização por parte do Estado, houve ajustes frequentes de preços ao longo da execução, alteração nos materiais utilizados e no projeto da obra.
Pelo projeto básico, por exemplo, deveriam ser usadas fundações de concreto conhecidas como tubulões para sustentar os vãos livres dos viadutos do trecho sul do Rodoanel. Mas os construtores trocaram esse material por duas mil vigas pré-moldadas, mais baratas – como as que desabaram sobre a Rodovia Régis Bittencourt em 13 de novembro de 2009, poucas horas depois de instaladas, esmagando três veículos e ferindo três pessoas.
A troca de material usado na construção, contudo, foi apenas uma das 79 irregularidades classificadas como “graves” em relatório emitido pelo Tribunal de Contas da União, em 29 de setembro de 2009, com base em duas auditorias feitas em 2007 e 2008, nos cinco lotes da obra.
Até hoje, seis meses depois de inaugurado, o trecho sul segue com problemas. Além da ausência de barreiras e acessos, falta de sinalização, câmeras de monitoramento, telefones de emergência, sistema de drenagem. A questão da segurança foi negligenciada. Há também o problema da iluminação, que ainda é obtida através de geradores. Duas pessoas já morreram em acidentes agravados por esses problemas.
Nova Marginal
"Pode ser mortal", diz o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em referência aos riscos de acidentes provocados pela falta de guardrails nas novas pistas da Marginal do Tietê, inauguradas há seis meses.
A chamada Nova Marginal Tietê foi entregue praticamente sem sinalização e monitoramento nas vias. A falta de faixas e placas confundiam os motoristas e os colocam em risco de acidentes.
O líder da Bancada do PT na Assembleia, deputado Antonio Mentor, inclusive conseguiu a anulação das multas aplicadas na Nova Marginal devido à falta de sinalização.
Os motoristas enfrentam ainda um outro problema na Nova Marginal, que é ausência de iluminação em alguns trechos. Até agora, o sistema foi instalado em apenas 12,9 dos 23 quilômetros.
Também faltam acessos. No Complexo do Tatuapé, por exemplo, falta mais uma ponte para o trânsito de veículos que saem da Avenida Salim Farah Maluf em direção às rodovias Castelo Branco ou Ayrton Senna. A previsão de entrega dessa ponte é somente para o final do ano.
Vale lembrar também que ao anunciar o projeto de construção da Nova Marginal, o governador José Serra disse que o custo seria de R$ 800 milhões. Depois a obra passou para R$ 1,3 bilhão e finalmente, foi anunciado que a obra vai custar R$ 1,9 bilhão, ou seja, 137% a mais do revelado inicialmente.
Jacu-Pêssego
O prolongamento da avenida Jacu-Pêssego se arrasta desde 1996. A previsão inicial era abrir para o tráfego junto com a inauguração do trecho sul do Rodoanel, em abril, mas foi adiada por várias vezes.
No final de setembro, o jornal O Estado de S. Paulo percorreu a obra, orçada em R$1,9 bilhão, e verificou que ainda não estava finalizada. Apesar de parte da sinalização já estar pintada no chão, não havia placas nem semáforos. No canteiro central, o cenário era de muitas pedras. A via também não tinha retornos e as entradas para outras avenidas não estavam prontas.
Também não havia faixa para pedestres e as duas passarelas estavam em construção. Por fim, a iluminação estava deficiente e, em alguns trechos, postes ainda estavam sendo instalados.
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O aborto e o casal Monica e José Serra
Reproduzo mensagem enviada pelo amigo jornalista Alipio Freire:
Até este momento, nenhum de vocês me viu escrever sobre o aborto que teria feito a senhora Monica Serra.
Antes de tudo, porque considero que a privacidade das pessoas deve ser respeitada e preservada – princípio que aprendi ainda em criança, em minha casa, com os meus pais, e que os anos de militância e de vida, apenas reforçaram e consolidaram, dando-lhe contornos políticos mais claros e precisos.
Aprendi que transformar a privacidade das pessoas em espetáculo público é uma prática fascista, como é igualmente fascista todo ato de despolitizar e desqualificar o debate político (política = luta de classes, segmentos e grupos sociais em defesa dos seus interesses), substituindo esse debate pela discussão da privacidade e intimidade dos indivíduos [*].
Como muito bem afirma o filósofo Jean-Paul Sartre sobre a questão da tortura, penso igualmente a respeito do fascismo: "Não são os fascistas que produzem os fascismo. São as práticas fascistas que produzem homens e mulheres fascistas".
Sou intolerante com esse tipo de assunto.
E creio que devamos ser todos.
Com as últimas informações, ficou claro para mim que a única responsável por haver transformado em espetáculo público sua intimidade (aborto realizado aos quatro meses de gravidez) foi a própria senhora Monica Serra, esposa do candidato à Presidência da República, senhor José Serra, que o fez publicamente para suas alunas, e em diversas aulas e ocasiões. A mesma senhora que, em campanha pela eleição do seu esposo, afirmou que a candidata à Presidência Dilma Rousseff “vai matar as criancinhas”.
A auto-exposição pública, além de todas as mazelas já apontadas neste texto, ainda carrega as virtudes do narcisismo e da egolatria.
Enquanto a senhora Monica age dessa maneira (hipócrita, duplamente mentirosa, vulgar, narcísica, ególatra e fascista), a campanha do seu esposo – senhor José Serra – contrata um serviço de telemarketing para difundir que a candidata Dilma Rousseff, uma vez eleita, legalizaria o aborto em nosso país.
De acordo com o jornal “Correio Braziliense”, os telefonemas são dados por funcionárias mulheres do telemarketing, acrescentando: “Elas ligam em horário comercial no telefone fixo e procuram saber se há eleitor de Marina Silva (PV) na residência. Caso haja, as atendentes insistem na tecla de que a petista é a favor do aborto e que ela hoje se diz contrária apenas para ludibriar o eleitor”.
Por essas e outras, organizei alguns materiais que recebi de diversas fontes acerca do assunto, e que lhes repasso no pé desta mensagem e em arquivo.
Há uns dois dias, a candidata Dilma Rousseff assinou um documento público, no qual afirma que, durante sua gestão, a questão do aborto permanecerá tal qual está definida legalmente hoje.
Ainda que defensor da descriminalização do aborto e entender que esta é uma questão de políticas públicas – de Saúde e de Direitos Humanos – sinto-me na obrigação (ética e política) de declarar que concordo com este gesto da candidata Dilma Rousseff: a descriminalização do aborto é um assunto por demais sério e a quantidade de preconceitos que envolve (e que vêm sendo explorados calhordamente e de forma crapulosa nestas eleições pelo candidato José Serra, sua família e a frente DEM-Tucanos que ele representa), e que a atual correlação de forças impede qualquer avanço nessa direção. Depois de toda essa campanha, orquestrada pelo que há de mais podre em nossa sociedade, garantir os pequenos avanços conquistados a esse respeito, já é uma vitória.
Aos que ficam indignados com esta decisão da candidata Dilma Rousseff, chamo a atenção para quatro aspectos da questão:
Primeiro: a luta de classes (o fazer política) não se limita aos processos eleitorais – as eleições são um importante momento da política, mas não resumem ou substituem todas as manifestações do fazer político. Mais que as eleições, é a capacidade de mobilização e organização dos trabalhadores e dos demais explorados e oprimidos, quem tem a maior possibilidade de mudar a correlação de forças na sociedade, em favor dos interesses da maioria.
Segundo: hoje, derrotar a aliança DEM-Tucanos é mais importante do que discutir a questão do aborto, uma vez que a derrota das forças que apóiam o candidato José Serra deve ser, neste momento, nestas eleições, a questão prioritária, a questão principal. Desta derrota, depende a possibilidade de avançarmos em várias questões (pontuais ou não), inclusive aquelas relativas às diversas políticas públicas.
Terceiro: os rumos mais à esquerda ou à direita de qualquer governo dependerão sempre da nossa capacidade de pressão, da nossa capacidade de sermos sujeitos políticos: e só o somos, coletivamente. Ou seja, somente organizados somos um sujeito político capaz de enfrentar adversários e inimigos – o resto será sempre radicalismo-de-gogó, radicalidade inconseqüente. Necessitamos ser o suficientemente fortes em termos de organização e capacidade de mobilização, para empurrarmos os poderes da República na direção do atendimento dos nossos interesses.
Por exemplo: se cercássemos a sede do Supremo Tribunal Federal – STF, no momento de votações de assuntos substantivos para os nossos interesses, dificilmente os bípedes togados que ali decidem sobre destinos do país se sentiriam à vontade para agir como agem. Se cercássemos com milhões de pessoas o STJ, dificilmente personagens como o doutor Gilmar Mendes estariam compondo essa importante instância de poder. Sairiam de lá enxotados e sob nossas vaias. O mesmo serve para o Congresso.
Quarto: enquanto prosseguirmos esperando que os nossos representantes que compõem esses poderes (por melhores e honestos que sejam) sejam capazes sozinhos de responderem às nossas reivindicações e exigências, ou colheremos derrotas, ou os estimularemos a alianças por nós indesejadas, e mesmo a graves práticas não republicanas, como o suborno, a compra de votos, os desvios de dinheiros públicos, as chantagens dos dossiês e a toda essas práticas que negamos, que execramos e que devemos continuar a execrar.
Por fim, com esta minha mensagem e o material que segue espero ter contribuído para colocarmos a discussão do assunto aborto no seu mais adequado rumo, fugindo pelo menos da armadilha fascista que a santa aliança DEM-Tucanos propõem a todos nós.
Mais ainda, espero que, se vier a ser lida por dirigentes do Partido dos Trabalhadores, companheiros com responsabilidades no atual governo e/ou coordenadores da campanha da candidata Dilma Rousseff, inspire medidas política e/ou legais sobre o problema do telemarketing, e outras barbaridades que vêm sendo cometidas.
[*] A esse respeito, sugiro a leitura de “A honra perdida de Katharina Blum”, do escritor alemão Heinrich Böll, ou assistam o filme “A honra perdida de uma mulher”, do diretor Volker Schlöndorff (baseado no livro de Böll). Leiam e/ou assistam o filme, e insistam para que os seus filhos e outros jovens também leiam e/ou assistam o filme.
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Até este momento, nenhum de vocês me viu escrever sobre o aborto que teria feito a senhora Monica Serra.
Antes de tudo, porque considero que a privacidade das pessoas deve ser respeitada e preservada – princípio que aprendi ainda em criança, em minha casa, com os meus pais, e que os anos de militância e de vida, apenas reforçaram e consolidaram, dando-lhe contornos políticos mais claros e precisos.
Aprendi que transformar a privacidade das pessoas em espetáculo público é uma prática fascista, como é igualmente fascista todo ato de despolitizar e desqualificar o debate político (política = luta de classes, segmentos e grupos sociais em defesa dos seus interesses), substituindo esse debate pela discussão da privacidade e intimidade dos indivíduos [*].
Como muito bem afirma o filósofo Jean-Paul Sartre sobre a questão da tortura, penso igualmente a respeito do fascismo: "Não são os fascistas que produzem os fascismo. São as práticas fascistas que produzem homens e mulheres fascistas".
Sou intolerante com esse tipo de assunto.
E creio que devamos ser todos.
Com as últimas informações, ficou claro para mim que a única responsável por haver transformado em espetáculo público sua intimidade (aborto realizado aos quatro meses de gravidez) foi a própria senhora Monica Serra, esposa do candidato à Presidência da República, senhor José Serra, que o fez publicamente para suas alunas, e em diversas aulas e ocasiões. A mesma senhora que, em campanha pela eleição do seu esposo, afirmou que a candidata à Presidência Dilma Rousseff “vai matar as criancinhas”.
A auto-exposição pública, além de todas as mazelas já apontadas neste texto, ainda carrega as virtudes do narcisismo e da egolatria.
Enquanto a senhora Monica age dessa maneira (hipócrita, duplamente mentirosa, vulgar, narcísica, ególatra e fascista), a campanha do seu esposo – senhor José Serra – contrata um serviço de telemarketing para difundir que a candidata Dilma Rousseff, uma vez eleita, legalizaria o aborto em nosso país.
De acordo com o jornal “Correio Braziliense”, os telefonemas são dados por funcionárias mulheres do telemarketing, acrescentando: “Elas ligam em horário comercial no telefone fixo e procuram saber se há eleitor de Marina Silva (PV) na residência. Caso haja, as atendentes insistem na tecla de que a petista é a favor do aborto e que ela hoje se diz contrária apenas para ludibriar o eleitor”.
Por essas e outras, organizei alguns materiais que recebi de diversas fontes acerca do assunto, e que lhes repasso no pé desta mensagem e em arquivo.
Há uns dois dias, a candidata Dilma Rousseff assinou um documento público, no qual afirma que, durante sua gestão, a questão do aborto permanecerá tal qual está definida legalmente hoje.
Ainda que defensor da descriminalização do aborto e entender que esta é uma questão de políticas públicas – de Saúde e de Direitos Humanos – sinto-me na obrigação (ética e política) de declarar que concordo com este gesto da candidata Dilma Rousseff: a descriminalização do aborto é um assunto por demais sério e a quantidade de preconceitos que envolve (e que vêm sendo explorados calhordamente e de forma crapulosa nestas eleições pelo candidato José Serra, sua família e a frente DEM-Tucanos que ele representa), e que a atual correlação de forças impede qualquer avanço nessa direção. Depois de toda essa campanha, orquestrada pelo que há de mais podre em nossa sociedade, garantir os pequenos avanços conquistados a esse respeito, já é uma vitória.
Aos que ficam indignados com esta decisão da candidata Dilma Rousseff, chamo a atenção para quatro aspectos da questão:
Primeiro: a luta de classes (o fazer política) não se limita aos processos eleitorais – as eleições são um importante momento da política, mas não resumem ou substituem todas as manifestações do fazer político. Mais que as eleições, é a capacidade de mobilização e organização dos trabalhadores e dos demais explorados e oprimidos, quem tem a maior possibilidade de mudar a correlação de forças na sociedade, em favor dos interesses da maioria.
Segundo: hoje, derrotar a aliança DEM-Tucanos é mais importante do que discutir a questão do aborto, uma vez que a derrota das forças que apóiam o candidato José Serra deve ser, neste momento, nestas eleições, a questão prioritária, a questão principal. Desta derrota, depende a possibilidade de avançarmos em várias questões (pontuais ou não), inclusive aquelas relativas às diversas políticas públicas.
Terceiro: os rumos mais à esquerda ou à direita de qualquer governo dependerão sempre da nossa capacidade de pressão, da nossa capacidade de sermos sujeitos políticos: e só o somos, coletivamente. Ou seja, somente organizados somos um sujeito político capaz de enfrentar adversários e inimigos – o resto será sempre radicalismo-de-gogó, radicalidade inconseqüente. Necessitamos ser o suficientemente fortes em termos de organização e capacidade de mobilização, para empurrarmos os poderes da República na direção do atendimento dos nossos interesses.
Por exemplo: se cercássemos a sede do Supremo Tribunal Federal – STF, no momento de votações de assuntos substantivos para os nossos interesses, dificilmente os bípedes togados que ali decidem sobre destinos do país se sentiriam à vontade para agir como agem. Se cercássemos com milhões de pessoas o STJ, dificilmente personagens como o doutor Gilmar Mendes estariam compondo essa importante instância de poder. Sairiam de lá enxotados e sob nossas vaias. O mesmo serve para o Congresso.
Quarto: enquanto prosseguirmos esperando que os nossos representantes que compõem esses poderes (por melhores e honestos que sejam) sejam capazes sozinhos de responderem às nossas reivindicações e exigências, ou colheremos derrotas, ou os estimularemos a alianças por nós indesejadas, e mesmo a graves práticas não republicanas, como o suborno, a compra de votos, os desvios de dinheiros públicos, as chantagens dos dossiês e a toda essas práticas que negamos, que execramos e que devemos continuar a execrar.
Por fim, com esta minha mensagem e o material que segue espero ter contribuído para colocarmos a discussão do assunto aborto no seu mais adequado rumo, fugindo pelo menos da armadilha fascista que a santa aliança DEM-Tucanos propõem a todos nós.
Mais ainda, espero que, se vier a ser lida por dirigentes do Partido dos Trabalhadores, companheiros com responsabilidades no atual governo e/ou coordenadores da campanha da candidata Dilma Rousseff, inspire medidas política e/ou legais sobre o problema do telemarketing, e outras barbaridades que vêm sendo cometidas.
[*] A esse respeito, sugiro a leitura de “A honra perdida de Katharina Blum”, do escritor alemão Heinrich Böll, ou assistam o filme “A honra perdida de uma mulher”, do diretor Volker Schlöndorff (baseado no livro de Böll). Leiam e/ou assistam o filme, e insistam para que os seus filhos e outros jovens também leiam e/ou assistam o filme.
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Ana Maria Prestes: "Sonhos"
Reproduzo uma bela mensagem enviada pela amiga Ana Maria Prestes Rabelo:
Pessoas queridas,
Eu não costumo enviar este tipo de email, mas estou tão tocada com estas eleições que não pude me conter.
Certamente o Brasil de Lula e Dilma não é o país dos nossos sonhos, mas o pesadelo que prenuncia a candidatura FHC/Serra é por demais assustador.
Queria citar três experiências pessoais que me levam a dizer isto.
Em 1997, quando eu estudava na Escola Técnica Federal de Goiás, uma escola reconhecida por sua excelência no ensino e na formação tal como as diversas de escolas técnicas federais espalhadas pelo país naquela época, o presidente FHC fez o decreto 2208. O decreto era um golpe à estrutura das escolas técnicas federais por separar o ensino médio do técnico, um dos fatores centrais da qualidade da educação nestes centros.
Para mim foi um momento muito marcante pois eu começava minha militância no movimento estudantil e compartilhei com muitos colegas e professores o drama da implementação do decreto passando por cima de experiências riquissimas de ensino concomitante científico e técnico que formava centenas de jovens capacitados para a sociedade brasileira. O governo obedecia na época uma diretriz do Banco Mundial para a educação de formar mão-de-obra direcionada para as demandas do mercado, restringindo a formação destes jovens e inclusive a empregabilidade futura em outras áreas dada a especificidade da formação.
Com o governo Lula o decreto foi revertido, a maioria das escolas tecnicas foram transformadas em centros de formação tecnológica no nível médio e superior, equipadas e reestruturadas e uma série de novas unidades foram criadas por todo o país. Isso sem falar na geração de emprego que triplicou, dando oportunidade aos que se formavam e nas 14 universidades federais criadas por Lula contra nenhuma criada por FHC dando a chance do prosseguimento nos estudos.
