sábado, 12 de novembro de 2016

Como se colocou Donald Trump no poder

Ilustração: Bart van Leeuwen/Cartoon Movement
Por Naomi Klein, no site Outras Palavras:

Eles irão culpar, pelo derrota de Hillary Clinton, o FBI e seu chefe, James Comey [que reabriu o caso sobre os emails possivelmente criminosos da candidata]. Vão culpar a supressão de eleitores e o racismo. Vão por a culpa na atitude Bernie or bust (ou Bernie Sanders ou nada) e na misoginia. Vão apontar para candidatos independentes e terceiros: a mídia corporativa, por dar a Trump uma tribuna; a mídia social por ser um megafone; e o WikiLeaks por expor a roupa suja em público.

Mas estas avaliações deixam de fora o maior responsável por criar o pesadelo em que agora nos encontramos: o neoliberalismo. Essa visão de mundo – totalmente incorporada por Hillary Clinton e sua máquina – não é páreo para o estilo extremista de Trump. O fato de a disputa ter colocado um contra o outro é o que selou nossa sorte. Se não aprendermos mais nada, podemos por favor aprender com esse erro?

As mentiras que nos contam sobre a economia

Por Gustavo Noronha, no site Brasil Debate:

“Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário”. (George Orwell)

“Todo mundo mente”. Muitas pessoas lembram-se da série televisiva House ao ouvir esta assertiva. Na verdade, a mentira nos acompanha desde a infância, e aqui não nos referimos aos personagens dos contos de fadas e lendas. Quase todas as pessoas aprendem quando criança que se fizerem xixi na piscina a água muda de cor e todos vão saber. Uma vez, quando eu tinha uns oito ou nove anos, perguntei à minha mãe o que era um motel e sua resposta foi “é um hotel onde se estaciona o carro”. Demorei anos para descobrir que isso não era verdade.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Dez casos: A escalada autoritária no Brasil

Da revista CartaCapital:

A invasão da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) pela Polícia Civil de São Paulo foi apenas mais um episódio da escalada antidemocrática por que passa o Brasil. Agentes do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) pularam uma janela e invadiram a escola de formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), onde efetuaram disparos de armas de fogo.

"As agressões à nossa democracia se banalizam sem causar alarido e, de forma acelerada, retiram direitos e afrontam o Estado democrático de Direito", afirma o advogado e professor Pedro Estevam Serrano, colunista de CartaCapital. Confira, abaixo, dez exemplos recentes de autoritarismo à brasileira.


O cheque de R$ 1 milhão para Michel Temer

Temer: Fantoche de banqueiro. Ilustração: Arthuro/Cartoon Movement
Por Gil Alessi, no site Carta Maior:

Um cheque no valor de 1 milhão de reais pago pela construtora Andrade Gutierrez em nome de Michel Temer (PMDB) durante a campanha de 2014 coloca o presidente mais uma vez no raio da Operação Lava Jato. O documento pode complicar seu desejo de desvincular suas contas como candidato a vice das apresentadas por Dilma Rousseff em uma ação que pede a cassação da chapa no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

De acordo com Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira, o repasse de 1 milhão, feito em 10 de julho de 2014, seria referente ao acerto de propina por acordos firmados pela empresa com o Governo. O empreiteiro também ficou em uma situação delicada, uma vez que o cheque em nome de Temer, divulgado nesta quinta-feira pelo jornal O Estado de São Paulo, contradiz um de seus depoimentos prestados à Justiça em setembro. Na ocasião ele afirmou que o montante equivalia a uma propina de 1% referente a contratos e que a doação teria sido feita ao diretório nacional do PT, e não ao peemedebista. Ele também havia dito que parte dos recursos repassados ao PMDB teriam relação com propinas relativas a contratos da hidrelétrica de Belo Monte.

A financeirização de Trump a Temer

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Não aposte no fracasso de Donald Trump. Esse americano truculento, primário, grosseiro, tem trunfos na manga para algumas mudanças fundamentais, que poderão relançar a economia norte-americana.

Poderá ser um Franklin Delano Roosevelt às avessas. Enquanto Roosevelt salvou a economia norte-americana brandindo o discurso da solidariedade, valendo-se do triunfo econômico para consagrar a democracia, Trump poderá trazer de volta o dinamismo aos EUA e consagrar a intolerância e o voluntarismo como fator determinante.

Como é uma questão intrincada, vamos por partes para compor o nosso xadrez.


O que acontecerá no Brasil e no mundo

Ilustração: Osama Hajjaj/Cartoon Movement
Por Renato Rovai, em seu blog:

Se há algo a que analistas políticos de todas as partes do planeta se dedicam com bastante afinco é o de exercitar o que se convencionou chamar de futurologia. De alguma forma é justo que isso ocorra, fazer análise é buscar antecipar jogadas. Mas há momentos em que isso se torna mais arriscado do que jogar búzios sem nunca ter tido contato com o além.

