quinta-feira, 12 de agosto de 2021

O vexame das Forças Armadas

Por Vanessa Grazziotin, no jornal Brasil de Fato:


O fato mais grave do vexame que foi nesta terça-feira (10) o tal “comboio” militar de tanques e blindados em frente ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal não foi a postura de Bolsonaro, mas o papel a que se prestaram os Comandantes das Forças Armadas que, mesmo diante de tantos alertas, diante de tantas críticas, mantiveram o evento, aceitando, por ação ou omissão, as decisões inaceitáveis do presidente da República.

A justificativa foi a entrega de um convite ao presidente Jair Bolsonaro, para que ele comparecesse a um treinamento das três forças que ocorrerá a partir do dia 16 no entorno de Brasília, em Formosa, Goiás.

A Rota da Boa Esperança

Por Paulo Nogueira Batista Jr.

O artigo anterior desta coluna tratou do que chamei de “destino planetário do Brasil”. Extravagante, mas fez sucesso. Vale a pena, talvez, insistir no tema. O brasileiro está precisando de alento. O artigo foi meio delirante, eu sei. É o que tende mesmo a acontecer – quando alguém sonha sozinho, o sonho pode degenerar em delírio. Mas quando muitos sonham juntos, ah, aí o delírio pode virar realidade. E, convenhamos, o nosso futuro está logo ali.

O leitor quer um exemplo de como o Brasil pode cumprir seu destino planetário? Vou recorrer a uma ideia do Saturnino Braga, um daqueles brasileiros que sabem pensar grande e que, em meio à tormenta, não perdeu a confiança no Brasil. Ognuno sa navigare col buon vento, dizem os italianos. O desafio é vencer tempestades.

Crise de Estado e crise da hegemonia fascista

Por Tarso Genro, no site A terra é redonda:


Se a estratégia do golpe vencer, este não distinguirá liberais, comunistas, católicos ou protestantes, social democratas de esquerda e de direita, de centristas democráticos

A crise de Estado em curso poderá ser superada dentro da ordem, mas ela deixará sequelas irremovíveis no futuro democrático do país se uma saída não for construída a tempo. Está em curso, também, uma crise da hegemonia fascista sobre as políticas de Estado, que abrem perspectivas de luta e redenção democrática, que demandam talento e organização para a meia-volta da ditadura.

Bolsonaro do Brasil segue o roteiro de Trump

Por Ishaan Tharoor, no site Carta Maior:


Pelos últimos 50 anos, as comparações se escrevem sozinhas. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o ex-presidente Donald Trump foram farinhas do mesmo saco ultranacionalista. Ambos chegaram ao poder em uma onda de raiva anti-establishment. Ambos exultavam em suas reputações de dissidentes bocudos e politicamente incorretos. Ambos exploraram a guerra cultural da direita, enquanto adotavam políticas que ajudaram a impulsionar um punhado de elites ricas e erodir esforços internacionais sobre a mudança climática. Ambos se atrapalharam enquanto a pandemia do coronavírus ceifava centenas de milhares de vidas em seus países.

Pulso firme, tato delicado

Por João Guilherme Vargas Netto


Retomo esta expressão do Libertador Simon Bolívar para advertir as direções sindicais (principalmente aquelas diretamente relacionadas no dia-a-dia com as bases do movimento) sobre suas dificuldades, preocupações e necessidades.

A conjuntura econômica e social é muito desfavorável e a resistência torna-se uma tarefa complexa que exige unidade, inteligência, empenho e proximidade com os trabalhadores.

Os números da economia que se recupera seguindo a letra K, ou seja, com ganhadores em cima e perdedores embaixo, não mexem na curva do desemprego e do desalento que continuam altos e são o primeiro obstáculo à ação sindical.

Bolsonaro ainda ameaça a democracia

Editorial do site Vermelho:

O processo de derretimento do governo Jair Bolsonaro ganhou capítulos emblemáticos nos últimos dias, a ponto de culminar, nesta quarta-feira (11), com a notícia de que a CPI da Covid-19 vai sugerir o indiciamento do presidente por “charlatanismo”, “curandeirismo” e “propaganda enganosa”. Embora possa parecer o desfecho natural para um governante eleito no rastro de uma campanha de fake news e desinformação, a decisão da Comissão Parlamentar de Inquérito deve fragilizar ainda mais um governo já em crise crônica.

