segunda-feira, 1 de abril de 2019

Bolsonaro não pode celebrar golpe de 1964

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Jair Bolsonaro tinha 9 anos quando os militares derrubaram a democracia em 1964. Era apenas uma criança que sonhava entrar para o Exército. Logo após o fim da ditadura, aos 31 anos, já militar, Bolsonaro escreveu um artigo para a revista Veja reclamando dos baixos salários dos militares. A indisciplina lhe custou 15 dias de cadeia. Mas a reclusão não foi capaz de segurar seu espírito incendiário. No ano seguinte, o capitão continuou a luta por reajuste salarial e elaborou um plano que lhe pareceu infalível: bombardear quartéis e academia militares.

Plano de capitalização leva à barbárie

Por Jeferson Miola, em seu blog:         

O modelo de capitalização individual que inspira Bolsonaro foi imposto no Chile pelo ditador Pinochet em 1980 através do Decreto Lei 3.500 em meio a um “banho de sangue nas ruas” – fato histórico enaltecido pelo chefe da Casa Civil do Bolsonaro.

A PEC 6/2019 proposta pelo governo tem como objetivo de curto prazo a modificação, para muito pior, das atuais regras para aposentadorias, benefícios e pensões. A redução para R$ 400 [menos da metade do salário mínimo] do valor do Benefício de Prestação Continuada para os idosos é a face mais macabra da PEC.

Lava-Jato e Bolsonaro são irmãos siameses

Por Bepe Damasco, em seu blog:

A compreensão da simbiose entre a Lava Jato e o bolsonarismo é importante para identificar quem manipula os cordéis que provocam a anarquia institucional do estado de exceção que vivemos.

As milícias digitais, que atuam diuturnamente nas redes sociais ameaçando, difamando, agredindo e chantageando, a um só tempo servem à cruzada nazi-bolsonarista contra os valores democráticos, civilizatórios e iluministas e ao projeto de poder da República de Curitiba.

Nunca é demais repetir que o fenômeno Bolsonaro só foi possível graças à Lava Jato. Por trás do golpe que apeou a presidenta Dilma do governo está a República de Curitiba. E a perseguição a Lula, que culminou com sua prisão ilegal e seu alijamento das eleições, constitui-se, sem dúvida, na maior contribuição dos procuradores e juízes lavajateiros à fascistização do país, que atingiu o apogeu com a eleição do capitão.

Bolsonaro cai ao apoiar ditadura e Israel

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Bolsonaro é o maior inimigo de si mesmo. Ao determinar comemorações nos quartéis pelo aniversário do golpe militar de 1964, fez explodirem atos públicos pelo país relembrando atrocidades da ditadura. Ao estreitar relações com Israel sob orientação dos EUA, torna o Brasil inimigo do mundo árabe, com todas as consequências que isso pode nos acarretar.

As pesquisas sobre a popularidade de Jair Bolsonaro vêm mostrando rápida queda de sua aprovação. Nas últimas semanas, a pesquisa XP-Ipespe e a pesquisa Ibope registraram quedas parecidas e fortes da aprovação ao presidente da República.

Hitler desmente o chanceler de Bolsonaro

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Há algum tempo publicamos aqui um documentário mostrando como os capitalistas financiaram o nazismo de Adolf Hitler e o fascismo de Benito Mussolini. Mas a extrema-direita, viciada em fake news, insiste em jogar no colo da esquerda as barbaridades do nazismo. Como se o líder da União Soviética, Josef Stalin, em que pese seus defeitos, não tivesse botado os nazistas para correr em 1943.

Agora é o chanceler (sic) de Bolsonaro, o bolsominion diplomata Ernesto Araújo, quem utiliza suas redes para difundir a mentira de que o nazismo era de esquerda.

O general Mourão e o "policial bonzinho"

Por Fernando Rosa, no blog Senhor X:

O general Mourão, quem diria, acabou no Wilson Center. No dia 8 de abril, ele é convidado do instituto, em Washington. Diz o convite: “Junte-se a nós naquela tarde para uma conversa sobre as perspectivas políticas para o Brasil no próximo ano e além“.

O texto do convite dá o tom da participação e dos objetivos do convescote neo-golpista.

“Os primeiros 100 dias do governo Bolsonaro foram marcados por paralisia política, em grande parte devido às crises sucessivas geradas pelo círculo interno do próprio presidente, se não por si próprio. Em meio ao barulho político, o vice-presidente Hamilton Mourão emergiu como uma voz de razão e moderação, capaz de orientar tanto em assuntos internos quanto externos. O vice-presidente Mourão assumiu a gestão da crise na Venezuela e tem sido cada vez mais procurado por autoridades da China, Europa e Oriente Médio, bem como pela comunidade empresarial, para atuar como interlocutor do governo”.