Um dos momentos é o atual. Uma tsunami de incertezas ronda o mundo já há algum tempo e tudo que está acontecendo por mais lógico que pareça ser agora, não faria o menor sentido há dois anos.

Nada pode ser pior do que Trump

Ilustração: Oguz Gurel/Cartoon Movement
Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                  

Respeito mas discordo das opiniões que tentam relativizar o impacto terrível das eleições dos EUA para a população de todo o planeta.

Mesmo no campo popular, democrático e de esquerda, brotam em profusão análises dando conta de que nada muda com a vitória do magnata nazifascista.

Pior: não é difícil encontrar quem enxergue na vitória de Trump elementos positivos, tais como a hipotética postura menos protecionista de governos republicanos anteriores ou a derrota do establishment financeiro e militar dos EUA que apoiou Hillary.

Tempos sombrios geraram eleição de Trump

Editorial do site Vermelho:

A vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos aumenta as incertezas no cenário interno e no mundo. O que será da principal potência econômica e militar da Terra sob a direção de um mandatário histriônico, falastrão e ameaçador? Que fala contra imigrantes, negros, latinos (principalmente mexicanos), muçulmanos e todos aqueles que não fazem parte do supremacismo de homens brancos e machos, que se fortalece com a crise econômica e financeira.

'A Voz do Brasil" e os interesses comerciais

Por Elizângela Araújo, no site do FNDC:

A flexibilização do horário de transmissão do programa A Voz do Brasil representa mais uma vitória do lobby das emissoras comerciais de radiodifusão no Congresso Nacional. No ar há mais de 70 anos, o programa cumpre um papel que as emissoras comerciais não assumem: leva diariamente aos brasileiros residentes nos locais onde a informação chega de modo precário os principais acontecimentos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Atualmente, vai ao ar das 19 às 20 horas, mas com a aprovação da Medida Provisória 742/16 poderá ter sua transmissão flexibilizada para a faixa das 19 às 21h. "Somente para atender a interesses comerciais das emissoras de rádio", afirma o radialista Nascimento Silva, secretário de Políticas Públicas do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).

Trump e os tempos de crise e guerra

Por Valter Pomar, em seu blog:

Em 2008 a crise econômica teve como epicentro os Estados Unidos.

Hoje, a crise política mundial também tem seu epicentro lá.

A eleição de Donald Trump nas recentes eleições para a presidência dos Estados Unidos é um símbolo dos tempos em que vivemos, no cenário internacional.

Estamos vivendo um momento que se assemelha muito ao ocorrido nos anos 1930.

Naquela época, o liberalismo provocou uma imensa crise econômica, desemprego e miséria.

CPI e governo ameaçam povos indígenas

Da assessoria do deputado Patrus Ananias

O deputado federal Patrus Ananias (PT-MG) denunciou hoje (10), em audiência pública na Procuradoria-Geral da República sobre a situação dos povos indígenas, a intenção da chamada CPI Incra/Funai de "não apenas impedir a demarcação de novas terras indígenas", mas também de retroceder e colocar "as atuais reservas indígenas" no mercado de terras.

"Viemos dizer que o objetivo principal da CPI é atingir a demarcação das terras indígenas", afirmou Patrus perante o auditório lotado de indígenas e de representantes de instituições e entidades de apoio e proteção aos índios.

Ato contra a Nissan no Salão do Automóvel

Enviado por Fabio Bittencourt

Cento e cinquenta sindicalistas brasileiros vinculados às três maiores centrais sindicais brasileiras – CUT, UGT e Força Sindical - fizeram um protesto relâmpago contra a montadora Nissan durante a abertura do Salão do Automóvel de São Paulo ao público em solidariedade aos trabalhadores da fábrica do Mississipi. Com as mensagens “A Nissan joga sujo” e “Trump contra os Trabalhadores” impressas em camisetas pretas, os trabalhadores brasileiros chamaram a atenção dos visitantes da feira para as práticas antissindicais da montadora, que intimida ilegalmente e ameaça seus trabalhadores e proíbe a sindicalização no estado mais pobre dos Estados Unidos, além de demonstrarem sua insatisfação com a eleição do novo presidente do país, o empresário Donald Trump.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

As certezas e o imponderável sobre Trump

Ilustração: Antonio Rodríguez/Rebelión
Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Jorram nas mídias do mundo previsões sobre o que será dos Estados Unidos e do mundo com a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Só lhe falta uma relação com o número 666 para ser apontado como a grande besta que, segundo o Apocalipse do profeta João, promoveria o fim do mundo. São previsões lógicas, fundadas em sua pregação conservadora na campanha: machismo, xenofobismo, nacionalismo antiglobalizante, onipotência americana e negação da política e dos fundamentos democráticos que melhor distinguem a sociedade americana.

