segunda-feira, 5 de junho de 2017

Quais são as divisões no campo golpista?

Por Armando Boito Jr., no jornal Brasil de Fato:

Está claro para todos que o campo golpista está dividido. Nas últimas semanas o que temos visto é o agravamento do conflito entre, de um lado, aqueles que defendem a manutenção de Michel Temer na Presidência e, de outro, aqueles que propugnam a realização de uma eleição indireta para substituí-lo. Entre essas duas posições há uma gama de posições centristas daqueles que hesitam, pendendo ora para um lado, ora para outro.

Circula no campo do movimento popular uma proposta de análise que procura explicar tais divisões. Ela está presente em documentos e nos debates públicos que se fazem sobre o tema. Essa análise sustenta que teríamos uma disputa entre três alas do campo golpista: a econômica, a política e a ideológica.

Acuado, Temer avança contra Janot

Da revista CartaCapital:

A tentativa do presidente Michel Temer de manter o cargo conquistado após o impeachment de Dilma Rousseff envolve desde o fim de semana um confronto aberto com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Desde o sábado, 3, emissários de Temer passaram a atacar Janot com o intuito de reduzir a possibilidade de fatos novos produzidos pelo PGR interferirem no julgamento da chapa Dilma-Temer, que será retomado na terça-feira 7 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Temos indicativos de que virão movimentos e iniciativas de Janot às vésperas do julgamento do TSE na tentativa de constranger o tribunal a condenar o presidente", afirmou o advogado de Temer, Gustavo Guedes, à Folha de S.Paulo. "Nos preocupa muito o procurador-geral da República se valer de toda a estrutura que tem para tentar constranger um tribunal superior", afirmou Guedes.

Ir às ruas para defender a democracia

Boaventura de Sousa Santos
Por Marco Weissheimer, no site Sul-21:

O que está acontecendo no Brasil hoje, a partir do golpe parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff é o caso paradigmático de uma intervenção externa, motivada principalmente pelo fato de que o país era uma das forças importantes dos Brics, em aliança com China e Rússia, que tentavam construir uma articulação alternativa ao capitalismo global sob dominação dos Estados Unidos. A avaliação é do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos que esteve em Porto Alegre, semana passada, participando de um debate sobre a crise da democracia, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Em entrevista ao Sul21, Boaventura fala sobre as motivações do golpe e defende que a democracia brasileira terá que ser defendida nas ruas. “No próximo período, será preciso defender a democracia no Brasil, mas, devido ao comportamento das instituições, será preciso defendê-la nas ruas. As instituições têm que ser pressionadas a partir da rua. O que queremos é que isso se dê dentro dos marcos democráticos, que já estão muito abalados pelo golpe institucional, e que não se chegue a uma confrontação do tipo da que está ocorrendo agora na Venezuela, com luta de rua violenta”.


Lula dispara em pesquisa "secreta"

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O Blog obteve informação de que há uma pesquisa “secreta” que teria sido feita pelo Ibope e que estaria circulando pelas catacumbas do golpe. Essa pesquisa estaria por trás das campanhas da mídia por eleições indiretas ou pela continuidade do mandato de Temer.

Segundo a fonte do Blog, essa pesquisa mostra que os últimos fatos políticos que ocorreram no país fizeram Lula disparar de vez nas pesquisas. E a explicação que me foi dada está abaixo.

Após o tonitruante 17 de maio, quando o país tomou conhecimento das falcatruas de Joesley Batista com Michel Temer e Aécio Neves, teria ocorrido uma reviravolta política no país.

Farsa Temer se resolve com um pé na bunda

Por Celso Vicenzi, em seu blog:

“Se quiserem que eu saia da presidência, têm que me matar.” A frase de Temer é um blefe (a menos que o remorso o corroa, o que duvido) e uma tentativa de dar grandeza – que Getúlio teve – a um golpista que será lembrado como um dos piores traidores da pátria. Não era um “inimigo” tomando de assalto o poder, era o vice de uma presidenta a quem deveria lealdade, não fosse o que é: um vaidoso, machista, corrupto, covarde, medíocre, falso, traidor e canalha. Mil vezes canalha!

