quarta-feira, 5 de julho de 2017

A injustiça tributária no Brasil

Por Juliano Giassi Goularti, no site Brasil Debate:

A carga tributária bruta no Brasil aumentou exponencialmente ao longo das últimas décadas, passando de 27% do PIB, em 1995, para 34% em 2015. E, diferentemente dos países membros da OCDE, em que a parcela da tributação que recai sobre bens e serviços é residual e há maior peso da tributação sobre renda e patrimônio, no Brasil aproximadamente metade dos tributos incide sobre bens e serviços, o que, proporcionalmente, onera mais a renda dos mais pobres.



Rumo à agricultura do medo?

Por Silvia Ribeiro, no site Outras Palavras:

O futuro da comida não é mais o que costumava ser. Ao menos no que se refere à agricultura industrial. A Monsanto, mais conhecida vilã da agricultura transgênica, pode em breve sumir do mercado com esse nome, se sua compra pela Bayer for autorizada – mas suas intenções continuarão as mesmas. As fusões Syngenta-ChemChina e Dupont-Dow ainda estão sob análise das autoridades antimonopólio em vários países. Se bem sucedidas, as três corporações resultantes controlarão 60% do mercado mundial de sementes comerciais (e quase 100% das sementes geneticamente modificadas), além de 71% dos agrotóxicos, com níveis de concentração que superam em muito as normas sobre monopólio em qualquer país.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Cresce o calote nos condomínios de SP

Por Altamiro Borges

A mídia golpista e a cloaca empresarial garantiram que bastaria derrubar Dilma Rousseff e alçar ao poder a gangue de Michel Temer para a economia voltar a crescer “instantaneamente” – segundo as bravatas de Flávio Rocha, o picareta que preside as Lojas Riachuelo. A realidade, porém, é cruel e desmente os golpistas a cada dia que passa. Até os “coxinhas” que residem em prédios da “classe mérdia” já se dão conta que foram usados como massa de manobra pelas elites. Em decorrência do agravamento da crise econômica, muitos deles têm atrasado o pagamento dos condomínios. Segundo pesquisa divulgada pelo Secovi-SP nesta segunda-feira (3), houve um aumento de 1.207% nas ações contra devedores em maio deste ano ante o mesmo mês de 2016.

Após Geddel, cadeia para Padilha e Moreira?

Por Altamiro Borges

Nos bastidores do covil golpista circula o boato de que o Judas Michel Temer está deprimido, cabisbaixo. A “primeira-dama recatada e do lar”, Marcela Temer, também anda abatida. O clima de desânimo é justificado. Afinal, o usurpador está vivendo seu inferno astral e corre o sério risco de ser defecado do poder. No final de semana, Michel Temer até festejou a libertação do seu assessor Rocha Loures, o “homem da mala”, e os privilégios concedidos ao comparsa Aécio Neves. Mas o alívio durou pouco tempo. Nesta segunda-feira (3), um dos seus principais amigos, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, foi preso. E o pior é que outros aliados fiéis podem se juntar ao “boca de jacaré” na cadeia. Moreira Franco e Eliseu Padilha estão na fila!

"A Globo não vai me calar"

Do site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Vítima da cruzada judicial promovida pelo diretor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, contra blogueiros e jornalistas que destoam da visão única que impera no monopólio midiático, Marco Aurelio Mello publicou texto relatando seu caso. Processado e condenado por um texto de ficção, Mello se vê, agora, obrigado a indenizar Kamel num típico caso de judicialização da censura.

Contando com a solidariedade de amigos e simpatizantes de sua causa, Mello lançou campanha de arrecadação coletiva para evitar a asfixia financeira, expediente utilizado com frequência por Kamel para calar as vozes dissonantes. Saiba como ajudar: https://www.catarse.me/condenado_d176?ref=project_link


João Saldanha: o futebol e o jogo da vida

Por Osvaldo Bertolino, no site Vermelho:

A explosão de popularidade do futebol no Brasil nas primeiras décadas do século XX despertou análises como as de Gilberto Freyre que já em 1936, no livro Sobrados e Mucambos, mencionou “a ascensão do mulato não só mais claro como mais escuro entre os atletas, os nadadores, os jogadores de futebol, que são hoje, no Brasil, quase todos mestiços”. No artigo A propósito de Pelé, publicado na Folha de S. Paulo em 3 de setembro de 1977, Freyre comparou o rei a Machado de Assis, Euclides da Cunha, Heitor Villa-Lobos e Oscar Niemeyer. O que os une? A genialidade.