Brasil definirá o futuro da Igreja Católica

Do blog Nocaute:

Causaram estranheza na opinião pública e no meio católico duas decisões do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, ao assumir, em março de 2013, o trono de São Pedro com o nome de Francisco, o 266º Papa da Igreja Católica.

A primeira delas foi o anúncio de que não iria residir nos suntuoso Palácio Apostólico, na Praça de São Pedro, mas na Casa Santa Marta, uma espécie de hospedaria merecedora de no máximo três estrelas, destinada a receber membros estrangeiros do alto clero de passagem pelo Vaticano.

domingo, 31 de março de 2019

Crença e narcisismo na vida de Ernesto Araújo

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Ecoando o youtuber Olavo de Carvalho, o chanceler Ernesto Araújo insiste que o nazismo era de esquerda, uma variação do regime socialista ou comunista.

Se ele assistir ao filme “Hitler – Uma Carreira”, de Joachim C. Fest e Christian Herrendoerfer, considerado o mais completo sobre a ascensão do líder do nazismo, verá que Hitler chegou ao poder com seus seguidores matando e encarcerando, primeiramente, os comunistas, depois os social-democratas e, por fim, os judeus, pessoas que ele odiava.

A referência ao ódio de Hitler à esquerda está aos 38 minutos e 24 segundos do documentário.

Pré-sal: o ônus e o bônus do excedente

Por Giorgio Romano Schutte, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O governo Jair Bolsonaro planeja realizar em outubro o maior leilão de reservas, exploração e produção de petróleo que o mundo já assistiu. O valor estimado para entrar no caixa só neste ano é de R$ 100 bilhões. Para tanto, aproveita-se de alterações na legislação introduzidas pelo governo Michel Temer que tornaram os leilões do pré-sal o mais atraente possível para os oligopólios internacionais, além de terem reduzido a participação da Petrobras na exploração dessas reservas e derrubado o percentual obrigatório de uso de conteúdo nacional. De fato, nesta área há um continuidade direta entre a política dos governos Temer e Bolsonaro e uma ruptura clara com a política dos governo Lula e Dilma. Curiosamente, pouco ou nada disso preenche a agenda pública de debate nacional.

Sob a toga havia uma farda

Por Hamilton Pereira/Pedro Tierra, no site da Fundação Perseu Abramo:

I.

Soa como um convite para festejar seu próprio funeral. Num país capaz de tudo converter em caricatura, em curto lapso de tempo, as elites brasileiras fizeram da democracia um simulacro nas eleições de 2018 e nesses idos de março de 2019, 55 anos depois, levam a nação a encenar uma grotesca farsa de si mesma.

Partidos condenam celebração da ditadura

Da Rede Brasil Atual:

PCdoB, PCB, PDT, PSB Psol e PT assinaram manifesto em repúdio à determinação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para que as Forças Armadas celebrem o aniversário do golpe de 1964.

Hoje (30), a desembargadora de plantão Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), cassou a decisão da véspera, (29) da Justiça Federal do Distrito Federal, que impedia a União e as Forças Armadas de comemorar a data. Conforme seu despacho, a medida do governo federal está dentro da alçada das competências da administração. E que ainda não houve violação da legalidade, tampouco dos direitos humanos.

Leia a íntegra da nota:

Ditadura militar matou e era corrupta

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Deputado de primeiro de mandato, o maranhense Márcio Jerry, do PCdoB, propôs uma lei para incluir no Código Penal o crime de apologia de ditadura. Pensou em Jair Bolsonaro, um apologista do chileno Augusto Pinochet, do paraguaio Alfredo Stroessner e dos cinco brasileiros que mandaram por aqui de 1964 a 1985. Para o presidente, o regime que completa 55 anos teve aí uns “probleminhas” e só.

Assassinato e tortura de adversários e de indígenas, corrupção e concentração de renda no 1% mais rico seriam apenas uns “probleminhas”? Este é o legado da ditadura inaugurada com um golpe em 1o de abril de 1964, uma data mais ao gosto dos historiadores, embora as Forças Armadas prefiram “comemorar” o 31 de março, para fugir do dia da mentira.

Hoje é o dia dos canalhas

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Canalha é uma palavra que não abrandou sua virulência ao se distanciar da sua raiz. Ao contrário, tornou-se mais aguda. No latim, de onde provém, designa bando de cães. Os canalhas de que tratamos hoje não merecem ser chamados de “cães”. Seria injusto com estes animais que carregam virtudes como fidelidade, afeto e, empatia, que é, como alguém já disse, “a capacidade de sentir a dor do outro no meu coração”. Os canalhas que festejam o 31 de março de 1964 são imunes a isso. Não há dor no seu coração.

Uma múmia ministerial no quartel do MEC?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Poderíamos ter um ministro da Educação na Presidência, mas agora temos um presidente sem ministro da Educação, que tragédia!

O ministério da Educação, desde ontem, vive uma “intervenção militar”, com a presença do tenente-brigadeiro Ricardo Vieira como secretário-executivo da pasta.

