quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Vigília Lula Livre mantém chama acesa

Foto: Ricardo Stuckert
Por Luiza Dulci, na revista Teoria e Debate:

“As paisagens, cansei-me das paisagens
cegá-las com palavras rasurá-las

As paisagens são frutos descabidos
agudos olhos farpas sons à noite

espaço livre para o erro regiões recompostas
por desejo

Paisagens bruscas
decercadas as subidas não poupam

meu silêncio: renominá-las aqui
neste abandono ou aprendê-las diversas e desertas.”


(Vigília II, Ana Cristina Cesar)


As celebrações do Natal e do Ano-Novo com Lula em Curitiba tiveram grande repercussão. Colocaram em evidência o espaço da Vigília Lula Livre, que existe e resiste desde 7 de abril de 2018, dia da chegada do ex-presidente à capital do Paraná, conhecida como República de Curitiba. Em 1º de janeiro de 2019 completaram-se 270 dias de vigília.

Mestres e métodos fascistas de Paulo Guedes

Por Osvaldo Bertolino, no site Vermelho:

Antes de tomar posse, o agora ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que pretendia dar importância ao “capital humano”. “Os economistas liberais sempre tiveram uma outra face, a do capital humano, a importância de investimento em saúde e educação. Pretendemos dar dinheiro para voucher (vales individuais) para saúde, creche e educação, investir na formação da criança de 0 a 9 anos”, afirmou.

Bolsonaro investe contra a reforma agrária

Por Maura Silva, no site do MST:

Desde a última quinta-feira (3), circula na internet um memorando - assinado pelo ex-diretor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) Clovis Figueiredo Cardoso - que determina o sobrestamento de todos os processos de aquisição, desapropriação, adjudicação ou outra forma de obtenção de terras.

Segundo o texto o motivo para a decisão são as “novas diretrizes adotadas pelo novo governo no tocante ao processo de reforma agrária e demais ações pertinentes à Autarquia”, além do processo de transição pelo qual o Incra passará em “todas as suas instâncias”.

O novo tempo dos monstros

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Gramsci define o ciclo de tragédias que nascia com a primeira grande guerra como o “tempo dos monstros”: o velho mundo agonizava, mas o novo ainda lutava para nascer.

Esse transe dolorido parece estar de volta, mas quem se mostra ferido de morte é o novo, com o retorno imperial do passado, numa tentativa de reter o amanhã. O velho não saiu do Oriente Médio; renasce na Europa e se instala nos EUA, de onde promete irradiar-se, pela força do imperialismo.

Anuncia-se uma nova ‘Santa Aliança’ com a pretensão de reordenar o mundo, sob um novo projeto conservador, substituídos os impérios russo e austríaco de então e o reino da Prússia, pelos EUA de Donald Trump, seus aliados europeus e Israel e a Arábia Saudita.

O pensamento radical de Clóvis Moura

Por Augusto Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

“Ser radical é ir às raízes dos problemas e a raiz do homem é o próprio homem” (K. Marx).

Estávamos no ano de 1949 e um jovem estudioso, vivendo no interior da Bahia, resolveu enviar uma longa carta ao historiador Caio Prado Jr. Nela, falava dos seus planos de realizar uma pesquisa sobre a história das rebeliões negras no Brasil. Para isso, pedia ajuda ao eminente intelectual marxista. A resposta, contudo, não foi nada animadora. Ela sugeria que o rapaz abandonasse o plano original, pois morava numa região onde a escravatura não tinha tido um grande papel. E, mais grave, ali não teria condições de ter acesso às fontes históricas necessárias para desenvolver tão ousado projeto. Então, propunha que o missivista pegasse a “pena” e contasse “com toda simplicidade” o que “observava à sua volta”. Ou seja, descrevesse a situação do sertão baiano, onde vivia. Uma sugestão bastante prudente. Nove entre dez orientadores acadêmicos proporiam a mesma coisa.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Mangueira faz homenagem a Marielle Franco

A estratégia pró-mercado de Paulo Guedes

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Há dois discursos no governo Bolsonaro.

Um, é o da escatologia, com afirmações que só passam pelo crivo dos néscios. Outra sutil, fora do alcance da mídia e de grande parte da opinião pública, e que reflete o jogo da política econômica, de beneficiar o capital financeiro em detrimento do capital produtivo.