Um personagem que sintetiza o potencial do universo futebolístico é João Saldanha. Como jornalista, técnico e dirigente ele traduziu, mais do que ninguém, o que a crônica esportiva chama de “magia do futebol” - história brilhantemente reconstituída pelo jornalista André Iki Siqueira no livro João Saldanha, uma vida em jogo, publicado pela Companhia Editora Nacional. Em 550 páginas, Siqueira conta os 73 anos de vida do jornalista - dos quais a maioria vivida também como militante do Partido Comunista.


Jacob Barata e a maldição dos casamentos

Gilmar Mendes e Guiomar com Beatriz Barata e Chiquinho Feitosa
Por Ruben Berta, no site The Intercept-Brasil:

Praticamente quatro anos depois de ter sido realizada, uma festa de casamento volta à memória dos cariocas. Na virada de 13 para 14 de julho de 2013, mais de mil convidados foram ao Copacabana Palace para uma celebração que tinha tudo para ser inesquecível – e foi. Champanhe Veuve Clicquot, uísque Black Label e um bolo que, como descreveu a colunista Hildegard Angel, "era um acontecimento". Com direito até a show do cantor Latino (era a época de “Festa no apê”), não teria saído por menos de R$ 1 milhão a união em matrimônio Beatriz Barata e Francisco Feitosa Filho. O azar dos noivos é que, naquele julho de 2013, ainda vivíamos uma onda de protestos que tiveram como um dos principais motes as mazelas do sistema de transporte público.

Revolução venezuelana na sua hora decisiva

Por Igor Fuser,  na revista Fórum:

O conflito na Venezuela ingressou num período decisivo, com todo um conjunto de sinais de que a oposição direitista optou por uma tática de “tudo ou nada” na tentativa de inviabilizar a eleição da Assembleia Constituinte, marcada para o dia 30 de julho. O objetivo da ofensiva política em curso é derrubar, por qualquer meio, o governo legítimo do presidente Nicolás Maduro.

Atos violentos que em qualquer outro lugar do mundo mereceriam a definição unânime de terrorismo foram cometidos na semana passada por milícias fascistas opositoras, sob o silêncio condescendente dos jornalistas estrangeiros. A ação mais chocante foi a destruição de um depósito da rede estatal de abastecimento Mercal, com a queima de 50 toneladas de alimentos que seriam distribuídos em comunidades pobres do estado de Anzoátegui. A suprema ironia foi uma pichação pintada numa parede pelos fascistas: “No más hambre” (“Chega de fome”). Ou seja: a oposição, na busca desesperada de promover o caos, já não disfarça sua estratégia de guerra econômica. Age abertamente para agravar os problemas da escassez e da alta dos preços, com a clara intenção de culpar o governo pela crise e fragilizá-lo politicamente.

O massacre do pensamento único

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Levantamento do Datafolha sobre as ideias políticas da população não deve ser desprezado. Mostra que a rejeição a Michel Temer e as contrarreformas de Henrique Meirelles está longe de refletir uma visão passageira dos brasileiros nem se alimenta das denúncias de Joesley Batista, por mais chocantes que elas sejam.

Descendo às convicções mais profundas dos brasileiros, a pesquisa mostra uma maioria que rejeita valores e referências ideológicas dos aliados do golpe e seu lote de candidatos possível em 2018. Na prática, os dados confirmam, em números quantitativos, aquilo que uma pesquisa qualitativa da Ideia Inteligência, divulgada em fevereiro de 2017 pelo repórter Ricardo Mendonça, do Valor Econômico, chamou de saudades de Lula.

Crônica de um amor ambíguo

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

É um erro político avaliar as decisões atuais do STF de um ponto de vista puramente jurídico, ou seja, se elas são – ou não – decisões que podem ser classificadas como “segundo a Constituição”, ou são decisões que “torcem” o bastão, para favorecer determinados contendores políticos e prejudicar outros. Na verdade, estas decisões são todas as coisas para parecer nenhuma e obedecem só uma teleologia: pôr uma máscara de legitimidade num Estado de Direito, que transita da exceção para a normalidade e desta para aquela, num ritual macabro de arbítrios, no qual o Direito se tornou pura política e contingência.

