sexta-feira, 15 de maio de 2020

Os empresários, a cenoura e a guerra

Foto: Adriano Machado/Reuters
Por Weslley Cantelmo, no site Brasil Debate:

Você já deve ter ouvido falar de um instrumento utilizado para enganar um asno. Coloca-se na frente do animal uma cenoura amarrada por um cordão a uma haste de madeira que está preza no próprio asno. De modo que, a cenoura fica sempre às vistas do animal, que passa a se locomover para alcançá-la, porém, sem nunca conseguir. É isso que o Governo Federal tem feito com micro e pequenos empresários e seus empregados. Desculpem-me a comparação e peço, sinceramente, que não me levam a mal. Não se trata de nenhum desrespeito às pessoas com essa anedota. Mas, de uma metáfora que me pareceu bastante adequada, não para rebaixar os pequenos e médios empresários, mas para mostrar a perversidade do Governo para com eles. Afinal, nem todos têm a obrigação de entender de medidas macroeconômicas e das possibilidades de atuação de um governo. Logo, trata-se de desvendar o modus operandi dos atuais gestores governamentais.

Escalada militar em meio à 'crise pandêmica'

Foto: kremlin.ru
Por José Luís Fiori e William Nozaki, no site Outras Palavras:

"Eu gostaria de enfatizar que qualquer ataque de um submarino americano de mísseis balísticos, independentemente de suas características, será percebido como um ataque com armas nucleares. E, de acordo com nossa doutrina militar, uma ação desse tipo seria considerada motivo para uso retaliatório de armas nucleares pela Rússia" - Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa (in I. Gielow, “Rússia ameaça EUA com ataque nuclear”, FSP, 30/04/20)

Quando a China identificou a existência da epidemia do coronavírus, em dezembro de 2019, o mundo já estava sob pressão de duas grandes forças ou tendências internacionais de longo prazo, e altamente corrosivas: a da “saturação sistêmica” [1] e a da “fragmentação ética” [2] em escala global. Desde seu nascimento na Europa, durante o “longo século XVI” (1450-1650), o “sistema interestatal” expandiu-se de forma contínua, e de maneira cada vez mais acelerada, até alcançar sua plena globalização no final do século XX, em uma história que não foi linear. Esta envolveu uma competição e uma belicosidade quase permanentes entre seus Estados, que aumentaram seu poder, individual e coletivamente, na forma de grandes “explosões expansivas”, como a que estamos vivendo no início do século XXI. Essas “explosões expansivas” começaram no século passado, com a plena incorporação de grandes unidades territoriais, como foi o caso da Índia, e depois da China e da Rússia, em um sistema composto por 60 Estados ao fim da Segunda Guerra, e que hoje conta com cerca de 200 membros. No passado, quando ocorreram explosões similares, provocadas pelo aumento da pressão competitiva, elas foram acompanhadas, invariavelmente, de um aumento da desordem interna do sistema, de um movimento expansivo deste para fora de suas antigas fronteiras e, finalmente, de algum tipo de “guerra hegemônica” que ajudou a refazer a ordem e a hierarquia do sistema, depois de sua expansão dentro e fora da Europa. E tudo indica, neste início do século XXI, que a própria tendência à “fragmentação ética” do sistema mundial – em pleno curso – torne o atual processo de explosão e entropia o mais amplo da História.

A segunda onda de terror patronal

Reprodução Youtube
Por João Guilherme Vargas Netto

O movimento sindical encontra-se apertado entre duas tenazes: a batalha pelo isolamento social e até pelo lockdown e a luta para garantir empregos, salários e direitos dos trabalhadores em uma situação de grave depressão econômica.

Nos principais setores de atividades produtivas houve com o agravamento da pandemia uma primeira onda de pressão empresarial amparada pelas MPs 927 e 936, a última de 1º de abril.

Esta foi uma onda pesada contra o emprego e contra o salário e produziu, segundo informações do ministério da Economia (já que não existe ministério do Trabalho) mais de 7 milhões de acordos individuais de redução de jornada e de salário exigidos pelo patronato, bem como férias, licenciamento e suspensões temporárias de trabalho.

O golpe não está distante da hora presente

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Por refletir uma apreensão e um temor dominantes em nossos tempos, volta à ordem do dia a discussão em torno da iminência de um golpe de Estado. Questão muito viva em toda a história republicana, angustiante nos anos 50/60 de século passado, é retomada pela crônica política mais acentuadamente a partir de 2016; é o espectro que assombra grande parte dos que se dedicam a interpretar o bolsonarismo. Principalmente porque a iminência de golpe de Estado, entre nós, está sempre associada a intervenção militar e rupturas constitucionais.

É o que todos temem.

Por que o militar ampara Bolsonaro

Por Manuel Domingos Neto

O ativismo militar para eleger Bolsonaro e garantir seu governo escancarou a fragilidade da democracia brasileira. Um dia, esse ativismo será descrito pormenorizadamente como exemplificação de nossa endêmica corrupção institucional.

Hoje, para os que amam a liberdade, o mais premente é captar a relação estabelecida entre o militar e a presidência.

Por “militar”, entenda-se o conjunto de integrantes diretos e agregados dos aparelhos de força do Estado.

O general Mourão e a escalada ditatorial

Por Jeferson Miola, em seu blog:                     

No artigo Limites e responsabilidades [Estadão, 14/5] o vice-presidente Hamilton Mourão não cita uma única vez Bolsonaro e, como na peça Entre quatro paredes de Jean-Paul Sartre, ele proclama que “o inferno são os outros”.

