quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Ciclo de prosperidade e imprevidência

Por Marcio Pochmann, no site Carta Maior:


Diferentemente da experiência do neoliberalismo perseguido durante a Era dos Fernandos (Collor, 1990-1992, e Cardoso 1995-2002), a recente retomada do receituário neoliberal desde a segunda metade da década de 2010 parece apontar para outros propósitos, guiados pela luta no interior do poder burguês. Nos anos de 1990, por exemplo, o ingresso passivo e subordinado na globalização transcorreu assentado na elevadíssima taxa real de juros e significativa valorização cambial, o que favoreceu ao rentismo na subordinação do capital industrial à esfera bancária e financeira.

Offshore de Guedes e o estouro do dólar

Foto: Nelson Almeida/AFP
Por Jeferson Miola, em seu blog:


Por decisão majoritária de 310 parlamentares [e 142 contra], em 6 de outubro a Câmara dos Deputados convocou o ministro Paulo Guedes para explicar o inexplicável: a existência de offshore nas Ilhas Virgens.

A Lei de Conflito de Interesses [12.813/2013] é auto-explicável: caracteriza conflito de interesses manter negócio que possa ser afetado por decisão dele próprio, ou que possa influir em seus atos de gestão.

Quando do vazamento do escândalo da Pandora Papers, ocasião em que foi revelada a fortuna secreta de Paulo Guedes em esconderijo fiscal, a cotação do dólar estava ao redor de R$ 5,30, e o ministro bolsonarista contabilizava então um lucro de R$ 14 milhões.

Mídia é porta-voz de interesses empresariais

Existe imperialismo chinês?

CPI pede indiciamento de Bolsonaro

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Justiça afasta racista da Fundação Palmares

Relatório da CPI: Quais os próximos passos?

O Centrão tomou conta da economia

Por Fernando Brito, em seu blog:

Nem no governo Sarney, nem no de FHC, em que o Centrão foi parte nuclear, nem nos demais governos em que a ele se teve de conceder poder, já se tinha assistido o que acontece agora: o controle total da área econômica pelos vorazes deputados e senadores que formam a base de sustentação de Jair Bolsonaro.

Paulo Guedes tornou-se um nada e, atropelado pelo “arrebenta-teto” do novo auxílio (de R$ 400, mas que deve ser elevado a R$ 500 no Congresso) foi duplamente chantageado: pelos políticos, que marcaram a data para que ele vá explicar a tal offshore nas Ilhas Virgens e por sua própria equipe de auxiliares que, em nome das vozes do mercado ameaçou-o com pedidos de demissão em série para reafirmarem sua devoção ao “teto de gastos”.

Cientistas protestam contra corte de recurso

Por Ivan Longo, na revista Fórum:


Em resposta ao corte de recursos destinados à Ciência promovido pelo governo Bolsonaro, cientistas, estudantes e pesquisadores farão uma mobilização no próximo dia 26 de outubro em diferentes regiões do país.

Serão atividades virtuais e presenciais, que incluem protestos e passeatas nas ruas.

O Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, havia solicitado ao Congresso corte de 92% dos recursos destinados, em 2021, a bolsas e apoio à pesquisa.

Parlamentares acataram e aprovaram o projeto no dia 7 de outubro e, desta forma, a Ciência ficará com somente R$ 55 milhões, o que representa 8% do previsto inicialmente.

A mobilização é convocada pela Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e outras entidades.

Os nomes de Bolsonaro na CPI

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:


Para garantir a aprovação de seu relatório, o senador Renan Calheiros cedeu aos colegas do G7 da CPI da Covid: Jair Messias Bolsonaro não será acusado dos crimes de genocídio contra os povos indígenas e de homicídio qualificado.

Na política, Renan fez o que devia para garantir a aprovação de seu parecer final, passo fundamental para que todo o trabalho da CPI não tenha sido em vão. Se o Procurador-geral, os procuradores de primeira instância e o Judiciário farão Justiça ainda veremos. Mas antes de ceder, ele carimbou para todo o sempre em Bolsonaro nomes abomináveis, inclusive os de genocida e homicida.

E isso já foi uma primeira reparação moral para os que sofrem pelos 600 mil mortos.

A ofensiva brutal contra a educação

Auxílio Brasil: as incertezas

Por que fome cresce no Brasil?

