terça-feira, 4 de julho de 2017

O massacre do pensamento único

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Levantamento do Datafolha sobre as ideias políticas da população não deve ser desprezado. Mostra que a rejeição a Michel Temer e as contrarreformas de Henrique Meirelles está longe de refletir uma visão passageira dos brasileiros nem se alimenta das denúncias de Joesley Batista, por mais chocantes que elas sejam.

Descendo às convicções mais profundas dos brasileiros, a pesquisa mostra uma maioria que rejeita valores e referências ideológicas dos aliados do golpe e seu lote de candidatos possível em 2018. Na prática, os dados confirmam, em números quantitativos, aquilo que uma pesquisa qualitativa da Ideia Inteligência, divulgada em fevereiro de 2017 pelo repórter Ricardo Mendonça, do Valor Econômico, chamou de saudades de Lula.

Crônica de um amor ambíguo

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

É um erro político avaliar as decisões atuais do STF de um ponto de vista puramente jurídico, ou seja, se elas são – ou não – decisões que podem ser classificadas como “segundo a Constituição”, ou são decisões que “torcem” o bastão, para favorecer determinados contendores políticos e prejudicar outros. Na verdade, estas decisões são todas as coisas para parecer nenhuma e obedecem só uma teleologia: pôr uma máscara de legitimidade num Estado de Direito, que transita da exceção para a normalidade e desta para aquela, num ritual macabro de arbítrios, no qual o Direito se tornou pura política e contingência.

A austeridade fiscal fere e mata

Por Carlos Drummond, na revista CartaCapital:

O total de desempregados subiu para 14,3 milhões no Brasil em março, um recorde histórico segundo o IBGE, e atingirá 201 milhões no mundo este ano, prevê a Organização Internacional do Trabalho.

Aqui e no exterior ainda predominam, entretanto, as mesmas políticas recessivas e de austeridade causadoras das demissões em massa, ou soluções incapazes de reverter a situação, constatam vários economistas.

Como se isso não bastasse, a discussão sobre as causas da crise e as opções para superá-la ocorrem quase exclusivamente na esfera econômica. Uma diferença fundamental deve ser destacada: a Europa mantém, apesar dos ataques, o Estado de Bem-Estar Social, uma conquista inimaginável no Brasil em regressão.

A especialidade do fascista Bolsonaro

Pesquisa sugere disparada de Lula

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Em 17 de abril de 2016, enquanto o Senado Federal se preparava para consumar o golpe parlamentar que cassou Dilma Rousseff, este Blog anteviu o que resultaria daquele ato insensato, antidemocrático e literalmente criminoso. Abaixo, trecho do post Golpistas vão perder seja qual for o resultado dessa votação infame:

“(…) O que os golpistas esquecem é que o eleitorado majoritário que está eventualmente posicionado contra Dilma espera que tudo se resolva por milagre no exato momento em que ela deixar o poder.

Só um imbecil acredita que, com o país convulsionado, a economia vai se consertar assim. Quando o povo descobrir que lhe venderam uma mentira, ficará furioso, sobretudo porque a queda de Dilma se fará acompanhar de retirada de direitos.

Por fim, a saída de Dilma dará discurso a Lula e ao PT. E como Lula ainda é extremamente popular mesmo com toda artilharia que vem sofrendo, sua candidatura para 2018 será fortíssima, com ou sem golpe (…)”


A destruição das instituições no Brasil

Por Aldo Fornazieri, no Jornal GGN:

Adotando aqui o conceito de "governante" no sentido amplo, referido às pessoas que ocupam posições de destaque nas instâncias dirigentes dos três poderes, o que se observa, de forma acelerada nas últimas semanas, é que alguns deles vêm empreendendo uma devastadora destruição do pouco que resta da institucionalidade e da constitucionalidade do Estado brasileiro. A marca das condutas e do empenho desses dirigentes é a completa falta de caráter, de moral, em suas ações deletérias.