Se houvesse grandeza, haveria pelo menos remorso, o que é pouco provável. A sua ambição de entrar para a história será cumprida, mas não do jeito que imaginou. Sua história não será a de um homem com a coragem de dar a vida pela causa de um povo. Sua ambição mesquinha, sua covardia traiçoeira teve o efeito oposto, o de destruir o sonho de milhões de brasileiros e brasileiras que lutaram e lutam por um Brasil soberano e solidário, capaz de resgatar uma dívida de escravidão e mortes de indígenas e negros, de pobres e de todos que se rebelaram contra o jugo opressor ao longo de séculos.

MPF "tucanou" a falta de provas contra Lula


Os procuradores do núcleo da Lava-Jato em Curitiba, incapazes de enxergar os malfeitos do tucano Aécio Neves ou do paranaense Rodrigo Rocha Loures, debaixo de seus narizes todos estes anos, continuam obcecados em prender o ex-presidente Lula, um político que dedicou sua vida ao Brasil e contra quem não há nenhum sinal de enriquecimento ilícito. Agora, diante da total e absoluta falta de prova de que Lula cometeu algum ato criminoso, lançam mão de uma apelação grotesca: pedem a condenação do ex-presidente por “juízo de convicção”, mesmo reconhecendo a “dificuldade probatória”. Como diria José Simão, tucanaram a falta de provas.

Um país controlado pelo crime organizado

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – o crime apossando-se do Estado

Há uma preocupação global com a tomada do poder nacional pelo crime organizado. O Brasil se tornou um caso emblemático, inédito de jovem democracia que, após inúmeros avanços sociais, morais e econômicos, teve como desfecho a subordinação do país ao crime organizado. E não se está falando das vinculações entre o tráfico e o Congresso, que ainda não foram devidamente apuradas.

Por aqui, montou-se o mais esdrúxulo pacto da atualidade. Em troca de entregar reformas profundamente antipopulares, excessivamente radicais, enfiadas goela abaixo da população sem nenhuma negociação - e, por isso mesmo, de vida curta -, a organização que se apossou do poder ganhou salvo conduto para assaltar.

A queda de Temer não depende do TSE

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

A prisão do longa manus de Michel Temer, na definição do procurador geral da República Rodrigo Janot, pode acelerar a conclusão do inquérito policial que tem o presidente como investigado.

É o que diz o Código de Processo Penal: 30 dias para conclusão do inquérito em que os suspeitos estiverem soltos, 10 dias para conclusão do réu no caso de suspeito preso.

É claro que esses prazos podem ser dilatados – e na maioria das vezes são –, mas, quando os olhos daquilo que se chama opinião pública estão atentos, costumam ser respeitados.

"Centrão" de Cunha elegerá Rodrigo Maia?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

"O que andou acontecendo enquanto estive fora?", perguntou Barack Obama, como se não soubesse de nada, a um grupo de jovens na Universidade de Chicago, em abril, no dia em que voltou de três meses de férias, depois de passar o cargo para Donald Trump.

No tempo em que as pessoas e as notícias viajavam de navio era comum isso acontecer, mas agora é impossível, infelizmente, não saber o que aconteceu na nossa ausência. Os fatos nos perseguem online em qualquer lugar.

Por aqui, aconteceu muita coisa na minha breve parada técnica, mas vejo que continua tudo no mesmo lugar.

O PSDB vai deixar a pinguela de Temer?

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Delatado com minúcias que não deixam dúvidas, e em breve denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça, Temer continua no cargo porque ainda tem o apoio do PSDB. As evidências que pesam contra ele são tão fortes que não lhe asseguram sequer o benefício da dúvida mas, apesar de tudo, ele continua governando porque tem uma base parlamentar que oferece ao país a ilusão de que há governo e de que Temer continua tocando a agenda que se propôs a implementar. Esta base vai se esfarelar se o PSDB dela se retirar. Esta semana o partido volta a debater seu dilema: ficar até o barco afundar ou sair logo, acelerando a queda de Temer.

