sábado, 20 de maio de 2017

Madureira, Huck e a síndrome do canalha

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Não sei quem é o autor da frase “o Brasil é uma concessão da Globo” (Clarice Lispector? Clara Nunes?), mas o gênio merecia sair do anonimato para ganhar um Motorola.

O editorial em que o jornal dos Marinhos defende a renúncia de Temer é um primor de desfaçatez e hipocrisia.

Os diálogos entre Michel e Joesley Batista, dono da JBS, “falam por si e bastariam para fazer ruir a imagem de integridade moral que o presidente tem orgulho de cultivar.”

Depois: “Nenhum cidadão, cônscio das obrigações da cidadania, pode deixar de reconhecer que o presidente perdeu as condições morais, éticas, políticas e administrativas para continuar governando o Brasil.”

Moro sumiu da mídia sem deixar vestígios

Por Bajonas Teixeira, no blog Cafezinho:

Muita gente deve estar fazendo a mesma pergunta: Cadê Sérgio Moro? O juiz, herói nacional, orgulho do Brasil, sério candidato a “gênio da raça”, sumiu de repente. Até anteontem, todos os dias ele estava na mídia, às vezes em vídeos extraindo confissões com seu boticão judicial, ou em áudio, conduzindo depoimentos com mão de ferro, como o de Lula. Às vezes, fazendo declarações através de notas. E também em conferências, em fóruns internacionais, dando palestras. Abruptamente, e isso já há quase 72 horas, Moro sumiu da mídia. Seu silêncio é um daqueles que, como diria Marx, oprime o cérebro dos vivos. Zumbe como pernilongos num enxame de interrogações em torno da cabeça do brasileiro. Por que o herói se calou?

A crise política e o enigma da Globo

Por João Feres Júnior, na revista CartaCapital:

Não sei o que é mais ridículo nessa crise turbinada na qual o país embarcou com as delações da JBS, o tom de indignação dos âncoras e comentaristas da grande mídia perante o deslindamento dos esquemas de corrupção envolvendo Michel Temer, Aécio Neves et caterva (nunca essa expressão latina foi tão bem empregada), ou a reação de incredulidade e desilusão de boa parte da classe média perante o noticiário. No caso dos lacaios da grande mídia, o ridículo reside na farsa descarada de seu comportamento. Já a classe média passa pelo ridículo daqueles que dão sinais da estupidez em público sem se darem conta disso.

Os zumbis da política e as eleições diretas



Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 0 – a lógica do caos

O ponto de partida é entender a lógica do caos. Não há um comando estabelecido, nem um script pré-definido. Existem atores mais ou menos relevantes, respondendo a impulsos, sem que ninguém tenha controle sobre a resultante final.

Os protagonistas principais vão se adaptando as circunstâncias, de maneira a preservar seus interesses, saltando de uma onda para outra, pulando obstáculos de maneira a não perder a liderança.

Desse modo, fatos novos que mudam a atitude de um dos personagens, imediatamente obrigam a um rearranjo dos demais atores.


Pelo fim da aventura golpista!

Por Renato Rabelo, em seu blog:

Uma conjunção de forças dominantes em nosso país tramou e consumou o golpe de Estado em 2016 na ânsia e no ímpeto de capturar o poder central e implantar uma ordem conservadora e retrógrada divorciada da soberania popular, de costas à voz das urnas. No grito, juntou para fazer parte da ação decisiva no processo de impeachment gente inescrupulosa e comprometida com os baixios da política. Foi preciso fraudar provas para “justificar” o impedimento da presidenta recém-eleita. O assalto ao poder foi conduzido por um caminho marcado pela aventura. Por isso, as contradições inevitavelmente produzidas pela trama em curso desnudariam - mais dia menos dia –os reais propósitos da causa de exceção.


'Diretas, já!' ou 'Diretas, nunca!'

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

O noticiário contraditório que oscila entre o descarte de Temer e a sua manutenção - como um vigia bebado do precipício ao qual o país foi reduzido pela irresponsabilidade golpista das suas elites - evidencia a saturação das ferramentas conservadoras.

Mas não deve iludir: a elite golpista sabe onde quer chegar, embora deixe transparecer a saturação dos meios à sua disposição.

Se preciso, pode até levar ao sacrifício algumas peças para afiar a guilhotina desgastada e decepar os direitos políticos de Lula; colocar Meirelles ou Gilmar no comando do Estado e concluir as reformas que revogam o escopo de direito sociais e trabalhistas da Carta de 1988.