Uma outra experiência pessoal e que tem relação com esta campanha foi a minha estada em 2008 em Portugal, quando realizava uma parte do meu doutorado. Na época acompanhei de perto um rico processo em que um dos países mais católicos do mundo aprovou a Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, ou o aborto. Foi uma campanha linda da sociedade civil com mobilização, debate e exercício democrático da opinião através de referendum que legitimou a lei.
Estou estupefata com o uso político que se tem dado a esta questão nas eleições no Brasil por um casal absolutamente hipócrita, o Sr. Serra e sua esposa, que são a favor do aborto, inclusive por já terem optado pela realização de um, segundo relatos de uma das alunas da esposa do Serra. Esta mesma senhora usou frases chulas contra uma candidata que desde o início falava nas entrevistas que tratava o aborto como uma questão de saúde pública, independente de sua posição pessoal.
Eu pessoalmente sou a favor do aborto e acho que esta campanha oportunista em si já representa um atraso para esta temática no Brasil. Eu quero educar as minhas filhas para um mundo em que elas tenham liberdade para decidir sobre suas convicções religiosas e pessoais e expressá-las livres de constrangimentos morais oportunos e completamente atrasados. Quero para minhas filhas inclusive um país em que a interrupção voluntária de uma gravidez não seja crime, mas um direito da mulher. Mas isto nunca foi assim defendido por Dilma, até porque o programa que ela representa não é da cabeça dela, mas fruto de um conjunto de acúmulos possíveis nas últimas décadas pós redemocratização.
Uma terceira e última experiência que gostaria de relatar - teria outras mais em vários temas - é a do papel do governo Lula no cenário internacional. Principalmente na parte Sul do mundo. Penso que vocês sabem que estou em fase de conclusão da minha tese de doutorado na UFMG em que estudo os movimentos contra-hegemonicos no sul global, especialmente o forum social mundial e sua ocorrencia no Brasil, na Índia e no Quênia.
Devido às minhas atividades internacionais tive a oportunidade de estar nos últimos anos pelos menos 5 vezes na África. Primeiro é impressionante quão profundas e urgentes são as demandas daquele povo em todos os quesitos, desde comida, saneamento e remédios à estruturas políticas mínimas para o exercício da expressão popular e de governos livres do constrangimento pós-colonial. O presidente Lula esteve em absolutamente todos os países da África, em vários foi a primeira vez que um presidente brasileiro e até latino-ameiricano colocava os pés.
Vocês imaginam o Serra indo ao Chad, ao Togo, à Eritrea ou ao Mali? O presidente Lula inverteu o eixo das relações exteriores brasileiras do norte para o sul. Muitas das relações estabelecidas são unilaterais, de apoio brasileiro às demandas dos povos destes países e não necessáriamente atendendo à demandas de comércio exterior brasileiro. Na minha última viagem à Africa do Sul, a ministra de relações exteriores pegou na minha mão e me disse olhando nos olhos: vocês precisam eleger a sucessora de Lula, pela África.
Eu não conheço a Dilma pessoalmente, não posso opinar sobre seu temperamento ou personalidade, mas eu acredito que a política é feita de acúmulos produzidos por coletivos humanos e ela faz parte de um. Ela é a continuidade de um processo ainda precário, mas que representou inúmeros avanços para a população brasileira nos últimos anos.
Eu quero fortemente que minhas filhas vivam em um país que respeite o passado heróico dos que lutaram contra a ditudura, um país livre da homofobia e que respeite o direito dos homossexuais, um país em que o aborto não seja um crime mas um direito de cada mulher à decisão sobre seu corpo e sua vida, um país em que a luta contra a miséria não seja desdenhada mas humanizada, um país em que a liberdade de imprensa não seja usurpada mas democratizada, um país em que boatos, campanhas difamatórias e desonestidade intelectual não sejam a base da candidatura de um concorrente ao mais alto posto do nosso país. Por isso eu voto Dilma.
Ana Maria Prestes Rabelo, estudante do doutorado em ciencia política na UFMG, mãe da Helena (4) e da Gabiela (6 meses).
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Pessoas queridas,
Eu não costumo enviar este tipo de email, mas estou tão tocada com estas eleições que não pude me conter.
Certamente o Brasil de Lula e Dilma não é o país dos nossos sonhos, mas o pesadelo que prenuncia a candidatura FHC/Serra é por demais assustador.
Queria citar três experiências pessoais que me levam a dizer isto.
Em 1997, quando eu estudava na Escola Técnica Federal de Goiás, uma escola reconhecida por sua excelência no ensino e na formação tal como as diversas de escolas técnicas federais espalhadas pelo país naquela época, o presidente FHC fez o decreto 2208. O decreto era um golpe à estrutura das escolas técnicas federais por separar o ensino médio do técnico, um dos fatores centrais da qualidade da educação nestes centros.
Para mim foi um momento muito marcante pois eu começava minha militância no movimento estudantil e compartilhei com muitos colegas e professores o drama da implementação do decreto passando por cima de experiências riquissimas de ensino concomitante científico e técnico que formava centenas de jovens capacitados para a sociedade brasileira. O governo obedecia na época uma diretriz do Banco Mundial para a educação de formar mão-de-obra direcionada para as demandas do mercado, restringindo a formação destes jovens e inclusive a empregabilidade futura em outras áreas dada a especificidade da formação.
Com o governo Lula o decreto foi revertido, a maioria das escolas tecnicas foram transformadas em centros de formação tecnológica no nível médio e superior, equipadas e reestruturadas e uma série de novas unidades foram criadas por todo o país. Isso sem falar na geração de emprego que triplicou, dando oportunidade aos que se formavam e nas 14 universidades federais criadas por Lula contra nenhuma criada por FHC dando a chance do prosseguimento nos estudos.
Uma outra experiência pessoal e que tem relação com esta campanha foi a minha estada em 2008 em Portugal, quando realizava uma parte do meu doutorado. Na época acompanhei de perto um rico processo em que um dos países mais católicos do mundo aprovou a Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, ou o aborto. Foi uma campanha linda da sociedade civil com mobilização, debate e exercício democrático da opinião através de referendum que legitimou a lei.
Estou estupefata com o uso político que se tem dado a esta questão nas eleições no Brasil por um casal absolutamente hipócrita, o Sr. Serra e sua esposa, que são a favor do aborto, inclusive por já terem optado pela realização de um, segundo relatos de uma das alunas da esposa do Serra. Esta mesma senhora usou frases chulas contra uma candidata que desde o início falava nas entrevistas que tratava o aborto como uma questão de saúde pública, independente de sua posição pessoal.
Eu pessoalmente sou a favor do aborto e acho que esta campanha oportunista em si já representa um atraso para esta temática no Brasil. Eu quero educar as minhas filhas para um mundo em que elas tenham liberdade para decidir sobre suas convicções religiosas e pessoais e expressá-las livres de constrangimentos morais oportunos e completamente atrasados. Quero para minhas filhas inclusive um país em que a interrupção voluntária de uma gravidez não seja crime, mas um direito da mulher. Mas isto nunca foi assim defendido por Dilma, até porque o programa que ela representa não é da cabeça dela, mas fruto de um conjunto de acúmulos possíveis nas últimas décadas pós redemocratização.
Uma terceira e última experiência que gostaria de relatar - teria outras mais em vários temas - é a do papel do governo Lula no cenário internacional. Principalmente na parte Sul do mundo. Penso que vocês sabem que estou em fase de conclusão da minha tese de doutorado na UFMG em que estudo os movimentos contra-hegemonicos no sul global, especialmente o forum social mundial e sua ocorrencia no Brasil, na Índia e no Quênia.
Devido às minhas atividades internacionais tive a oportunidade de estar nos últimos anos pelos menos 5 vezes na África. Primeiro é impressionante quão profundas e urgentes são as demandas daquele povo em todos os quesitos, desde comida, saneamento e remédios à estruturas políticas mínimas para o exercício da expressão popular e de governos livres do constrangimento pós-colonial. O presidente Lula esteve em absolutamente todos os países da África, em vários foi a primeira vez que um presidente brasileiro e até latino-ameiricano colocava os pés.
Vocês imaginam o Serra indo ao Chad, ao Togo, à Eritrea ou ao Mali? O presidente Lula inverteu o eixo das relações exteriores brasileiras do norte para o sul. Muitas das relações estabelecidas são unilaterais, de apoio brasileiro às demandas dos povos destes países e não necessáriamente atendendo à demandas de comércio exterior brasileiro. Na minha última viagem à Africa do Sul, a ministra de relações exteriores pegou na minha mão e me disse olhando nos olhos: vocês precisam eleger a sucessora de Lula, pela África.
Eu não conheço a Dilma pessoalmente, não posso opinar sobre seu temperamento ou personalidade, mas eu acredito que a política é feita de acúmulos produzidos por coletivos humanos e ela faz parte de um. Ela é a continuidade de um processo ainda precário, mas que representou inúmeros avanços para a população brasileira nos últimos anos.
Eu quero fortemente que minhas filhas vivam em um país que respeite o passado heróico dos que lutaram contra a ditudura, um país livre da homofobia e que respeite o direito dos homossexuais, um país em que o aborto não seja um crime mas um direito de cada mulher à decisão sobre seu corpo e sua vida, um país em que a luta contra a miséria não seja desdenhada mas humanizada, um país em que a liberdade de imprensa não seja usurpada mas democratizada, um país em que boatos, campanhas difamatórias e desonestidade intelectual não sejam a base da candidatura de um concorrente ao mais alto posto do nosso país. Por isso eu voto Dilma.
Ana Maria Prestes Rabelo, estudante do doutorado em ciencia política na UFMG, mãe da Helena (4) e da Gabiela (6 meses).
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Aborto: a indignação de Sheila Ribeiro
Reproduzo artigo de Conceição Lemes, publicado no blog Viomundo:
No dia 14 de setembro, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Monica Serra, acompanhada de Índio da Costa (DEM), vice de José Serra (PSDB), deu a senha da campanha sórdida, em pleno andamento, contra Dilma Rousseff (PT). A repórter Gabriela Moreira, da Agência Estado, testemunhou. O Estadão publicou:
"A um eleitor evangélico, que citava Jesus Cristo como o “único homem que prestou no mundo” e que declarou voto em Dilma, a professora [Monica Serra] afirmou que a petista é a favor do aborto. 'Ela é a favor de matar as criancinhas', disse a mulher de Serra ao vendedor ambulante Edgar da Silva, de 73 anos".
Domingo passado, no debate realizado pela Band entre os dois presidenciáveis, Dilma jogou o esqueleto em cima da mesa. Cobrou de Serra as acusações de Monica a ela.
Serra não respondeu. Indignada, na segunda-feira às 10h24, Sheila Ribeiro postou em sua página na rede social Facebook uma reflexão com o título "Respeitemos a dor de Monica Serra".
"Meu nome é Sheila Ribeiro e trabalho como artista no Brasil. Sou bailarina e ex-estudante da Unicamp onde fui aluna de Monica Serra".
…
"Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o aborto, sobre o seu aborto traumático. Monica Serra fez um aborto. Na época da ditadura, grávida de quatro meses, Monica Serra decidiu abortar, pois que seu marido estava exilado e todos vivíamos uma situação instável. Aqui está a prova de que o aborto é uma situação terrível, triste, para a mulher e para o casal, e por isso não deve ser crime, pois tantas são as situações complexas que levam uma mulher a passar por essa situação difícil. Ninguém gosta de fazer um aborto, assim como o casal Serra imagino não ter gostado. A educação sobre a contracepção deve ser máxima para que evitemos essa dor para a mulher e para o Estado".
O episódio aconteceu em 1992, 18 anos atrás. Sheila tinha 18 anos, fazia curso de Dança no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Monica Serra era então professora de Psicologia do Desenvolvimento Aplicada à Dança.
A revelação caiu como bomba na rede. A NovaE considerou boato de má fé, desqualificou-a (a matéria já foi tirada do ar).
O jornalista Gilberto de Souza, do Jornal Correio do Brasil, resolveu investigar. Conversou com a própria Sheila. Publicou a matéria aqui. Depois, ouviu mais três ex-alunas de Monica, que confirmaram o relato.
Neste sábado, a jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna na Folha de S.Paulo, dá a notícia: "Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex-aluna". A assessoria de Monica Serra não respondeu à consulta da Folha. O mesmo fez a de Serra com o Correio do Brasil.
“Discussão de genero sempre esteve presente em minha vida"
Seu nome completo é Sheila Canevacci (sobrenome do marido, o antropólogo Massimo Canevacci) Ribeiro. Profissionalmente, Sheila Ribeiro. Tem 37 anos. Morou 11 anos em Montreal, Canadá. Foi para lá depois de se formar na Unicamp. É coreógrafa e doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo.
Nos meios da dança, Sheila é conhecida e reconhecida, no Brasil e no exterior. Quem priva do seu convívio pessoal ou profissional, não se espantou com a atitude dela.
Márcio Seligmann-Silva, professor livre-docente de Teoria Literária da Unicamp, com pos-doutorado pelo Zentrum Für Literaturforschung Berlim, Alemanha, e pela Yale University,nos EUA, afirma:
“A indignação de Sheila com o debate biopolítico que pontua nosso cenário político atual é plenamente compreensível, mas sua coragem talvez tenha a ver com esta experiência de vida em um país democrático [Canadá], onde as pessoas podem se manifestar sem medo”.
Helena Katz, professora no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica e no Curso Comunicação das Artes do Corpo, na PUC-SP, comenta:
“Sheila Ribeiro está em cada um dos gestos que cria. O seu trabalho nos ajuda a identificar os danos que o discurso publicitário vem produzindo na sociedade e que não está somente na publicidade propriamente dita, mas que hoje pauta o modo como nos relacionamos e se materializa no nosso comportamento, na cidade, nos meios de comunicação. A potência da sua poética sempre crítica insufla, em cada um dos que entram em contato com as suas produções, a esperança de que um mundo melhor é possível”.
O coreógrafo Wagner Schwartz, do Rio de Janeiro, observa:
"Sheila Ribeiro é mulher, cidadã, coreógrafa. Antes ter um cunho corajoso, o seu relato tem uma potência vital, porque não está relacionado ao tema da dualidade morte-e-vida, muito menos às questões partidárias. Como sempre, seja em suas práticas artísticas ou entre amigos, Sheila reafirma a necessidade de se pensar o lugar das classes menos favorecidas, independente da grande escala de forças contrárias às suas ações, porque sua finalidade é, sempre, investigar a causa, sua dor e a sua liberdade".
A artista e produtora Cândida Monte, de Curitiba (PR), enfatiza:
“Sheila Ribeiro é uma mulher que escolhe atuar, pessoal e profissionalmente, com sinceridade e transparência. Age sempre de forma observadora, pensadora e questionadora. Tem um enorme interesse em discutir e refletir. Seu pensamento artístico emerge disso. Volta sua atenção à cultura para além das considerações sobre a estética, pensando o indivíduo através da arte”.
Sheila é filha de Majô Ribeiro, militante feminista que foi aluna de mestrado de Eva Blay e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da USP. Foi candidata derrotada a vereadora e a vice-prefeita em Osasco pelo PSDB.
A mãe, segundo Sheila, pouco se pronunciou sobre o episódio: “Só disse que achou bom que eu fiz isso pela questão da descriminalização do aborto”.
“Discussão de gênero sempre faz parte da minha vida, daí a minha indignação”, disse-me numa primeira conversa, que tivemos na quarta-feira. “No primeiro turno, votei no Plínio [de Arruda Sampaio, do Psol]. No segundo, voto na Dilma.”
“Eu não admito que a própria vítima se assemelhe ao seu opressor"
Na segunda conversa, Sheila, que já havia se mostrado assertiva no primeiro contato, foi bastante firme. Divertida, atenta, interessada, não titubeou um instante:
“As pessoas acharam que eu era falsa [personagem fake, inventado], muitos me agrediram, muitos insinuaram que eu tinha ganhado dinheiro. Eu fico muito triste e brava com essas coisas”.
” O que eu posso garantir é que Monica nos contou que fez aborto. Havia muitas outras pessoas que sabem que não é mentira o que eu disse”.
“Quando eu vi o Serra se esquivando no debate, tive um troço, fiquei indignada e fiz uma reflexão sobre o que é ser uma pessoa na privacidade e o que é ser uma pessoa pública”.
“A minha primeira preocupação foi exercer a minha cidadania. Acharam que eu fiz isso porque eu vivi praticamente a minha vida inteira de adulta no Canadá, onde as pessoas falam abertamente sobre esses assuntos e outros assuntos complexos de se abordar. O que me interessa é a saúde pública”.
“Algumas pessoas me dizem que tive coragem, outras ficaram assustadas de eu falar diretamente. Pensei: sou anormal? Acho que o meu jeito é por causa do Canadá. Depois que eu me formei na Unicamp, morei 11 anos lá. A minha vida adulta e profissional, eu desenvolvi lá. Tenho dupla nacionalidade”
“No Canadá, o aborto é legalizado. Eu te contei das clínicas de ginecologia lá [os serviços de saúde são públicos]? Você telefona, funciona assim. Bem-vinda à clínica da mulher. Para urgências, disque zero. Para consultas, disque 1. Para abortos, disque 2. Para exames, disque 3”.
“Um amigo disse: ‘E se a Monica e o Serra se converteram?’ Eu respondi. Vamos supor que a Monica e Serra se converteram à religião e se arrependeram do aborto que fizeram. Só que quando uma pessoa se arrepende perante Deus – o aborto é crime perante Deus –, eles fazem os seus Pai-Nossos, depois vão ser absolvidos e vão para o céu ou para o inferno. Quer dizer: é uma discussão religiosa”.
“Se a pessoa é religiosa, ninguém a obriga a fazer o aborto. Muito bem. A pessoa pode ser religiosa, dizer eu sou contra o aborto em todos os níveis, eu nunca vou fazer o aborto, porque é um crime perante Deus. Ok. Só que você pode não misturar essa coisa crime perante Deus, porque no Estado laico não tem Deus. O Estado laico é um Estado”.
“Quem é religioso, não é obrigado a fazer. Ponto. No Canadá, é visto como um problema de saúde pública”.
“As pessoas ficam me perguntando: você é a favor do aborto a partir de que mês? Quem sou eu para dizer quando, em que mês, como não deve? Tem vários países em que o aborto é legalizado, o Brasil tem que aprender com eles. Ponto”.