O mais grave é que não há forças capaz de detê-los. O STF não só perdeu a capacidade de exercer o controle constitucional, como, alguns dos seus ministros se engajaram ativamente na destruição do próprio órgão e de outras instituições. As oposições, sem uma estratégia definida, além de não terem força no Congresso, não têm capacidade de promover uma significativa convocação da sociedade para as ruas visando deter o processo destrutivo do país.

Merval, Rodrigo Maia e os sinais da traição

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Michel Temer soltou, semana passada, aquele “não sei como Deus me colocou aqui”, atribuindo ao pobre Jeová algo que está mais por ser obra de Belzebu.

Mas como são grandes as artes do Tinhoso, ele prepara-se para colocar na ordem do dia em relação a Temer aquela famosa frase da Agência Reuters, no impeachment de Dilma Rousseff: “podemos tirar, se achar melhor”.

Neste apocalipse de milagres nada santos da crise institucional brasileira, coube ao fotógrafo Dida Sampaio, do Estadão, capturar a imagem que traduz um movimento que começa a ficar aberto: a contrita esperança de Rodrigo Maia de chegar – como o próximo representante dos “sem-voto” – à Presidência.

Anatomia do golpe: as pegadas dos EUA

Por Tereza Cruvinel, no blog Conversa Afiada:

"O golpe em curso no Brasil é sofisticada operação político-financeira-jurídico-midiática , tipo guerra híbrida. E será muito difícil deslindá-la", diz o jornalista Pepe Escobar. E mais difícil fica na medida em que surgem contradições entre seus próprios artífices. A enxurrada de conversas que Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro e um dos operadores do Petrolão, teve e gravou com cardeais do PMDB, induz à ilusória percepção de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi apenas um golpe tupuniquim, armado pela elite política carcomida para deter a Lava Jato e lograr a impunidade. 

O procedimento “legal” que garantiu a troca de Dilma por Temer, para que ela faça o que está fazendo, foi peça de operação maior e mais poderosa desencadeada ainda em 2013 para atender a interesses internos e internacionais. E nela ficaram pegadas da ação norte-americana.
Interesses internos: remover Dilma, criminalizar o PT, inviabilizar Lula como candidato a 2018 e implantar uma política econômica ultra-liberal, encerrando o ciclo inclusivo e distributivista. Interesses externos: alterar a regra do pré-sal e inverter a política externa multilateralista que resultou nos BRICS, na integração sul-americana e em outros alinhamentos Sul-Sul.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Moro encalacrado diante de Lula

Por Jeferson Miola

Diante do processo judicial aberto a partir do infame power point do procurador [e vendedor de palestras e sermões] Deltan Dallagnol, a defesa do Lula fez um exercício sui generis da labuta advocatícia: além de provar a inocência, provou também a ausência de culpa do ex-presidente.

Quase uma centena de testemunhas do processo desconheceu qualquer relação do Lula com o apartamento triplex. A única exceção ficou por conta do empreiteiro dono da OAS Léo Pinheiro, presidiário que, atendendo exigência da Operação, forjou acusações contra Lula – a jóia da coroa da força-tarefa da Lava Jato – na expectativa de trocar vilania por redução da longa pena de prisão que terá de cumprir pelos crimes de corrupção que cometeu.

Globo já descarta o “companheiro” Meirelles

Por Altamiro Borges

Na busca alucinada por um sucessor para o odiado Michel Temer, já tratado como bagaço por um setor dos golpistas, o nome de Henrique Meirelles passou a ser a principal aposta do “deus-mercado”. Na mídia rentista, o czar da economia passou a ser tratado como “herói nacional”, como responsável pela volta da confiança dos investidores e pela retomada do crescimento do país. Os ex-urubólogos da imprensa, que no governo de Dilma Rousseff só davam notícias pessimistas, esbanjaram otimismo com o novo ministro da Fazenda e sua equipe econômica. A manipulação midiática, porém, não conseguiu esconder a triste realidade do agravamento da crise. Diante do fiasco, Henrique Meirelles parece que já está sendo descartado.

O falso moralismo de Ana Paula do Vôlei

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Ana Paula do Vôlei não anda sozinha. Ela é multidão.