É onde se encaixam duas afirmações recentes de Bolsonaro e Paulo Guedes.

1- A ameaça de abrir o sigilo de todos os financiamentos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

2- Anunciando aumento da taxa de juros dos financiamentos habitacionais da Caixa Econômica Federal (CEF) (depois foi desmentida pelo novo presidente da CEF).

Militar ultraneoliberal e a jabuticaba

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Poucos dias de governo Bolsonaro já são suficientes para conhecermos parte significativa de suas entranhas, do jogo do poder que se dá a partir dos núcleos que o compõem, do papel de cada um desses grupos, das divergências reais e potenciais entre eles.

Na visão do arguto e sempre lúcido analista Luis Nassif, corroborada por outros respeitáveis comentaristas, o governo que resultou da ação política de militares e juízes, para cuja conquista Bolsonaro foi usado como cavalo de Tróia, se divide da seguinte forma:

Bolsonaro quer exilar Paulo Freire de novo

Por Maria Izabel Noronha, na Rede Brasil Atual:

O jornal Folha de S.Paulo deste domingo (6) publicou matéria sobre a nefasta intenção do governo de Jair Bolsonaro de "expurgar" a obra de Paulo Freire do sistema educacional brasileiro, por atribuir-lhe a causa de todas as deficiências da nossa educação.

Como professora, sinto-me no dever de começar com uma constatação: nem Bolsonaro, nem seus filhos e nem seu ministro da Educação leram a obra de Paulo Freire.

Criticar algo sem sequer conhecer: isso sim é ideologia! E Bolsonaro tenta enganar a sociedade, afirmando querer "um país livre das amarras ideológicas".

O financismo e os bancos públicos

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

O primeiro dia da segunda semana do governo do capitão e de seus generais representou uma declaração de guerra do povo do financismo contra o nosso sistema dos bancos públicos federais. Ao contrário de todo o tipo de bateção de cabeça que se verificou nas definições das demais áreas da equipe de Bolsonaro, aqui nesse campo parece que o jogo é mais profissional e coordenado.

No decorrer da segunda-feira, 7 de janeiro de 2019, o que se viu foi um longo desfilar de cerimônias simbólicas e declarações de autoridades recém empossadas em seus cargos estratégicos na área econômica da administração pública federal. Em todos os momentos, o discurso uníssono gravitava em torno do espancamento do Estado, algo semelhante às cenas de malhação de Judas no sábado de Aleluia, durante o período pascal.

Lula reage às acusações de Moro

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Aproxima-se o julgamento do processo de Lula sobre reformas em um sítio que ele usou algumas vezes e que teriam sido pagas pela Odebrecht. A única prova que poderia haver, via delação premiada, deixou de existir com a afirmação do dono da Odebrecht de que Lula nada sabia e nada deu em troca da reforma no sítio. Com isso, o caso desMOROnou.

A promoção do filho do general Mourão

Do jornal Brasil de Fato:

O bancário Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do recém-empossado vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi promovido a assessor especial de Rubem Novaes, também recém-nomeado presidente do Banco do Brasil, e terá o salário praticamente triplicado. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o salto na carreira do bancário foi visto com "estranheza" por funcionários do banco.

Bolsonaro e a Guantánamo do Sul

Por Marcelo Zero

Os EUA têm cerca de 800 instalações militares espalhadas pelo mundo, desde grandes bases que são verdadeiras cidades até postos de radar e de telecomunicações. Gastam ao redor de US$ 100 bilhões por ano para mantê-las.

Os EUA são, de longe, o país que têm mais bases espalhadas pelo mundo.

Só para se ter uma ideia, França, Grã-Bretanha e Rússia têm, combinadas, apenas 30 bases.

Apenas na Alemanha, os EUA têm 34 bases, instaladas na época da Guerra Fria. Na América Latina, os EUA possuem 76 instalações, a maioria concentrada na América Central e no Caribe.

Para esconder erros, Bolsonaro ataca Haddad

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

A tática é manjada, mas assim é a “nova política” do bolsonarismo para engabelar sua galera de fanáticos

No dia seguinte à monumental confusão que provocou no meio político, ao trombar com sua equipe econômica, em vez de se explicar e pedir desculpas, capitão Bolsonaro voltou ao ataque.