Mourão culpa pelo “desastre” do país todo o mundo exterior ao “quarto fechado” em que o governo militar se encerra. Para ele, o inferno [inimigos] são imprensa, legislativo, judiciário, governadores, cientistas, intelectuais, oposição …

Há quem entenda que o vice-presidente quis mostrar credenciais para substituir Bolsonaro na eventualidade de afastamento dele pelo Congresso ou pelo Supremo.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

A mídia e o governo Bolsonaro

Nota de repúdio: #10AnosDeBarão!

Do site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Manifestamos nosso mais veemente repúdio contra essa entidade que, traiçoeiramente, completa hoje 10 anos. Contrariando seu nobilíssimo nome de batismo, o Centro de Estudos desprezou barões da mídia e fartou-se em reuniões com blogueiros sujos e ativistas digitais. Uma década perdida, vejam só, sem jamais ter beijado as mãos da família Marinho ou dos Frias e Mesquitas.

Com humor, Barão de Itararé festeja 10 anos

Por Érica Aragão, no site da CUT:

A direção do Centro de Estudo da Mídia Alternativa Barão de Itararé decidiu emitir uma nota de repúdio para comemorar os 10 anos da entidade, nesta quinta-feira (14). A ideia do documento, cheio de sarcasmo, foi inspirada no verdadeiro Barão de Itararé, Aparício Torelly, jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro. E também para debochar da moda de entidades da sociedade brasileira de emitir “notas de repúdio”.

A estratégia de Bolsonaro e Mourão

O general contra o capitão

Olha para onde Bolsonaro levou o país?

A autoanistia de Bolsonaro

Por Fernando Brito, em seu blog:

A esdrúxula Medida Provisória 966, editada ontem por Jair Bolsonaro, que isenta de responsabilidade culposa os agentes públicos por atos diretos ou indiretos no “enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia” ou do ” combate aos efeitos econômicos e sociais decorrentes” dela é, claramente, uma tentativa de “blindar-se” e aos seus do que estão fazendo para ajudar a espalhar o vírus.

Bolsonaro volta a atacar e fala em "guerra"

Da Rede Brasil Atual:

O presidente Jair Bolsonaro demonstrou nesta quinta-feira (14), mais uma vez, que definiu o confronto político como “estratégia” no enfrentamento da pandemia de coronavírus, que cresce exponencialmente no país. Contrariando diretrizes científicas, o chefe de governo usou hoje a palavra “guerra” para definir sua oposição à política de governadores contra a covid-19 e defender a reabertura de atividades comerciais.

O golpe fracassado na Venezuela

Bolsonaro cometeu crime comum? Vídeo dirá!

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

Estamos no meio de uma disputa de versões sobre o vídeo da assombrosa reunião ministerial de 22 de abril.

Quando o acusado se defende com desculpas que não param em pé, é sinal de que o acusador pode ter razão.

Moro fez um depoimento frágil, que até chamei de pastel de vento, mas o vídeo assistido ontem por autoridades envolvidas sugere que havia carne podre.

Moro indicou o caminho para que ela fosse encontrada, sem que ele se comprometesse, porque foi cúmplice do crime que não denunciou antes.

Sergio Moro é traído por militares

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Quando era ministro da Justiça e estava acuado pela divulgação, em 2019, de conversas secretas do tempo de juiz, Sérgio Moro foi chamado de “herói nacional” pelo general Augusto Heleno, chefe do GSI, o órgão de inteligência da Presidência.

Era uma alusão ao trabalho de Moro contra o PT e a “velha política”, esta simbolizada no “centrão”, sobre quem Heleno cantou no ato que lançou a Jair Bolsonaro a presidente em 2018: “Se gritar pega ‘centrão’, não fica um meu irmão”.

O “herói nacional” agora é traído pelos militares no divórcio litigioso com Bolsonaro, através de depoimentos aparentemente combinados que desmentem o ex-juiz sobre os fatos que levaram à troca do chefe da Polícia Federal (PF) e à demissão de Moro.

Perplexidade: o descaminho e a iluminação

Por Venício A. de Lima, no site Carta Maior:

Há pouco mais de dez anos, publiquei com Bernardo Kucinski um pequeno livro “dialogado” que chamamos “Diálogos da Perplexidade – Reflexões críticas sobre a mídia” (Editora Fundação Perseu Abramo, 2009). Nossa perplexidade se referia às muitas e radicais transformações pelas quais passava a mídia “tradicional” diante dos avanços tecnológicos simbolizados pela internet. Em particular, a mídia impressa e o jornalismo. De certa forma, antecipávamos os temores diante da pós-verdade das fake news, da intolerância e do ódio hoje, infelizmente, disseminados por robôs virtuais anônimos e criminosos nas redes sociais.

A pandemia e o direito à educação

Por Madalena Guasco Peixoto

A pandemia de Covid-19 que já afetou mais de 4 milhões de pessoas ao redor do mundo e fez quase 300 mil vítimas fatais, escancarou, no Brasil, a imensa desigualdade social que aflige o país. Como se não bastasse o enfrentamento de uma crise sanitária sem precedentes - luta que, é preciso destacar, está sendo feita a despeito da omissão do governo federal -, essa batalha vem acompanhada de obstáculos que incluem a falta de saneamento básico à qual está submetida parte da população, a precariedade de moradia e de alimentação, o desmonte do Sistema Único de Saúde e a carência de investimentos em saúde pública, os ataques - cruelmente acirrados neste momento - aos direitos trabalhistas.