Ana Paula do Vôlei é um símbolo, um amálgama do que temos de pior: o jeitinho atávico, a democracia seletiva, a raiva de pobre disfarçada em discurso moralista, o analfabetismo político, o papo furado contra a corrupção enquanto se é corrupto.

Ancelmo Gois deu a nota em sua coluna no Globo.

“Uma ex-funcionária de uma empresa da qual Ana é sócia cobra uns R$ 16 mil em dívida trabalhista. Foi determinada a penhora do apartamento da ex-atleta no Leblon”, escreveu.

O Brasil que emerge do governo Temer

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

“... o sentido da colonização brasileira ... é o de uma colônia destinada a fornecer ao comércio europeu alguns gêneros tropicais ou minerais de grande importância ...” (Prado Jr., 2000)

"A nossa economia se subordina inteiramente a este fim, isto é, se organizará e funcionará para produzir e exportar aqueles gêneros. Tudo mais que nela existe ... será subsidiário e destinado unicamente a amparar e tornar possível a realização daquele fim essencial.” (Furtado, 1977).


A recente expansão dos setores agrários e de exportação aponta o sentido de Brasil que emerge da mais grave recessão econômica de todo o período republicano. Sem poder contar com as forças do seu mercado interno, mutiladas pela condução da política econômica do governo Temer, sobressaem os múltiplos e individualizados interesses regionais em conexão cada vez maior com o exterior, o que termina por reconstituir a velha figura do arquipélago de regiões sem a existência de um centro dinâmico e integrador do nacional.

Mitos da austeridade: o caso de Portugal

Do site Brasil Debate:

“A austeridade foi um fracasso para Portugal, como também representou para todos os outros países em que se tentou esta mesma política.” Esta é a conclusão do prêmio Nobel em Economia Joseph Stiglitz, ao analisar o período em que Portugal aplicou ao “pé da letra” a cartilha da austeridade.

Para “salvar” a economia e as contas públicas, devastadas pela crise econômica mundial de 2008, o governo português recorreu ao empréstimo de 78 bilhões de Euros concedido pela troika[1]e implantou o seu pacote de ajustes de 2011 a 2014, executando medidas que diminuíram o gasto público, aumentaram a carga tributária, reformaram o mercado de trabalho, dificultaram o acesso ao crédito e ainda cortaram vários benefícios sociais e o número de seus beneficiários.

Hora de enfrentar Facebook e Google?

Por Rafael A. F. Zanatta, no site Outras Palavras:

Essa semana, Google e Facebook – dois dos maiores gigantes do capitalismo de vigilância contemporâneo – sofreram duros golpes em suas reputações corporativas, abrindo um debate mundial sobre a ética de suas ações e as vulnerabilidades de nossa dependência a esses monopólios da era digital.

Na terça-feira (27/06), a Comissão Europeia impôs uma multa de quase 9 bilhões de reais ao Google por “abuso de posição dominante como motor de busca” e “por dar vantagem ilegal a seu próprio serviço de compras comparativas”. Trata-se da maior punição antitruste a uma única empresa já realizada na Europa.

O saco de “bondades seletivas” do STF

Por Eugênio Aragão

Ao apagar das luzes do semestre judiciário assistimos o Supremo Tribunal Federal (STF) soltar o Sr. Rocha Loures e devolver o exercício do mandato a Aécio Neves. Dirão alguns que essas decisões foram monocráticas e não refletem a posição da corte em sua composição plena.

Bobagem. As decisões individuais tomadas pelos ministros vão para a conta do STF sim. É importante não cairmos na cilada de divisar entre ministros sérios e outros nem tanto. O STF é uma instituição que abriga, protege e blinda seus componentes de modo a torná-los intocáveis.

Não importa a suspeição escancarada de Gilmar Mendes, ele se arroga o direito de relatar os processos de seu amigo íntimo Aécio Neves e nenhum de seus pares dá um ai. Fala mal de colegas em entrevistas, reúne-se com réus, dá conselhos e consultoria a investigados e tudo fica por isso mesmo.

