segunda-feira, 8 de julho de 2024
domingo, 7 de julho de 2024
O militar e a fé religiosa
Tomada de Jerusalém. Reprodução |
Um vídeo circulou essa semana mostrando um auditório repleto de militares numa celebração religiosa falsamente apresentada como neopentecostal. Na verdade, tratava-se de rotineira celebração da Páscoa dos militares que, desde a Segunda Guerra Mundial, ocorre à margem do calendário da Igreja Católica.
A postagem maldosa inquietou brasileiros preocupados com as ameaças à democracia: de instituições militares e policiais contaminadas por fundamentalismos religiosos só cabe esperar aberrações sem limites.
Até a recente invasão da Faixa de Gaza, eu recorria à descrição da tomada de Jerusalém do bispo francês Raymond d’Agile para exemplificar a santificação do derramamento de sangue:
Bolívia e o golpe por tentativa e erro
Foto: Governo da Bolívia |
Antes de entrar diretamente no assunto relativo à Bolívia, queria refrescar a memória de nossos leitores sobre um fato ocorrido há mais de 51 anos, em outro país.
Em 29/06/1973, durante a primeira experiência de construção do socialismo através das vias da democracia liberal que estava sendo levada adiante sob o comando de Salvador Allende, no Chile, houve uma rebelião militar encabeçada pelo Tenente-Coronel Roberto Souper, cujo objetivo declarado era pôr fim ao governo da Unidad Popular. Foi a movimentação que ficou conhecida como o “tanquetazo”.
Em poucas horas, o levantamento foi sufocado pelas forças que se mantiveram alinhadas às diretrizes do governo constitucional. À cabeça das tropas legalistas estava o então comandante geral do exército indicado pelo presidente Salvador Allende, o general Augusto Pinochet.
Os EUA e o mundo sob sua regência
Charge: Peter Kuper |
“Roma desabara, afinal, ao peso de tanta grandeza e de tanto crime” (Afonso Arinos de Melo Franco, Amor a Roma)
No teatro elisabetano, o coro era figura sem presença na trama, inventada para anunciar ou esclarecer passagens futuras na tragédia ou no drama. Com a tosca aparição nas telas da CNN, no último 15 de junho, os atuais postulantes da Casa Branca ilustraram a decadência política da sociedade estadunidense, da qual são fruto legítimo, assim como foi produto inevitável o lento e previsível declínio do império romano, ensandecido pela loucura do poder supremo e universal.
Qualquer que seja o resultado das eleições dos EUA no próximo 5 de novembro, o constrangedor debate (pelo que anunciou) já pode se candidatar como um dos fatos históricos mais relevantes da década. Porque, na sua comédia e na sua tragédia, a cena bufa de atores medíocres mais do que revelar, em imagem de corpo inteiro, o declínio do império, projetou o inevitável fim de sua hegemonia, que não tem data para tomar forma, tanto quanto não se sabe o preço que ainda cobrará à humanidade, em sua marcha presente para um “fascismo de outro tipo”, que a imprensa e a academia batizaram de extrema-direita.
sexta-feira, 5 de julho de 2024
quinta-feira, 4 de julho de 2024
Milei mata a Télam e a comunicação pública
Charge: Serko em seu blog |
Os déspotas, sempre que chegam ao poder, atacam primeiramente a instituições de Cultura e de Comunicação Pública.
Assim fez Temer, em 2016, investindo contra o MinC e contra a EBC.
O governo de Javier Milei, o trêfego que governa a Argentina, anunciou ontem a morte definitiva da Télam, que há 70 anos figura entre as agências de notícias mais importantes do mundo.
"A Télam, como a conhecíamos, deixou de existir", tuitou o porta-voz presidencial Manuel Adorni no sábado. Depois veio o boletim oficial anunciando a vingança torpe de Milei contra a agência que considerava esquerdista.
A Télam “deixará de operar, tal como foi criada originalmente, nas atividades de serviços jornalísticos e como agência de notícias”, e passará a funcionar “com um novo enfoque estratégico, como agência de publicidade e propaganda” disse depois o boletim oficial.
Três indicadores do grau da democracia
Charge: Gilmar |
Para meu uso adoto três indicadores para avaliar o grau de democracia política efetiva em uma sociedade: leitores de jornais, filiados a partidos políticos e sindicalizados. (Os indicadores são outros quando se trata de democracia sócio-econômica: um prato de comida, um emprego e uma sala de aula).
A leitura do jornal, reflexiva, que era para Hegel a oração da manhã do homem moderno, ainda hoje em tempo de redes sociais e de internet, é um indicador seguro de preocupação cidadã; compara-se o número de leitores com o número de alfabetizados.
A filiação a partidos políticos (mesmo que não represente a militância ou as votações) é um indicador para o papel desempenhado pelos partidos na vida democrática, aferindo-se a relação entre filiados e eleitores.
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