O dia mais emocionante da CPI do Genocídio

O PSDB e a busca da terceira via

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Bolsonaro é denunciado pela sexta vez em Haia

Beato Salu, vítima da hipocrisia nacional

Por Paulo Nogueira Batista Jr.

O colunista, mesmo o quinzenal, se vê às voltas, de vez em quando, com o espectro da falta de assunto. Sobre o quê, meu Deus, escrever hoje? Indagamos, aflitos. Quase todos os assuntos parecem esgotados, exaustos e exauridos. E dos que sobram alguns parecem arriscados demais.

No tempo do Nelson Rodrigues, e antes no do Eça de Queiroz, era muito diferente, leitor. Sempre havia, em Túnis, um Bei, obeso, obsceno e impopular. E o cronista tinha o recurso de arrasar o Bei, sem cerimônia. E era uma delícia desancá-lo, sem qualquer risco, na certeza prévia da total impunidade. O Bei morava longe, e ele e seus assessores eram completamente analfabetos na nossa querida língua portuguesa.

Guedes mostra o inferno neoliberal

Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:


Deixando de lado números do desemprego e da renda, que jamais poderiam melhorar com a política de Estado Mínimo e privatização acelerada, o arrogante neoliberalismo de Paulo Guedes está colhendo exatamente o que plantou.

"O quadro geral é de baixo dinamismo," sinaliza o editorial econômico do Estado de S. Paulo (18/10/2021). "Em agosto os negócios ficaram 0,15% abaixo do nível de julho," desempenho que assinala "a terceira variação negativa nos oito meses de janeiro a agosto".

Após uma recessão de 4,1% registrada em 2020, os indicadores mostram que a prometida retomada de 2021 mal irá compensar o desastre anterior.

A CPI esqueceu dos generais?

Por Jorge M. Oliveira Rodrigues, no jornal Brasil de Fato:

Bolsonaro é sujeito ativo no desastre sanitário que vivemos.

Propagandeou medicamentos sem eficácia, disseminou mentiras, atacou medidas de isolamento social e, no bojo das inverdades, manipulava as decisões do Supremo Tribunal Federal que garantiam a prefeitos e governadores a adoção de tais medidas.

Mas Bolsonaro não fez isso sozinho. Ao lado dele, marchavam os generais e coronéis, cientes do próprio papel e ecoando o obscurantismo que no governo desconhece distinção entre fardados e paisanos.

Há poucos dias de seu encerramento, a CPI da Covid impõe ritmo acelerado aos seus trabalhos para divulgar o seu relatório final.

O atraso da classe dominante brasileira

Por Roberto Amaral

“Por que o Brasil ainda não deu certo?” perguntava-se Darcy Ribeiro, político, antropólogo, ensaísta, conferencista e romancista, homem de grandes paixões, certamente o mais inquieto dos pensadores brasileiros do século passado, e, sem dúvida alguma, um dos mais profícuos e desassombrados intelectuais-militantes que já tivemos. No seu estimulante O povo brasileiro, que começou a escrever no exílio do Uruguai, aquela pergunta, a cuja busca de resposta dedica sua obra madura, é formulada noutros termos, mais avançados, quando se indaga: “Por que, mais uma vez, a classe dominante nos vencia?” (referia-se à vitória do golpe de 1964). Mas então, como se vê, a própria pergunta já trazia consigo a resposta, na indicação de nossa tragédia histórica como resultado do controle do poder por uma gente medíocre, perversa, anti-nacional, alienada e forânea. Gente muito bem representada, aliás, pelos comensais do regabofe na mansão do especulador Naji Nahas, responsável pela quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, com o qual a casa-grande com seus procuradores (empresários, jornalistas, políticos, advogados) comemorou o acordo inter-elite que, a pretexto de afastar as ameaças de golpe iminente, anunciado no dia 7 de setembro, assegurou ao capitão Bolsonaro a inviabilização do impeachment e a impunidade de seus filhos. Fora o que não se conhece. Como sempre, os acordos se amarram no andar de cima da hierarquia mandante para observação de todo o povo; desta vez o pacto foi traficado com militares, parlamentares e ministros do STF, tendo como costureiro e escrivão o inefável ex-presidente Michel Temer, advogado com vasta experiência nas Docas de Santos.