Ele vai para o lugar de Luiz Tosi, que foi exonerado após críticas do astrólogo Olavo de Carvalho pelo twitter, e que “quase” foi ocupado por Rubens Barreto da Silva, era secretário-executivo adjunto de Tozi e pela “pedagoga de Deus” Iolene de Lima.

Ditadura - a inteligência vence o medo

Por José Carlos Ruy, no site Vermelho:

A ditadura tentou destruir a inteligência brasileira - investiu contra artistas e pensadores para calar suas vozes e destruir os meios de comunicá-las. Mas a inteligência foi mais forte, e criou o Brasil moderno.

O ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, dizia "quando ouço falar em cultura, levo a mão ao coldre de meu revólver", frase que resume a atitude de muita gente da extrema direita quando se trata de valores civilizatórios.

Foi também a atitude de muita gente, no Brasil, sob a ditadura militar de 1964.

1964 é uma ferida aberta em nossa história

Por Dilma Rousseff, em seu site:

Os 55 anos do Golpe Militar no Brasil são, para todos nós que lutamos contra o arbítrio, pelas liberdades democráticas e pelos direitos humanos e sociais, uma triste lembrança.

1964 é uma ferida aberta na história política do país. São tempos que evocam prisão, tortura, morte e exílio. Tempos em que a ação dos governos ditatoriais levou ao fechamento do Congresso Nacional, ao cancelamento de eleições diretas para presidente, governador e prefeito e à cassação de ministros do STF.

Instituíram a censura à imprensa e desencadearam a mais violenta repressão às greves de trabalhadores e às manifestações estudantis. A gente brasileira, como lamentou o nosso poeta, passou a falar de lado e olhar para o chão.

Da ditadura militar brasileira

Por Augusto Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

“É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro (...). A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação” (trecho do Ato Institucional nº 1, decretado pela junta militar em abril de 1964).

“A primeiro de abril o que houve foi um golpe militar fascista, com toda a sequência de arbitrariedade, despotismo e opressão” (Carlos Marighella. Por que resisti à prisão, 1965).


Até a década de 1990 existia um amplo consenso entre os principais intelectuais e organizações marxistas brasileiros em relação ao caráter do golpe e do regime implantado no país em março de 1964. Poucos na esquerda questionavam que havíamos tido em 31 de março de 1964 um “golpe militar” e que este, por sua vez, implantara uma “ditadura militar”. As maiores críticas a essas conceituações vinham dos liberais que, muitas vezes, preferiam usar os termos regime e governos autoritários, de carga semântica mais suavizada.

sábado, 30 de março de 2019

O silêncio do bolsominions

Por Leandro Fortes

Aos poucos, eles estão desaparecendo. Velhos amigos cheios de razão, parentes furiosos, vizinhos valentões, madames maquiadas de ódio, estão todos em silêncio, à beira do abismo.

Não há mais arminhas nas mãos, nem chola-mais nas redes. Até os kkkkk se escondem na timidez. Rufam, aqui e ali, uns poucos tambores de ódio pelas mãos de meia dúzia de fanáticos, mas nem os mais selvagens dos antipetistas encontram forças para defender o indefensável.

Não estão arrependidos, o arrependimento requer uma força moral distante da personalidade da maior parte dos eleitores do Bozo. Estão apenas paralisados, diante da sucessiva quebra de expectativas relacionadas ao admirável mundo novo que se anunciava.

Moro e a astúcia da indústria tabagista

Por Eugênio Aragão, no site Jornalistas Livres:

Quando fui ministro da Justiça, recebi, tal qual, agora, o ex-juiz de piso de Curitiba, representantes da indústria tabagista, que me propunham uma ação junto ao ministro da Fazenda para baixar a alíquota de IPI de uma nova classe de cigarros de “baixo custo”, para concorrer com os cigarros paraguaios contrabandeados para o Brasil.

Sustentavam que os cigarros do Paraguai causavam não só prejuízo à indústria brasileira pela concorrência desleal, como também causavam um rombo na arrecadação.

As contradições do pós-impeachment

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Vou tomar emprestado do governador Flávio Dino uma metodologia para análise de cenários: a análise dos desdobramentos do golpe a partir das contradições que vai gerando e de seus efeitos sobre os principais atores políticos.

A partir desse insight, o Xadrez do momento torna-se particularmente instigante.

Peça 1 – as raízes do golpe

Já analisamos exaustivamente aqui as razões centrais do golpe. Uma sociedade em profundas transformações, novas formas de comunicação, a disputa pela hegemonia global entra EUA e China. E, finalmente, a instrumentalização da justiça brasileira pela DHS (o Gabinete de Segurança Institucional dos EUA) através da Lava Jato. Tudo ajudado, obviamente, pelos enormes erros políticos do governo Dilma Rousseff e da perda da visão estratégica do PT.