“O que me chocou mais, mais, mais, é que o aborto é uma questão de todos. Até uma pessoa militante contra a descriminalização do aborto já fez aborto. Além da Monica, eu cito a Benedita da Silva (PT), que é contra a descriminação do aborto e também fez aborto”.
“Significa o quê? Olha a lógica da matemática. Se eu sou contra a descriminalização, acho o aborto um crime e faço o meu clandestino, eu deixo criar uma coisa perversa em mim que é o contrário absoluto da cidadania. Morrer não é só porque tomou Cytotet, colocou agulha de crochê. Morrer é também não poder exercer a sua cidadania. Daí a importância da descriminalização”.
“Não significa que você precisa ficar contando para todo mundo que fez aborto… colocar no jornal que fez aborto. Mas, se você precisar fazer, você sabe que não é uma criminosa. Você sabe que não está morrendo por dentro por ter cometido um crime”.
“Agora se você é uma religiosa e faz aborto, está cometendo um crime religioso. É um problema seu cultural, social, religioso. Isso é um problema da pessoa” .
“O que mais deixou indignada, portanto, é que até as militantes contra o aborto fazem aborto”.
“Outra coisa que me chocou foi que a Mônica Serra no debate virou uma carta do jogo, assim como o pré-sal, a Petrobras, a banda larga, privatização. Então, diante de qualquer carta do jogo, o Serra não enfrentava, não dialogava…”.
“Para mim, todas eram cartas do jogo das quais ele ficava se esquivando. Mas eu fiquei mais sensível com a Monica Serra, porque eu a conheço. Na minha cabeça, misturou a relação da pessoa civil, que relatou ter feito aborto, e da pessoa simbólica, que estava ali fazendo campanha contra a descriminalização”.
“É como se eu estivesse no sofá e ouvisse alguém na televisão dizer que o Nelson Mandela é racista. Eu diria: como assim? O Nelson Mandela é negro, foi preso, lutou contra o apartheid… Tem alguma coisa errada. Aí eu escreveria um artigo: O que está acontecendo com o Nelson Mandela como pessoa pública. Ele mesmo é racista? Não é racista?
“A Monica Serra que existiu na minha realidade enquanto aluna é a Monica da família Allende, que fez aborto. A outra Monica Serra, que eu vi no debate, é uma citação do nome de uma pessoa, que era uma carta do jogo, uma Monica Serra simbólica, que virou uma carta do jogo. Só.”
“É uma tremenda contradição. Eu sou uma pessoa brasileira, como outras, que não tem medo de falar. Uma pessoa que foi lapidada em praça pública porque cometeu adultério não vai lutar para que isso exista. Afinal, ela foi vítima disso, concorda?”.
“Assim como eu disse no Facebook que nós devemos respeitar a Mônica Serra – evidentemente a figurativa, a metafórica –, está errado as pessoas se calarem. Eu como cidadã, mais ainda como ser humano, não admito que a professora que, traumatizada, falou para mim sobre a experiência do aborto que ela teve por causa da didatura"– é super importante citar o contexto –, venha hoje não considerar a sua própria dor que ela me fez escutar”.
“Eu sou uma artista. Quando exibo alguma obra, a pessoa está perdendo o tempo dela para ver a minha proposta comunicacional. A Monica Serra usou a aula de psicologia do movimento para falar disso. Acho lindo. Não acho que é problema. A Universidade é para isso mesmo. É para falar de aborto, de questões complexas ligadas ao ser humano. Aquela humanidade que ela dividiu com a gente, inclusive me ensinou a levantar e a escrever sobre isso no dia seguinte ao debate. Foi o fato que falou por si só“.
“Eu não gosto de que qualquer mulher tenha de fazer aborto por causa de uma ditadura. Então, eu não admito que essa própria vítima se assemelhe ao opressor”.
“Sei que tem várias pessoas me condenando. Escreveram em um post: “Ai, com uma amiga dessas…” Para começar, eu não sou amiga da Monica Serra. Eu fui aluna dela. Eu gosto dela. Mas por mais que eu goste do meu marido, da minha mãe, dos meus irmãos, do meu vizinho, quando uma pessoa faz uma coisa que é eticamente contra os meus valores humanistas, eu vou me colocar contrária. Eu vou dizer. Tal pessoa, eu gosto muito de você, mas não concordo politicamente com o seu posicionamento. Só isso. Então para mim a última coisa que interessa nessa coisa, nessa história é a Monica Serra. É a última”.
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No dia 14 de setembro, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Monica Serra, acompanhada de Índio da Costa (DEM), vice de José Serra (PSDB), deu a senha da campanha sórdida, em pleno andamento, contra Dilma Rousseff (PT). A repórter Gabriela Moreira, da Agência Estado, testemunhou. O Estadão publicou:
"A um eleitor evangélico, que citava Jesus Cristo como o “único homem que prestou no mundo” e que declarou voto em Dilma, a professora [Monica Serra] afirmou que a petista é a favor do aborto. 'Ela é a favor de matar as criancinhas', disse a mulher de Serra ao vendedor ambulante Edgar da Silva, de 73 anos".
Domingo passado, no debate realizado pela Band entre os dois presidenciáveis, Dilma jogou o esqueleto em cima da mesa. Cobrou de Serra as acusações de Monica a ela.
Serra não respondeu. Indignada, na segunda-feira às 10h24, Sheila Ribeiro postou em sua página na rede social Facebook uma reflexão com o título "Respeitemos a dor de Monica Serra".
"Meu nome é Sheila Ribeiro e trabalho como artista no Brasil. Sou bailarina e ex-estudante da Unicamp onde fui aluna de Monica Serra".
…
"Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o aborto, sobre o seu aborto traumático. Monica Serra fez um aborto. Na época da ditadura, grávida de quatro meses, Monica Serra decidiu abortar, pois que seu marido estava exilado e todos vivíamos uma situação instável. Aqui está a prova de que o aborto é uma situação terrível, triste, para a mulher e para o casal, e por isso não deve ser crime, pois tantas são as situações complexas que levam uma mulher a passar por essa situação difícil. Ninguém gosta de fazer um aborto, assim como o casal Serra imagino não ter gostado. A educação sobre a contracepção deve ser máxima para que evitemos essa dor para a mulher e para o Estado".
O episódio aconteceu em 1992, 18 anos atrás. Sheila tinha 18 anos, fazia curso de Dança no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Monica Serra era então professora de Psicologia do Desenvolvimento Aplicada à Dança.
A revelação caiu como bomba na rede. A NovaE considerou boato de má fé, desqualificou-a (a matéria já foi tirada do ar).
O jornalista Gilberto de Souza, do Jornal Correio do Brasil, resolveu investigar. Conversou com a própria Sheila. Publicou a matéria aqui. Depois, ouviu mais três ex-alunas de Monica, que confirmaram o relato.
Neste sábado, a jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna na Folha de S.Paulo, dá a notícia: "Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex-aluna". A assessoria de Monica Serra não respondeu à consulta da Folha. O mesmo fez a de Serra com o Correio do Brasil.
“Discussão de genero sempre esteve presente em minha vida"
Seu nome completo é Sheila Canevacci (sobrenome do marido, o antropólogo Massimo Canevacci) Ribeiro. Profissionalmente, Sheila Ribeiro. Tem 37 anos. Morou 11 anos em Montreal, Canadá. Foi para lá depois de se formar na Unicamp. É coreógrafa e doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo.
Nos meios da dança, Sheila é conhecida e reconhecida, no Brasil e no exterior. Quem priva do seu convívio pessoal ou profissional, não se espantou com a atitude dela.
Márcio Seligmann-Silva, professor livre-docente de Teoria Literária da Unicamp, com pos-doutorado pelo Zentrum Für Literaturforschung Berlim, Alemanha, e pela Yale University,nos EUA, afirma:
“A indignação de Sheila com o debate biopolítico que pontua nosso cenário político atual é plenamente compreensível, mas sua coragem talvez tenha a ver com esta experiência de vida em um país democrático [Canadá], onde as pessoas podem se manifestar sem medo”.
Helena Katz, professora no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica e no Curso Comunicação das Artes do Corpo, na PUC-SP, comenta:
“Sheila Ribeiro está em cada um dos gestos que cria. O seu trabalho nos ajuda a identificar os danos que o discurso publicitário vem produzindo na sociedade e que não está somente na publicidade propriamente dita, mas que hoje pauta o modo como nos relacionamos e se materializa no nosso comportamento, na cidade, nos meios de comunicação. A potência da sua poética sempre crítica insufla, em cada um dos que entram em contato com as suas produções, a esperança de que um mundo melhor é possível”.
O coreógrafo Wagner Schwartz, do Rio de Janeiro, observa:
"Sheila Ribeiro é mulher, cidadã, coreógrafa. Antes ter um cunho corajoso, o seu relato tem uma potência vital, porque não está relacionado ao tema da dualidade morte-e-vida, muito menos às questões partidárias. Como sempre, seja em suas práticas artísticas ou entre amigos, Sheila reafirma a necessidade de se pensar o lugar das classes menos favorecidas, independente da grande escala de forças contrárias às suas ações, porque sua finalidade é, sempre, investigar a causa, sua dor e a sua liberdade".
A artista e produtora Cândida Monte, de Curitiba (PR), enfatiza:
“Sheila Ribeiro é uma mulher que escolhe atuar, pessoal e profissionalmente, com sinceridade e transparência. Age sempre de forma observadora, pensadora e questionadora. Tem um enorme interesse em discutir e refletir. Seu pensamento artístico emerge disso. Volta sua atenção à cultura para além das considerações sobre a estética, pensando o indivíduo através da arte”.
Sheila é filha de Majô Ribeiro, militante feminista que foi aluna de mestrado de Eva Blay e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da USP. Foi candidata derrotada a vereadora e a vice-prefeita em Osasco pelo PSDB.
A mãe, segundo Sheila, pouco se pronunciou sobre o episódio: “Só disse que achou bom que eu fiz isso pela questão da descriminalização do aborto”.
“Discussão de gênero sempre faz parte da minha vida, daí a minha indignação”, disse-me numa primeira conversa, que tivemos na quarta-feira. “No primeiro turno, votei no Plínio [de Arruda Sampaio, do Psol]. No segundo, voto na Dilma.”
“Eu não admito que a própria vítima se assemelhe ao seu opressor"
Na segunda conversa, Sheila, que já havia se mostrado assertiva no primeiro contato, foi bastante firme. Divertida, atenta, interessada, não titubeou um instante:
“As pessoas acharam que eu era falsa [personagem fake, inventado], muitos me agrediram, muitos insinuaram que eu tinha ganhado dinheiro. Eu fico muito triste e brava com essas coisas”.
” O que eu posso garantir é que Monica nos contou que fez aborto. Havia muitas outras pessoas que sabem que não é mentira o que eu disse”.
“Quando eu vi o Serra se esquivando no debate, tive um troço, fiquei indignada e fiz uma reflexão sobre o que é ser uma pessoa na privacidade e o que é ser uma pessoa pública”.
“A minha primeira preocupação foi exercer a minha cidadania. Acharam que eu fiz isso porque eu vivi praticamente a minha vida inteira de adulta no Canadá, onde as pessoas falam abertamente sobre esses assuntos e outros assuntos complexos de se abordar. O que me interessa é a saúde pública”.
“Algumas pessoas me dizem que tive coragem, outras ficaram assustadas de eu falar diretamente. Pensei: sou anormal? Acho que o meu jeito é por causa do Canadá. Depois que eu me formei na Unicamp, morei 11 anos lá. A minha vida adulta e profissional, eu desenvolvi lá. Tenho dupla nacionalidade”
“No Canadá, o aborto é legalizado. Eu te contei das clínicas de ginecologia lá [os serviços de saúde são públicos]? Você telefona, funciona assim. Bem-vinda à clínica da mulher. Para urgências, disque zero. Para consultas, disque 1. Para abortos, disque 2. Para exames, disque 3”.
“Um amigo disse: ‘E se a Monica e o Serra se converteram?’ Eu respondi. Vamos supor que a Monica e Serra se converteram à religião e se arrependeram do aborto que fizeram. Só que quando uma pessoa se arrepende perante Deus – o aborto é crime perante Deus –, eles fazem os seus Pai-Nossos, depois vão ser absolvidos e vão para o céu ou para o inferno. Quer dizer: é uma discussão religiosa”.
“Se a pessoa é religiosa, ninguém a obriga a fazer o aborto. Muito bem. A pessoa pode ser religiosa, dizer eu sou contra o aborto em todos os níveis, eu nunca vou fazer o aborto, porque é um crime perante Deus. Ok. Só que você pode não misturar essa coisa crime perante Deus, porque no Estado laico não tem Deus. O Estado laico é um Estado”.
“Quem é religioso, não é obrigado a fazer. Ponto. No Canadá, é visto como um problema de saúde pública”.
“As pessoas ficam me perguntando: você é a favor do aborto a partir de que mês? Quem sou eu para dizer quando, em que mês, como não deve? Tem vários países em que o aborto é legalizado, o Brasil tem que aprender com eles. Ponto”.
“O que me chocou mais, mais, mais, é que o aborto é uma questão de todos. Até uma pessoa militante contra a descriminalização do aborto já fez aborto. Além da Monica, eu cito a Benedita da Silva (PT), que é contra a descriminação do aborto e também fez aborto”.
“Significa o quê? Olha a lógica da matemática. Se eu sou contra a descriminalização, acho o aborto um crime e faço o meu clandestino, eu deixo criar uma coisa perversa em mim que é o contrário absoluto da cidadania. Morrer não é só porque tomou Cytotet, colocou agulha de crochê. Morrer é também não poder exercer a sua cidadania. Daí a importância da descriminalização”.
“Não significa que você precisa ficar contando para todo mundo que fez aborto… colocar no jornal que fez aborto. Mas, se você precisar fazer, você sabe que não é uma criminosa. Você sabe que não está morrendo por dentro por ter cometido um crime”.
“Agora se você é uma religiosa e faz aborto, está cometendo um crime religioso. É um problema seu cultural, social, religioso. Isso é um problema da pessoa” .
“O que mais deixou indignada, portanto, é que até as militantes contra o aborto fazem aborto”.
“Outra coisa que me chocou foi que a Mônica Serra no debate virou uma carta do jogo, assim como o pré-sal, a Petrobras, a banda larga, privatização. Então, diante de qualquer carta do jogo, o Serra não enfrentava, não dialogava…”.
“Para mim, todas eram cartas do jogo das quais ele ficava se esquivando. Mas eu fiquei mais sensível com a Monica Serra, porque eu a conheço. Na minha cabeça, misturou a relação da pessoa civil, que relatou ter feito aborto, e da pessoa simbólica, que estava ali fazendo campanha contra a descriminalização”.
“É como se eu estivesse no sofá e ouvisse alguém na televisão dizer que o Nelson Mandela é racista. Eu diria: como assim? O Nelson Mandela é negro, foi preso, lutou contra o apartheid… Tem alguma coisa errada. Aí eu escreveria um artigo: O que está acontecendo com o Nelson Mandela como pessoa pública. Ele mesmo é racista? Não é racista?
“A Monica Serra que existiu na minha realidade enquanto aluna é a Monica da família Allende, que fez aborto. A outra Monica Serra, que eu vi no debate, é uma citação do nome de uma pessoa, que era uma carta do jogo, uma Monica Serra simbólica, que virou uma carta do jogo. Só.”
“É uma tremenda contradição. Eu sou uma pessoa brasileira, como outras, que não tem medo de falar. Uma pessoa que foi lapidada em praça pública porque cometeu adultério não vai lutar para que isso exista. Afinal, ela foi vítima disso, concorda?”.
“Assim como eu disse no Facebook que nós devemos respeitar a Mônica Serra – evidentemente a figurativa, a metafórica –, está errado as pessoas se calarem. Eu como cidadã, mais ainda como ser humano, não admito que a professora que, traumatizada, falou para mim sobre a experiência do aborto que ela teve por causa da didatura"– é super importante citar o contexto –, venha hoje não considerar a sua própria dor que ela me fez escutar”.
“Eu sou uma artista. Quando exibo alguma obra, a pessoa está perdendo o tempo dela para ver a minha proposta comunicacional. A Monica Serra usou a aula de psicologia do movimento para falar disso. Acho lindo. Não acho que é problema. A Universidade é para isso mesmo. É para falar de aborto, de questões complexas ligadas ao ser humano. Aquela humanidade que ela dividiu com a gente, inclusive me ensinou a levantar e a escrever sobre isso no dia seguinte ao debate. Foi o fato que falou por si só“.
“Eu não gosto de que qualquer mulher tenha de fazer aborto por causa de uma ditadura. Então, eu não admito que essa própria vítima se assemelhe ao opressor”.
“Sei que tem várias pessoas me condenando. Escreveram em um post: “Ai, com uma amiga dessas…” Para começar, eu não sou amiga da Monica Serra. Eu fui aluna dela. Eu gosto dela. Mas por mais que eu goste do meu marido, da minha mãe, dos meus irmãos, do meu vizinho, quando uma pessoa faz uma coisa que é eticamente contra os meus valores humanistas, eu vou me colocar contrária. Eu vou dizer. Tal pessoa, eu gosto muito de você, mas não concordo politicamente com o seu posicionamento. Só isso. Então para mim a última coisa que interessa nessa coisa, nessa história é a Monica Serra. É a última”.
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Serra invade missa e toma vaia no Ceará
Reproduzo matéria de Saul Leblon, publicada no "Blog das Frases" no sítio Carta Maior:
"Isso é uma profanação"
Cristãos começam a reagir ao oportunismo religioso de Serra. A presença do candidato do conservadorismo nativo na missa da festa de São Francisco, em Canindé (CE), neste sábado, pode ter sido um ponto de inflexão.
A festa é o maior evento religioso da cidade. Quando chegou, Serra foi vaiado por manifestantes pró-Dilma. O candidato chegou a ser empurrado num início de conflito.
"Gostaria que a missa não fosse tumultuada com os políticos que aqui chegaram, por favor. Se vieram com outra intenção, peço que saiam assim como entraram. Isso é uma profanação", advretiu o celebrante olhando fixamente para a fileira da frente onde Serra estava.
Perto do fim da missa, o frade exibiu um panfleto contra Dilma e foi mais duro ainda: "Acusam a candidata do PT em nome da igreja. Não é verdade". A plateia aplaudiu. "Não está autorizada essa coisa. A igreja não está autorizando essas coisas". Mais aplausos. Serra saiu à francesa.
Indignação também nas universidades
Inteligência brasileira se une contra um retrocesso chamado Serra.