Acompanhado dos filhos, foi ao Twitter e disparou uma mensagem atrás da outra sobre assuntos os mais diversos, sem tocar no principal: as mudanças nos impostos que anunciou, ao assinar decretos sem ler direito.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Bolsonaro vai vetar acordo Boeing-Embraer?

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Entre pessoas familiarizadas com as negociações para a fusão da Embraer com a Boeing, cresce a visão de que a ressalva de Jair Bolsonaro ao acordo entre as duas empresas constitui mais do que uma simples opinião pessoal - e expressa uma visão partilhada por outros setores do governo.

A objeção mencionada pelo presidente numa entrevista na sexta-feira, na Base Aérea de Brasília, envolve o capítulo final das tratativas conduzidas pela atual presidência da Embraer, estatal criada como parte dos projetos de industrialização do país que foi privatizada por moedas podres no governo Fernando Henrique Cardoso.

Não é populismo, é fascismo

Por Manuel Carvalho da Silva, no site Sul-21:

É surpreendente que sociedades carregadas de injustiças e desigualdades, polarizadas em guetos, se tornem perigosas? Sociedades onde uma ínfima minoria é muita rica e manipula todos os poderes, uma grande parte é extremamente pobre e não tem voz, e no meio fica um enorme massa de seres humanos a deslizar para o lado da privação e da desesperança são sociedades em perigo. Neste contexto, será surpresa surgirem messias providenciais que, prometendo autoridade e segurança, encontram um público disponível para os apoiar e até para lhes propiciar vitórias eleitorais? Não, não é. Está a acontecer hoje o que já aconteceu no passado.

'Marxismo cultural' e o neonazista da Noruega

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Há uma bandeira que une os mentores intelectuais (sic) do bolsonarismo: a luta contra o chamado “marxismo cultural”.

Essa batalha é travada com força e com vontade pelo chanceler Ernesto Araújo, seu colega ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, e demais olavistas do governo.

Num artigo lelé da cuca intitulado “Trump e o Ocidente”, publicado em seu blog, Araújo escreveu que o presidente dos EUA estava salvando a civilização do “marxismo cultural globalista” ao defender a “identidade nacional, os valores familiares e a fé cristã, enquanto a Europa não o faz”.

Um novo tempo. Mas… qual?

Por Reginaldo Moraes, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Durante o governo Temer, havia quem perguntasse por que não havia uma explosão das massas populares diante dos abusos e achincalhes que sofriam e os absurdos que se revelavam. O resultado das eleições de 2018 foi, quem sabe, uma dessas explosões – não do jeito como alguns esperavam ou desejavam. A seu modo, inesperado e estranho, foi, sim, uma explosão de rebeldia, um “basta!”. É preciso diagnosticar essa atitude, mais do que lamentá-la ou rejeitá-la. E, agora sabemos, ela está longe de “espontânea”. Tudo indica que ela é, em primeiro lugar, o resultado da lenta maturação de mudanças socioeconômicas e da lenta evolução de uma crise desagregadora. De outro lado, é também uma obra de arte do que se costuma chamar de mistificação de massas, com o uso de sofisticadas armas de indução de opinião e comportamento.

Apertem os cintos: 2019 deu a largada!

Por Rosane Borges, na revista CartaCapital:

A aurora de 2019 vem acompanhada de um novo (?) governo no Brasil que em sua tenra idade já exibe as rugas de um projeto arcaico que nos devolve para um passado que não passa. Carregando a faixa presidencial desde 28 de outubro, Jair Messias Bolsonaro sacramentou durante a posse o que vinha anunciando exaustivamente e cumprindo parcialmente.

A cerimônia deste 1º de janeiro não fugiu um milímetro do roteiro que embasou a campanha e, pelo que se viu, servirá de farol para o espetáculo de horrores que, a cada cena, antecipa os desdobramentos do próximo ato.

Cortina de fumaça e lacração

Por Renato Rovai, em seu blog:

Há uma nova polêmica em curso. Ela diz respeito a se todos os movimentos do governo Bolsonaro que não digam respeito à economia são ou não cortina de fumaça. Com todo o respeito, o debate vem se construindo de forma muito rasa.

O que está em jogo no Brasil são as suas riquezas, o patrimônio nacional, os direitos trabalhistas, mas também as terras indígenas, os direitos das mulheres e LGBTs e a formação escolar de milhões de jovens e adolescentes. Entre outras muitas coisas, como o que nos restou de democracia.