Onyx Lorenzoni admite Caixa 2 com JBS

Do site Sul-21:

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM), que é apontado nos documentos de delação do grupo JBS por ter recebido R$ 200 mil em espécie, sem ter declarado o valor à Justiça Eleitoral, deu entrevistas no final da tarde desta sexta-feira (19), admitindo o Caixa 2.

“O que acontece nesses processos. Nós perguntamos, nós pedimos. ‘Olha, a legislação permitia apoio de empresas’. Então, a gente fala tanto com as empresas, como fala com as entidades que representam as empresas. ‘Preciso de ajuda’. Não havia como declarar, esse foi meu erro”, disse ele em entrevista à Rádio Gaúcha. A reportagem do Sul21 tentou entrar em contato com Lorenzoni durante toda a tarde de sexta-feira, mas não obteve retorno do deputado.

O que explica o desespero da Globo?

Por Rodrigo Vianna, em seu blog:

O editorial de O Globo hoje, pedindo a renúncia de Temer, é demonstração de fraqueza e desespero.

A Globo nunca precisou manifestar por escrito suas posições para mover os cordões do poder. Dessa vez, deixou o roteiro – por escrito!

Desde ontem, estava claro que família Marinho, alinhada ao Partido da Justiça, deseja a rápida substituição de Temer por um governo “técnico” – que conclua as “reformas” e dê sustentação para a Lava-Jato concluir sua tarefa principal: impedir Lula de ser candidato.

Meirelles, candidato da desfaçatez

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Como num lance de mágica, o nome de Henrique Meirelles já circula como possível candidato a uma eventual vaga na presidência da República caso Michel Temer seja despejado do Planalto. Está na Folha de hoje. Também foi lançado como balão de ensaio por David Fleischer, um professor da Universidade de Brasília que costuma ser ouvido com frequência para fazer profecias sobre as periódicas crises brasileiras.

Quando se fala - em tom de grande sabedoria - que é possível dispensar a equipe política que tomou posse do governo após o golpe, mas que é preciso preservar a equipe econômica, o sujeito oculto da frase é Meirelles. O que se quer dizer é que o governo pode ser ruim mas a economia vai bem.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Golpe foi fruto do linchamento midiático

Foto: Sérgio Silva
Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Filha de José Genoíno, a pedagoga Miruna Genoíno esteve nesta quarta-feira (17) na sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo. Além de lançar seu livro Felicidade fechada (Ed. Cosmos), Miruna debateu o martírio de sua família ao longo do massacre sofrido por seu pai durante o julgamento na Ação Penal 470 (o 'mensalão'). Ela contou com a companhia dos jornalistas Paulo Moreira Leite e Maria Inês Nassif, que foram enfáticos: o linchamento promovido pelos grandes meios de comunicação contra adversários políticos destrói a democracia e a dignidade das pessoas.

O escândalo e a cobertura de Temer

Por Lidiane Rezende Vieira, Luna de Oliveira Sassara e João Feres Júnior, no site Manchetômetro:

Menos de uma semana após comemorar seu primeiro ano à frente da Presidência da República, Michel Temer foi surpreendido ontem por informações veiculadas na coluna de Lauro Jardim, na edição online do jornal O Globo. Segundo a reportagem, o dono da JBS, Joesley Batista, gravou uma conversa na qual contou ao peemedebista estar pagando uma mesada ao deputado Eduardo Cunha, que atualmente está preso no Paraná, e ao doleiro Lúcio Funaro para que não fizessem delações premiadas, ao que Temer teria respondido: “Tem que manter isso, viu?” O material faz parte de um acordo de delação premiada assinado pelo empresário junto ao Ministério Público.

Moro tratou Aécio e Temer como anjinhos

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Por Jeferson Miola

A revelação em detalhes cinematográficos dos crimes do Aécio Neves e Michel Temer deixa os integrantes de Curitiba da força-tarefa da Lava Jato numa situação desconfortável.

Ao longo dos últimos meses, Aécio e Temer foram citados em dezenas de depoimentos de réus, delatores e investigados da Lava Jato. Os dois também apareceram em conversas gravadas pelos operadores dos esquemas de propinas na Petrobrás, Furnas, CEF e em outras estatais.

Apesar disso, o braço curitibano da Lava Jato nunca encontrou motivos para investigá-los.