Intelectuais e artistas brasileiros se mobilizam em todo o país em manifestações de protesto e indignação contra as metas e os métodos adotados pela candidatura do conservadorismo brasileiro. Circulam pelas universidades e na Internet o "Manifesto dos Reitores contra Serra"; o "Manifesto dos Professores de Filosofia contra Serra"; o "Manifesto dos Artistas e Intelectuais contra Serra". O mais recente documento, que ontem já reunia cerca de 680 assinaturas, é o manifesto dos professores universitários que abre com a seguinte frase:
"Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra".
Porto Alegre se levanta
Tarso Genro mobiliza dois mil militantes.
"Um tom de urgência, gravidade e intensa mobilização marcou praticamente todas as intervenções".
No Rio, na 2º feira, dia 18, no teatro Casa Grande, intelectuais liderados por Chico Buarque, Emir Sader, Eric Nepomuceno e Leonardo Boff entregam manifesto de apoio a Dilma Rousseff.
Em São Paulo, na 3º feira, dia 19, às 19 horas, a campanha pró-Dilma tem encontro marcado na PUC-SP, Monte Alegre ,1024. O ato está sendo organizado pelo jurista Celso Antônio Bandeira de Mello e pelo teólogo Mário Sérgio Cortella.
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"Isso é uma profanação"
Cristãos começam a reagir ao oportunismo religioso de Serra. A presença do candidato do conservadorismo nativo na missa da festa de São Francisco, em Canindé (CE), neste sábado, pode ter sido um ponto de inflexão.
A festa é o maior evento religioso da cidade. Quando chegou, Serra foi vaiado por manifestantes pró-Dilma. O candidato chegou a ser empurrado num início de conflito.
"Gostaria que a missa não fosse tumultuada com os políticos que aqui chegaram, por favor. Se vieram com outra intenção, peço que saiam assim como entraram. Isso é uma profanação", advretiu o celebrante olhando fixamente para a fileira da frente onde Serra estava.
Perto do fim da missa, o frade exibiu um panfleto contra Dilma e foi mais duro ainda: "Acusam a candidata do PT em nome da igreja. Não é verdade". A plateia aplaudiu. "Não está autorizada essa coisa. A igreja não está autorizando essas coisas". Mais aplausos. Serra saiu à francesa.
Indignação também nas universidades
Inteligência brasileira se une contra um retrocesso chamado Serra.
Intelectuais e artistas brasileiros se mobilizam em todo o país em manifestações de protesto e indignação contra as metas e os métodos adotados pela candidatura do conservadorismo brasileiro. Circulam pelas universidades e na Internet o "Manifesto dos Reitores contra Serra"; o "Manifesto dos Professores de Filosofia contra Serra"; o "Manifesto dos Artistas e Intelectuais contra Serra". O mais recente documento, que ontem já reunia cerca de 680 assinaturas, é o manifesto dos professores universitários que abre com a seguinte frase:
"Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra".
Porto Alegre se levanta
Tarso Genro mobiliza dois mil militantes.
"Um tom de urgência, gravidade e intensa mobilização marcou praticamente todas as intervenções".
No Rio, na 2º feira, dia 18, no teatro Casa Grande, intelectuais liderados por Chico Buarque, Emir Sader, Eric Nepomuceno e Leonardo Boff entregam manifesto de apoio a Dilma Rousseff.
Em São Paulo, na 3º feira, dia 19, às 19 horas, a campanha pró-Dilma tem encontro marcado na PUC-SP, Monte Alegre ,1024. O ato está sendo organizado pelo jurista Celso Antônio Bandeira de Mello e pelo teólogo Mário Sérgio Cortella.
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Manifesto dos movimento sociais pró-Dilma
Reproduzo manifesto encabeçado pela Via Campensina e MST, intitulado "Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil":
No início do processo eleitoral deste ano, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil tomaram a decisão política de empenhar esforços para eleger o maior número possível de parlamentares e governadores identificados com as bandeiras populares da classe trabalhadora, com o aprofundamento da democracia e soberania brasileira e com políticas que combatam a concentração da propriedade e da renda em nosso país.
Quanto à eleição presidencial, as organizações populares que compõem a Via Campesina decidiram lutar para que não houvesse a vitória eleitoral de uma proposta neoliberal, representando pela candidatura do tucano José Serra. Passando o primeiro turno dessa campanha eleitoral, realizado em 3 de outubro, queremos, com este comunicado ao povo brasileiro, manifestar nossa decisão política frente às eleições deste ano.
Avaliação do 1º turno
As renovações que aconteceram nas Assembleias estaduais, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, além da eleição e reeleição de governadores progressistas, são alvissareiras. No Senado Federal, especialmente, fomos vitoriosos com a eleição de companheiros e companheiras identificadas com as nossas lutas e com a não eleição de senadores que se notabilizaram pela perseguição aos movimentos sociais, identificados com os interesses do agronegócio.
Destacamos como vitória a derrota eleitoral do governo tucano de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, que se notabilizou, juntamente com o governo tucano de São Paulo, pelo controle da mídia, criminalização dos movimentos sociais e repressão à luta pela reforma agrária, aos movimentos de moradia e ao movimento dos professores da rede pública estadual.
Em relação às campanhas presidenciais, não transcorreram debates em torno de projetos políticos e dos problemas principais que afetam a população brasileira. A campanha de Dilma Rousseff (PT) buscou apenas, de forma pragmática, divulgar o desenvolvimento econômico e as políticas sociais do governo Lula, apoiando-se na popularidade e nos enorme índices de aprovação do atual governo. Com essa estratégia, obteve quase 47% dos votos, que foram insuficientes para vencer no primeiro turno.
A candidatura de José Serra (PSDB) nos surpreendeu, não por sua identificação com as políticas neoliberais, e sim pelo baixo nível da sua campanha presidencial. Foi agressivo e perseguiu jornalistas em entrevistas, tentou interferir em julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), espalhou mentiras e acusações infundadas.
Chegou a usar a própria esposa, que percorreu as ruas de Niterói (RJ) dizendo que Dilma Rousseff “é a favor de matar as criancinhas”. Somente uma candidatura sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade, contando com o total controle sobre a mídia, pode desenvolver uma campanha de tão baixo nível. A biografia do candidato já é a maior derrotada nestas eleições.
A candidatura de Marina Silva (PV) cumpriu o objetivo a que se propôs: provocar o segundo turno nesta campanha eleitoral. O tempo dirá se o seu êxito serviu para fortalecer a democracia ou simplesmente foi utilizada pelas forças conservadoras, para que retornassem ao governo.
Já as candidaturas identificadas com os partidos de esquerda, que utilizaram o espaço eleitoral para defender os interesses da classe trabalhadora, infelizmente tiveram uma votação inexpressiva.
O descenso social que temos há duas décadas em nosso país, a fragmentação das organizações da classe trabalhadora e a fragilidade da política de comunicação com a sociedade certamente influíram no resultado eleitoral. Cabe uma auto-crítica aos partidos políticos que se limitam apenas às campanhas eleitorais para dialogar com a sociedade. E que não falte daqui pra frente trabalho de base e a formação política permanente.
As eleições deste ano demonstraram o poder nefasto e antidemocrático da mídia. Mas, por outro lado, foi potencializada uma rede de comunicadores independentes, comprometidos com a liberdade de expressão e com o direito à informação, e que enfrentam aguerridamente o monopólio dos meios de comunicação em nosso país. São avanços rumo à democratização da informação e na construção de uma comunicação democrática e plural, com a participação da sociedade.
O 2º turno
Nós reafirmamos nosso compromisso em defesa das bandeiras de lutas da classe trabalhadora e na construção de um país democrático, socialmente justo e soberano. Independentemente do governo eleito, seja ele qual for, iremos lutar de forma intransigente pela expansão das liberdades e dos direitos democráticos oprimidos.
Vamos lutar também por mudanças nas instituições e serviços públicos, em benefício da ampla maioria da população; combater aos monopólios para o desenvolvimento com soberania e distribuição de renda; defender as conquistas trabalhistas, a redução da jornada de trabalho, o direito de greve para os servidores públicos; a Previdência Social pública, de boa qualidade, pelo fim do fator previdenciário
Defendemos também a realização de uma reforma urbana, com moradia, saneamento básico, transporte público e segurança; a construção de serviços de saúde universal e de boa qualidade; reformas na educação pública e promoção da cultura nacional-popular com caráter universal; o fim do latifúndio, limite do capital estrangeiro sobre os nossos recursos naturais e a realização de uma Reforma Agrária anti-latifundiária; a implantação de novas relações da sociedade com o meio ambiente e efetivação uma política externa de autodeterminação, solidariedade aos povos e que priorize a integração dos povos do continente latino-americano e do Caribe.
Infelizmente, os avanços do governo Lula em direção a essas bandeiras democrático-populares foram insuficientes, em que pese o acerto de sua política externa. Também nos preocupa constatar que, no arco de alianças da candidatura de Dilma Rousseff, há forças políticas que se contrapõem a essas demandas sociais.
Porém, temos uma certeza: José Serra, por sua campanha, pelo seu governo no Estado de São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, tornou-se o inimigo dessas bandeiras de lutas. Pelo caráter anti-democrático e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral e por sua personalidade autoritária, estamos convictos que uma possível vitória sua significará um retrocesso para os movimentos sociais e populares em nosso país, para as conquistas democráticas em nosso continente e uma maior subordinação ao império dos Estados Unidos. Esse retrocesso não queremos que aconteça.
Nossa posição nessa conjuntura
Assim, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil afirmam o seu apoio e compromisso de lutar para eleger a candidata Dilma Rousseff para o cargo de presidenta do Brasil. Queremos nos juntar aos movimentos sindicais, populares, estudantis, religiosos e progressistas para promover debates com a sociedade, desmascarar a propaganda enganosa dos neoliberais e autoritários e exigir avanços na democracia, nas políticas públicas que favoreçam a população, no combate aos corruptos e corruptores e na democratização do poder em nosso país.
Precisamos derrotar a candidatura Serra, que representa as forças direitistas e fascistas do país. Devemos seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos.
Conclamamos a militância de todos os movimentos sociais, os lutadores e lutadoras do povo brasileiro, para se engajarem nessa luta, que é importantíssima para a classe trabalhadora.
Vamos à luta!! Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil.
- Via Campesina Brasil
- Movimento dos Atingidos por Barragens- MAB
- Movimento das Mulheres Camponesas- MMC
- Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST
- Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil- FEAB
- Assembléia Popular- PE
- Centro de Estudos Barão de Itararé
- Fórum Brasileiro de Economia Solidária
- Marcha Mundial das Mulheres- MMM
- Movimento Camponês Popular- MCP
- Rede Brasileira de Integração dos Povos- REBRIP
- Rede de Educação Cidadã Sudeste- RECID
- Sindicato dos Engenheiros do Paraná- Senge-PR
- Uniao de Estudantes Afrodescendentes-UNEAFRO
- Projeto Popular
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No início do processo eleitoral deste ano, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil tomaram a decisão política de empenhar esforços para eleger o maior número possível de parlamentares e governadores identificados com as bandeiras populares da classe trabalhadora, com o aprofundamento da democracia e soberania brasileira e com políticas que combatam a concentração da propriedade e da renda em nosso país.
Quanto à eleição presidencial, as organizações populares que compõem a Via Campesina decidiram lutar para que não houvesse a vitória eleitoral de uma proposta neoliberal, representando pela candidatura do tucano José Serra. Passando o primeiro turno dessa campanha eleitoral, realizado em 3 de outubro, queremos, com este comunicado ao povo brasileiro, manifestar nossa decisão política frente às eleições deste ano.
Avaliação do 1º turno
As renovações que aconteceram nas Assembleias estaduais, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, além da eleição e reeleição de governadores progressistas, são alvissareiras. No Senado Federal, especialmente, fomos vitoriosos com a eleição de companheiros e companheiras identificadas com as nossas lutas e com a não eleição de senadores que se notabilizaram pela perseguição aos movimentos sociais, identificados com os interesses do agronegócio.
Destacamos como vitória a derrota eleitoral do governo tucano de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, que se notabilizou, juntamente com o governo tucano de São Paulo, pelo controle da mídia, criminalização dos movimentos sociais e repressão à luta pela reforma agrária, aos movimentos de moradia e ao movimento dos professores da rede pública estadual.
Em relação às campanhas presidenciais, não transcorreram debates em torno de projetos políticos e dos problemas principais que afetam a população brasileira. A campanha de Dilma Rousseff (PT) buscou apenas, de forma pragmática, divulgar o desenvolvimento econômico e as políticas sociais do governo Lula, apoiando-se na popularidade e nos enorme índices de aprovação do atual governo. Com essa estratégia, obteve quase 47% dos votos, que foram insuficientes para vencer no primeiro turno.
A candidatura de José Serra (PSDB) nos surpreendeu, não por sua identificação com as políticas neoliberais, e sim pelo baixo nível da sua campanha presidencial. Foi agressivo e perseguiu jornalistas em entrevistas, tentou interferir em julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), espalhou mentiras e acusações infundadas.
Chegou a usar a própria esposa, que percorreu as ruas de Niterói (RJ) dizendo que Dilma Rousseff “é a favor de matar as criancinhas”. Somente uma candidatura sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade, contando com o total controle sobre a mídia, pode desenvolver uma campanha de tão baixo nível. A biografia do candidato já é a maior derrotada nestas eleições.
A candidatura de Marina Silva (PV) cumpriu o objetivo a que se propôs: provocar o segundo turno nesta campanha eleitoral. O tempo dirá se o seu êxito serviu para fortalecer a democracia ou simplesmente foi utilizada pelas forças conservadoras, para que retornassem ao governo.
Já as candidaturas identificadas com os partidos de esquerda, que utilizaram o espaço eleitoral para defender os interesses da classe trabalhadora, infelizmente tiveram uma votação inexpressiva.
O descenso social que temos há duas décadas em nosso país, a fragmentação das organizações da classe trabalhadora e a fragilidade da política de comunicação com a sociedade certamente influíram no resultado eleitoral. Cabe uma auto-crítica aos partidos políticos que se limitam apenas às campanhas eleitorais para dialogar com a sociedade. E que não falte daqui pra frente trabalho de base e a formação política permanente.
As eleições deste ano demonstraram o poder nefasto e antidemocrático da mídia. Mas, por outro lado, foi potencializada uma rede de comunicadores independentes, comprometidos com a liberdade de expressão e com o direito à informação, e que enfrentam aguerridamente o monopólio dos meios de comunicação em nosso país. São avanços rumo à democratização da informação e na construção de uma comunicação democrática e plural, com a participação da sociedade.
O 2º turno
Nós reafirmamos nosso compromisso em defesa das bandeiras de lutas da classe trabalhadora e na construção de um país democrático, socialmente justo e soberano. Independentemente do governo eleito, seja ele qual for, iremos lutar de forma intransigente pela expansão das liberdades e dos direitos democráticos oprimidos.
Vamos lutar também por mudanças nas instituições e serviços públicos, em benefício da ampla maioria da população; combater aos monopólios para o desenvolvimento com soberania e distribuição de renda; defender as conquistas trabalhistas, a redução da jornada de trabalho, o direito de greve para os servidores públicos; a Previdência Social pública, de boa qualidade, pelo fim do fator previdenciário
Defendemos também a realização de uma reforma urbana, com moradia, saneamento básico, transporte público e segurança; a construção de serviços de saúde universal e de boa qualidade; reformas na educação pública e promoção da cultura nacional-popular com caráter universal; o fim do latifúndio, limite do capital estrangeiro sobre os nossos recursos naturais e a realização de uma Reforma Agrária anti-latifundiária; a implantação de novas relações da sociedade com o meio ambiente e efetivação uma política externa de autodeterminação, solidariedade aos povos e que priorize a integração dos povos do continente latino-americano e do Caribe.
Infelizmente, os avanços do governo Lula em direção a essas bandeiras democrático-populares foram insuficientes, em que pese o acerto de sua política externa. Também nos preocupa constatar que, no arco de alianças da candidatura de Dilma Rousseff, há forças políticas que se contrapõem a essas demandas sociais.
Porém, temos uma certeza: José Serra, por sua campanha, pelo seu governo no Estado de São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, tornou-se o inimigo dessas bandeiras de lutas. Pelo caráter anti-democrático e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral e por sua personalidade autoritária, estamos convictos que uma possível vitória sua significará um retrocesso para os movimentos sociais e populares em nosso país, para as conquistas democráticas em nosso continente e uma maior subordinação ao império dos Estados Unidos. Esse retrocesso não queremos que aconteça.
Nossa posição nessa conjuntura
Assim, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil afirmam o seu apoio e compromisso de lutar para eleger a candidata Dilma Rousseff para o cargo de presidenta do Brasil. Queremos nos juntar aos movimentos sindicais, populares, estudantis, religiosos e progressistas para promover debates com a sociedade, desmascarar a propaganda enganosa dos neoliberais e autoritários e exigir avanços na democracia, nas políticas públicas que favoreçam a população, no combate aos corruptos e corruptores e na democratização do poder em nosso país.
Precisamos derrotar a candidatura Serra, que representa as forças direitistas e fascistas do país. Devemos seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos.
Conclamamos a militância de todos os movimentos sociais, os lutadores e lutadoras do povo brasileiro, para se engajarem nessa luta, que é importantíssima para a classe trabalhadora.
Vamos à luta!! Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil.
- Via Campesina Brasil
- Movimento dos Atingidos por Barragens- MAB
- Movimento das Mulheres Camponesas- MMC
- Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST
- Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil- FEAB
- Assembléia Popular- PE
- Centro de Estudos Barão de Itararé
- Fórum Brasileiro de Economia Solidária
- Marcha Mundial das Mulheres- MMM
- Movimento Camponês Popular- MCP
- Rede Brasileira de Integração dos Povos- REBRIP
- Rede de Educação Cidadã Sudeste- RECID
- Sindicato dos Engenheiros do Paraná- Senge-PR
- Uniao de Estudantes Afrodescendentes-UNEAFRO
- Projeto Popular
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O PSTU e a metafísica do absenteísmo
Reproduzo artigo de polêmica enviado pelo professor José Ricardo Figueiredo:
No segundo turno destas eleições, o PSTU recomendou voto nulo a seus militantes e eleitores, como já fizera em 2006. O PSOL estuda a questão, não tendo repetido o intempestivo voto nulo decretado por Heloísa Helena logo no início do segundo turno, e acatado pelo partido. Mas muitos no PSOL se inclinam pela mesma tendência de voto nulo. Acreditam que esta é a postura coerente com seu discurso do primeiro turno, onde buscaram diferenciar-se das principais candidaturas denunciando-as todas como parte de um mesmo “tudo que está aí”.