TV da Argentina detona a Globo

O golpe está sem rumo e emparedado

Por Marcelo Zero

O golpe está sem plano B. Não planeja mais nada. É jocoso ler na internet e alhures sofisticadas teorias da conspiração tentando explicar porque a Globo rifou Temer, porque ele se tornou inútil, quais os interesses que estão sendo atendidos com essa nova fase, etc.

Ora, não há explicação racional para isso. Nada disso foi antecipado em sofisticadas análises da teoria dos jogos. O que há hoje é apenas perplexidade, caos e anomia. Ninguém se entende. Há um “bate cabeça” nas corjas, apodadas carinhosamente de “elites”, que se apossaram do país.

Não há consenso sobre o que fazer com Temer, o funcionário em exercício do golpe e do capital. Dar-lhe sursis até 2018? Demiti-lo? Colocar quem, em seu posto?

Novos dados do PIB e o engodo de Temer

Editorial do site Vermelho:

Michel Temer e seus apoiadores estão festejando o crescimento do Produto Interno Bruto de 1%. O homem que usurpou a Presidência da República chegou a comemorar o fim da recessão e afirmar que o Brasil teria saído da situação terrível em que estava e agora começariam as boas novas.

A grande mídia, comprometida com as políticas de austeridade que fazem a festa dos banqueiros, faz coro com o Temer. Querem fazer crer que o sofrimento dos mais pobres, promovido pelo governo através de políticas econômicas ortodoxas e antipopulares, garantirá a volta do crescimento.

Essa é uma grande empulhação. O crescimento do PIB que foi verificado no último trimestre é fruto exclusivamente da atividade agropecuária, principalmente do crescimento das safras de milho e soja. A participação de Temer nesse bom resultado? Absolutamente nenhuma. As políticas que garantiram esse feito vêm dos 13 anos de governos democráticos e populares, que garantiram crédito, investiram em ciência e tecnologia, e estabeleceram outras políticas de fomento ao setor agrícola. Temer está, como ensina o dito popular, dando bom dia com o chapéu alheio.

Monopólio emperra a liberdade de expressão

Por Lívia Duarte, no site do FNDC:

Um problema recorrente em todo o mundo. No Brasil, histórico, sistemático e difícil de mapear. Em todos os casos, obstáculos à liberdade de expressão e à plena democracia. O diagnóstico foi comum aos três palestrantes do painel “Políticos donos da mídia”, parte da primeira tarde de debates do 3º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (3ENDC), realizado no último fim de semana na Universidade de Brasília (UnB).

A professora Suzy Santos, da Escola de Comunicação da UFRJ, ao invés de contabilizar os políticos que são donos de meios de comunicação, ou que usam parentes e outros ‘laranjas’ para cometer tal ilegalidade, ou de mencionar nomes muitos conhecidos entre nossos coronéis eletrônicos, como Sarney (Maranhão), Collor (Alagoas), Magalhães (Bahia) e Barbalho (Pará), preferiu começar sua explanação ressaltando que ao longo da história, até onde é possível mapear – referiu-se a dados de 1935 –, cerca de 30% dos políticos brasileiros são proprietários de veículos de comunicação, caso especialmente grave quando falamos de outorgas de rádio e TV, bens públicos concedidos pelo Estado para uso particular.

O acerto de contas com o Ministério Público

Por Bepe Damasco, em seu blog: 

Os constituintes de 1988 deram em cheque em branco ao Ministério Público. No fim da década de 80, conferir maior autonomia do MP parecia um passo natural em direção ao fortalecimento da democracia e da promoção dos direitos humanos.

À época a atuação do MP era centrada no combate à violência dos agentes do Estado, especialmente policiais civis e militares, e também no cerco aos esquemas de corrupção, mas de forma discreta, científica e profissional, bem diferente da busca obsessiva pelos holofotes da mídia dos dias de hoje.