Genoino foi vítima do linchamento midiático

Da Rede Brasil Atual:

A filha do ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, Miruna, lançou na noite de ontem (17) o livro Felicidade fechada, após o debate “O linchamento midiático no Brasil”, realizado no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo. Pedagoga, ela dividiu a mesa com os jornalistas Paulo Moreira Leite e Maria Inês Nassif. Genoino assistiu ao debate na plateia.

Miruna destaca dois aspectos de Felicidade fechada: o livro reconta a história do pai, condenado antecipadamente pela mídia tradicional antes mesmo de ser julgado no âmbito da Ação Penal 470, o chamado “mensalão”, e fala das angústias e sofrimento das pessoas da família de uma pessoa colocada na situação do petista.

Meirelles, ex-JBS, é um indecoroso

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O senhor Henrique Meirelles, na notícia acima, mostra o quanto é um homem sem qualquer noção de decoro e moralidade.

Ou melhor, um homem com uma única fidelidade: aos donos do dinheiro.

Não lhe passa na cabeça vaidosa que pôde ser bem sucedido como auxiliar (grifo, para que se compreenda bem) no governo de Lula porque este governo tinha propósito e legitimidade populares.

A mídia, sempre generosa com o “mercado”, deixa passar quieto que Meirelles, mais do que ninguém, está metido até o pescoço neste caso da JBS, porque foi nada menos que presidente de seu Conselho de Administração.

Chega de Temer. Diretas Já!

Editorial do site Vermelho:

O que sobrava da rota máscara golpista caiu. Justamente no momento em que o governo ilegítimo de Michel Temer e a mídia patronal, que o apóia, se esforçavam em construir uma narrativa de normalidade institucional e força parlamentar. Procuravam passar a imagem de recuperação na economia, com a manipulação de estatísticas.Tentavam construir também um cenário de força no Congresso para aprovar as repudiadas “reformas” trabalhista e da Previdência.

Desde a divulgação de conversas comprometedoras de Temer com o empresário Joesley Batista, da JBS, essa “normalidade” duvidosa acabou e a ilegitimidade do governo cresceu mais ainda. Em pronunciamento na tevê Temer disse que não renuncia, e aprofunda um cenário no qual a crise política pode contaminar outra vez a economia. Ao mesmo tempo, a base parlamentar, que Temer tentava manter à muito custo, parece se esfarelar.

Ocupar as ruas para derrubar Temer

Globo escolhe FHC como sucessor de Temer

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Como todos já devem saber a esta altura, se o presidente Michel Temer renunciar ou mesmo se for cassado pelo Congresso, seu substituto será eleito indiretamente pela Câmara e pelo Senado.

Ao longo da quinta-feira, com o país ainda digerindo o mar de lama em que chafurdam Michel Temer e Aécio Neves, a Globo News passou o dia inserindo em sua programação o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Apesar de a emissora a cabo ter citado sem parar o nome de FHC durante todo dia, um programa de horas de duração passou a tarde citando o nome do ex-presidente tucano uma vez após outra, sem parar.

O programa Estúdio I citou ao menos umas 10 vezes o nome de Fernando Henrique Cardoso.

Sergio Moro vai em cana?

Para não perder foro, Temer fica

Por Maria Carolina Trevisan, na revista Brasileiros:

Acuado pela acusação de que concordou com a compra do silêncio de Eduardo Cunha para não ser delatado por corrupção, o presidente Michel Temer rejeitou a renúncia e decidiu se manter no cargo. Condicionou sua decisão ao fato de não ter tido acesso aos documentos que o acusam, agora públicos. No áudio da conversa, que aconteceu no Palácio do Jaburu, além de concordar com a forma de calar Cunha, Temer escuta de Joesley Batista, dono da JBS, que ele conseguiu aliados dentro da força-tarefa, um procurador e dois juízes. Temer optou por sangrar até o limite e salvar temporariamente a própria pele, ainda que isso custe instabilidade ao país.

Temer e o áudio inconclusivo da Folha

Por Renato Rovai, em seu blog:

O ex-presidente americano Bill Clinton ao ser perguntado se havia fumado maconha na juventude disse que sim, mas que não havia tragado. Desde ontem o grupo Folha/UOL assumiu a tese, muito provavelmente por interesses comerciais, de que a fita gravada pelo empresário Joesley Batista, da JBS, era inconclusiva.

É uma tese bizarra, criada muito provavelmente a partir da percepção empresarial dos Frias que com o desembarque da Globo da canoa do até então presidente Temer, o grupo Folha/UOL pode abocanhar um pedaço maior das publicidades governamentais.