De fato, nenhuma das principais candidaturas ostentou propostas de enfrentamento das relações capitalistas em geral, nem de redistribuição radical das rendas ou das propriedades. Pelo ângulo dos que defendem um discurso explicitamente socialista, há fundamentos lógicos para a defesa da abstenção.
É fato que, pela complexidade e amplitude das questões políticas, há também fundamentos lógicos para uma postura distinta. Por exemplo, num debate em que Plínio foi perguntado por Serra a respeito das relações Brasil-Irã, ele defendeu, na prática, a atual política brasileira. Em vista da importância da questão da paz mundial, esta aproximação com a atual linha da política brasileira, por si só, justificaria um apoio crítico no segundo turno. Entretanto, a concordância foi pontual, enquanto as falas nos debates e a propaganda do PSOL, como do PSTU, enfatizaram as divergências.
Algumas vezes, as divergências se manifestaram de forma injusta, como quando Plínio foi perguntado por Dilma sobre o ProUni e o ReUni. Respondeu o esperado acerca do ProUni, criticando o financiamento das escolas privadas. Mas também não deu o braço a torcer pelo ReUni, que virou “política do Banco Mundial”. Ora, o Reuni é uma expressiva ampliação das universidades federais, na qual os novos professores vem sendo contratados por meio de concursos públicos, tal como o movimento docente, discente e de funcionários sempre defendeu. Por razões táticas, para marcar diferença e não valorizar a adversária, Plínio passou por cima de uma das bandeiras históricas mais importantes destes movimentos. Nestes pontos, portanto, a defesa do voto nulo é coerente com o erro.
Mas isto não é a essência da questão. A coerência que se busca é a coerência com uma política de explicitação de um projeto socialista. E a que leva tal coerência lógica?
Temos neste segundo turno uma acirrada oposição entre dois campos, o que governou entre 1995 e 2002, e o que governou entre 2003 e 2010. O acirramento se vê, principalmente, pela imprensa, instrumento central da política em situações democráticas. Por mais heterogênea que seja a composição de cada um destes dois campos, toda a grande imprensa defende, sem exceção, o retorno do primeiro campo ao poder. Esta polarização não é nova. Ocorreu nas eleições de 2006, de 2002, e mesmo na de 1989. E lembra muito as polarizações de um passado mais remoto, como a crise de 1954, que levou ao suicídio de Vargas, e a campanha pró-golpe de 1964.
É diante desta luta feroz que PSTU defende, e talvez o PSOL venha a defender, em termos de coerência lógica, o voto nulo. A soma dos votos obtidos por estes dois partidos no primeiro turno foi aproximadamente 1% do total dos votos válidos. Mas a coerência lógica com o discurso que lhes propiciou tal votação é o motivo para lavar as mãos, soberbamente, diante da luta em que se engalfinharão os outros 99% da população.
Evidentemente, esta lógica é profundamente idealista, metafísica, por que parte do discurso, dos projetos idealizados para o futuro, e ignora a realidade material, a luta objetiva que se desenvolve no momento. Supostamente revolucionária, esta lógica nada tem a ver com o marxismo e o leninismo, que reiteradamente insistem na essencialidade da estratégia e da tática políticas se fundarem nas análises concretas das situações concretas. O absenteísmo é antagônico à política como práxis de enfrentamento das contradições reais da sociedade, tal como se manifestam efetivamente, e só se fundamenta em formulações teóricas abstratas.
Entretanto, isto não significa que o absenteísmo não tenha conseqüências concretas. Tem, porque o absenteísmo não é neutro. Não se vê nenhum militante de extrema direita pregar o voto nulo porque, por exemplo, em seu passado, Serra, tal como Dilma, pertenceu a grupo de resistência à ditadura militar. A propaganda absenteísta não tem a pretensão de convencer partidários de Serra a mudarem de idéia e anular seu voto. Seu alvo são eleitores possivelmente simpáticos a Dilma, mas que tenham divergências em relação ao projeto em andamento.
Mas, afinal, o que vale este pequeno detalhe prático para quem tanto valoriza a coerência do discurso na construção do socialismo ideal? Diante de ideais tão sublimes, que importam as conseqüências imediatas? Bem feito para Dilma, para Lula, para todos aqueles que decepcionaram os defensores do socialismo ideal! Bem feito para a população em geral, que ainda não percebeu a magnificência do ideário socialista, e continua a fiar-se no reformismo, aliás, “melhorismo”!
Este ponto de vista tem sua coerência. Pelo menos para quem não depende de bolsa-família, nem do aumento real de salário mínimo. Para quem não valoriza a criação de empregos neste sujo mundo capitalista. Nem a diminuição das desigualdades regionais. Nem a política externa soberana e pacifista, incluindo os esforços de integração latino-americana. Nem a interrupção das privatizações a toque de caixa e a preço de esterco. Nem o aumento dos investimentos em universidades e em pesquisa. Para quem, enfim, defende um socialismo tão lindo, tão distributivista, tão democrático, tão ecológico, tão ideal, que as humildes conquistas do presente são irrelevantes. Abstraindo, evidentemente, um ou outro infiltrado, que defende o voto nulo de esquerda precisamente pelas conseqüências práticas em favor da direita.
*****
Em tempo: O texto de polêmica de José Ricardo Figueiredo foi escrito antes da executiva nacional do PSOL aprovar a resolução "Nenhum voto em Serra", liberando seus militantes para o voto crítico em Dilma ou voto nulo.
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No segundo turno destas eleições, o PSTU recomendou voto nulo a seus militantes e eleitores, como já fizera em 2006. O PSOL estuda a questão, não tendo repetido o intempestivo voto nulo decretado por Heloísa Helena logo no início do segundo turno, e acatado pelo partido. Mas muitos no PSOL se inclinam pela mesma tendência de voto nulo. Acreditam que esta é a postura coerente com seu discurso do primeiro turno, onde buscaram diferenciar-se das principais candidaturas denunciando-as todas como parte de um mesmo “tudo que está aí”.
De fato, nenhuma das principais candidaturas ostentou propostas de enfrentamento das relações capitalistas em geral, nem de redistribuição radical das rendas ou das propriedades. Pelo ângulo dos que defendem um discurso explicitamente socialista, há fundamentos lógicos para a defesa da abstenção.
É fato que, pela complexidade e amplitude das questões políticas, há também fundamentos lógicos para uma postura distinta. Por exemplo, num debate em que Plínio foi perguntado por Serra a respeito das relações Brasil-Irã, ele defendeu, na prática, a atual política brasileira. Em vista da importância da questão da paz mundial, esta aproximação com a atual linha da política brasileira, por si só, justificaria um apoio crítico no segundo turno. Entretanto, a concordância foi pontual, enquanto as falas nos debates e a propaganda do PSOL, como do PSTU, enfatizaram as divergências.
Algumas vezes, as divergências se manifestaram de forma injusta, como quando Plínio foi perguntado por Dilma sobre o ProUni e o ReUni. Respondeu o esperado acerca do ProUni, criticando o financiamento das escolas privadas. Mas também não deu o braço a torcer pelo ReUni, que virou “política do Banco Mundial”. Ora, o Reuni é uma expressiva ampliação das universidades federais, na qual os novos professores vem sendo contratados por meio de concursos públicos, tal como o movimento docente, discente e de funcionários sempre defendeu. Por razões táticas, para marcar diferença e não valorizar a adversária, Plínio passou por cima de uma das bandeiras históricas mais importantes destes movimentos. Nestes pontos, portanto, a defesa do voto nulo é coerente com o erro.
Mas isto não é a essência da questão. A coerência que se busca é a coerência com uma política de explicitação de um projeto socialista. E a que leva tal coerência lógica?
Temos neste segundo turno uma acirrada oposição entre dois campos, o que governou entre 1995 e 2002, e o que governou entre 2003 e 2010. O acirramento se vê, principalmente, pela imprensa, instrumento central da política em situações democráticas. Por mais heterogênea que seja a composição de cada um destes dois campos, toda a grande imprensa defende, sem exceção, o retorno do primeiro campo ao poder. Esta polarização não é nova. Ocorreu nas eleições de 2006, de 2002, e mesmo na de 1989. E lembra muito as polarizações de um passado mais remoto, como a crise de 1954, que levou ao suicídio de Vargas, e a campanha pró-golpe de 1964.
É diante desta luta feroz que PSTU defende, e talvez o PSOL venha a defender, em termos de coerência lógica, o voto nulo. A soma dos votos obtidos por estes dois partidos no primeiro turno foi aproximadamente 1% do total dos votos válidos. Mas a coerência lógica com o discurso que lhes propiciou tal votação é o motivo para lavar as mãos, soberbamente, diante da luta em que se engalfinharão os outros 99% da população.
Evidentemente, esta lógica é profundamente idealista, metafísica, por que parte do discurso, dos projetos idealizados para o futuro, e ignora a realidade material, a luta objetiva que se desenvolve no momento. Supostamente revolucionária, esta lógica nada tem a ver com o marxismo e o leninismo, que reiteradamente insistem na essencialidade da estratégia e da tática políticas se fundarem nas análises concretas das situações concretas. O absenteísmo é antagônico à política como práxis de enfrentamento das contradições reais da sociedade, tal como se manifestam efetivamente, e só se fundamenta em formulações teóricas abstratas.
Entretanto, isto não significa que o absenteísmo não tenha conseqüências concretas. Tem, porque o absenteísmo não é neutro. Não se vê nenhum militante de extrema direita pregar o voto nulo porque, por exemplo, em seu passado, Serra, tal como Dilma, pertenceu a grupo de resistência à ditadura militar. A propaganda absenteísta não tem a pretensão de convencer partidários de Serra a mudarem de idéia e anular seu voto. Seu alvo são eleitores possivelmente simpáticos a Dilma, mas que tenham divergências em relação ao projeto em andamento.
Mas, afinal, o que vale este pequeno detalhe prático para quem tanto valoriza a coerência do discurso na construção do socialismo ideal? Diante de ideais tão sublimes, que importam as conseqüências imediatas? Bem feito para Dilma, para Lula, para todos aqueles que decepcionaram os defensores do socialismo ideal! Bem feito para a população em geral, que ainda não percebeu a magnificência do ideário socialista, e continua a fiar-se no reformismo, aliás, “melhorismo”!
Este ponto de vista tem sua coerência. Pelo menos para quem não depende de bolsa-família, nem do aumento real de salário mínimo. Para quem não valoriza a criação de empregos neste sujo mundo capitalista. Nem a diminuição das desigualdades regionais. Nem a política externa soberana e pacifista, incluindo os esforços de integração latino-americana. Nem a interrupção das privatizações a toque de caixa e a preço de esterco. Nem o aumento dos investimentos em universidades e em pesquisa. Para quem, enfim, defende um socialismo tão lindo, tão distributivista, tão democrático, tão ecológico, tão ideal, que as humildes conquistas do presente são irrelevantes. Abstraindo, evidentemente, um ou outro infiltrado, que defende o voto nulo de esquerda precisamente pelas conseqüências práticas em favor da direita.
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Em tempo: O texto de polêmica de José Ricardo Figueiredo foi escrito antes da executiva nacional do PSOL aprovar a resolução "Nenhum voto em Serra", liberando seus militantes para o voto crítico em Dilma ou voto nulo.
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Docentes universitários: Serra é o atraso
Reproduzo o "manifesto em defesa da educação pública", que já coletou centenas de assinaturas de professores universitários em todo o país:
Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas.
Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
Os salários da rede pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública.
Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores.
Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.
Fábio Konder Comparato, USP
Carlos Nelson Coutinho, UFRJ
Marilena Chaui, USP
Otávio Velho, UFRJ
Ruy Fausto, USP
João José Reis, UFBA
Joel Birman, UFRJ
Dermeval Saviani, Unicamp
Emilia Viotti da Costa, USP
Renato Ortiz, Unicamp
João Adolfo Hansen, USP
Flora Sussekind, Unirio
Maria Victoria de Mesquita Benevides, USP
Laymert Garcia dos Santos, Unicamp
Franklin Leopoldo e Silva, USP
Ronaldo Vainfas, UFF
Otavio Soares Dulci, UFMG
Theotonio dos Santos, UFF
Wander Melo Miranda, UFMG
Glauco Arbix, USP
Enio Candotti, UFRJ
Luis Fernandes, UFRJ
Ildeu de Castro Moreira, UFRJ
José Castilho de Marques Neto, Unesp
Laura Tavares, UFRJ
Heloisa Fernandes, USP
José Arbex Jr., PUC-SP
Emir Sader, UERJ
Leda Paulani, USP
Luiz Renato Martins, USP
Henrique Carneiro, USP
Antonio Carlos Mazzeo, Unesp
Caio Navarro de Toledo, Unicamp
Celso Frederico, USP
Armando Boito, Unicamp
João Quartim de Moraes, Unicamp
Flavio Aguiar, USP
Wolfgang LeoMaar, UFSCar
Scarlett Marton, USP
Sidney Chalhoub, Unicamp
Léon Kossovitch, USP
Angela Leite Lopes, UFRJ
Benjamin Abdalla Jr., USP
Marcelo Perine, PUC-SP
José Ricardo Ramalho, UFRJ
Celso F. Favaretto, USP
Ivana Bentes, UFRJ
Irene Cardoso, USP
Vladimir Safatle, USP
Peter Pal Pelbart, PUC- SP
Gilberto Bercovici, USP
Consuelo Lins, UFRJ
Afrânio Catani, USP
Liliana Segnini, Unicamp
José Sérgio F. de Carvalho, USP
Eliana Regina de Freitas Dutra, UFMG
Sergio Cardoso, USP
Maria Lygia Quartim de Moraes, Unicamp
Vera da Silva Telles, USP
Juarez Guimarães, UFMG
Ricardo Musse, USP
Sebastião Velasco e Cruz, Unicamp
Maria Ligia Coelho Prado,USP
Federico Neiburg, UFRJ
José Carlos Bruni, USP
Ligia Chiappini, Universidade Livre de Berlim
Sérgio de Carvalho, USP
Marcos Dantas, UFRJ
Luiz Roncari, USP
Giuseppe Cocco, UFRJ
Eleutério Prado, USP
Walquíria Domingues Leão Rego, Unicamp
Marcos Silva, USP
Luís Augusto Fischer, UFRS
Edilson Crema, USP
Rosa Maria Dias, Uerj
José Jeremias de Oliveira Filho, USP
Evando Nascimento, UFJF
Adélia Bezerra de Meneses, Unicamp
Iumna Simon, USP
Elisa Kossovitch, Unicamp
Cilaine Alves Cunha, USP
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Lucilia de Almeida Neves, UnB
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Gil Vicente Reis de Figueiredo, UFSCar
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Jacyntho Lins Brandão, UFMG
Marcio Suzuki, USP
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Francisco Foot Hardman, Unicamp
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Adriano Codato, UFPR
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Ricardo Nascimento Fabbrini, USP
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Zenir Campos Reis, USP
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Christian Ingo Lenz Dunker, USP
João Roberto Martins Filho, UFSCar
Marcus Orione, USP
Carlos Ranulfo, UFMG
Gustavo Venturi, USP
Nelson Cardoso Amaral, UFG
Amaury Cesar Moraes, USP
Silvia de Assis Saes, UFBA
Flavio Campos, USP
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Marta Maria Chagas de Carvalho, USP
Francisco Rüdiger, UFRS
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Nelson Schapochnik, USP
Maria Helena P. T. Machado, USP
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Luiz Recaman, USP
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Marcia Tosta Dias, Unifesp
Paulo Martins, USP
Julio Ambrozio, UFJF
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Francisco Alambert, USP
José Geraldo Silveira Bueno, PUC-SP
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José Luiz Vieira, UFF
Paulo Faria, UFRGS
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Fernando Lourenço, Unicamp
Luiz Carlos Soares, UFF
André Carone, Unifesp
Adriano Scatolin, USP
Richard Simanke, UFSCar
Arlenice Almeida, Unifesp
Miriam Avila, UFMG
Sérgio Salomão Shecaira, USP
Carlos Eduardo Martins, UFRJ
Antonio Albino Canelas Rubim, UFBA.