A austeridade fiscal fere e mata

Por Carlos Drummond, na revista CartaCapital:

O total de desempregados subiu para 14,3 milhões no Brasil em março, um recorde histórico segundo o IBGE, e atingirá 201 milhões no mundo este ano, prevê a Organização Internacional do Trabalho.

Aqui e no exterior ainda predominam, entretanto, as mesmas políticas recessivas e de austeridade causadoras das demissões em massa, ou soluções incapazes de reverter a situação, constatam vários economistas.

Como se isso não bastasse, a discussão sobre as causas da crise e as opções para superá-la ocorrem quase exclusivamente na esfera econômica. Uma diferença fundamental deve ser destacada: a Europa mantém, apesar dos ataques, o Estado de Bem-Estar Social, uma conquista inimaginável no Brasil em regressão.

A especialidade do fascista Bolsonaro

Pesquisa sugere disparada de Lula

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Em 17 de abril de 2016, enquanto o Senado Federal se preparava para consumar o golpe parlamentar que cassou Dilma Rousseff, este Blog anteviu o que resultaria daquele ato insensato, antidemocrático e literalmente criminoso. Abaixo, trecho do post Golpistas vão perder seja qual for o resultado dessa votação infame:

“(…) O que os golpistas esquecem é que o eleitorado majoritário que está eventualmente posicionado contra Dilma espera que tudo se resolva por milagre no exato momento em que ela deixar o poder.

Só um imbecil acredita que, com o país convulsionado, a economia vai se consertar assim. Quando o povo descobrir que lhe venderam uma mentira, ficará furioso, sobretudo porque a queda de Dilma se fará acompanhar de retirada de direitos.

Por fim, a saída de Dilma dará discurso a Lula e ao PT. E como Lula ainda é extremamente popular mesmo com toda artilharia que vem sofrendo, sua candidatura para 2018 será fortíssima, com ou sem golpe (…)”


A destruição das instituições no Brasil

Por Aldo Fornazieri, no Jornal GGN:

Adotando aqui o conceito de "governante" no sentido amplo, referido às pessoas que ocupam posições de destaque nas instâncias dirigentes dos três poderes, o que se observa, de forma acelerada nas últimas semanas, é que alguns deles vêm empreendendo uma devastadora destruição do pouco que resta da institucionalidade e da constitucionalidade do Estado brasileiro. A marca das condutas e do empenho desses dirigentes é a completa falta de caráter, de moral, em suas ações deletérias.

O mais grave é que não há forças capaz de detê-los. O STF não só perdeu a capacidade de exercer o controle constitucional, como, alguns dos seus ministros se engajaram ativamente na destruição do próprio órgão e de outras instituições. As oposições, sem uma estratégia definida, além de não terem força no Congresso, não têm capacidade de promover uma significativa convocação da sociedade para as ruas visando deter o processo destrutivo do país.

Merval, Rodrigo Maia e os sinais da traição

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Michel Temer soltou, semana passada, aquele “não sei como Deus me colocou aqui”, atribuindo ao pobre Jeová algo que está mais por ser obra de Belzebu.

Mas como são grandes as artes do Tinhoso, ele prepara-se para colocar na ordem do dia em relação a Temer aquela famosa frase da Agência Reuters, no impeachment de Dilma Rousseff: “podemos tirar, se achar melhor”.

Neste apocalipse de milagres nada santos da crise institucional brasileira, coube ao fotógrafo Dida Sampaio, do Estadão, capturar a imagem que traduz um movimento que começa a ficar aberto: a contrita esperança de Rodrigo Maia de chegar – como o próximo representante dos “sem-voto” – à Presidência.

