Por Eduardo Sales de Lima, no jornal Brasil de Fato:
A mecanização da colheita da cana-de-açúcar tem levado uma parcela significativa de ex-cortadores de cana-de-açúcar a perderem seus empregos. Desde 2007, foram fechados no estado de São Paulo, cerca de 40 mil postos de trabalho no corte da cana, segundo o professor do departamento de Economia Rural da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), José Giacomo Baccarin.
A mecanização nas lavouras de cana de São Paulo alcançou 70% das usinas e 20% dos fornecedores do Estado na safra 2010/11, segundo balanço da Secretaria de Meio Ambiente.
Esses dados não significam, contudo, que a exploração sobre o cortador de cana que ainda permanece na ativa tenha acabado. É o que defende a professora do departamento de sociologia da Unesp, campus de Araraquara (SP), Maria Aparecida Moraes Silva.
Demanda
Com o crescimento interno da demanda pela produção de etanol, a pesquisadora explica que nos últimos anos a vida do cortador de cana ficou mais difícil e, a médio prazo, tende a piorar. “As condições de exploração não foram mudadas no trabalho, justamente porque a base dessa exploração é o trabalho por produção e pagamento muito baixo”, explica a socióloga da Unesp.
“Tem crescido o que as empresas chamam de média (que é a quantidade de toneladas de cana cortadas por dia). As empresas passaram a pedir, em média, dez toneladas por dia, por trabalhador”, relata.
Um boia-fria da região de Ribeirão Preto (SP) cortou na safra 2010/2011, em média, 1,5 tonelada de cana-de-açúcar a mais por dia que há cinco anos. É o que mostra levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo com dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento.
Para Maria Aparecida, a alta se deve a um endurecimento das usinas na cobrança sobre a mão-de-obra e à desvalorização da quantia pago pela cana cortada. “Se o trabalhador não atingir essa meta, no final do mês ele corre o risco de ser dispensado. A maioria ultrapassa essa capacidade, tem cãibras. Eles têm dores no corpo todo, vomitam, problemas de diarreia”, descreve a socióloga.
A pressão aumenta, o pagamento não. De acordo com a pesquisadora, em 2010, o preço de uma tonelada de cana era um pouco acima de R$ 3. Segundo ela, ano a ano, o preço dessa força de trabalho tem diminuído, e com isso é obrigado a intensificar mais seu ritmo de trabalho para que possa ter um salário que o possa o mantê-lo.
Além da pressão para cortar cada vez mais, aumentar mais a chamada “média”, existem outras particularidades que contribuem para o aumento da exploração, segundo a socióloga Maria Aparecida Moraes Silva. Ela informa que diversos tipos de cana estão cada vez mais pesados pois contêm uma quantidade maior de sacarose.
Outro ponto: o trabalhador não pode deixar “toco”. Há alguns anos atrás, como lembra Maria Aparecida de Moraes, não havia a obrigação de o trabalhador cortar a cana ao rente ao chão. “Pesquisas provaram que a maior quantidade de sacarose está exatamente na base da cana, praticamente em sua raiz. Isso exige um esforço maior, uma curvatura maior do corpo dele”, explica a professora.
A mecanização da colheita da cana-de-açúcar tem levado uma parcela significativa de ex-cortadores de cana-de-açúcar a perderem seus empregos. Desde 2007, foram fechados no estado de São Paulo, cerca de 40 mil postos de trabalho no corte da cana, segundo o professor do departamento de Economia Rural da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), José Giacomo Baccarin.
A mecanização nas lavouras de cana de São Paulo alcançou 70% das usinas e 20% dos fornecedores do Estado na safra 2010/11, segundo balanço da Secretaria de Meio Ambiente.
Esses dados não significam, contudo, que a exploração sobre o cortador de cana que ainda permanece na ativa tenha acabado. É o que defende a professora do departamento de sociologia da Unesp, campus de Araraquara (SP), Maria Aparecida Moraes Silva.
Demanda
Com o crescimento interno da demanda pela produção de etanol, a pesquisadora explica que nos últimos anos a vida do cortador de cana ficou mais difícil e, a médio prazo, tende a piorar. “As condições de exploração não foram mudadas no trabalho, justamente porque a base dessa exploração é o trabalho por produção e pagamento muito baixo”, explica a socióloga da Unesp.
“Tem crescido o que as empresas chamam de média (que é a quantidade de toneladas de cana cortadas por dia). As empresas passaram a pedir, em média, dez toneladas por dia, por trabalhador”, relata.
Um boia-fria da região de Ribeirão Preto (SP) cortou na safra 2010/2011, em média, 1,5 tonelada de cana-de-açúcar a mais por dia que há cinco anos. É o que mostra levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo com dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento.
Para Maria Aparecida, a alta se deve a um endurecimento das usinas na cobrança sobre a mão-de-obra e à desvalorização da quantia pago pela cana cortada. “Se o trabalhador não atingir essa meta, no final do mês ele corre o risco de ser dispensado. A maioria ultrapassa essa capacidade, tem cãibras. Eles têm dores no corpo todo, vomitam, problemas de diarreia”, descreve a socióloga.
A pressão aumenta, o pagamento não. De acordo com a pesquisadora, em 2010, o preço de uma tonelada de cana era um pouco acima de R$ 3. Segundo ela, ano a ano, o preço dessa força de trabalho tem diminuído, e com isso é obrigado a intensificar mais seu ritmo de trabalho para que possa ter um salário que o possa o mantê-lo.
Além da pressão para cortar cada vez mais, aumentar mais a chamada “média”, existem outras particularidades que contribuem para o aumento da exploração, segundo a socióloga Maria Aparecida Moraes Silva. Ela informa que diversos tipos de cana estão cada vez mais pesados pois contêm uma quantidade maior de sacarose.
Outro ponto: o trabalhador não pode deixar “toco”. Há alguns anos atrás, como lembra Maria Aparecida de Moraes, não havia a obrigação de o trabalhador cortar a cana ao rente ao chão. “Pesquisas provaram que a maior quantidade de sacarose está exatamente na base da cana, praticamente em sua raiz. Isso exige um esforço maior, uma curvatura maior do corpo dele”, explica a professora.
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