Eduardo Morettin, USP
Claudio Oliveira, UFF
Eduardo Brandão, USP
Jesus Ranieri, Unicamp
Mayra Laudanna, USP
Aldo Duran, UFU
Luiz Hebeche, UFSC
Adma Muhana, USP
Fábio Durão, Unicamp
Amarilio Ferreira Jr., UFSCar
Marlise Matos, UFMG
Jaime Ginzburg, USP
Emiliano José, UFBA
Ianni Regia Scarcelli, USP
Ivo da Silva Júnior, Unifesp
Mauricio Santana Dias, USP
Adalberto Muller, UFF
Cláudio Oliveira, UFF
Ana Paula Pacheco, USP
Sérgio Alcides, UFMG
Heloisa Buarque de Almeida, USP
Romualdo Pessoa Campos Filho, UFG
Suzana Guerra Albornoz, UNISC/RS
Bento Itamar Borges, UFU
Tânia Pellegrini, UFSCar
Sonia Campaner, PUC-SP
Luiz Damon, UFPR
Eduardo Passos, UFF
Horácio Antunes, UFMA
Laurindo Dias Minhoto, USP
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Rodnei Nascimento, Unifesp
José Paulo Guedes Pinto, UFRRJ
Herculano Campos, UFRN
Adriano de Freixo, UFF
Alexandre Fonseca, UFRJ
Raul Vinhas Ribeiro, Unicamp
Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo, Uerj
Carmen Gabriel, UFRJ
Ana Gonçalves Magalhães, USP
Regina Mennin, Unifesp
Regina Pedroza, UnB
Regina Vinhaes Gracindo, UnB
Elina Pessanha, UFRJ
Elisa Maria Vieira, UFMG
Reinaldo Martiniano, UFMG
Freda Indursky, UFRGS
Frederico Carvalho, UFRJ
Renata Paparelli, PUC-SP
Renato Lima Barbosa, UEL
Antonio Prado, Unicamp
Antonio Teixeira, UFMG
Aparecida Neri de Souza, Unicamp
Ricardo Barbosa de Lima, UFG
Ricardo Kosovski, UNIRIO
Ricardo Mayer, UFAL
Rita Diogo, UERJ
Adalberto Paranhos, UFU
Adalton Franciozo Diniz, PUC-SP
Alcides Fernando Gussi, UFC
Aldo Victorino, UERJ
José Guilherme Ramos, Unincor
Alex Fabiano Jardim, Unimontes
Alexandra Epoglou, UFU
Alexandre Henz, Unifesp
Alfredo Cordiviola, UFPE
Alícia Gonçalves, UFPB
Alita Sá Rego, UERJ
Alvaro Luis Nogueira, CEFET/RJ
Amaury Júnior, UFRJ
Amilcar Pereira, UFRJ
Amon Pinho, UFU
Ana Maira Coutinho, PUC-Minas
Ana Maria Araújo Freire, PUC/SP
Ana Maria Chiarini, UFMG
Ana Maria Doimo, UFMG
Ana Maria Medeiros, UERJ
André Daibert, CEFET/RJ
André Figueiredo, UFRRJ
André Leclerc, UFC
André Martins, UFRJ
André Paulo Castanha, Unioeste
Andrea Franco, PUC-Rio
Andrea Macedo, UFMG
Andrea Silva Ponte, UFPB
Angela Prysthon, UFPE
Angelita Matos Souza, Facamp
Angelita Pereira de Lima, UFG
Aníbal Bragança, UFF
Anita Leandro, UFRJ
Anna Carolina Lo Bianco, UFRJ
Antonio Carlos Lima, UFRJ
Antônio Cristian Saraiva Paiva, UFC
Antonio Justino Ruas Madureira, UFU
Antonio Pinheiro de Queiroz, UnB
Armen Mamigonian, USP
Benito Bisso Schmidt, UFRGS
Benjamin Picado, UFF
Branca Jurema Ponce, PUC/SP
Brasilmar Nunes, UFF
Bruna Dantas, Univ. Cruzeiro do Sul
Bruno Guimarães, UFOP
Carla Dias, UFRJ
Carlos Bauer, Uninove
Carlos José Espíndola, UFSC
Carolina Martins Pulici, Centro Universitário Senac
Cauê Alves, PUC-SP
Celia Rocha Calvo, UFU
César Barreira, UFC
César Nigliorin, UFF
Clara Araujo, UERJ
Clarice Mota, UFAL
Claudinei Silva, Unioeste
Claudio Benedito Baptista Leite, Unifesp
Cláudio DeNipoti, UEPG
Cleber Santos Vieira, Unifesp
Custódia Selma Sena do Amaral, UFG
Daniela Frozi, UERJ
Daniela Weber, FURG
Daniele Nilym, UFC
Dau Bastos, UFRJ
Débora Barreto, UCM
Debora Breder, UCM
Débora Diniz, UnB
Denise Golcalves, UFRJ
Diva Maciel, UnB
Doris Accioly, USP
Doris Rinaldi, Uerj
Douglas Barros, PUC-Campinas
Edgar Gandra, UFPel
Edson Arantes Junior, UEG
Eduardo Sterzi, Faap
Elizabeth Maria Azevedo Bilange, UFMS
Emerson Giumbelli, UFRGS
Ercília Cazarin, Univ. Passo Fundo
Ernesto Perini, UFMG
Eugênio Rezende de Carvalho, UFG
Fabiana de Souza, UFG
Fabiele Stockmans, UFPE
Fábio Franzini, Unifesp
Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues, UFSCar
Fernando Fragozo, UFRJ
Fernando Freitas, UERJ
Fernando Resende, UFF
Fernando Salis, UFRJ
Filipe Ceppas, UFRJ
Flavio Fogliatto, UFRGS
Geísa Matos, UFC
George Lopes Paulino, UFC
Geovane Jacó, UECE
Geraldo Orthof ,UnB
Geraldo Pontes Jr., UERJ
Gesuína Leclerc, UFC
Gilberto Almeida, UFBA
Gilson Iannini, UFOP
Giselle Martins Venancio, UFF
Gizelia Maria da Silva Freitas, UFPA
Graciela Paveti, UFMG
Gustavo Coelho, UERJ
Gustavo Krause, UERJ
Hélio Carlos Miranda de Oliveira, UFU
Hélio Silva, UFSC
Henri Acselrad, UFRJ
Henrique Antoun, UFRJ
José Carlos Prioste, Uerj
José Carlos Rodrigues, PUC – Rio
José Claudinei Lombardi, Unicamp
Henrique Antoun, UFRJ
Henrique de Paiva, Uninove
Humberto Hermenegildo de Araújo, UFRN
Ianni Scarcelli, USP
Irlys Barreira, UFC
Isaurora Cláudia Martins, UVA
Ivan Rodrigues Martin, Unifesp
Izabela Tamaso, UFG
Jackson Aquino, UFC
Jacqueline Girão Lima, UFRJ
Jacqueline O.L. Zago, UFTM
Janete M. Lins de Azevedo, UFPE
Jania Perla Diógenes de Aquino, UFC
Joana Bahia, UERJ
Joelma Albuquerque, UFAL
John Comerford, UFRRJ
Jorge Valadares, Fund Oswaldo Cruz
José Artur Quilici Gonzalez, UFABC
José Lindomar Albuquerque, UNIFESP
José Luiz Ferreira, UFERSA
José Messias Bastos,UFSC
José Otávio Guimarães, UnB
José Ubiratan Delgado, IRD- CNEN
Joziane Ferraz de Assis, UFV
Kátia Paranhos, UFU
Kelen Christina Leite, UFSCar
Laura Feuerwerker, USP
Leandro Lopes Pereira de Melo, Centro Universitário Senac
Simone Wolff, UEL
Solange Ferraz de Lima, USP
Sônia Maria Rodrigues, UFG
Lena Lavinas, UFRJ
Leonardo Daniato, UniFor
Lia Tomas, Unesp
Liliam Faria Porto Borges, UNIOESTE
Lúcia Maria de Assis, UFG
Lucia Pulino, UnB
Luciana Hartmann, UnB
Luciano Mendes de Faria Filho, UFMG
Luciano Rezende, Instituto Federal de Alagoas
Luciano Simão, UFF
Luís Filipe Silvério Lima, Unifesp
Luis Mattei, UFF
Luiz Fábio Paiva, UFAM
Luiz Paulo Colatto, CEFET-RJ
Luiz Sérgio Duarte da Silva, UFG
Madalena Guasco Peixoto, PUC-SP
Marcelo Carcanholo, UFF
Marcelo de Sena, UFMG
Marcelo Martins de Sena, UFMG
Marcelo Paixão, UFRJ
Marcelo Pinheiro, UFU
Marcia Angela Aguiar, UFPE
Marcia Cristina Consolim, Unifesp
Márcia Maria Menendes Motta, UFF
Marcia Maria Motta, UFF
Marcia Paraquett, UFBA
Marcio Galdman, UFRJ
Marco André Feldman Schneider, UFF
Marcos Aurélio da Silva, UFSC
Marcos Barreto, UFRJ
Marcos Cordeiro Pires, Unesp
Marcos Santana de Souza, UFS
Marcus Wolff , UCM
Maria Amélia Dalvi, UFES
Maria Aparecida Leite Soares, Unifesp
Maria Augusta Fonseca, USP
Maria Cristina Batalha, UERJ
Maria Cristina Giorgi, CEFET- RJ
Maria Cristina Volpi, UFRJ
Mônica de Carvalho, PUC-SP
Natalia Reis, UFF
Neide T. Maia González, USP
Nelson Maravalhas, UnB
Nelson Tomazi, UEL
Maria de Fátima Gomes, UFRJ
Maria Fernanda Fernandes, Unifesp
Maria Jacqueline Lima, UFRJ
Maria José Aviz do Rosário, UFPA
Maria José Vale, Unicastelo
Maria Lúcia Homem, FAAP
Maria Lúcia Seidl, UERJ
Maria Luiza de Oliveira, Unifesp
Maria Luiza Heilborn, UERJ
Maria Neyara de Oliveira Araújo, UFC
Maria Rita Aprile, Uniban
María Zulma M. Kulikowski, USP
Mariana Cavalcanti, FGV-RJ
Marisa Bittar, UFSCar
Markus Lasch, Unifesp
Marlon Salomon, UFG
Marly Vianna, UFSCar
Márnio Pinto, UFSC
Marta Peres, UFRJ
Marta Pinheiro, UFRJ
Mary Castro, UCSal
Miroslav Milovic, UnB
Edson Arantes Jr., UERJ
Moema Rebouças, UFES
Monica Alvim, UFRJ
Monica Bruckmann, UFRJ
Nereide Saviani, Unisantos
Neusa Maria Dal Ri, Unesp
Nina Leite, Unicamp
Nise Jinkings, UFSC
Nora Krawczyk, Unicamp
Olga Cabrera, UFG
Olgamir Amancia Ferreira de Paiva, UnB
Ovídio de Abreu, UFF
Patrícia Reinheimer, UFRRJ
Patrícia Sampaio, UFAM
Paulino José Orso, Unioeste
Paulo Bernardo Ferreira Vaz, UFMG
Paulo Machado, UFSC
Paulo Pinheiro Machado, UFSC
Paulo Roberto de Almeida, UFU
Rafael Haddock-Lobo, UFRJ
Ramón Fernandez, FGV-SP
Raul Pacheco Filho, PUC-SP
Rita Schmidt, UFRGS
Robespierre de Oliveira, UEM
Rodrigo Nobile, UERJ
Rogério Medeiros, UFRJ
Ronaldo Gaspar, Unicastelo
Rosana C. Zanelatto Santos, UFMS
Rosana Costa, UFRJ
Rosemary de Oliveira Almeida, UECE
Sabrina Moehlecke, UFRJ
Sara Rojo, UFMG
Sarita Albagli, UFRJ
Sidnei Casetto, Unifesp
Silviane Barbato, UnB
Silvio Costa, PUC/GO
Simone Michelin, UFRJ
Suzzana Alice Lima Almeida, UNEB
Sylvia Novaes, USP
Tadeu Alencar Arrais, UFG
Tadeu Capistrano, UFRJ
Tania Rivera, UnB
Tatiana Roque, UFRJ
Telma Maria Gonçalves Menicucci, UFMG
Tercio Redondo, USP
Théo Lobarinhas Piñeiro, UFF
Tomaz Aroldo Santos, UFMG
Valdemar Sguissardi, UFSCar
Vera Chuelli, UFPR
Vera Figueiredo, PUC-Rio
Victor Hugo Pereira, UERJ
Viviane Veras, Unicamp
Volnei Garrafa, UnB
Wagner da Silva Teixeira, UFTM
Waldir Beividas, USP
Wilson Correia, UFRB
Adriano de Freixo, Universidade Federal Fluminense
Andre Gunder Frank, UFF
Flávia Nascimento, UNESP
Graziela Serroni Perosa, EACH/USP
Gustavo Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Helena Esser dos Reis, UFG
Jaime Rodrigues, Universidade Federal de São Paulo/Unifesp
Jaqueline Kalmus, UniFIEO
Joana Ziller – Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP
Juliana Tavares, IFF
Luis Guilherme Galeão da Silva, USP
Luiz Mariano Carvalho, UERJ
Maria Margareth de Lima, UFPB
Maria Waldenez de Oliveira, UFSCAR
Nelson Schapochnik, USP
Paulo Rodrigues Belém, PUC/Rio de Janeiro
Rita Fagundes, UFS
Tercio Loureiro Redondo, USP
Valéria Vasconcelos, UNIUBE/MG
Ana Paula Cantelli Castro, Universidade Federal do Piauí/UFP
Hélio Lemos Sôlha – Professor, UNICAMP
Pedro C. Chadarevian, UFSCAR
Ivaldo Pontes Filho, UFPE
Ricardo Summa, UFRRJ
Ernesto Salles, UFF
Sidney Calheiros de Lima, USP
Claudia Moraes de Souza, Unesp/Marília
Estêvão Martins Palitot, Universidade Federal da Paraíba/UFB
Lilian Sagio Cezar, USP
Gislene Aparecida dos Santos, EACH – USP
Eliézer Cardoso de Oliveira, Universidade Estadual de Goiás
Luiz Menna-Barreto, EACH/USP
Raquel Alvarenga Sena Venera, UFSC
Aida Marques, Universidade Federal Fluminense
Cleria Botelho da Costa, UnB
Ernestina Gomes de Oliveira, Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira
Kátia Menezes de Sousa, Universidade Federal de Goiás
Aluizio Moreira, UFCG
Luiz Gonzaga Godoi Trigo, EACH/USP
Lucas Bleicher, UFMG
Luiz Carlos Seixas, FMU e UniFIEO
Giane da Silva Mariano Lessa, UFRRJ
George Gomes Coutinho, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Walter Andrade, Fundação Padre Albino
Antonio Torres Montenegro, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Regina Beatriz Guimarães Neto, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Enilce Albergaria Rocha, Universidade Federal de Juiz de Fora
Reinaldo Salvitti, USP
Vania Noeli Ferreira de Assunção, PUC/SP
José Arlindo dos Santos, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS
Jose Carlos Vaz, USP
Marisa Midori Deaecto, USP
Luiz Cruz Lima, Universidade Estadual do Ceará/UECE
Maria do Carmo Lessa Guimarães, Universidade Federal da Bahia/UFBA
Ebe Maria de Lima Siqueira, Universidade Estadual de Goiás/UnU
Alexei Alves de Queiroz, UnB
Francisco Mazzeu, Unesp
Cláudia Regina Vargas, UFSCAR
Fábio Ferreira de Almeida, Universidade Federal de Goiás
Celso Kraemer, Universidade Regional de Blumenau
Gladys Rocha, UFMG
Murilo César Ramos, UnB
Deolinda Freire, Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Corinta Maria Grisolia Geraldi, UNICAMP
João Wanderley Geraldi, UNICAMP
Durval Muniz de Albuquerque Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rafael Sanzio, UnB
Sônia Selene Baçal de Oliveira, Universidade Federal do Amazonas/UFAM
Arlindo da Silva Lourenço, Uniban
Izabel Cristina dos Santos Teixeira, UFT/Araguaína
Glaucíria Mota Brasil, Universiade Estadual do Ceará
Alícia Ferreira Gonçalves, UFPB
Francisco Alves, UFSCar
Luiz Armando Bagolin, USP
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Paula Glenadel, UFF
Lana Ferreira de Lima, Universidade Federal de Goiás/UFG
Karina Chianca Venâncio, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Surya Aaronovich Pombo de Barros, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Fausto Fuser, USP
Silvia Beatriz Adoue, UNESP/Araraquara
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Iram Jácome Rodrigues, USP
Sílvio Camargo, Unicamp
Fernando Nogueira da Costa, Unicamp
Mariana Cassab, UFRJ
Suzana Guerra Albornoz, FURG/Rio Grande e UNISC/RS
Alexandre Abda, FAP/SP
José Edvar Costa de Araújo, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Gabriel Almeida Antunes Rossini, PUC/SP
Cláudio Oliveira, Universidade Federal Fluminense/UFF
Aixa Teresinha Melo de Oliveira, CEFET/RJ – UnED/Petrópolis
Flávio Rocha de Oliveira, FESP/SP
Viviane Conceição Antunes Lima, UFRRJ
Rita Maskell Rapold, UNEB
Valter Duarte Ferreira Filho, UERJ e UFRJ
Romeu Adriano da Silva, Universidade Federal de Alfenas
Paulo Cesar Azevedo Ribeiro, Universidade Estácio de Sá
Andréa Lisly Gonçalves, Universidade Federal de Ouro Preto
Álvaro Luis Martins de Almeida Nogueira, Cefet
Welerson Fernandes Kneipp, Cefet
Jarlene Rodrigues Reis, Cefet
André Barcelos Damasceno Daibert, Cefet
Luiz Antonio Mousinho Magalhães, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Maria Cristina Cortez Wissenbach, USP
Denise Helena P.Laranjeira, Universidade Estadual de Feira de Santana
Magnus Roberto de Mello Pereira, Universidade Federal do Paraná/UFPR
Ricardo Cardoso Paschoal, CEFET/RJ
Luciano dos Santos Bersot, UFPR
Sérgio de Paula Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Antônio Alberto Machado, Unesp/Franca-SP
Sérgio Ricardo de Souza, CEFET/MG
Angela Thalassa, Faculdade de Arujá / IESA
Débora C. Piotto, USP
Marcelo Parizzi Marques Fonseca, UFSJ
Carlos Augusto de Castro Bastos, Universidade Federal do Amapá
Carina Inserra Bernini, Centro Universitário FIEO
Marta Costa, USP
Ana Paula Hey, USP
Angela Maria Carneiro Araújo, UNICAMP
Ignacio Godinho Delgado, Universidade Federal de Juiz de Fora
Otávio Luís de Santana, UFCG
Vladmir Agostini, UFSJ
Roberto de Barros Faria, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Sônia Maria Rocha Sampaio, UFBA
Anderson Pires, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
Wilma Ferreira de Jesus, Faculdade Católica de Uberlândia
Antonio José de Almeida Meirelles, Unicamp
José Ademir Sales de Lima, USP
Ileizi Fiorelli Silva, UEL
Ana Fernandes, UFBA
Léo Carrer Nogueira, Universidade Estadual de Goiás
Regina Ilka Vieira Vasconcelos, UFU
Dilmar Santos de Miranda, UFC
Consiglia Latorre, UFC
Cláudia Maria Ribeiro Viscardi, Universidade Federal de Juiz de Fora
Sérgio Henriques Saraiva, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Dolores Aronovich Aguero, Universidade Federal do Ceará
Attila Louzada, Universidade Federal do Rio Grande
Rogério Bitarelli Medeiros, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Rodney Werke, Unisul
Bruno Mendonça da Silva, Universidade Católica de Pernambuco
Ricardo Oliveira, UFRRJ
Hudson Costa Gonçalves da Cruz, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Maurício Vieira Martins, Universidade Federal Fluminense
Mário Tadeu Siqueira Barros, UECE/Universidade Estadual do Ceará
Flavio Galib, UNICAMP e UNIMEP/SP
Maria Amalia Andery, PUC/SP
Bruno Capanema, USP e UnB
José da Cruz Bispo de Miranda, UESPI
Marcos Olender, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
Simone Nacaguma, FACAMP/SP
Sônia Maria Aranha Rodrigues de Andrade, Faculdade Anhanguera
Carlos Eduardo O. Berriel, Unicamp
Yêda Maria da Costa Lima Varlotta, UMC/SP
Flávia de Mattos Motta, Universidade Estadual de Santa Catarina/USC
Maria Conceição Maciel Filgueira, Universidade Est. do Rio Grande do Norte
Robson Laverdi, UNIOESTE
Glícia Pontes, Universidade Federal do Ceará
Sebastião Faustino Pereira Filho, UFRN
Roberto Hugo Bielschowsky, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Américo Tristão Bernardes, Universidade Federal de Ouro Preto
Telma Ferraz Leal, Universidade Federal de Pernambuco
Cristiane Kerches da Silva Leite, USP
Vivian Urquidi, USP
Adriana Duarte, UFMG
Alexandre Fortes, UFRRJ
Carmelita Brito de Freitas Felício, Universidade Federal de Goiás
Nésio Antônio Moreira Teixeira de Barros, UFRN
Luiz Gustavo Santos Cota, Faculdade de Ciências Humanas do Vale do Piranga/MG
Clóvis Alencar Butzge, Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS/PR
Débora Cristina Morato Pinto, UFSCar
Márcia Marques, UnB
Antonio Carlos Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Ricardo Brauer Vigoderis, UFRPE/UAG
Maria Luiza Scher Pereira, UFJF
Terezinha Maria Scher Pereira, UFJF
Débora El-Jaick Andrade, Universidade Federal Fluminense
Clinio de Oliveira Amaral, UFRRJ
Cláudia Regina Andrade dos Santos, UNIRIO/UFRJ
Ulises Simon da Silveira, Univ. Est.Mato Grosso do Sul/UEMS
Fabrizio Guinzani, Unesc/SC
Ana Elizabeth Albuquerque Maia, Universidade Federal do Ceará/UFC
Pedro Germano Leal, UFRN e University of Glasgow
Dimas Enéas Soares Ferreira, FUPAC, IPTAN e EPCAR
Geraldo Moreira Prado, Estácio de Sá e UNIRIO
José Luiz Aidar Prado, PUC/SP
Maria Elaine Kohlsdorf, Universidade de Brasília/UnB
Everaldo Carlos Venâncio, Universidade Federal do ABC/SP
Cláudia Souza Leitão, Universidade Estadual do Ceará/UEC
Lídia Santos, profa. de Literatura Brasileira na Univ. da Cidade de New York, NY, EUA
Sonia Maria Guedes Gondim, Universidade Federal da Bahia/UFBA
José Clécio B. Quesado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Micheli Dantas Soares, UFBA
Marcelo Milan, University of Wisconsin Parkside
Daniela Canella, Universidade Federal de Goiás/UFG
Elisabete de Sousa Otero, UFRGS
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Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas.
Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
Os salários da rede pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública.
Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores.
Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.
Fábio Konder Comparato, USP
Carlos Nelson Coutinho, UFRJ
Marilena Chaui, USP
Otávio Velho, UFRJ
Ruy Fausto, USP
João José Reis, UFBA
Joel Birman, UFRJ
Dermeval Saviani, Unicamp
Emilia Viotti da Costa, USP
Renato Ortiz, Unicamp
João Adolfo Hansen, USP
Flora Sussekind, Unirio
Maria Victoria de Mesquita Benevides, USP
Laymert Garcia dos Santos, Unicamp
Franklin Leopoldo e Silva, USP
Ronaldo Vainfas, UFF
Otavio Soares Dulci, UFMG
Theotonio dos Santos, UFF
Wander Melo Miranda, UFMG
Glauco Arbix, USP
Enio Candotti, UFRJ
Luis Fernandes, UFRJ
Ildeu de Castro Moreira, UFRJ
José Castilho de Marques Neto, Unesp
Laura Tavares, UFRJ
Heloisa Fernandes, USP
José Arbex Jr., PUC-SP
Emir Sader, UERJ
Leda Paulani, USP
Luiz Renato Martins, USP
Henrique Carneiro, USP
Antonio Carlos Mazzeo, Unesp
Caio Navarro de Toledo, Unicamp
Celso Frederico, USP
Armando Boito, Unicamp
João Quartim de Moraes, Unicamp
Flavio Aguiar, USP
Wolfgang LeoMaar, UFSCar
Scarlett Marton, USP
Sidney Chalhoub, Unicamp
Léon Kossovitch, USP
Angela Leite Lopes, UFRJ
Benjamin Abdalla Jr., USP
Marcelo Perine, PUC-SP
José Ricardo Ramalho, UFRJ
Celso F. Favaretto, USP
Ivana Bentes, UFRJ
Irene Cardoso, USP
Vladimir Safatle, USP
Peter Pal Pelbart, PUC- SP
Gilberto Bercovici, USP
Consuelo Lins, UFRJ
Afrânio Catani, USP
Liliana Segnini, Unicamp
José Sérgio F. de Carvalho, USP
Eliana Regina de Freitas Dutra, UFMG
Sergio Cardoso, USP
Maria Lygia Quartim de Moraes, Unicamp
Vera da Silva Telles, USP
Juarez Guimarães, UFMG
Ricardo Musse, USP
Sebastião Velasco e Cruz, Unicamp
Maria Ligia Coelho Prado,USP
Federico Neiburg, UFRJ
José Carlos Bruni, USP
Ligia Chiappini, Universidade Livre de Berlim
Sérgio de Carvalho, USP
Marcos Dantas, UFRJ
Luiz Roncari, USP
Giuseppe Cocco, UFRJ
Eleutério Prado, USP
Walquíria Domingues Leão Rego, Unicamp
Marcos Silva, USP
Luís Augusto Fischer, UFRS
Edilson Crema, USP
Rosa Maria Dias, Uerj
José Jeremias de Oliveira Filho, USP
Evando Nascimento, UFJF
Adélia Bezerra de Meneses, Unicamp
Iumna Simon, USP
Elisa Kossovitch, Unicamp
Cilaine Alves Cunha, USP
Ladislau Dowbor, PUC-SP
Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos, USP
Lucilia de Almeida Neves, UnB
Bernardo Ricupero, USP
Gil Vicente Reis de Figueiredo, UFSCar
Lincoln Secco, USP
Jacyntho Lins Brandão, UFMG
Marcio Suzuki, USP
José Camilo Pena, PUC-RJ
Joaquim Alves de Aguiar, USP
Eugenio Maria de França Ramos, Unesp
Alessandro Octaviani, USP
Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida, PUC-SP
Mauro Zilbovicius, USP
Rodrigo Duarte, UFMG
Jorge Luiz Souto Maior, USP
Francisco Foot Hardman, Unicamp
Paulo Nakatani, UFES
Helder Garmes, USP
Marly de A. G. Vianna, UFSCar
Maria Lúcia Montes, USP
Adriano Codato, UFPR
Ana Fani Alessandri Carlos, USP
Denilson Lopes, UFRJ
Ricardo Nascimento Fabbrini, USP
Paulo Silveira, USP
Ernani Chaves, UFPA
Mario Sergio Salerno, USP
Evelina Dagnino, Unicamp
Zenir Campos Reis, USP
Marcos Siscar, Unicamp
Sean Purdy, USP
Liv Sovik, UFRJ
Christian Ingo Lenz Dunker, USP
João Roberto Martins Filho, UFSCar
Marcus Orione, USP
Carlos Ranulfo, UFMG
Gustavo Venturi, USP
Nelson Cardoso Amaral, UFG
Amaury Cesar Moraes, USP
Silvia de Assis Saes, UFBA
Flavio Campos, USP
Anselmo Pessoa Neto, UFG
Vinicius Berlendis de Figueiredo, UFPR
Marta Maria Chagas de Carvalho, USP
Francisco Rüdiger, UFRS
Maria Augusta da Costa Vieira, USP
Rubem Murilo Leão Rego, Unicamp
Nelson Schapochnik, USP
Maria Helena P. T. Machado, USP
Elyeser Szturm, UnB
Luiz Recaman, USP
Reginaldo Moraes, Unicamp
Iram Jácome Rodrigues, USP
Alysson Mascaro, USP
Roberto Grun, UFSCar
Paulo Benevides Soares, USP
Edson de Sousa, UFRGS
Analice Palombini, UFRS
Márcia Cavalcante Schuback, UFRJ
Luciano Elia, Uerj
Marcia Tosta Dias, Unifesp
Paulo Martins, USP
Julio Ambrozio, UFJF
Salete de Almeida Cara, USP
Oto Araujo Vale, UFSCar
Iris Kantor, USP
João Emanuel, UFRN
Francisco Alambert, USP
José Geraldo Silveira Bueno, PUC-SP
Marta Kawano, USP
José Luiz Vieira, UFF
Paulo Faria, UFRGS
Ricardo Basbaum, Uerj
Fernando Lourenço, Unicamp
Luiz Carlos Soares, UFF
André Carone, Unifesp
Adriano Scatolin, USP
Richard Simanke, UFSCar
Arlenice Almeida, Unifesp
Miriam Avila, UFMG
Sérgio Salomão Shecaira, USP
Carlos Eduardo Martins, UFRJ
Antonio Albino Canelas Rubim, UFBA.
Eduardo Morettin, USP
Claudio Oliveira, UFF
Eduardo Brandão, USP
Jesus Ranieri, Unicamp
Mayra Laudanna, USP
Aldo Duran, UFU
Luiz Hebeche, UFSC
Adma Muhana, USP
Fábio Durão, Unicamp
Amarilio Ferreira Jr., UFSCar
Marlise Matos, UFMG
Jaime Ginzburg, USP
Emiliano José, UFBA
Ianni Regia Scarcelli, USP
Ivo da Silva Júnior, Unifesp
Mauricio Santana Dias, USP
Adalberto Muller, UFF
Cláudio Oliveira, UFF
Ana Paula Pacheco, USP
Sérgio Alcides, UFMG
Heloisa Buarque de Almeida, USP
Romualdo Pessoa Campos Filho, UFG
Suzana Guerra Albornoz, UNISC/RS
Bento Itamar Borges, UFU
Tânia Pellegrini, UFSCar
Sonia Campaner, PUC-SP
Luiz Damon, UFPR
Eduardo Passos, UFF
Horácio Antunes, UFMA
Laurindo Dias Minhoto, USP
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Rodnei Nascimento, Unifesp
José Paulo Guedes Pinto, UFRRJ
Herculano Campos, UFRN
Adriano de Freixo, UFF
Alexandre Fonseca, UFRJ
Raul Vinhas Ribeiro, Unicamp
Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo, Uerj
Carmen Gabriel, UFRJ
Ana Gonçalves Magalhães, USP
Regina Mennin, Unifesp
Regina Pedroza, UnB
Regina Vinhaes Gracindo, UnB
Elina Pessanha, UFRJ
Elisa Maria Vieira, UFMG
Reinaldo Martiniano, UFMG
Freda Indursky, UFRGS
Frederico Carvalho, UFRJ
Renata Paparelli, PUC-SP
Renato Lima Barbosa, UEL
Antonio Prado, Unicamp
Antonio Teixeira, UFMG
Aparecida Neri de Souza, Unicamp
Ricardo Barbosa de Lima, UFG
Ricardo Kosovski, UNIRIO
Ricardo Mayer, UFAL
Rita Diogo, UERJ
Adalberto Paranhos, UFU
Adalton Franciozo Diniz, PUC-SP
Alcides Fernando Gussi, UFC
Aldo Victorino, UERJ
José Guilherme Ramos, Unincor
Alex Fabiano Jardim, Unimontes
Alexandra Epoglou, UFU
Alexandre Henz, Unifesp
Alfredo Cordiviola, UFPE
Alícia Gonçalves, UFPB
Alita Sá Rego, UERJ
Alvaro Luis Nogueira, CEFET/RJ
Amaury Júnior, UFRJ
Amilcar Pereira, UFRJ
Amon Pinho, UFU
Ana Maira Coutinho, PUC-Minas
Ana Maria Araújo Freire, PUC/SP
Ana Maria Chiarini, UFMG
Ana Maria Doimo, UFMG
Ana Maria Medeiros, UERJ
André Daibert, CEFET/RJ
André Figueiredo, UFRRJ
André Leclerc, UFC
André Martins, UFRJ
André Paulo Castanha, Unioeste
Andrea Franco, PUC-Rio
Andrea Macedo, UFMG
Andrea Silva Ponte, UFPB
Angela Prysthon, UFPE
Angelita Matos Souza, Facamp
Angelita Pereira de Lima, UFG
Aníbal Bragança, UFF
Anita Leandro, UFRJ
Anna Carolina Lo Bianco, UFRJ
Antonio Carlos Lima, UFRJ
Antônio Cristian Saraiva Paiva, UFC
Antonio Justino Ruas Madureira, UFU
Antonio Pinheiro de Queiroz, UnB
Armen Mamigonian, USP
Benito Bisso Schmidt, UFRGS
Benjamin Picado, UFF
Branca Jurema Ponce, PUC/SP
Brasilmar Nunes, UFF
Bruna Dantas, Univ. Cruzeiro do Sul
Bruno Guimarães, UFOP
Carla Dias, UFRJ
Carlos Bauer, Uninove
Carlos José Espíndola, UFSC
Carolina Martins Pulici, Centro Universitário Senac
Cauê Alves, PUC-SP
Celia Rocha Calvo, UFU
César Barreira, UFC
César Nigliorin, UFF
Clara Araujo, UERJ
Clarice Mota, UFAL
Claudinei Silva, Unioeste
Claudio Benedito Baptista Leite, Unifesp
Cláudio DeNipoti, UEPG
Cleber Santos Vieira, Unifesp
Custódia Selma Sena do Amaral, UFG
Daniela Frozi, UERJ
Daniela Weber, FURG
Daniele Nilym, UFC
Dau Bastos, UFRJ
Débora Barreto, UCM
Debora Breder, UCM
Débora Diniz, UnB
Denise Golcalves, UFRJ
Diva Maciel, UnB
Doris Accioly, USP
Doris Rinaldi, Uerj
Douglas Barros, PUC-Campinas
Edgar Gandra, UFPel
Edson Arantes Junior, UEG
Eduardo Sterzi, Faap
Elizabeth Maria Azevedo Bilange, UFMS
Emerson Giumbelli, UFRGS
Ercília Cazarin, Univ. Passo Fundo
Ernesto Perini, UFMG
Eugênio Rezende de Carvalho, UFG
Fabiana de Souza, UFG
Fabiele Stockmans, UFPE
Fábio Franzini, Unifesp
Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues, UFSCar
Fernando Fragozo, UFRJ
Fernando Freitas, UERJ
Fernando Resende, UFF
Fernando Salis, UFRJ
Filipe Ceppas, UFRJ
Flavio Fogliatto, UFRGS
Geísa Matos, UFC
George Lopes Paulino, UFC
Geovane Jacó, UECE
Geraldo Orthof ,UnB
Geraldo Pontes Jr., UERJ
Gesuína Leclerc, UFC
Gilberto Almeida, UFBA
Gilson Iannini, UFOP
Giselle Martins Venancio, UFF
Gizelia Maria da Silva Freitas, UFPA
Graciela Paveti, UFMG
Gustavo Coelho, UERJ
Gustavo Krause, UERJ
Hélio Carlos Miranda de Oliveira, UFU
Hélio Silva, UFSC
Henri Acselrad, UFRJ
Henrique Antoun, UFRJ
José Carlos Prioste, Uerj
José Carlos Rodrigues, PUC – Rio
José Claudinei Lombardi, Unicamp
Henrique Antoun, UFRJ
Henrique de Paiva, Uninove
Humberto Hermenegildo de Araújo, UFRN
Ianni Scarcelli, USP
Irlys Barreira, UFC
Isaurora Cláudia Martins, UVA
Ivan Rodrigues Martin, Unifesp
Izabela Tamaso, UFG
Jackson Aquino, UFC
Jacqueline Girão Lima, UFRJ
Jacqueline O.L. Zago, UFTM
Janete M. Lins de Azevedo, UFPE
Jania Perla Diógenes de Aquino, UFC
Joana Bahia, UERJ
Joelma Albuquerque, UFAL
John Comerford, UFRRJ
Jorge Valadares, Fund Oswaldo Cruz
José Artur Quilici Gonzalez, UFABC
José Lindomar Albuquerque, UNIFESP
José Luiz Ferreira, UFERSA
José Messias Bastos,UFSC
José Otávio Guimarães, UnB
José Ubiratan Delgado, IRD- CNEN
Joziane Ferraz de Assis, UFV
Kátia Paranhos, UFU
Kelen Christina Leite, UFSCar
Laura Feuerwerker, USP
Leandro Lopes Pereira de Melo, Centro Universitário Senac
Simone Wolff, UEL
Solange Ferraz de Lima, USP
Sônia Maria Rodrigues, UFG
Lena Lavinas, UFRJ
Leonardo Daniato, UniFor
Lia Tomas, Unesp
Liliam Faria Porto Borges, UNIOESTE
Lúcia Maria de Assis, UFG
Lucia Pulino, UnB
Luciana Hartmann, UnB
Luciano Mendes de Faria Filho, UFMG
Luciano Rezende, Instituto Federal de Alagoas
Luciano Simão, UFF
Luís Filipe Silvério Lima, Unifesp
Luis Mattei, UFF
Luiz Fábio Paiva, UFAM
Luiz Paulo Colatto, CEFET-RJ
Luiz Sérgio Duarte da Silva, UFG
Madalena Guasco Peixoto, PUC-SP
Marcelo Carcanholo, UFF
Marcelo de Sena, UFMG
Marcelo Martins de Sena, UFMG
Marcelo Paixão, UFRJ
Marcelo Pinheiro, UFU
Marcia Angela Aguiar, UFPE
Marcia Cristina Consolim, Unifesp
Márcia Maria Menendes Motta, UFF
Marcia Maria Motta, UFF
Marcia Paraquett, UFBA
Marcio Galdman, UFRJ
Marco André Feldman Schneider, UFF
Marcos Aurélio da Silva, UFSC
Marcos Barreto, UFRJ
Marcos Cordeiro Pires, Unesp
Marcos Santana de Souza, UFS
Marcus Wolff , UCM
Maria Amélia Dalvi, UFES
Maria Aparecida Leite Soares, Unifesp
Maria Augusta Fonseca, USP
Maria Cristina Batalha, UERJ
Maria Cristina Giorgi, CEFET- RJ
Maria Cristina Volpi, UFRJ
Mônica de Carvalho, PUC-SP
Natalia Reis, UFF
Neide T. Maia González, USP
Nelson Maravalhas, UnB
Nelson Tomazi, UEL
Maria de Fátima Gomes, UFRJ
Maria Fernanda Fernandes, Unifesp
Maria Jacqueline Lima, UFRJ
Maria José Aviz do Rosário, UFPA
Maria José Vale, Unicastelo
Maria Lúcia Homem, FAAP
Maria Lúcia Seidl, UERJ
Maria Luiza de Oliveira, Unifesp
Maria Luiza Heilborn, UERJ
Maria Neyara de Oliveira Araújo, UFC
Maria Rita Aprile, Uniban
María Zulma M. Kulikowski, USP
Mariana Cavalcanti, FGV-RJ
Marisa Bittar, UFSCar
Markus Lasch, Unifesp
Marlon Salomon, UFG
Marly Vianna, UFSCar
Márnio Pinto, UFSC
Marta Peres, UFRJ
Marta Pinheiro, UFRJ
Mary Castro, UCSal
Miroslav Milovic, UnB
Edson Arantes Jr., UERJ
Moema Rebouças, UFES
Monica Alvim, UFRJ
Monica Bruckmann, UFRJ
Nereide Saviani, Unisantos
Neusa Maria Dal Ri, Unesp
Nina Leite, Unicamp
Nise Jinkings, UFSC
Nora Krawczyk, Unicamp
Olga Cabrera, UFG
Olgamir Amancia Ferreira de Paiva, UnB
Ovídio de Abreu, UFF
Patrícia Reinheimer, UFRRJ
Patrícia Sampaio, UFAM
Paulino José Orso, Unioeste
Paulo Bernardo Ferreira Vaz, UFMG
Paulo Machado, UFSC
Paulo Pinheiro Machado, UFSC
Paulo Roberto de Almeida, UFU
Rafael Haddock-Lobo, UFRJ
Ramón Fernandez, FGV-SP
Raul Pacheco Filho, PUC-SP
Rita Schmidt, UFRGS
Robespierre de Oliveira, UEM
Rodrigo Nobile, UERJ
Rogério Medeiros, UFRJ
Ronaldo Gaspar, Unicastelo
Rosana C. Zanelatto Santos, UFMS
Rosana Costa, UFRJ
Rosemary de Oliveira Almeida, UECE
Sabrina Moehlecke, UFRJ
Sara Rojo, UFMG
Sarita Albagli, UFRJ
Sidnei Casetto, Unifesp
Silviane Barbato, UnB
Silvio Costa, PUC/GO
Simone Michelin, UFRJ
Suzzana Alice Lima Almeida, UNEB
Sylvia Novaes, USP
Tadeu Alencar Arrais, UFG
Tadeu Capistrano, UFRJ
Tania Rivera, UnB
Tatiana Roque, UFRJ
Telma Maria Gonçalves Menicucci, UFMG
Tercio Redondo, USP
Théo Lobarinhas Piñeiro, UFF
Tomaz Aroldo Santos, UFMG
Valdemar Sguissardi, UFSCar
Vera Chuelli, UFPR
Vera Figueiredo, PUC-Rio
Victor Hugo Pereira, UERJ
Viviane Veras, Unicamp
Volnei Garrafa, UnB
Wagner da Silva Teixeira, UFTM
Waldir Beividas, USP
Wilson Correia, UFRB
Adriano de Freixo, Universidade Federal Fluminense
Andre Gunder Frank, UFF
Flávia Nascimento, UNESP
Graziela Serroni Perosa, EACH/USP
Gustavo Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Helena Esser dos Reis, UFG
Jaime Rodrigues, Universidade Federal de São Paulo/Unifesp
Jaqueline Kalmus, UniFIEO
Joana Ziller – Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP
Juliana Tavares, IFF
Luis Guilherme Galeão da Silva, USP
Luiz Mariano Carvalho, UERJ
Maria Margareth de Lima, UFPB
Maria Waldenez de Oliveira, UFSCAR
Nelson Schapochnik, USP
Paulo Rodrigues Belém, PUC/Rio de Janeiro
Rita Fagundes, UFS
Tercio Loureiro Redondo, USP
Valéria Vasconcelos, UNIUBE/MG
Ana Paula Cantelli Castro, Universidade Federal do Piauí/UFP
Hélio Lemos Sôlha – Professor, UNICAMP
Pedro C. Chadarevian, UFSCAR
Ivaldo Pontes Filho, UFPE
Ricardo Summa, UFRRJ
Ernesto Salles, UFF
Sidney Calheiros de Lima, USP
Claudia Moraes de Souza, Unesp/Marília
Estêvão Martins Palitot, Universidade Federal da Paraíba/UFB
Lilian Sagio Cezar, USP
Gislene Aparecida dos Santos, EACH – USP