As cinco maldades da reforma trabalhista

Por Fania Rodrigues, no jornal Brasil de Fato:

Em meio à denúncias de corrupção envolvendo diretamente o presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB), o governo tenta aprovar a reforma trabalhista, que retira direitos dos trabalhadores para favorecer grandes empresários. O projeto de lei que muda a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovado na quarta-feira (28), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), seguirá para a última etapa de votação, no plenário do Senado Federal. Veja o que muda na CLT e como isso afeta sua vida.

1. Grávidas e lactantes poderão trabalhar em lugares insalubres. Se aprovada, a reforma permitirá que mulheres grávidas ou que estão amamentando trabalhem em lugares insalubres de grau médio e mínimo. Só ficará proibido o grau máximo. Nos locais insalubres, as trabalhadoras terão contato com produtos químicos, agentes biológicos, radiação, exposição ao calor, ambiente hospitalar de risco, frio intenso e outros.


União Europeia multa Google por monopólio

Por Lucia Abellán, no site Carta Maior:

O gigante norte-americano Google recebeu nesta terça-feira a maior multa antimonopólio que a União Europeia já impôs. A Comissão Europeia fixou para a companhia uma sanção de 8,96 bilhões de reais (2,424 bilhões de euros) por fragilizar a concorrência no mercado das buscas pela Internet, segundo confirmou Bruxelas. O caso diz respeito especificamente ao serviço de comparação de preços, mas representa um corretivo à forma geral de operar do poderoso buscador que favorece, segundo Bruxelas, seus próprios serviços sem que os usuários tenham consciência do viés.

As aventuras golpistas da direita brasileira

Por Emir Sader. no site Vermelho:

O golpe de 2016 não é um ponto fora da curva na história da direita brasileira. A direita brasileira nunca foi democrática. Desde 1930, quando perdeu o controle do Estado, ela se jogou em muitas aventuras golpistas, tentando recuperar o governo, contra a maioria dos brasileiros.

O golpe de 1932 – que até hoje a direita chama de "revolução", quando era uma tentativa de contrarrevolução – foi uma aventura para retornar ao sistema político em que as oligarquias controlavam tudo e não cediam nenhum direito ao povo. Voltar à economia primário exportadora, que tinha levado o país à pior crise da sua história. Voltar ao império de governantes como Washington Luis, para quem "a questão social é questão de polícia". Tentaram o golpe em nome da "democracia", como sempre, mas seu objetivo era o mais retrógrado possível, a restauração do regime de maior exclusão social e o menos democrático possível.

PSDB pode afundar abraçado a Temer

Por Matheus Pichonelli, no site The Intercept-Brasil:

Na carta endereçada a Michel Temer em forma de artigo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que aprovou no muque (maldosos usarão outro termo) a emenda da própria reeleição e agora defende mandato presidencial de cinco anos, fez um apelo ao bom senso do peemedebista para encurtar sua estadia no Planalto. O gesto seria, nas palavras do grão-tucano, uma demonstração de “grandeza”. Uma gentileza, claro, veja bem, se não for muito incômodo, faltou dizer FHC.

O convite antes revela um desejo do que um mero conselho, dado de graça pela principal liderança tucana. Temer renunciando, PSDB e PMDB tratariam com outros termos a estratégia para aprofundar o abraço mútuo que não levasse ao afogamento. Aqui entram dois cálculos políticos. Um é relativo à sobrevivência a curto prazo. O outro é eleitoral.

domingo, 2 de julho de 2017

Doria, o “vagabundo”, está derretendo

Por Altamiro Borges

O “prefake” João Doria adora se fantasiar de “João trabalhador” e desqualificar os seus adversários políticos, rotulando-os de “vagabundos”, “preguiçosos”, “ladrões” e outros adjetivos. Mas, pelo jeito, a sua usina de factoides está se esgotando e a sua operação permanente e milionária de marketing já não convence nem os “midiotas” mais tacanhos. Na semana passada, o Instituto Ipsos divulgou uma pesquisa que atesta que a reprovação dos brasileiros ao prefeito de São Paulo saltou de 39% para 52% em apenas um mês. Até a mercenária revista ‘Veja’, que andou bajulando o ricaço, sentiu o baque e ficou preocupada.