Os procuradores não descuidavam ainda do conjunto dos chamados interesses difusos da sociedade, de indígenas a quilombolas, de moradores das favelas à infância e adolescência, dos direitos das mulheres ao combate ao racismo e outras formas de discriminação. Isso tudo ficou no passado.

domingo, 4 de junho de 2017

Aécio Neves debocha do STF

Por Jeferson Miola

Aécio Neves exibiu-se no facebook com a fotografia da “reunião” que manteve com senadores tucanos na sua residência em Brasília.

Ele assim descreveu o evento: “Reuni-me na noite desta terça-feira, 30/05, com os senadores Tasso Jereissati, Antonio Anastasia, Cássio Cunha Lima e José Serra. Na pauta, votações no Congresso e a agenda política”.

A reunião teve claríssimos propósitos parlamentares e partidários – segundo o próprio Aécio, “Na pauta, votações no Congresso e a agenda política”. O evento caracteriza a desobediência da ordem do STF, que no dia 17/5/2017 suspendeu seu mandato de senador.

Globo dá ultimato ao TSE: julgue já!

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Editorial de O Globo, hoje, dá ordens ao Tribunal Superior Eleitoral para que casse logo a chapa Dilma-Temer e, com isso, ajude a destituir o atual ocupante do Planalto.

Descarta todas as teses de defesa e aponta para um resultado único, de natureza política, mais que jurídica:

“Não há nenhuma dúvida de que esse julgamento nada tem a ver com as acusações que agora pesam contra o presidente Michel Temer. Trata-se de julgar pecados anteriores. Mas, sabemos todos, na construção de suas convicções, os juízes podem e devem levar em conta as condutas impróprias continuadas dos implicados.”

Aécio, Andrea e os bastidores da mídia

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

Os áudios dos grampos autorizados pela quebra de sigilo telefônico do senador Aécio Neves (PSDB) e de sua irmã Andrea pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nas investigações sobre as delações de Joesley Batista, dono da JBS (Friboi), e que foram divulgados nesta quarta-feira (31), revelam mais que o "mal-estar" entre os tucanos, como enfatiza a relação entre Aécio Neves e imprensa. Uma relação já conhecida, porém, até então, sem provas.

Em meio à troca de "fogo amigo" ou no calor de uma operação "salve-se quem puder", com direito a ameaças veladas – "nós estamos do mesmo lado nessa história"; "porque te envolve"; "sabe o que vai acontecer? joga você no meio" – as conversas, carregadas de palavrões por parte de Aécio, trazem à tona também o modus operandi de uma turma que é profissional em pressionar e calar qualquer crítica ou dissonância na imprensa em relação aos seus interesses.

O porquê das eleições diretas já

Largo da Batata, 04/6/17
Foto: Mídia Ninja
Por Leonardo Boff, em seu blog:

Todos reconhecem que estamos mergulhados numa profunda crise, das mais graves de nossa história, porque recobre todos os âmbitos da vida social e particular. O fato da crise significa que perdemos as estrelas-guia e nos encontramos num voo cego, sem saber para onde vamos. Ninguém hoje pode dizer o que será o Brasil nos próximos meses. Por isso não é verdadeira a afirmação de que as instituições estão funcionando. Se funcionassem não haveria crise. Elas funcionam para alguns e para outros são completamente disfuncionais, especialmente, para a grande maioria do povo, vítima de reformas sociais que vão contra seus anelos mais profundos e, pior, que implicam a retirada de direitos e de conquistas históricas, como previstas nas reformas trabalhista e previdenciária.

Não esqueça: o alvo é e sempre foi Lula

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ninguém tem o direito de ficar surpreso diante das alegações finais do Ministério Público contra Lula, pedindo sua prisão em regime fechado e pagamento de uma multa absurda de R$ 87 milhões.

Há novos personagens, sim, na Lava Jato. Mas vamos deixar Aécio Neves, Michel Temer & os outros em seus merecidos lugares. A história dará conta deles, do que fizeram, da herança que deixarão. Não lhes faltarão biógrafos nem jornalistas amigos. Pertencem a uma classe social com um aparato ideológico respeitável, com um imenso banco de reservas, onde as substituições no mundo político – e também na economia – são um processo semi automático, pela genética ou por herança. O caso aqui é diferente.