Eliézer Cardoso de Oliveira, Universidade Estadual de Goiás
Luiz Menna-Barreto, EACH/USP
Raquel Alvarenga Sena Venera, UFSC
Aida Marques, Universidade Federal Fluminense
Cleria Botelho da Costa, UnB
Ernestina Gomes de Oliveira, Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira
Kátia Menezes de Sousa, Universidade Federal de Goiás
Aluizio Moreira, UFCG
Luiz Gonzaga Godoi Trigo, EACH/USP
Lucas Bleicher, UFMG
Luiz Carlos Seixas, FMU e UniFIEO
Giane da Silva Mariano Lessa, UFRRJ
George Gomes Coutinho, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Walter Andrade, Fundação Padre Albino
Antonio Torres Montenegro, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Regina Beatriz Guimarães Neto, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Enilce Albergaria Rocha, Universidade Federal de Juiz de Fora
Reinaldo Salvitti, USP
Vania Noeli Ferreira de Assunção, PUC/SP
José Arlindo dos Santos, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS
Jose Carlos Vaz, USP
Marisa Midori Deaecto, USP
Luiz Cruz Lima, Universidade Estadual do Ceará/UECE
Maria do Carmo Lessa Guimarães, Universidade Federal da Bahia/UFBA
Ebe Maria de Lima Siqueira, Universidade Estadual de Goiás/UnU
Alexei Alves de Queiroz, UnB
Francisco Mazzeu, Unesp
Cláudia Regina Vargas, UFSCAR
Fábio Ferreira de Almeida, Universidade Federal de Goiás
Celso Kraemer, Universidade Regional de Blumenau
Gladys Rocha, UFMG
Murilo César Ramos, UnB
Deolinda Freire, Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Corinta Maria Grisolia Geraldi, UNICAMP
João Wanderley Geraldi, UNICAMP
Durval Muniz de Albuquerque Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rafael Sanzio, UnB
Sônia Selene Baçal de Oliveira, Universidade Federal do Amazonas/UFAM
Arlindo da Silva Lourenço, Uniban
Izabel Cristina dos Santos Teixeira, UFT/Araguaína
Glaucíria Mota Brasil, Universiade Estadual do Ceará
Alícia Ferreira Gonçalves, UFPB
Francisco Alves, UFSCar
Luiz Armando Bagolin, USP
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Paula Glenadel, UFF
Lana Ferreira de Lima, Universidade Federal de Goiás/UFG
Karina Chianca Venâncio, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Surya Aaronovich Pombo de Barros, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Fausto Fuser, USP
Silvia Beatriz Adoue, UNESP/Araraquara
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Iram Jácome Rodrigues, USP
Sílvio Camargo, Unicamp
Fernando Nogueira da Costa, Unicamp
Mariana Cassab, UFRJ
Suzana Guerra Albornoz, FURG/Rio Grande e UNISC/RS
Alexandre Abda, FAP/SP
José Edvar Costa de Araújo, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Gabriel Almeida Antunes Rossini, PUC/SP
Cláudio Oliveira, Universidade Federal Fluminense/UFF
Aixa Teresinha Melo de Oliveira, CEFET/RJ – UnED/Petrópolis
Flávio Rocha de Oliveira, FESP/SP
Viviane Conceição Antunes Lima, UFRRJ
Rita Maskell Rapold, UNEB
Valter Duarte Ferreira Filho, UERJ e UFRJ
Romeu Adriano da Silva, Universidade Federal de Alfenas
Paulo Cesar Azevedo Ribeiro, Universidade Estácio de Sá
Andréa Lisly Gonçalves, Universidade Federal de Ouro Preto
Álvaro Luis Martins de Almeida Nogueira, Cefet
Welerson Fernandes Kneipp, Cefet
Jarlene Rodrigues Reis, Cefet
André Barcelos Damasceno Daibert, Cefet
Luiz Antonio Mousinho Magalhães, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Maria Cristina Cortez Wissenbach, USP
Denise Helena P.Laranjeira, Universidade Estadual de Feira de Santana
Magnus Roberto de Mello Pereira, Universidade Federal do Paraná/UFPR
Ricardo Cardoso Paschoal, CEFET/RJ
Luciano dos Santos Bersot, UFPR
Sérgio de Paula Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Antônio Alberto Machado, Unesp/Franca-SP
Sérgio Ricardo de Souza, CEFET/MG
Angela Thalassa, Faculdade de Arujá / IESA
Débora C. Piotto, USP
Marcelo Parizzi Marques Fonseca, UFSJ
Carlos Augusto de Castro Bastos, Universidade Federal do Amapá
Carina Inserra Bernini, Centro Universitário FIEO
Marta Costa, USP
Ana Paula Hey, USP
Angela Maria Carneiro Araújo, UNICAMP
Ignacio Godinho Delgado, Universidade Federal de Juiz de Fora
Otávio Luís de Santana, UFCG
Vladmir Agostini, UFSJ
Roberto de Barros Faria, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Sônia Maria Rocha Sampaio, UFBA
Anderson Pires, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
Wilma Ferreira de Jesus, Faculdade Católica de Uberlândia
Antonio José de Almeida Meirelles, Unicamp
José Ademir Sales de Lima, USP
Ileizi Fiorelli Silva, UEL
Ana Fernandes, UFBA
Léo Carrer Nogueira, Universidade Estadual de Goiás
Regina Ilka Vieira Vasconcelos, UFU
Dilmar Santos de Miranda, UFC
Consiglia Latorre, UFC
Cláudia Maria Ribeiro Viscardi, Universidade Federal de Juiz de Fora
Sérgio Henriques Saraiva, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Dolores Aronovich Aguero, Universidade Federal do Ceará
Attila Louzada, Universidade Federal do Rio Grande
Rogério Bitarelli Medeiros, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Rodney Werke, Unisul
Bruno Mendonça da Silva, Universidade Católica de Pernambuco
Ricardo Oliveira, UFRRJ
Hudson Costa Gonçalves da Cruz, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Maurício Vieira Martins, Universidade Federal Fluminense
Mário Tadeu Siqueira Barros, UECE/Universidade Estadual do Ceará
Flavio Galib, UNICAMP e UNIMEP/SP
Maria Amalia Andery, PUC/SP
Bruno Capanema, USP e UnB
José da Cruz Bispo de Miranda, UESPI
Marcos Olender, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
Simone Nacaguma, FACAMP/SP
Sônia Maria Aranha Rodrigues de Andrade, Faculdade Anhanguera
Carlos Eduardo O. Berriel, Unicamp
Yêda Maria da Costa Lima Varlotta, UMC/SP
Flávia de Mattos Motta, Universidade Estadual de Santa Catarina/USC
Maria Conceição Maciel Filgueira, Universidade Est. do Rio Grande do Norte
Robson Laverdi, UNIOESTE
Glícia Pontes, Universidade Federal do Ceará
Sebastião Faustino Pereira Filho, UFRN
Roberto Hugo Bielschowsky, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Américo Tristão Bernardes, Universidade Federal de Ouro Preto
Telma Ferraz Leal, Universidade Federal de Pernambuco
Cristiane Kerches da Silva Leite, USP
Vivian Urquidi, USP
Adriana Duarte, UFMG
Alexandre Fortes, UFRRJ
Carmelita Brito de Freitas Felício, Universidade Federal de Goiás
Nésio Antônio Moreira Teixeira de Barros, UFRN
Luiz Gustavo Santos Cota, Faculdade de Ciências Humanas do Vale do Piranga/MG
Clóvis Alencar Butzge, Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS/PR
Débora Cristina Morato Pinto, UFSCar
Márcia Marques, UnB
Antonio Carlos Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Ricardo Brauer Vigoderis, UFRPE/UAG
Maria Luiza Scher Pereira, UFJF
Terezinha Maria Scher Pereira, UFJF
Débora El-Jaick Andrade, Universidade Federal Fluminense
Clinio de Oliveira Amaral, UFRRJ
Cláudia Regina Andrade dos Santos, UNIRIO/UFRJ
Ulises Simon da Silveira, Univ. Est.Mato Grosso do Sul/UEMS
Fabrizio Guinzani, Unesc/SC
Ana Elizabeth Albuquerque Maia, Universidade Federal do Ceará/UFC
Pedro Germano Leal, UFRN e University of Glasgow
Dimas Enéas Soares Ferreira, FUPAC, IPTAN e EPCAR
Geraldo Moreira Prado, Estácio de Sá e UNIRIO
José Luiz Aidar Prado, PUC/SP
Maria Elaine Kohlsdorf, Universidade de Brasília/UnB
Everaldo Carlos Venâncio, Universidade Federal do ABC/SP
Cláudia Souza Leitão, Universidade Estadual do Ceará/UEC
Lídia Santos, profa. de Literatura Brasileira na Univ. da Cidade de New York, NY, EUA
Sonia Maria Guedes Gondim, Universidade Federal da Bahia/UFBA
José Clécio B. Quesado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Micheli Dantas Soares, UFBA
Marcelo Milan, University of Wisconsin Parkside
Daniela Canella, Universidade Federal de Goiás/UFG
Elisabete de Sousa Otero, UFRGS
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A força dos movimentos sociais
Reproduzo reportagem de João Peres, publicada na Rede Brasil Atual:
São Paulo – A candidatura governista à Presidência da República somou importantes apoios nesta reta final de campanha. Após diversos setores acadêmicos declararem que não querem o retorno das políticas neoliberais, linha representada pelo candidato José Serra (PSDB), foi a vez de trabalhadores, líderes religiosos, estudantes e movimentos sociais mostrarem que desejam a continuidade.
Nesta sexta-feira (15), a candidata Dilma Rousseff (PT) recebeu, primeiramente, o apoio de profissionais da área de educação. O incentivo mais forte, no entanto, veio mais tarde, durante comício em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. O multitudinário evento marcou o início de uma série de ações que tentam frear o crescimento do adversário do PSDB, e mostrar que a vitória tucana significaria o retorno às políticas dos anos 1990.
Trabalhadores e estudantes, além de reafirmarem o desejo de continuidade, entregaram à candidata os compromissos que esperam ver cumpridos ao longo dos próximos quatro anos. Para as centrais sindicais, os pontos principais são a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a manutenção da política de valorização do salário mínimo – este último ponto já acordado.
Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), pontuou que querem transformar em derrota a vitória de Dilma no primeiro turno e convocou a militância a conquistar, nas ruas, os votos necessários para triunfar no dia 31 de outubro. “Essa proposta de salário mínimo de R$ 600 é para acabar com a política de valorização, que acertamos com o governo até 2023”, afirmou, a respeito da promessa eleitoral de Serra. Artur e outros discursantes da noite lembraram que, no período FHC, não houve uma política para o mínimo, que acabou defasado. O deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, classificou de demagogia a proposta do tucano.
Religião
O ato ocorreu em meio à tentativa da campanha de reverter o estrago gerado pelos boatos em torno da candidata, em especial a questão do aborto. Por isso, as falas foram abertas por líderes religiosos, que lembraram a importância de o país seguir no caminho da redução das injustiças.
O discurso mais enfático foi do Padre Júlio Lancelotti, fortemente aplaudido ao afirmar que é preciso afastar o “demônio da injustiça”. “Queremos escolher o caminho que defenda os pobres, que livre as pessoas da escravidão. Não usamos a palavra de Deus para fazer acordo com a mentira e com a maldade.” Com um público bastante receptivo, o padre pediu que se orasse o Pai Nosso, no que foi prontamente atendido pela multidão.
Mulheres pioneiras
Movimentos sociais apoiam candidatura de Dilma (Foto: Gerardo Lazzari) Outra que aumentou a empolgação dos presentes foi a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). A parlamentar fez um discurso inflamado em que lembrou que São Miguel tem bastante “cabeça chata e pescoço curto”, referência a nordestinos como ela e o presidente Lula.
Erundina lembrou que foi a zona leste paulistana que a elegeu prefeita no fim da década de 1980. “Adivinha quem derrotei?”, perguntava a deputada, que recebia das massas a resposta em uníssono: “Maluf”. “E quem mais eu derrotei? Derrotei Serra. Derrotei Serra. Derrotei Serra”, vibrava, afirmando que agora chegou mais uma “desaforada para a desforra”.
Para Erundina, é a hora da segunda grande revolução neste país, que em 2002 elegeu um “cabeça chata” para a Presidência.
– Fez ou não fez um bom governo?
– Fez – clamava a massa.
– Vocês querem continuar?
– Sim.
– Vamos eleger a primeira mulher para presidente. Vamos ou não vamos?
– Vamos.
– Quem é essa mulher?
– Dilma, Dilma, Dilma – era o grito que se ouvia da multidão.
Os oradores do comício deixaram claro que não se pode perder de vista que Serra, apesar de não ser próximo das massas, tem a seu favor a velha mídia. Wagner Gomes, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, considera que há uma campanha “dia e noite” a favor do tucano. “Quero saber que apoio popular tem José Serra. Queria que a imprensa mostrasse algum comício do Serra.”
O presidente Lula também chamou atenção, de maneira indireta, para o tema. “Queria dizer, para a imprensa anotar, que é uma vergonha a campanha do nosso adversário em ataques à companheira Dilma Rousseff. É uma vergonha o preconceito contra a mulher.”
Professor
O comício voltou a reunir os candidatos da base aliada em São Paulo, vencedores ou não das eleições de 3 de outubro. Aloizio Mercadante, que se candidatou ao governo paulista, elencou problemas da gestão de Serra no estado, focando especialmente na questão da educação devido ao Dia do Professor, celebrado nesta sexta.
“Como tratou o professor no governo deles? 100 mil professores sem concurso. E quando foram reivindicar, receberam cacetete e borrachada”, destacou, lembrando da repressão policial aos docentes da rede pública estadual que fizeram greve este ano. “Não vem agora fazer demagogia e prometer porque você nunca respeitou o professor”.
O vereador paulistano Netinho (PCdoB), derrotado na disputa ao Senado, lembrou que aqueles que “abriram as portas” das universidades para os negros foram Dilma e Lula. De acordo com dados divulgados recentemente pelo IBGE, o acesso de “pretos” (nomenclatura do instituto) ao ensino superior quadruplicou no período.
Marta Suplicy, eleita para o Senado pelo PT, lamentou a campanha de difamação contra a ex-ministra, a quem classificou de “uma mulher de garra”. “Quem passa pelo que essa mulher passou enfrenta tudo.”
A noite foi de estreia do novo jingle de campanha. Em tom de música popular brasileira, a música apresenta um homem que comemora a mudança vista em sua vida nos últimos anos: trabalho, comida na mesa, lazer. O evento terminou ao som de "Hoje posso sonhar / Meu Brasil tá querendo Dilma / Meu Brasil tá querendo continuar."
Fotos: Gerardo Lazzari.
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