Um Raio X da bancada ruralista

Liberdade para Paulo Galo, Danilo e Thiago

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Bolsonaro dependente de Lira e do Centrão

Por Jeferson Miola, em seu blog:


Para ser aprovada, a proposta de emenda constitucional do voto impresso [PEC-135] precisava de 308 votos de deputados [3/5], mas recebeu apenas 229 votos favoráveis, contrapostos por 218 contrários, 1 abstenção e 65 ausências.

No total, portanto, a PEC foi reprovada por 284 deputados/as, ou seja: 218 contra + 1 abstenção + 65 ausentes.

Para o governo, a derrota não representou exatamente uma surpresa, pois já estava politicamente contabilizada. E, aliás, com este revés previsível, Bolsonaro e os chefes-generais do governo militar ganharam a retórica que queriam para barbarizar a eleição e o clima político do país em 2022 [aqui].

Rejeição do voto impresso não cala Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:


Foi uma derrota acachapante, uma resposta eloquente ao desfile dos tanques com intenção intimidatória: na noite dessa terça-feira, a emenda do voto impresso obteve apenas 229 favoráveis

Bem menos que os 308 necessários. Votaram contra 218 deputados e 64 se ausentaram para não melindrar Bolsonaro com um voto contrário.

Ele vai respeitar o resultado, como teria prometido a Arthur Lira? Claro que não.

Era isso mesmo que ele queria, a manutenção do voto eletrônico para poder falar em fraude quando for derrotado, criar confusão e, se puder, dar seu sonhado golpe. Desacreditar o sistema eleitoral é sempre um recurso dos que procuram a ditadura.

O aparato sucateado que desfilou ontem, e o mal estar no alto comando do Exército, informam que não será tão fácil arrastar as Forças Armadas para a aventura, mas o plano segue adiante.

Bolsonaro perde, mas mostra estar vivo

Por Fernando Brito, em seu blog:

O resultado da votação da Câmara que derrubou a Proposta de Emenda Constitucional é, certamente, uma derrota para Jair Bolsonaro por ter ficado longe de não ter alcançado os 308 votos necessários para a sua aprovação.

Mas a pseudomaioria de 229 votos – 79 a menos que o necessário -, ultrapassando em 11 o número de votos “não” mostra quão grande foi e é a pressão do governo sobre o Legislativo, mais ainda porque 50 deputados deixaram de votar, obviamente, por conta da pressão governamental.

Ao contrário do que diz o presidente da Câmara, a questão não está “encerrada” e ele próprio, ao final da votação disse que há ainda “possibilidade de entendimento entre os poderes”.

Difícil, porque não houve entendimento nem mesmo no núcleo do “Centrão”, o PP, que deu 13 “não” entre os 30 dos 41 deputados do partido que votaram.

A conta simplista do apoio ao voto impresso

Por Moisés Mendes, no Diário do Centro do Mundo:


Todos os 229 deputados que apoiaram a proposta de emenda do voto impresso são defensores da tese bolsonarista ou são próximos ou seguidores incondicionais de Bolsonaro?

Não. Claro que não.

A indução a esse erro, que se dissemina em algumas análises apressadas, só contribui para a confusão a serviço de Bolsonaro.

São conclusões simplistas que tentam fazer também uma conexão entre a votação de ontem e os indícios (que teriam saído dessa votação) de que se reduziu a possibilidade de impeachment de Bolsonaro.

A proposta de voto impresso não era, para a maioria dos que a apoiaram, uma ideia comprometedora.

Ah, dizem, mas era defendida por Bolsonaro. Sim, o grande defensor do voto impresso é Bolsonaro.

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Os tanques e a masculinidade de Bolsonaro

Por Altamiro Borges

O patético desfile de tanques desta terça-feira (10) – que visava intimidar os deputados, mas não conseguiu impedir a derrota do projeto diversionista do voto impresso – serviu para desmoralizar ainda mais Jair Bolsonaro. Ele virou motivo de chacota no Brasil e no exterior. Há comentários para todos os gostos – dos mais sérios aos mais hilários.

Aqui vale registrar a análise do renomado psicanalista Christian Dunker, postada pelo jornalista Leonardo Sakamoto no site UOL. Para ele, o desfile revelou a frágil masculinidade do fascista. "Quando o governante vê o seu poder e, logo, a sua virilidade ameaçada (porque faz essa circulação libidinal de uma coisa com outra), inventa um ritual de exibição pública... A 'bravata' pode ter efeitos reais, mas vai se mostrando ridícula porque todos percebem o que ela significa".