Anatomia do golpe: as pegadas dos EUA

Por Tereza Cruvinel, no blog Conversa Afiada:

"O golpe em curso no Brasil é sofisticada operação político-financeira-jurídico-midiática , tipo guerra híbrida. E será muito difícil deslindá-la", diz o jornalista Pepe Escobar. E mais difícil fica na medida em que surgem contradições entre seus próprios artífices. A enxurrada de conversas que Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro e um dos operadores do Petrolão, teve e gravou com cardeais do PMDB, induz à ilusória percepção de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi apenas um golpe tupuniquim, armado pela elite política carcomida para deter a Lava Jato e lograr a impunidade. 

O procedimento “legal” que garantiu a troca de Dilma por Temer, para que ela faça o que está fazendo, foi peça de operação maior e mais poderosa desencadeada ainda em 2013 para atender a interesses internos e internacionais. E nela ficaram pegadas da ação norte-americana.
Interesses internos: remover Dilma, criminalizar o PT, inviabilizar Lula como candidato a 2018 e implantar uma política econômica ultra-liberal, encerrando o ciclo inclusivo e distributivista. Interesses externos: alterar a regra do pré-sal e inverter a política externa multilateralista que resultou nos BRICS, na integração sul-americana e em outros alinhamentos Sul-Sul.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Moro encalacrado diante de Lula

Por Jeferson Miola

Diante do processo judicial aberto a partir do infame power point do procurador [e vendedor de palestras e sermões] Deltan Dallagnol, a defesa do Lula fez um exercício sui generis da labuta advocatícia: além de provar a inocência, provou também a ausência de culpa do ex-presidente.

Quase uma centena de testemunhas do processo desconheceu qualquer relação do Lula com o apartamento triplex. A única exceção ficou por conta do empreiteiro dono da OAS Léo Pinheiro, presidiário que, atendendo exigência da Operação, forjou acusações contra Lula – a jóia da coroa da força-tarefa da Lava Jato – na expectativa de trocar vilania por redução da longa pena de prisão que terá de cumprir pelos crimes de corrupção que cometeu.

Globo já descarta o “companheiro” Meirelles

Por Altamiro Borges

Na busca alucinada por um sucessor para o odiado Michel Temer, já tratado como bagaço por um setor dos golpistas, o nome de Henrique Meirelles passou a ser a principal aposta do “deus-mercado”. Na mídia rentista, o czar da economia passou a ser tratado como “herói nacional”, como responsável pela volta da confiança dos investidores e pela retomada do crescimento do país. Os ex-urubólogos da imprensa, que no governo de Dilma Rousseff só davam notícias pessimistas, esbanjaram otimismo com o novo ministro da Fazenda e sua equipe econômica. A manipulação midiática, porém, não conseguiu esconder a triste realidade do agravamento da crise. Diante do fiasco, Henrique Meirelles parece que já está sendo descartado.

O falso moralismo de Ana Paula do Vôlei

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Ana Paula do Vôlei não anda sozinha. Ela é multidão.

Ana Paula do Vôlei é um símbolo, um amálgama do que temos de pior: o jeitinho atávico, a democracia seletiva, a raiva de pobre disfarçada em discurso moralista, o analfabetismo político, o papo furado contra a corrupção enquanto se é corrupto.

Ancelmo Gois deu a nota em sua coluna no Globo.

“Uma ex-funcionária de uma empresa da qual Ana é sócia cobra uns R$ 16 mil em dívida trabalhista. Foi determinada a penhora do apartamento da ex-atleta no Leblon”, escreveu.

O Brasil que emerge do governo Temer

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

“... o sentido da colonização brasileira ... é o de uma colônia destinada a fornecer ao comércio europeu alguns gêneros tropicais ou minerais de grande importância ...” (Prado Jr., 2000)

"A nossa economia se subordina inteiramente a este fim, isto é, se organizará e funcionará para produzir e exportar aqueles gêneros. Tudo mais que nela existe ... será subsidiário e destinado unicamente a amparar e tornar possível a realização daquele fim essencial.” (Furtado, 1977).


A recente expansão dos setores agrários e de exportação aponta o sentido de Brasil que emerge da mais grave recessão econômica de todo o período republicano. Sem poder contar com as forças do seu mercado interno, mutiladas pela condução da política econômica do governo Temer, sobressaem os múltiplos e individualizados interesses regionais em conexão cada vez maior com o exterior, o que termina por reconstituir a velha figura do arquipélago de regiões sem a existência de um centro dinâmico e integrador do nacional.