Moro vai prender a mulher de Cunha?

https://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br
Por Altamiro Borges

Depois de muito tempo sem encontrar a esposa de Eduardo Cunha, o que gerou suspeitas de parcialidade e cumplicidade, o juiz Sergio Moro finalmente decidiu incomodá-la. Nesta quarta-feira (9), ele rejeitou o pedido de Cláudia Cruz para ser julgada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro. Com a decisão, ela será interrogada pelo “justiceiro” em 14 de novembro, o que elevam as apostas de que a mulher do correntista suíço poderá ser presa em breve. A defesa da jornalista fez de tudo para evitar o interrogatório. Alegaram, na maior caradura, que as contas bancárias dela no exterior não têm relação com o esquema de corrupção na Petrobras. Mas o juiz considerou a desculpa “sem sentido”.

Cantanhêde agora pede calma à Lava-Jato

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges

Ativa militante da “massa cheirosa” do PSDB, a colunista Eliane Cantanhêde está preocupada com os rumos da midiática Operação Lava-Jato. Em artigo publicado no Estadão deste domingo (6), ela alerta que “o tsunami está chegando” e faz um apelo aos “justiceiros” do Paraná: não é hora “de brincar com fogo”. Antes, a jornalista estava excitada com as “delações premiadas” – e premeditadas – que atingiam as lideranças do PT e fustigavam a imagem do ex-presidente Lula. Agora, talvez com informações privilegiadas do juiz Sergio Moro – que sempre manteve íntimas relações com a mídia –, ela parece recear pelo futuro dos tucanos e pela própria sorte do covil golpista de Michel Temer.

Alckmin quer censurar as redes sociais

Por Altamiro Borges

Blindado pela mídia chapa-branca, às custas de muita grana de publicidade, o governador Geraldo Alckmin agora também quer o silêncio nas redes sociais. Em mais uma iniciativa contra a liberdade de expressão, o grão-tucano pediu à Justiça de São Paulo a quebra do sigilo cadastral de seis usuários do Twitter que o chamaram de “ladrão da merenda” e de “corrupto”. Na internet, vários políticos são atacados – Lula que o diga! Mas o pré-candidato à presidência da República pelo PSDB não aceita críticas ou ironias. Nas manifestações de rua, ele aciona a tropa de choque da PM com suas balas de borracha e seus cassetetes. Nas redes sociais, ele pretende calar as vozes dissonantes.

Temer explicará a PEC na escola ocupada?

Por Altamiro Borges

O poder roubado subiu à cabeça de Michel Temer, o “presidente” sem voto e sem legitimidade. A cada dia ele está mais arrogante e truculento. Nesta semana, diante da ocupação de centenas de escolas e faculdades em todo o país, ele resolveu desqualificar a revolta juvenil contra a Proposta de Emenda Constitucional que congela por 20 anos os gastos na educação. Presunçoso, o Judas afirmou que os jovens “nem sabem o que é uma PEC”. Se ele está tão convencido das virtudes desta medida regressiva, por que não aproveita para explicar aos estudantes em uma escola ocupada? Nem precisa torrar grana pública com as aeronaves da FAB – o que já virou moda no covil golpista. Ele pode visitar a Universidade de Brasília, a UnB, que fica bem pertinho do Palácio do Planalto.

O que a vitória de Trump ensina aos coxinhas


Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Alô, coxinhas!

Prestem atenção no mapa aí em cima.

O candidato de você, o Trump, ganhou com uma Norte-América bem diferente daquela que vocês têm em mente.

A faixa azul que vai se afastando do litoral, até o Mississipi, é a das grandes cidades.

Lá, onde vocês sonham estar, Trump perdeu.

As lições da catástrofe nos EUA

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Hillary Clinton perdeu a chance de vencer a eleição para a Casa Branca no início de setembro, durante um jantar de coleta de fundos, quando se referiu aos eleitores do adversário Donald Trump nos seguintes termos:

"Racistas, sexistas, homofóbicos, xenófobos, islamofóbicos… há de tudo”, enumerou a candidata, em referência às opiniões e atitudes dos eleitores que tencionam votar no seu adversário republicano. “Generalizando de uma forma um tanto ou quanto grosseira, podíamos juntar metade dos apoiantes de Donald Trump no que eu chamo um grupo deplorável”.

Cada golpe com seu emblema de ódio

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

Há vários elementos comuns que se repetem nos golpes. Em todos os golpes militares a partir da década de 60, tão logo as Forças Armadas assumiam o controle político, destampavam o ódio dos setores conservadores que se voltavam para atacar um objetivo que simbolizava a organização popular. No golpe de 1964, bastou os tanques entrarem na Praia do Flamengo, para vários grupos golpistas já começarem a disparar contra a sede da União Nacional dos Estudantes - UNE, que representava o principal símbolo de tudo que tentavam destruir naquele momento.